Montei meu itinerário de leituras online

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Eu descobri um negócio chamado Bloglines mais uma vez por causa de ter reativado o blog do Digestivo. Todo mundo, na blogsfera, falava em RSS, em XML, em feeds e eu me perguntava: “Deus do céu, o que é isso?”. Fui atrás mais para manter o Digestivo up–to–date, em relação aos leitores – bloggers, que poderiam pedir um RSS, XML ou os feeds do Digestivo e eu não teria como gerar (ainda não tenho mas está a caminho…).

Entrei uma vez no site do Bloglines e, como já aconteceu algumas vezes com tecnologias muito novas (que nem eu mais acompanho), olhei, olhei e não entendi patavina.

Achei que fosse coisa para blogueiro; do tipo que tem conta no Blogger ou similar; eu não tinha, como ia me cadastrar naquilo? Passei; o tempo passou… Até que um dia a Daniela Castilho entrou de novo no assunto, quase ameaçando os sites que não tinham feeds, XML, RSS (como o Digestivo) de extinção. A Daniela é mais velha do que eu, tem cinco anos de internet na minha frente: se ela tinha entendido, eu também poderia… Voltei ao tal do Bloglines.

Dessa vez, me cadastrei. “Vou tentar”, pensei. Completei o formulário no mínimo e pulei a parte que requeria endereço de blog, essas coisas. Ah, tinha visitado também o Bloglines da Daniela Castilho “que é público” e tinha mais ou menos intuído como funcionava. Mais ou menos.

A brincadeira no início é legal. Você cria diretórios (pastinhas) como se estivesse no seu próprio computador. Pode ser por assunto ou o que for. Você inventa o seu tipo de organização… Para facilitar, me baseei no Bloglines (e na lista de feeds) da DaniCast. Ou seja (traduzindo…): cliquei com o botão da direita do mouse (ou algo assim) em cima dos boletins (feeds) dos blogs ou sites que me interessavam e cadastrei–os na minha própria lista. Isso é tranqüilo.

Então, de repente, você volta no seu Bloglines e aparecem, dentro das caixinhas, as atualizações provindas dos sites ou blogs que estão na sua lista. É como uma newsletter virtual que você assina e recebe as atualizações online (e não por e–mail; embora haja “eu descobri” conversores de feeds que hoje entregam por e–mail). “Até aí, nenhuma novidade”, você pode pensar. Foi também o que eu pensei quando a Dani me falou, mas justamente aí também reside o nosso ledo engano, leitor…

Pense comigo: o que aconteceria se você tentasse visitar todo dia, sei lá, dez sites ou blogs? Você teria de abrir cada um, lidar com cada interface, encontrar as atualizações, abrir as atualizações… Quanto demoraria cada visita dessas? 1 minuto, 3, 5, 10 minutos? Não sei; aí depende de cada pessoa. Ocorre que isso não acontece no Bloglines. Por quê?

A resposta é incrivelmente simples e me espanta que ninguém nunca tenha pensado nisso antes. Como os arquivos, gerados pelos sites ou blogs, são padronizados para todo mundo (XML, RSS, etc.), o Bloglines (ou qualquer outro leitor de feeds) apresenta as atualizações sempre no mesmo formato: manchete (com link) e chamada (com um teaser); às vezes, o texto vem todo aberto (mas não é comum na maioria dos boletins).

O que isso significa? Isso significa, na prática, que você “abre” todos aqueles 10 sites ou blogs, do exemplo acima, no momento em que acessa as suas caixinhas. Reforçando: não precisa “acessá–los” de verdade, não precisa se entender com as tais interfaces, não precisa procurar pelas atualizações, não precisa abri–las…! O Bloglines faz tudo isso pra você; e você só acessa o Bloglines. Entendeu? É como um concentrador de bookmarks, mas com vantagens…

Minha primeira reação “como a de todo mundo, eu acho” foi: “Uau, vou assinar tudo o que conseguir encontrar!”. E assinei. Minha primeira semana de Bloglines foi um caos porque além de eu passar horas lendo e selecionando as manchetes e as chamadas, dos blogs e sites que havia assinado, procurava desesperadamente por mais: mais jornais de fora; mais revistas em outras línguas; mais sites famosos; mais blogs de que tinha ouvido falar…

A fase dois foi “limpar” meus bookmarks e transferir meus favoritos todos do meu navegador para o Bloglines. Bastava entrar no site ou blog (uma única vez), procurar o ícone XML ou RSS, copiar o link para o “add” do Bloglines e apagá–lo dos meus favoritos ou bookmarks.

