Alguns conceitos para avaliar usabilidade (II)

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Ao buscar informações em um site de determinada universidade bastante conceituada do Rio de Janeiro, entrei, por curiosidade, em uma área destinada a oportunidades de estágios.

Alguns anúncios ofereciam vagas para alunos de Desenho Industrial trabalharem em equipes de desenvolvimento de sites. Até aí, tudo bem. Acontece que alguns anúncios pediam, além dos conhecimentos das ferramentas usuais de webdesign, também conhecimentos de usabilidade.

Há duas questões relacionadas aí. A primeira delas é a confirmação de que existe uma demanda real no mercado por sites com melhor usabilidade e por pessoas capacitadas a exercer atividade projetual que leve em consideração as recomendações de boa usabilidade.

A outra é perceber, também, que há uma necessidade de preparo de docentes capacitados a transmitir para os alunos conhecimento dessa ordem. Quem migrou da mídia impressa para a digital percebe a maior complexidade inerente a projetos desse tipo. Não bastam conhecimentos de design, mas também conhecimentos de tecnologia e de ferramentas. É necessário também conhecer as regras e limitações características da mídia para, criativamente, desenvolver soluções diferenciadas de projeto.

Essas questões tornam cada vez mais pertinente o esforço de se apresentar maneiras para melhorar a usabilidade de um website e aprimorar seu desempenho. Em artigo anterior (veja ao lado), apresentamos alguns conceitos introdutórios relacionados à usabilidade de websites e parâmetros para se medir seu desempenho. As medidas citadas foram efetividade, eficiência e satisfação.

O conceito de efetividade pode ser definido como a capacidade do sistema permitir que o usuário atinja seu objetivo primário de interação. Todo website possui uma tarefa primária a ser executada pelo usuário: busca de informação, compras, comunicação e outros.

Os sites, de maneira geral, são orientados a processos, ao invés de orientados a produtos, como uma planilha eletrônica ou processador de texto, onde o usuário gera um documento que pode ser gravado em seu computador. Como exemplo peculiar de site orientado a processo podemos citar os sites de busca.

Nos sites de busca o usuário inicia o processo com a inserção das palavras–chave e aciona o mecanismo que, após processamento, apresenta as informações recuperadas relacionadas às palavras–chave. Uma característica marcante de sistemas orientados a processos é que a interação do usuário não altera o estado original do sistema e nem cria nenhum documento de posse do usuário.

Nos sites de comércio eletrônico o processo se inicia com a busca por um produto, segue pela seleção e é finalizado com a confirmação da compra. Nada resta, materialmente falando, para o usuário a não ser aguardar que os produtos adquiridos sejam entregues. O processo gera alteração na base de dados do sistema, à qual o usuário não tem acesso.

Nesses dois exemplos, após a finalização da tarefa, não é possível alterar os resultados obtidos, a não ser a partir do reinício do processo, diferentemente do que acontece com um processador de texto onde se pode, a qualquer momento, abrir o documento original, fazer alterações e gravar novamente.

Para avaliar o resultado de uma ação executada em interface de sistema orientado a processo, o usuário faz uso de seus recursos cognitivos para saber se atingiu o objetivo proposto inicialmente.

No caso de um mecanismo de busca, deve ser possível verificar se as informações recuperadas são satisfatórias, ou se será necessário reiniciar o processo até que atinja seu objetivo inicial. Monitorar a qualidade da saída de informações finais do processo de interação é uma forma de assegurar a boa efetividade de um website.

Para aprimorar a efetividade de um site é necessário conhecer em detalhes qual a tarefa a ser realizada e, principalmente, saber como o usuário a realiza em situação real e também em situações do mundo físico.

Desta forma, já se saberá, desde o início do processo de projeto, quais os requisitos necessários para se alcançar a completude da tarefa. Existem técnicas, como a análise da tarefa, que permitem conhecer o modo operacional do usuário e traduzir os dados obtidos em referências para o projeto.

Por exemplo, antes de se projetar um site para uma biblioteca, é importante saber como as pessoas se comportam em uma biblioteca “de verdade”, no mundo físico. É a partir do entendimento de como o usuário pensa e executa a tarefa que se pode projetar sistemas e interfaces web mais adequados às reais necessidades de uso. [Webinsider]

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<strong>Robson Santos</strong> (robson.s@terra.com.br) é designer, doutorando em design, pesquisador em usabilidade de interfaces.

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2 respostas

  1. Post muito informativo e interessante. É difícil encontrar certos conceitos tão bem trabalhados como ai estão. Desta forma, fica mais fácil de entender ideias como a de orientação ao processo ou ao produto que em textos mais técnicos.

    Estes conceitos são importantes para certas atividades de pesquisa em que o autor deste comentário está envolvido. A ideia de orientação ao produto não é tão trabalhada quanto a de orientação ao processo, possivelmente por estar fora do escopo do texto em questão. Bem por isso, fica a questão se estes conceitos podem ser encontrados em textos do mesmo autor e, caso tenham sido elaborados e estejam disponíveis, onde se encontram.

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