Alguns conceitos para avaliar usabilidade (III)

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Terça–feira de manhã. Horário habitual de ir ao barbeiro. Enquanto espero pacientemente minha vez de ser atendido, pego uma das revistas que estavam por ali. Revista semanal é aquele esquema: pirataria, política, conjuntura econômica, dietas milagrosas, novelas e coisas desse tipo… Uma dessas coisas desse tipo era uma reportagem sobre sites que oferecem serviços de elaboração de textos prontos sobre qualquer assunto e de alto nível, inclusive tese de doutorado!

É tudo muito simples: trocam–se alguns e–mails, depois telefonemas. Decide–se o tamanho do trabalho e o grau a que se refere – se é uma monografia, uma dissertação e por aí vai. Depois de acertados preços e prazos de entrega, tudo se resolve com um depósito bancário e um arquivo com o texto enviado como anexo. Tudo tranqüilo, tudo rápido. Inclusive, estão até recusando trabalho. Deve ser para não alterar a “qualidade” do produto final…

Pois é. Esses serviços são oferecidos por diversos sites e anunciados em murais mesmo das melhores universidades de cidades como Rio e São Paulo. Assim fica fácil ser especialista, mestre, e até mesmo doutor! Sinal dos tempos? Sim. Sinal pra nos avisar de que a máxima “Quanto menos trabalho, melhor” é totalmente verídica. Em projetos de interfaces para mídia interativa, e para web sites em particular, quanto menos trabalho o usuário tiver durante a interação, melhor.

Eficiência. Em paralelo ao conceito de efetividade, discutido em artigo anterior, através do qual se observa a capacidade da interface em permitir que o usuário atinja seu objetivo de interação, se coloca o conceito de eficiência, que é o que determina a quantidade de esforço requerido para se atingir um objetivo.

Nossos amigos da reportagem citada acima estavam tão ansiosos por terminar seus cursos que pegaram um caminho mais fácil do que queimar neurônios escrevendo textos acadêmicos. O usuário está interessado em terminar o que começou o mais rápido e com o menor esforço possível, pois usar a internet ainda é caro o bastante para fazer com que as pessoas desejem encerrar a seção o quanto antes.

Para entender melhor o conceito de eficiência, pode–se decompô–lo em três aspectos: desvios do caminho de navegação; índice de erros; tempo gasto na tarefa. Para se observar os desvios do caminho de navegação, há que se considerar que, para realizar determinada tarefa, sempre existe uma rota ideal, com um ponto de início e outro de chegada.

A observação dos desvios que o usuário faz durante a interação nos mostra o grau de eficiência do esquema de navegação implementado no site e também pode apontar deficiências na arquitetura de informação, caso o usuário assuma rotas de navegação muito complicadas, demonstrando dificuldades em chegar ao ponto final de sua busca.

Ou seja, quanto menos cliques, melhor. Um website econômico em ações permite que o usuário chegue onde deseja com um mínimo de acionamentos de links. Para sites de comércio eletrônico a recomendação mais básica é oferecer rotas alternativas para chegar a um determinado produto, seja a partir da vitrine, das listas de categorias, ou pelo sistema de busca. Havendo mais caminhos pré–definidos o usuário consegue localizar o que deseja, sem se perder durante a interação.

Índice de erros no processo. O segundo aspecto é o índice de erros cometidos durante a interação. Quantidade de erros é a medida de eficiência mais comumente utilizada, pois a eficiência será menor em um sistema em que a quantidade de esforço requerida para correção de erros seja grande.



Durante a interação, mesmo que o usuário conheça a tarefa, pode cometer um engano, como digitar incorretamente seu próprio nome, ou cometer um erro, como selecionar uma opção incorreta devido à utilização de ícones pouco claros, ou pela má interpretação de nomes de links.

Tempo gasto. O terceiro aspecto, tempo gasto na tarefa, também é muito comumente utilizado como medida de eficiência. De maneira geral, o quanto mais rápido o usuário conseguir realizar a tarefa, mais eficiente é o website. No caso de localização de informação, esse é um aspecto extremamente importante, pois é importante reduzir o tempo entre o início de uma busca e a apresentação dos resultados. Isso dá ao usuário a oportunidade de poder examinar as informações recuperadas, avaliar sua pertinência e partir para nova busca. O usuário não deve ter que decifrar siglas ou ícones, pois isso acarreta demora na finalização da tarefa.

Oferecer atalhos para as páginas mais internas na estrutura do site, a fim de evitar a demora para localizar determinada porção do conteúdo e permitir que o usuário salte rapidamente de um ponto do site para outro funciona como forma de oferecer economia tanto de tempo e quanto de ações.

Permitir que o usuário execute a tarefa desejada, com pouco esforço e com economia de tempo contribui para a criação de uma experiência com maior grau de satisfação. Mas isso fica para o quarto artigo desta série. Até lá. [Webinsider]

<strong>Robson Santos</strong> (robson.s@terra.com.br) é designer, doutorando em design, pesquisador em usabilidade de interfaces.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

4 respostas

  1. Estou trabalhando com indicadores de eficiência e eficácia.
    O indicador eficiência é calculado pela fórmula:
    (Horas necessárias para produção/Hora gastas na produção)*100
    O indicador eficácia é calculado pela fórmula:
    (nº de defeitos/nº produção)*100

    Gostaria de saber se esta correto a relação do indicador pelos dados que estou utilizando.
    Obrigado pela atenção,
    Leandro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *