Redes P2P. Há como parar uma inundação?

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Neste mês, Corte Federal da Austrália culpou o Kazaa pelo seu serviço de compartilhamento de arquivos – Peer to Peer, ou P2P (veja no IDGNow). Você já viu esta novela antes não é? Napster, depois o Audio Galaxy, agora o Kazaa. Mais uma cena da lenta história da indústria discográfica mundial em sua luta de pouco êxito contra a troca livre de arquivos online.

O problema real não é a sentença desta Corte Suprema, que se limita a indicar que os fabricantes do Kazaa incitam a pirataria e podem ser responsabilizados pelo ato ilegal. O problema real é que roubaram o queijo da indústria fonográfica. E agora os que comandam a indústria da música e vídeo estão atuando exatamente como um dos ratos do famoso livro “Quem mexeu no meu queijo?”, de Spencer Johnson. Não, definitivamente não sou fã de livros de auto–ajuda empresarial. Aliás, deles fujo como o diabo da cruz. Mas sabendo da parábola criada por Spencer foi difícil não lembrar dela neste momento.

Os diretores e responsáveis pela indústria fonográfica estão se perguntando onde está o queijo que foi roubado. O problema é que difícil entender que o queijo perdido não voltará.

Assim, que sentido tem toda a luta que faz a indústria fonográfica contra os programas P2P, que é apenas um expoente de uma realidade social criada pela rede? Com os previsíveis processos de grandes produtores contra os principais programas P2P, teremos longos processos judiciais de final incerto, que no fim servirão apenas para alongar a agonia de empresas que deveriam se apressar em descobrir um novo foco para seu negócio e deixar de dar às costas para a sociedade onde vive. Hoje em dia nadar contra o P2P não é nadar apenas contra a corrente, é nadar contra um verdadeiro Tsunami.

Algumas gravadoras morreram vítimas desta miopia que as impede de enxergar o óbvio. Outras várias caminham para o mesmo final. Quem tenta defender publicamente os softwares por não impedirem a troca de arquivos acaba tachado de perigoso, terrorista, comparsa da contravenção. Talvez sejamos apenas realistas.

No fundo esta discussão leva a outra questão ainda mais profunda: a legalização da internet. Se apenas um destes programas P2P fosse proibido por permitir a troca de arquivos abriríamos um precedente grave, porque depois de tornar ilegal o P2P, seria proibido também o e–mail, os newsgroups e outros serviços da internet que permitem a troca de arquivos. Como os protocolos destes programas são abertos seria necessário ir aos provedores de hosting. Seria, então, necessário decretar a internet ilegal.

O P2P é uma onda impossível de se barrar. A indústria fonográfica perde tempo precioso com ações judiciais e demandas para barrar programas de troca de arquivos que proliferam com criatividade sempre além das novas decisões medidas na força da lei. O eMule é o mais novo exemplo. Já virou uma febre. Já é mais popular que o Kazaa. Mas é um programa de código aberto. Quem será processado? Quem vai sentar no banco dos réus quando a hora do eMule chegar?

Tentar buscar responsáveis sobre a publicação de conteúdos na rede é como instalar uma lei de selva que só tem real sentido se acabar com a internet da forma como conhecemos hoje. Ao contrário de lugar longas batalhas em uma guerra já perdida, a indústria fonográfica poderia concentrar seus recursos e energia na difícil tarefa de descobrir um novo foco, um novo rumo. [Webinsider]

<strong>Gustavo Mansur</strong> (gusman@pobox.com) é jornalista.

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3 respostas

  1. Qualquer pessoa conectada à internet precisa de um provedor físico para conexão (uma operadora de telefonia, cabo, satélite etc…).
    A saída para as gravadora, é liberar geral os downloads e conseguir leis e meios de receber desses provedores por banda acessada ou downloads feitos.

  2. João, vendo o seu comentário, lembrei da Sony.

    Quando saiu o playstation 2, a Sony falou que tinha inventado uma tecnologia que tornava impossível a cópia pirata dos seus jogos, tinha alguma coisa a ver com os dados se expandirem na cópia para não caber dentro do cd, pelo que lembro.

    Em alguns meses essa proteção já havia sido quebrada. Hoje você pode fazer um cd pirata do play 2 no seu computador de casa.

    A idéia é muito bonita, mas impossível na prática. A única forma de impedir a cópia seria não gravar nada no cd. Agora, suponhamos por um instante que surja uma tecnologia inquebrável. Coloque um gravador do lado da caixa acústica do seu aparelho de som e pornto! Grave as músicas na moda antiga, como você bloqueia isso, colocando um chiado na música?

    Na minha opinião, a solução da pírataria de músicas (aliás, um remédio, por que solução não existe) seria investir mais naquela idéia de vender faixas separadas, por preços mais acessíveis (onde alguns vêem problemas, outros vêem oportunidades). Eu considero caro pagar R$ 20,00 em um CD com dez músicas, sendo que você gosta mesmo de uma ou duas. No caso da pirataria de filmes e de programas de computador, já fica mais complicado…

    Desculpem a comparação grosseira, mas a internet é como uma organização terrorista, se você derruba um célula aqui, automaticamente outra célula é ativada em alguma parte do mundo. Prova disso: o vídeo da Cicarelli, que qualquer pessoas achava com a maior facilidade, mesmo com aquela proibição.

  3. Há sim um modo de barrar os programas P2P sem barra a internet em si! O que foi perdido está perdido e não há jeito mas tem-se que preservar oq virá e o tanto que se perderá se nada for feito! Seria uma coisa absolutamente fácil criar uma trava em um cd de áudio assim como há em disquetes, não seria uma solução 100% porém diminuiria a qualidade do som oq muitas pessoas achariam melhor comprar os cds e ter um som de qualidade ao invés de um som xiado! Isso seria apenas colocar um programa dentro do cd, para que ele barrasse qq tipo de cópia!
    Atenciosamente João

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