Flash Mob, a não-idéia do não-tempo, o nada.

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A Flash Mob é um aviso, sem aviso, para provar que existe e produz a única coisa que pode: ela mesma.

Inútil propor razões ou, ainda, objetivos altruístas. Inútil buscar nessa manifestação tempo para a solidariedade ao próximo, ao distante, para propor saídas para o país, para criar ações intrincadas ou para falar de política.

Não se trata de julgar a legitimidade, porque ela já existe como um dos primeiros artigos de qualquer constituição dos países livres da terra: qualquer um tem o direito de exprimir seus pensamentos, tem direito à livre associação, direito de ir e vir etc etc.

Não se trata de julgar o valor, porque, seria acadêmico demais, analítico demais, comparativo demais querer dizer que FlashMob é pior do que Greve, ou melhor do que correntes de e–mails. Não se trata, enfim, de polemizar. É só uma questão de susto, de incômodo, de assombro, de uma idéia que aparece, ainda que inconsciente, a martelar, até que um dia vem à tona.

A FlashMob incomoda porque representa a não–idéia. A mobilização, em espaços públicos, através da internet (oh, essa ferramenta tão poderosa), em favor do simples hedonismo. Incomoda porque é rápida e sem sentido. “Imagine: mobilizar sem causa nem conseqüência… que absurdo. Podendo usar este poder para mudar o mundo”.

O valor intrínseco dessa nova manifestação é mostrar que não valorizamos mais o longo prazo. Vivemos no não–tempo, num imediatismo atroz que nos rouba a capacidade de planejar adiante, nos arremessando para um constante agora. E nesse mundo do não–tempo, as causas não são coletivas, são individuais.

Não estamos vendo uma multidão, estamos vendo várias solidões, que se auto protegem, se auto representam. Daí a inutilidade de se procurar um motivo, já que são tantos quantos forem os participantes. Ela é menos útil do que utilizável. Não vai demorar para virar propaganda, letra de música, videogame e filme. Todos ao mesmo tempo, num site perto de você.

A FlashMob incomoda, enfim, porque transforma em diversão o que se legitimou como protesto. Em segundos, o que levava horas. Em superficial o que era cerebral. A FlashMob incomoda, enfim, porque é como a vida em nossos dias: rápida e sem sentido aparente. [Webinsider]

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Mauro Amaral é redator, arquiteto de informação, estrategista de conteúdo e editor do CarreiraSolo.

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