Pequenas empresas, modelos criativos

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Flavio Santana

Um passatempo interessante e ao mesmo tempo uma forma de aprendizado é reler e folhear revistas antigas sobre negócios na internet. Tenho várias, desde 1995, ao gosto do freguês: estrangeiras, negócios b2b, modistas, curiosas etc.



Declarações e ditames sobre o que seria o certo e o errado (“quem não investir em propaganda wap está perdido”), as idéias de negócios mais inusitadas (como a venda de anotações de estudantes que assistem a cursos e conferências universitárias), a proliferação de consultores de webmarketing, cifras milionárias… A coleção mostra o que foi sem propósito, o que foi genial e o que poderia dar certo em certas condições.



O sucesso pontocom continua um exercício desafiador, quase quanto o de antes do estouro da tal bolha… Já sabemos que não existe formula mágica, que nunca houve e nunca haverá. Não existe o caminho certo, mas muitos caminhos certos. A experiência adquirida pelas centenas de tentativas, erros e acertos, gerou algum consenso e premissas oriundas da prática, não ditadas por algum MBA internet star.



Premissas que podem ser levadas em consideração na criação e desenvolvimento de negócios e projetos online de sucesso. Parecem coisas simples, básicas, de comentário dispensável. E o são! Mas é incrível como tais idéias, entre tantas outras, são ignoradas ainda hoje pelas empresas. Para citar, três conceitos apenas:



Interaja com o usuário. Humor, brincadeiras, debates, relacionamento autêntico. Fale e ouça, faca e deixe fazer. Internet e interação, mídia de via–dupla, participativa, as pessoas gostam disso, interagem e a adquirirem experiências agradáveis e positivas. Seja na internet ou fora dela. Vide Blogger, Cocadaboa.



Facilite a vida dele. Em que seu projeto ou negócio irá facilitar a vida das pessoas? Se o usuário não está na rede para interagir ou se entreter, possivelmente está procurando por algo que torne sua vida na internet ou fora dela, melhor, mais simples, fácil, algo que possa ajuda–lo em alguma questão. O exemplo clássico do Google e dos sites de emprego. E, claro, sites de conteúdo podem facilitar a vida do internauta também.



Gere oportunidade. Será que o internauta pode se valer do seu projeto ou negócio para gerar algum retorno ou receita para ele? Seja em forma de descontos, redução de custo por usar seu serviço ou conteúdo? Outros valores como reputação, status, algo que no final o auxilie a obter esse retorno, uma vantagem ou benefício? Exemplos são os sites de leilão e de hospedagem gratuita de home page, como hpg.



Uma vez levada essas premissas e algumas outras tão importantes como, deve–se definir a forma de trazer o cliente até você para que adquira o seu produto ou serviço. Não é o caso de entrar aqui em marketing e propaganda digital ou técnicas e ferramentas (muitas obsoletas, principalmente as que não interagem). Estamos falando em um sentido mais estrutural sobre os três principais meios, que podem ser direcionados a pessoas físicas e jurídicas.



Canal direto. Através do seu site, oferecendo seu serviço ou produto diretamente ao usuário e às empresas. Esse é meio utilizado pela maioria das empresas pontocom,
erroneamente o único, muitas vezes.



Licenciamento de tecnologia, serviço ou conteúdo. É repassar sua tecnologia ou conteúdo para outras empresas trabalharem sob suas próprias marcas e nomes, em troca de dinheiro ou outro recurso. Esse procedimento poderá ser bem aceito por provedores, principalmente os médios e pequenos, em luta contra os grandes e os gratuitos, que podem assim ter uma oportunidade de ampliar o leque de serviços aos assinantes.



Parceria de alcance. Muito parecido com o anterior, só que os serviços e empresas permanecem inalterados, juntando suas forças. É o exemplo dos portais que mantêm sites de conteúdo sob a sua tutela e das lojas de comércio eletrônico que vendem no modelo de afiliação.



Negócios online que desejam ser bem sucedidos devem levar tais fatores de planejamento e desenvolvimento comercial e de marketing básicos a sério, aliados à criatividade, inovação e principalmente, percepção e adaptação do negócio ao dia–a–dia do mercado. Saber porque, como e quando mudar o foco. Percepção constante do ambiente de negócio. Muitas empresas tropeçam na falta dessas habilidades.



Por não entenderem que o negócio delas não era isso ou aquilo, mas sim, permanecerem vivas, angariando lucros suficientes para justificarem tal sobrevivência. O que isso quer dizer?



Digamos que seu negócio é puramente internet, um site de conteúdo inicialmente. Porém, em dado momento, você percebe uma oportunidade de negócio editando livros, guias ou revistas sobre o assunto que você já trabalha na rede (ex.: depois de um ano do site, você tem material suficiente para fazer um bom livro sobre o assunto). A aceitação offline é boa, cresce e se torna sua principal receita.



Que tal abrir uma editora especializada? Você o faz, posteriormente amplia seu leque de assuntos a outros, correlacionados, depois em outros nichos. Após isso tudo, você consulta sua base de clientes, online e offline, e acha que tem cacife para montar um provedor de internet baseado nesse público. Uma vez montado tal provedor, você poderá oferecer serviços agregados como um site de opiniões dos clientes sobre os livros já lidos. Enfim, esse é o jogo, se adaptar, sobreviver e gerar lucros.



