Web 2.0: chega a hora de repensar conteúdo

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No artigo anterior, sobre a internet ser uma plataforma (veja ao lado), dissemos que para começar um projeto web, as pessoas deveriam (além de tomar um café bem forte) primeiro pensar nas informações que o projeto levará ao público, depois pensar no programa que entregará este conteúdo.

Neste artigo vamos trazer algumas reflexões sobre como seria o conteúdo de um projeto web a partir das convenções da Web 2.0.

Defina qual é o conteúdo

Por incrível que pareça, muitos projetos começam sem que os envolvidos saibam com muita certeza qual será o conteúdo. Entretanto, normalmente as pessoas vão até um site procurando uma informação.

Se não há um documento que defina exatamente qual será o conteúdo do projeto e as informações a serem transmitidas ao usuário, o objetivo do projeto não estará claro e é provável que alguém se perca no meio do caminho.

Esse documento será tão específico quanto for o conteúdo do seu projeto. No caso do Flickr, por exemplo, o conteúdo dele se resume em uma palavra: fotos. Tendo isso em mente, eles pensaram em como obter essas fotos, que seriam o conteúdo do projeto, e como mostrá–las ao usuário.

O Google tem como conteúdo toda a informação do mundo, e pretende organizá–la. Mas o buscador do Google é bem mais modesto, só quer ter como conteúdo todas as páginas da internet e entregá–las ao usuário através da busca.

Entende? Essa questão do conteúdo é séria mesmo. É preciso escrever em algum lugar de forma sucinta qual será o conteúdo do projeto.

Lembre–se: o conteúdo deve gerar serviços.

Na Web 2.0 a gente já não pensa em termos de publicação, mas de serviços. Publicação de informações é um serviço, sim – o Webinsider é um bom exemplo disso –, mas é só um entre os infinitos que poderiam ser ofertados. É importante ter consciência disso.

Um exemplo: O Google Local, o Yahoo Local e o MSN Maps são serviços gratuitos de localização e mapas. Basicamente este serviço não passa de entregar de forma eficiente uma informação: mapas. Mas os serviços que podem ser gerados a partir destas informações são muitos. Alguns exemplos: o mapa do crime em Chicago, mapa de bares, mapa de trânsito, entre muitos outros.

Um editor de textos web como o Writely é um serviço. Qual é a informação neste caso? Textos de qualquer tipo. Se o conteúdo fosse imagens ou planilhas, o serviço seria completamente diferente.

Então, na hora de pensar em um tipo de informação para um projeto, pense grande e descubra que serviços estas informações podem prestar e invista nestes serviços.

Pense sobre a forma como este conteúdo será gerado

Estando definido qual será o conteúdo, é hora de gerar este material. Agora você tem que definir como ele será gerado e isso é muito importante. Existem várias formas, veja algumas:

Sistema IPC. Esse é um sistema de criação de conteúdo muito utilizado por aí. IPC é uma sigla para “Isso é um Problema do Cliente”. Eu digo desde já que esse sistema não é muito recomendado, pois pode apresentar erros graves de redação, atrasar o cronograma, trazer prejuízos e vários outros bugs.

Webwriters. São redatores que trabalham especificamente na área de desenvolvimento de matérias e textos para internet. É melhor contratar webwriters do que jornalistas de mídia impressa – que podem não conhecer bem a linguagem web – porque os primeiros têm conhecimentos fundamentais para a eficiência de um projeto de conteúdo. Esta é a forma mais tradicional de produção de conteúdo (entre as formas sérias de se fazer isso).

A hora da participação

Alguns projetos que estão totalmente dentro do paradigma 2.0 como Flickr, Blogger, Orkut, del.icio.us, My.yahoo, Wikipedia etc. produzem praticamente 100% do seu conteúdo desta forma: através da participação dos próprios usuários.

Desta forma, estando o sistema de colaboração pronto, o conteúdo será todo gerado pelos próprios usuários, sem a necessidade de um webwriter.

Na web 1.0 já existia conteúdo colaborativo. Eram os guestbooks, fóruns etc. O problema é que essas coisas eram colocadas num site de qualquer jeito, sem consciência da importância da colaboração.

Mas o conteúdo colaborativo também pode ser parcial. Lojas como Amazon ou o Submarino sabem muito bem disso. O conteúdo de uma loja são os produtos, mas além das informações sobre os produtos inseridas pela própria loja, os usuários também podem escrever resenhas e avaliações. Eu mesmo nunca mais compro um produto na internet (a última coisa que eu comprei foi um chuveiro) sem ir antes numa loja virtual e ver qual é o mais vendido, o que os usuários dizem sobre esse produto etc.

Muitas campanhas de publicidade estão sendo feitas através de conteúdo colaborativo. Um exemplo foi o Nike 10k, onde os usuários que entravam no site da corrida respondiam à provocação “Eu corro porque:…”, e algumas frases interessantes – sabe–se lá se eram de usuários ou não – foram lançadas em outdoors.