Pode estar ainda um pouco confuso para o leitor desavisado, mas é assim: pense no Google; todo mundo conhece o Google. Quando você faz uma busca no Google, ele te devolve a lista de sites, relacionados àquela palavra–chave, sempre no mesmo formato: título da página, trecho do texto onde se encontra a referência à palavra–chave… Não importa se cada site tem uma interface, um design, um modo de dispor a informação – o Google empacota e te devolve tudo igual. É o que estão chamando de Web 2.0…

Existem, obviamente, na web, zilhões de elucubrações sobre isso. Leio uma nova a cada dia. A última que li, na Business Week, afirmava que a Web 2.0 vai colocar todo mundo no mesmo patamar: desde o The New York Times até o blog do Zé da esquina, todos apareceriam do mesmo jeito e no mesmo formato – título ou manchete, texto ou chamada, em plain text, como se diz, e acabou. Não vou entrar aqui em elucubrações pessoais; apenas vou retroceder na origem deste artigo e dizer pra você como isso tudo mudou a minha experiência de leitor e de jornalista.

Simplesmente estou acompanhando toda a mídia, como sempre quis. Claro, não é como seu eu recebesse, na minha mesa, uma pilha de jornais e revistas, mas as últimas atualizações impressas de sites e blogs favoritos. Mas é quase como se fosse. Vou te contar como é a minha rotina.

Abro o Bloglines diariamente, depois de checar os e–mails, etc. e tal, e verifico apenas 5 ou 6 pastinhas (mudo às vezes isso). Uma para coisas do Digestivo: você sabia que existe um feed, que você mesmo cria, que te permite acompanhar todas as citações ao seu nome ou seu site na WWW? Pois existe. Basta de ego surfing. (Tente o Technorati e confira.)

Depois, passo para a pastinha de jornais ou agências de notícias (em geral desmembro em duas, mas agora está junto): percorro, numa olhadela, as atualizações dos cadernos culturais daqui e de fora (os que obviamente disponibilizam feeds).

A terceira pastinha é dedicada a revistas: eu falei na Business Week, mas estão The Economist, a alemã Der Spiegel e outras assim. Mais uma pastinha para sites: imagine que leio, todo dia, o Arts & Letters Daily, a Slate, a Salon.com, o No Mínimo, o Webinsider e não perco nada; nadinha.

Por último, a pasta para blogs: céus, como existem blogs! Você acha que são só os brasileiros, mas existe uma infinidade de outros blogs. Minha mais recente descoberta são os blogs hispano–americanos: Meu Deus, como são bons esses hispano–americanos! Principalmente os de tecnologia; a anos–luz de nós…

Não pelos blogs mas por tudo, o Bloglines é uma janela para o mundo. Nenhum jornalista que se preze, e que queira estar a par das principais discussões sobre qualquer assunto – e principalmente sobre as mudanças vertiginosas na profissão -, pode se dar ao luxo de não “instalar” o Bloglines ou qualquer outro leitor (ou agregador) de feeds similar. E qualquer site ou blog que queira se comunicar com o mundo pode se dar ao luxo de não criar o seu XML, RSS, etc. (o do Digestivo já vem já…). O negócio está começando e por aí vem mais.

De início, prevejo a morte das newsletters por e–mail e de boletins tais quais. Não vai ser amanhã ou depois, mas à medida que as pessoas forem descobrindo os feeds, vão deixar de assiná–las. Porque o feed vem organizado, você seleciona só a parte do site ou publicação que quer acompanhar, e você entra e você sai a hora que achar melhor. Acabou o spam; acabaram as newsletters que não param de vir mais. Fora que, por essas e por outras, o e–mail está muito vilipendiado; não agüenta mais – ninguém agüenta mais.

No livro We the Media, uma sensação nos EUA, o autor Dan Gillmor fala que os jornalistas, por exemplo, não vão mais receber press–releases por e–mail: as assessorias ou empresas que soltam releases vão criar feeds para eles e os jornalistas vão assinar (ou não). Acabou a imposição. Pelo menos em teoria; pelo menos até agora.

A ressaca disso é que, com a facilidade do uso, você tende a cadastrar feeds de tudo o que encontra, sua lista fica enorme e você perde um tempo cada vez maior para acompanhar as “novidades”, até travar – como relatou o autor do Concatenum… O outro lado da moeda é que, como fica só a informação (e não necessariamente a parte de imagens etc.), os anunciantes estão imaginando uma forma de veicular anúncios (de texto? de imagem?) no Bloglines e nos seus pares. Ou seja: por enquanto, está tudo muito bom, está tudo muito limpo, está tudo muito calmo (como o e–mail de tempos atrás) – mas a indústria não vai deixar barato.

Eu sei que você não agüenta mais ler sobre a revolução da última semana, mas esta, da Web 2.0, é a maior revolução que encontrei, depois do advento da internet, de 10 anos pra cá. Pode ser que eu me arrependa, pode ser que eu me engane, pode ser até que os feeds não dêem em nada (pode ser que eles sejam muito bons para ser verdade…) – mas, por enquanto, vou aproveitar. E você, tente lá…!

Para ir além

Bloglines

Meu Bloglines

[Webinsider]

Julio Daio Borges é o editor do Digestivo Cultural.

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