Sobre responsabilidade, design e humanidade

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Deixando a badalação de lado e falando seriamente, o design já é identificado por organizações e países como um fator crucial para se ter sucesso econômico.

Por seu poder estratégico, o design já se tornou um tópico de importância política e muitos países, inclusive o Brasil, têm investido e desenvolvido políticas para posicioná–lo como prioridade.

Como resposta a esta demanda, a área do design tem se desenvolvido bastante. Novos cursos, novas abordagens, técnicas e ferramentas são constantemente propostas.

Porém a maioria dos avanços feitos na área do design estão relacionados com os aspectos lógicos e retóricos. O grande desafio é avançar na dimensão ética. Cada vez mais, os designers do artificial estão enfrentando decisões morais, pois quando grande é o poder, grande é a responsabilidade.

Quais devem ser nossos valores morais em uma sociedade global aberta? Será que nós, designers do artificial, podemos ter algum papel em reduzir a violência, a miséria e aumentar a liberdade? Quais são as nossas responsabilidades na educação do novo cidadão? Pois, como o grande filosofo austríaco Karl Popper dizia, “Nossas crianças são as coisas mais importantes que nós temos”.

Design não é uma atividade neutra, como muitos pensam. Design muda e altera o ambiente. Os inimigos das sociedades abertas, da crítica e da oposição ainda estão presentes e novos inimigos continuam chegando. O networked–effect que está presente em nossa comunicação e economia muitas vezes nos impede de pensar e agir de forma crítica e livre. Muitos agem e pensam de uma forma porque a maioria assim o faz. Lembro–me do Nelson Rodrigues que dizia “a unanimidade é burra” e muitos não o entendiam bem.

O design centrado no ser humano é talvez o maior avanço lógico, metodológico e retórico que a área do design já foi capaz de produzir. Pois, esta abordagem tira o foco da tecnologia, do designer, ou do mercado e foca principalmente no usuário, no ser humano, em suas necessidades e desejos.

Esta nova maneira de criar muda a ordem do processo de desenvolvimento, pois para quem? nós criamos precede a questão o que? nós criamos. E o que nós criamos precede a questão como? vamos implementar. Este foco no ser humano também é muito eficiente economicamente e muitas empresas que adotam esta estratégia de design sabem disso.

O presente em nosso mundo perturbado pelo homem requer não só novos métodos e ferramentas para lidar com a complexidade dos problemas, mas também requer responsabilidade nas atividades de design, novos valores baseados na razão, discussão e humildade. O futuro está aberto, e a humanidade deve ser o nosso maior cliente. Designers são sim responsáveis pelo presente e pelo porvir. [Webinsider]

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Charles Bezerra é diretor-executivo do Gad’Innovation e autor dos livros O designer humilde e A máquina de inovação. Mantém o blog Reflexões sobre inovação.

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