Os sites de conteúdo estão acordando para esta realidade e dando ao usuário a possibilidade de comentar a notícia. Em alguns casos os comentários são melhores e mais ricos que a própria matéria.

Mas dá pra confiar nesses caras?

Eu sei lá, viu? Eu mesmo não confio muito nos usuários não… hehe (brincadeira). Mas o pessoal da conferência Web 2.0 confia, e muito, muito mesmo. Tanto que um dos principais preceitos deles é confiar no usuário. E como esse pessoal da Web 2.0 ganhou muito dinheiro com a internet, eu acho que é uma boa idéia dar um crédito para eles. Quem sabe não estão certos, só pra variar?

Há pouco tempo a Wikipedia – uma enciclopédia feita totalmente pelos usuários – passou por maus bocados por causa de uma informação falsa. A credibilidade deles foi abalada, mas logo veio outra notícia, onde a revista Nature considera a Wikipedia quase tão exata quanto a Enciclopédia Britânica.

A idéia é a seguinte: se alguns maus elementos vão falar besteira, há milhares de outros para corrigir aquela besteira e reescrever algo interessante.

Então, se você quer o “selinho web 2.0” no seu projeto, a preocupação com a participação não pode faltar. Esta é uma forma fantástica de gerar conteúdo – e eu falarei mais sobre isso em outros artigos.

Programas que geram o conteúdo

Outra forma de gerar conteúdo é através de programas que façam isso automaticamente.

O melhor exemplo (se tratando de Web 2.0, sempre) é o Google. O Google tem um programa, um robô, que passa pela internet inteira pegando as páginas e colocando–as no seu banco de dados. Além disso, o tem um programa que avalia as páginas, para verificar qual é mais relevante na busca. Assim o Google reúne todo o conteúdo do seu sistema de forma automatizada.

A mesma coisa acontece no Google News. O sistema busca notícias automaticamente e relaciona as mais relevantes em um site.

Esta é uma forma muito inteligente de gerar conteúdo porque não depende de pessoas e consegue muito público – e resultado financeiro, é claro.

A importância do conteúdo

Neste artigo nós vimos que o conteúdo, as informações do seu projeto, devem ser considerados com a máxima importância. Esse conteúdo deve ser adequadamente definido e gerar serviços para o usuário.

Além disso deve haver um cuidado especial com a forma como o conteúdo é gerado. Não deixe isso de lado como um problema do cliente. Pense no que é melhor para o projeto: contratar um webwriter, trabalhar conteúdo participativo (lembrando–se de confiar no usuário), ou desenvolver programas que gerem o conteúdo.

Porém, além de definir e gerar um conteúdo relevante, é preciso organizá–lo, para que o usuário encontre facilmente o que precisa. No próximo artigo eu vou falar sobre como a organização das informações é tratada no contexto da Web 2.0 e do conteúdo participativo. [Webinsider]

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Gilberto Jr (gilbertojr@gmail.com) tem experiência no mercado digital como designer de produtos, fundador de duas startups, gerente de projetos em agências digitais e gerente de produto no Scup. Agora procura um novo desafio. Veja mais no Linkedin.

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Mais lidas

9 respostas

  1. Oi pessoal, eu sou jornalista, webmaster, webdesigner e tenho uma empresa de comunicação (www.imagefinishing.com).

    Acho que vcs estão levando tudo isso pra um lado muito simplificado.
    Não é todo jornalista que entende de internet… (correto)
    Mas também acredito que não é todo webwriter que escreve um bom texto ou que seja capaz de editar e revisar um texto para que este se torne claro, consistente e objetivo, checar informações, a fim de manter uma qualidade minima.

    Então, não vamos generalizar! Todo profissional tem sua função, uns mais capacitados, outros mais limitados, mas não existe isso de que jornalista não conhece tecnicas de internet e informática, afinal de contas estamos vivendo na Era Digital.

    Att.
    Lucia Nahás

  2. Gostei muito deste artigo por esclarescer duas dúvidas como web 2.0 e webwriter que é mais uma profissão voltada para o mercado web.

    Sou webmaster e conheci o site atrevés de pesquisa sobre assuntos relacionados a webwriter. Estamos á procura de profissionais para produção de conteúdo para web e após muita pesquisa chagamos a essa conclusão (webwriter), pois na verdade não seria bem um jornalista mais um profissional que conheça também as técnicas que são necessário para internet.

    Ha! e se tiver algum profissional interessado na vaga envie-nos um email com o nome (webwriter) para jefferson.metropolitan@hotmail.com.

    Grato.

  3. Achei muito interessante o usuário ter o poder de modoficar o modelo de infoemações apresentados e realmente estou muito satisfeito com a idéia da Web 2.0.

    Não sei muito a respeito do assunto, mas até onde li e pesquisei achei muito interessante. Gostaria de ler mais materiaais sobre o assunto e gostaria de pedir a quem poder, que me passe lincks relacioandos.

