Filmes no PC e no celular

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Vamos começar lá do comecinho: você lembra quando o Napster foi fechado por uma ação judicial da Associação Americana da Indústria Fonográfica (RIAA)? Se lembra daqueles milhões de usuários que perderam a oportunidade de trocar seus MP3s usando a facilidade do peer–to–peer?



Pois é, o site foi fechado, mas a Napster logo em seguida reapareceu como empresa – leia–se com fins lucrativos. De resultado, ficamos com uma internet que adquiriu novas dimensões, e que vai mexer muito ainda conosco – principalmente com a gente, que vive e trabalha com o meio diariamente.



Esqueça o Gnutella, o Soulseek, o Bit Torrent, o Emule e o Kazaa, pois não estou falando de pirataria – e nem das discussões sobre direitos autorais que cada vez mais ocupam o dia–a–dia dos noticiários do ciberespaço; me refiro a algo ainda mais impactante, conseqüência direta da liberdade com que as pessoas estão trocando arquivos cada vez pesados por causa da banda larga.



Embora não estejam muito a fim – afinal, ninguém gosta de ser pirateado –, a necessidade da indústria do entretenimento de se posicionar de maneira criativa na web é, eu diria, mais do que urgente. Desde 1990, quase uma década antes do MP3 tornar–se popular, um grupo crescente de profissionais tem se reunido no Digital Hollywood para discutir o impacto das novas tecnologias no maior mercado audiovisual do planeta. E olha que naquela época o VDO (video on demand) ainda não chegava nem perto de ser realidade.



Mas, por mais que se discuta e se gaste dinheiro com processos intermináveis nas cortes de Justiça, o fato é: a tecnologia anda a passos muito mais largos do que a legislação, e, queria ou não queria, Hollywood tem o mercado fonográfico como modelo perfeito do que fazer – ou deixar de fazer – para lidar com essa nova tendência em expansão.



“– We don´t wanna be MP3–fied”, Vice–Presidente da Sony Pictures Entertainment, Mitch Singer



Se você é da minha geração ou já leu a respeito, vai se lembrar também do processo que a Sony sofreu pela Universal, que durou mais de 10 anos. Motivo: a Sony havia inventado o melhor videocassete do mundo, o Betamax.



Foi tanto tempo de processo que o projeto Betamax foi descontinuado para o consumidor caseiro, mas o fato, que a Universal parece não ter compreendido na época, é bastante simples: o videocassete não ameaçava a indústria do entretenimento, muito pelo contrário. Com a vantagem do time shifting, ele abriu portas para que Hollywwod lucrasse ainda mais, com o licenciamento de fitas VHS, tanto para venda como para aluguel.



Todo mundo se deu bem nessa, inclusive os consumidores, que podem ver e rever seus filmes preferidos, no dia e na hora que bem entendem.



O que as mais recentes pesquisas de mercado apontam é que um novo consumidor está, portanto, se formando; um consumidor com mais liberdade, que prefere assistir ao que ele deseja, QUANDO e ONDE ele quiser, ao invés de ter que se programar de acordo com os horários de exibição desse ou daquele produto.



Estamos falando em DVD? Sim, claro, mas também na web, no micro, no palmtop, no celular, no download, na porta da geladeira, ou até em streaming da sala para o quarto.



Nos oito maiores mercados do mundo já se constatou que aproximadamente 20% do público está diminuindo a freqüência com que vai ao cinema em troca da comodidade e conforto da sala (digital) de estar. Uma pena, a telona é muito melhor, mas o fato é inevitável e Hollywood – assim como anunciantes, empresas de mídia, agências de publicidade e produtoras – vai ter que descobrir uma maneira bacana pra atender esse novo usuário.



Nós, que usamos a internet desde sempre, somos ainda mais exigentes, não estamos acostumados a pagar pelo conteúdo. Então, além de novos formatos, vai crescer na internet uma mudança geral de como usamos o meio. Isso me parece claro.



As empresas de tecnologia estão se engalfinhando para ver quem consegue definir o padrão de DRM (Digital Rights Management) que será adotado no mercado para suprir essa nova necessidade. Afinal, com o preço acessível de copiadores de DVD, é muito fácil baixar um filme e ficar com ele para sempre. Não é?



Real Networks, Microsoft e Intel, apenas para citar algumas delas, vão lucrar ainda mais se aliando às empresas de entretenimento. Não faz muito tempo vimos o maior provedor do mundo comprando a Warner. E olha a Sony e a MGM aí, hein…



Existem vários outros casos, e talvez o mais recente e célebre de todos tenha sido o iTunes e o iPod – juntos representaram 500% de aumento nos lucros da Apple de Steve Jobs. Em terras brazilianis temos o exemplo do Globo Media Center, produto carro–chefe das Organizações Globo quando o assunto é web. Fique ligado, o negócio é sério.



Para a galera da criação proponho um brainstorm: como passar um filme 35mm numa tela de celular, ou criar vídeos (verdadeiramente) interativos, atraindo de maneira mais eficiente os usuários do seu site?



Se você concorda comigo que não existe experiência sensorial mais envolvente do que a imagem em movimento, então está na hora de botar as manguinhas de fora e cair dentro.



Acredito que depois do boom do comércio online, a grande revolução que vamos viver na web está justamente aí, nos novos formatos que a indústria do entretenimento já está pesquisando para viver (e lucrar) numa realidade onde tudo é digital.



Por enquanto ainda estamos errando muito, mas quando começarmos a acertar mesmo, tecnologia e entretenimento farão parte de um mesmo universo. [Webinsider]



…………………………………………………..



Esse artigo foi escrito com base em uma palestra que apresentei no 10º Encontro de Web Design realizado em maio desse ano no Rio de Janeiro. Se você quiser baixar a palestra basta visitar: canvas.com.br/palestras. Ah, e não precisa pagar os royalties!



Marcelo Albagli é sócio fundador da produtora web Canvas.

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2 respostas

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