Abusabilidade e usabilidade em banda larga

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Ainda é 2004, mas já se pode assumir que a barreira dos Kbps está prestes a ser quebrada para a alegria dos usuários mais impacientes e alívio dos designers mais criativos. Portas estão se abrindo para quem sempre detestou as limitações de ter que projetar tendo o tempo de download como fator principal. O usuário médio vem se especializando, exigindo gradualmente sites mais dinâmicos, interativos e atrativos.

Nenhuma grande revolução: a premissa KISS (Keep it simple, stupid) nunca foi tão verdadeira e “menos” continua sendo “mais”. Mas o que muda então? Principalmente o conceito da palavra “simples”, que deixa para trás sinônimos como pobre e impessoal para agregar sinônimos como inteligente e elegante. A simplicidade virá do bom gosto e não da deficiência tecnológica.

Fotos maiores, elementos em drag–and–drop e em mouse–over, destaques animados, layers que se abrem por sobre outros elementos e transições mais fluidas que o velho refresh de browser surgem para melhorar a vida do usuário, ao contrário do que possam pensar os mais tradicionalistas. Nada tão complicado quanto eles imaginam.

Parece razoavelmente claro que arrastar um objeto da posição “a” para a posição “b” é bem mais instintivo do que clicar num link com a inscrição “mover para a posição b”. É igualmente óbvio que um destaque em formato slide–show, onde as chamadas se alternam num mesmo espaço, economiza preciosos pixels de primeiro scroll, em relação ao modelo com os mesmos destaques espalhados pela página. É por essas e outras que o Macromedia Flash se tornou ferramenta fundamental na concepção de sites de primeiro nível. Não é de hoje que a web está repleta de interfaces inteligentes em flash, sem que o fato de ser em flash se sobressaia ao fato de ser inteligente.

Um bom exemplo disso é o recém–projetado Globo Media Center, site que disponibiliza na web o catálogo de vídeos da Rede Globo e Globosat, possibilitando que o usuário monte e ordene sua playlist de acordo com sua preferência, formando e assistindo uma programação customizada e interativa. A experiência se distancia da metáfora de “navegação entre páginas” da web tradicional, onde a cada clique, o usuário se move de uma página para outra. Nesse caso ele está sempre no mesmo lugar, transformando, expandindo e ocultando elementos de acordo com seu interesse, sem que pare de assistir aos vídeos e sem que seu browser faça refresh.

Nielsen e os usability freaks vão ter que fazer workshops de reciclagem em estúdios da nova geração. É bem verdade que os flasheiros de plantão deveriam ter lido Nielsen em algum momento, mas isso é uma outra discussão. O fato é que as interfaces em camadas de informação sugeridas em filmes de ficção científica como Minority Report nunca foram tão reais.

A web sempre será primordialmente uma fonte de informação interativa. Sites com masturbações gráficas e conteúdo raso só servem para portfólio de designer amador. Na internet, forma deve seguir função tanto quanto em qualquer outra mídia. A diferença é que a partir de agora a informação estará exposta de uma maneira menos parecida com a dos livros e mais parecida com a do que será a TV interativa e com a do que foram os CD–ROMs. Pelo menos a dos CD–ROMs de qualidade.

Em paralelo a esta história, toda a TV interativa segue para o mesmo panorama, onde cabe ao usuário escolher que camada de informação quer ver. Estâncias informacionais em sobreposição permitirão que se revele somente o que for do interesse do usuário. Até chegar a este cenário a TV tem que convencer o telespectador de que ele pode ser ativo em relação à informação que chega. A internet não precisa convencer seus usuários disso. Eles são ativos por natureza. Usam a internet com uma postura (física e motivacional) ativa e não recostados no sofá após um cansativo dia de trabalho.

É nesse universo mais televisivo do que a internet como conhecemos e mais interativo do que a TV como conhecemos que os novos castelos vão se erguer. Os tijolos estão por aí, resta saber quem é que vai construir os novos dogmas e quem é que vai quebrá–los mais tarde, pois as linguagens, assim como os bons sites, estão eternamente em construção. [Webinsider]

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Marcelo Gluz é co-fundador e diretor-executivo da Outra Coisa.

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