Alguns cases interessantes podem ser encontrados em três empresas, na batalha desde 1996. Seus negócios são distintos, mas sobreviveram a todas as crises calcados nas bases comentadas acima, a tal percepção de mercado. Para não fugir à mística dos números cabalísticos do artigo, vamos comentar os casos de três empresas também:



Ntime



Voltada a soluções wireless, focada em celulares. A turma de Marcelo Sales começou em uma incubadora, do Instituto Gênesis, da PUC/RJ. Na época, 1997 a 1999, a tecnologia wap despontava como um promissor campo que, segundo as pesquisas (sempre elas…) iria gerar cifras zilionárias.



Aproveitando a onda, além das soluções de sites e portais wap em celulares, a Ntime estava focada em entretenimento – uma plataforma completa de produção e desenvolvimento de jogos wap, de temas eróticos a aventuras. Após certo tempo de utilização e experiências, os jogos desse estilo mostraram que tinham nada de divertido. Minutagem muito cara, limitações em recursos e navegabilidade, juntamente com uma dificuldade de negociação e repasse de receita pelas operadoras ou suas intermediarias.



Começou a mudança de foco. Aproximaram–se do uso do sms, as mensagens curtas de celulares, deixaram o consumidor doméstico de lado em direção ao mercado corporativo.



Tal atitude e tempo de pesquisa e desenvolvimento resultaram em um sistema de acesso remoto à intranet corporativa que permite o pleno uso em mobilidade das aplicações do escritório fixo. Permite o acesso e gerenciamento remoto de arquivos (Word, Excel etc) na intranet e possibilita envio através de fax ou anexo a e–mails. Legal não? O produto chama–se Mobile Desktop e é fruto de criatividade e trabalho duro. A empresa já está bem crescidinha e distante do tempo de incubada.



Strategy Consulting/B2E



A Strategy era mais uma daquelas empresas faz–tudo da internet, em idos de 1997. Páginas, comércio eletrônico, intranet, design, webmarketing, webwriting, extranet e sistemas em geral. Anteriormente já tinha realizado projetos e negócios com empresas de expressão. Em 1999 os negócios começaram a declinar para a maioria das empresas que contratavam tais serviços. O quadro era de demanda pequena para um mercado disputado por empresas de porte, empresas pequenas, profissionais liberais, sobrinhos do dono e sistemas de criação para leigos.



A empresa capitaneada por Luiz Guedes, iniciou em 2000 a pesquisa por um novo foco e chegou ao e–learning. Nessa época pipocavam iniciativas na área, porém eles acreditaram que ainda havia nicho a ser explorado.



Após o desenvolvimento de ferramentas propícias ao aprendizado virtual, adotaram o conceito de business–to–employee, o B2E, difundido nos Estados Unidos, que agrega gestão do conhecimento, tecnologia, recursos humanos, portais corporativos e e–learning.



Traçaram alianças estratégicas com empresas complementares ao negócio e inovaram nas praticas de ensino virtual, abusando de jogos interativos e técnicas de StoryTelling, baseadas em conceitos de jogos de RPG. A GlaxoSmithkline utilizou seus serviços para treinar a força de vendas.



Visar – E–Meu



A Visar Tecnologia iniciou em 1994, com Ricardo Novaes dando aulas de Word, Excel e companhia para empresas e particulares. O avanço do negócio levou a contratos de assistência técnica com as empresas. Com o advento da internet comercial, a Visar entrou na área de provimento de acesso, inclusive predial e wi–fi.



Em 1998, pesquisou tecnologias até criar soluções próprias para montagem de rádios web e transmissão de voz e dados, inclusive via satélite, tendo a web como meio. O novo foco trouxe crescimento e a empresa agora presta serviços online integrados a outras tecnologias, dispositivos e recursos, para empresas e pessoas.



Um deles é o E–Meu, serviço de e–mail, gratuito que possui uma série de recursos, como filtros, anti–vírus, anti–spam, indicadores de tamanho e quantidade de mensagens, de banda consumida, endereços, moderação de mensagens e alertas via e–mail e celular. É possível também selecionar os e–mails a serem recebidos no celular, via torpedo, com anexos.



Complementam o serviço os consultores online sobre direito digital, cibercultura, entretenimento digital, privacidade e segurança, tecnologia e internet).



O E–kids é um serviço de e–mail com vários recursos de filtragem. A gerência é feita pelos pais ou responsáveis dos jovens, através de um sistema online para administrar tais filtros e recursos.



A solução permite que pais e responsáveis garantam a proteção de suas crianças, sem invadir–lhes a privacidade. Os pais só terão acesso ao conteúdo das mensagens que ficarem retidas devido aos filtros que criarem.



………………………



Não existe fórmula mágica na internet, esqueça as verdades engravatadas. Existem apenas algumas práticas e premissas facilitadoras e outras não. Cabe a você selecioná–las cuidadosamente. Como um Jedi, você tem que trilhar seu próprio caminho. Que a força esteja com vocês. [Webinsider]



Artigos de autores diversos.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *