Usabilidade: um pouco da história e definição

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Recentemente ouvi de um amigo o seguinte comentário: “falam tanto nessa tal de usabilidade, mas ninguém define isso!”

Então vamos aproveitar a dúvida e falar um pouco do histórico dessa ciência. Ciência, e não arte. Sem mistérios ou intuição, sem ser mais uma “arte do bom senso”, como querem alguns, de certa forma repetindo o que já aconteceu com o pessoal de marketing tempos atrás… até que essa visão simplista acabou criando “marketeiros” e não profissionais de marketing treinados a usar estruturas lógicas de pensamento.

Bem, mas isso é outra história. Vamos à usabilidade.

Um pouco da história

Em essência, o termo tem raízes na ciência cognitiva e começou a ser usado no início da década de 80 pelas áreas de psicologia e ergonomia como substituto da expressão “user-friendly” (amigável, em português), uma vez que máquinas são ferramentas feitas para servir, não para “serem amigas”.

Além disso, a expressão usabilidade passou a ser questionada como vaga e subjetiva. Para evitar o desgaste, muitos autores buscaram caracterizar usabilidade de várias maneiras, através de:

– Definições de usabilidade orientadas às características ergonômicas do produto.

– Definições orientadas ao usuário, mostrando a relevância de seu esforço mental ou de sua atitude frente ao produto.

– Baseadas no desempenho do usuário, associadas à forma de interação, dando ênfase à facilidade de uso e grau de aceitação.

– Orientadas ao contexto de uso.

A primeira norma de usabilidade foi a ISO/IEC 9126 (1991) sobre qualidade de software. Com uma abordagem orientada ao produto e ao usuário, considerava a usabilidade “um conjunto de atributos de software relacionado ao esforço necessário para seu uso e para o julgamento individual de tal uso por determinado conjunto de usuários“.

Foi com esta norma que o termo usabilidade ultrapassou os limites do ambiente acadêmico das áreas mencionadas, para fazer parte do vocabulário de outras áreas de conhecimento, como Tecnologia da Informação e Interação Homem–Computador. Também foi em 1991 que a Usability Professionals Association foi constituída como uma comunidade respeitável de profissionais, pesquisadores e empresas, ativos na pesquisa e divulgação de estudos, pesquisas e testes na área de usabilidade.

Posto que o conceito evoluiu, foi redefinindo na parte 1 da norma ISSO/IEC FCD 9126–1 (1998), com a inclusão das necessidades do usuário. Essa norma definiu as características de qualidade de software, como funcionalidade, confiabilidade, eficiência, possibilidade de manutenção e portabilidade.

Características de qualidade de software da ISO/IEC FDC 9126-1

Funcionalidade – capacidade de o software prover funções que atendam necessidades expressas e implícitas, quando usado nas condições especificadas.

Confiabilidade – capacidade de o software manter seu nível de desempenho quando usado nas condições especificadas.

Usabilidade – capacidade de o software ser compreendido, aprendido, usado e apreciado pelo usuário, quando usado nas condições especificadas.

Eficiência – capacidade de o software operar no nível de desempenho requerido em relação à quantidade de recursos empregados, quando usado nas condições especificadas.

Possibilidade de manutenção – capacidade de o software ser modificado.

Portabilidade – capacidade de o software ser transferido de um ambiente a outro.

Afinal, o que é usabilidade?

Usabilidade é o componente do Standard de ISO 9241-11 (1998), e é definido da seguinte forma:

“Usabilidade é a eficiência, eficácia e satisfação com a qual os públicos do produto alcançam objetivos em um determinado ambiente”.

Eficácia: é a capacidade de executar tarefa de forma correta e completa.

Eficiência: são os recursos gastos para conseguir ter eficácia, sejam eles tempo, dinheiro, produtividade, memória.

Satisfação: o conforto e aceitação do trabalho dentro do sistema.”

Esse enunciado e todas as técnicas envolvidas dão uma ênfase bastante grande aos aspectos transacionais e mecânicos da usabilidade, verificando se o usuário do site consegue ou não executar uma tarefa com sucesso, o que atrapalha nesse processo e como se sente diante dessa interação.

Jakob Nielsen, o papa absoluto da usabilidade, descreve cinco atributos da usabilidade em seu livro Usability Engineering (1993, p.26): facilidade de aprendizado, eficiência de uso, facilidade de memorização, baixa taxa de erros e satisfação subjetiva. Estes atributos podem ser facilmente relacionados aos atributos da ISO 9241-11 (1998), mas há outros atributos que devem ser considerados: consistência e flexibilidade, pois eles levam à possibilidade de expressão dos elementos mencionados por Nielsen.

Consistência refere-se a tarefas que requerem uma seqüência de processos similares, que levam a supor que tenham efeitos similares, assim como entrar numa página de hierarquia inferior me leva a supor que terá uma seqüência de links semelhantes à sua “página-mãe” ou, pelo menos, à imediatamente anterior. Flexibilidade refere-se à variedade de formas com que um usuário consegue atingir um mesmo objetivo.

E por que se preocupar tanto com a usabilidade de uma interface?

Acredito que se fizermos uma enquête entre os desenvolvedores, consultores em usabilidade e outros profissionais surgirão inúmeros motivos: do foco no cliente a um desempenho melhor do site diante dos concorrentes.

Certamente teremos tempo para falar em ROI de usabilidade, essa criatura esquecida, numa outra oportunidade. [Webinsider]

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Amyriz Fernandez é diretora de Educação e Formação da MediaMath Brasil.

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9 respostas

  1. Muito bom o texto, principalmente com relação o que é enfatizado nas empresas quando por exemplo muda-se o software, o que é levado em conta é só a necessidade de uma forma em geral da empresa, não que não seja importante, mas o que é sempre esquecido é quem vai usar, sendo de suma importância o emprego do conceito “USABILIDADE”.

    Parabéns pelo texto!

  2. Pingback: huuum… e o que faz um Arquiteto de Informação?! =S – Pensando em voz alta
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  4. Minha amiga leu tanto isso na aula, que com tanto essos ela trocou consistência, pela palavra conciência. O texto é complicado ou melhor técnico demais.

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