    Atenciosamente

    Rafael Cavalcante
    rafcavalcante@hotmail.com

    Podem adicionar.

  4. O jornalismo na web é uma das mais importantes funções da rede. É a informação quase em tempo real, sem custo, sem derrubar árvores, sem ter que procurar um bar que ofereça alguns jornais em troca de um cafezinho. O que limita é que computador ainda é artigo de luxo, disponível para poucos.

    Descobri o que sou lendo o artigo. Sou webwriter(não sou jornalista). Desenvolvo uma página de notícias locais ( a versão eletrônica do jornalzinho) em minha cidade e região. São tres cidades em que atuamos com um provedor de internet via rádio. Ainda não liberamos comentários para as notícias, mas é o próximo passo. Como espaço não é o problema usamos muitas fotos. Publico a ata da sessão da Câmara e os leilões do Forum. Em breve teremos coluna social. São infinitas as possibilidades de atingir públicos específicos, conforme o assunto postado. Como é possível acompnhar o número de visualições de cada matéria, temos uma noção exata do que que interessa mais ou menos. A morte de um empresário local num acidente de trânsito gerou quase 300 visualisações. A matéria sobre o novo plano diretor não chegou a 60.

    Não sabemos quanto tempo teremos que trabalhar de graça para começar a vender anúncios. Quanto poderemos cobrar por um anúncio que fique na página inicial durante 30 dias? O mercado vai dizer.

    Na década de setenta fiz um quarta parte de um curso de jornalismo. Nunca me formei por não ter dinheiro para pagar R$1.000,00 (preço atual) por uma cadeira de 2 créditos. Não ter um diploma comprado a peso de ouro não pode me impedir de trabalhar.Não sou jornalista. Sou webwriter. Acho que está na hora de se criar um sindicato de webwriters, que defenda nossos interesses e se oponha a esta necessidade idiota de diploma para escrever na web.

  5. Alguém pode me explicar o que é o web 2.0 de uma forma mais clara e objetiva?
    Estou fazendo um trabalho da faculdade e ainda não consegui entender essa definição.
    Quem souber por favor responda!!!

  6. Oi Carla,

    seu comentário toca em vários pontos importantes.

    Vou falar do Webinsider, para tentar responder onde está o jornalismo nisso tudo. O site existe há seis anos e existiu antes mais três com outro nome. Não é um site de notícias, é um site de artigos, normalmente assinados por profissionais de internet (designers, publicitários, redatores, desenvolvedores, arquitetos da informação etc).

    Nem sempre esses caras são jornalistas (alguns até são), mas são pessoas do ramo, que escrevem para tratar de nossos assuntos, sempre tão interdisciplinares.

    O editor, que sou eu (jornalista formado na universidade e com muito anos de redação), revisa e muitas vezes reescreve os textos em vários trechos, tranquilamente como fazem todos os bons copy-desks. Se não está claro, tem que estar. Se não está bom, não é publicado (claro que ninguém é perfeito e imune a erros, mas acredito que acertamos mais do erramos).

    Em termos de jornalismo estamos muito mais perto de um caderno de cultura ou assunto especializado. Diferente dos repórteres de Veja, por exemplo, que supostamente checam as informações (esperamos!), o editor aqui também checa consistência e clareza, mas sob outros critérios. Publicações como Veja quando tratam de internet também têm outro enfoque.

    O que fazemos aqui é jornalismo? Sinceramente, não sei. A discussão está aberta. Se os conteúdos apresentados aqui são de qualidade? Creio que sim. São úteis e fazem pensar. Esse é o nosso objetivo.

    Sim, por ter sido jornalista e editor de publicações impressas tantos anos antes da internet, com certeza esta experiência é altamente importante. Um não jornalista poderia construir algo semelhante? Por que não?

    []s do

    Vicente Tardin

  7. Oi, tudo bem?

    Tenho lido várias matérias sobre jornalismo 2.0 e tenho uma dúvida gigante: onde está o jornalismo nisso tudo? Li o expediente da Webinsider e ví que vocês dizem fazer um jornalismo de precisão. Mas quem são os jornalistas? A palavra editor não diz nada. Como é esse tipo de jornalismo que vocês e outros milhões de blogs e sites dizem fazer?
    Nunca se discutiu tanto, no meio da comunicação, a obrigatoriedade do diploma de jornalismo como nos últimos 24 meses, por isso questiono vocês.
    No mais, achei o site de vocês muito legal.

  8. Prezados, gostei do artigo, até então não tinha muito conhecimento do que realmente seria a Web 2.0. Quando foi citado o wikipedia como um modelo de Web 2.0, percebi que esta nova geração Web não passa de um aumento gritante na interatividade com o internauta.

    Neste novo paradigma de Web, o internauta: Extrai informação, Analisa Informação e agora tem o poder de Editar a Informação. Isto é fantástico, porém, não se trata de uma nova tecnologia, mas um novo modelo.

    Fiquem na Paz…

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