Os vírus somos nós

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A ladainha se repete. Não há sinais de que vai parar. Nova infestação de vírus. Centenas de e–mails infectados nos últimos dias na caixa postal de todo mundo. Servidores congestionados, roteadores parados.

Também não muda o noticiário da imprensa, sobretudo a dita “especializada”. A abordagem de sempre. O mesmo tom alarmista. E, claro, links para baixar a solução contra o novo vírus da moda.

Ninguém discute a incompetência de alguns administradores de redes. Não se questiona a displicência de funcionários (e seus respectivos chefes) dentro de uma empresa com vários computadores em rede e conectados à internet. Pior ainda, ninguém ousa debater um fato nítido: a quantidade de usuários relaxados parece só aumentar.

Não aparece um para colocar em xeque o pedestal da entidade chamada “usuário”, aquele que tudo pode. Mesmo quando prejudica um coletivo enorme. Não se trata do usuário leigo, que não sabe operar Windows; e sim do internauta padrão, que sabe, sim, da necessidade de um antivírus e firewall. E não usa. Não atualiza. Computador deu problema? Sempre tem o cara da assistência técnica para resolver ou o sobrinho do amigo para formatar tudo.

Debater políticas internas da empresa em relação à internet; questionar se os funcionários podem usar o computador da empresa como se fossem seus; exigir um curso básico de internet dos diretores; entre outros assuntos, são temas proibidos. Basta aparecer o primeiro a questionar para, logo logo, ser apedrejado pelos falsos moralistas para dizer que a “natureza” da internet não é assim. São os donos da verdade.

Pra quê discutir tabus? Quando um chefe inventa de estipular regras sobre uso do e–mail na empresa, logo aparecem os “freedom fighters” desse mundinho pontocom cheio de celebridades para fazer barulho e publicar artigos sobre liberdade de expressão, internet socialista e outras coisas que nem eles fazem idéia do que sejam.

Mas, por que questionar tudo isso? Afinal, daqui a seis meses vai acontecer novamente. O tom alarmista das “notícias” será o mesmo, típica tradução do internacional. Vão distribuir links para os remédios e antivírus. A repercussão será grande. Depois, a maré se acalma e fica tudo igual… até chegar a próxima tempestade.

Não há mocinhos. Quem abre anexo desconhecido no e–mail dentro da rede de uma empresa é tão ou mais culpado do que quem faz os vírus. Mas ninguém vai questionar o usuário. Ninguém vai de encontro com o supervisor que não sabia “que um simples vírus de computador podia fazer tanto estrago”.

O problema é que, muitas vezes, os vírus somos nós.

Até a próxima contaminação. [Webinsider]

Paulo Rebêlo é jornalista, escritor e consultor em política, tecnologia e estratégias corporativas. Diretor da Paradox Zero e da Editora Paradoxum.

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2 respostas

  1. Não acredito que uma pessoa abra um e-mail com vírus sabendo que é vírus.

    A legislação diz que uma pessoa é culpada pelo que fez de errado mesmo que ela alegue eu não sabia desta lei. Só que, a diferença, é que existe uma legislação há muito tempo pra todos nós seguirmos. O que significa que existe referência para saber o que você pode ou não pode fazer, mesmo você não lendo a legislação, ela existe, está lá.

    A respeito de abrir e-mails com vírus, também poderíamos dizer você não pode dizer que não sabia, não importa, você fez errado e tem que pagar por isso. Mas existe alguma legislação que fala sobre o que é e o que não é e-mail com vírus? Acho que não. Então vamos nos basear nos conhecimentos empíricos? Também acho que não, porque poderíamos usar essa alegação também em nossas leis. Ou seja, todo mundo sabe que não se pode matar outra pessoa, então, pra que escrever isso nas leis?.

    Se o empresário quer culpar o funcionário que abre e-mail com vírus, ele tem que ensinar ao funcionário o que é e-mail com vírus. Ele tem que escrever nas leis da empresa. Senão, o empresário também deve ser culpado por omissão. E isso, está na lei.

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