Chegada da TV digital acelera mudanças na propaganda

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O Brasil está preste a tomar a decisão de qual padrão de TV digital irá adotar. Assunto que está passando despercebido para grande parte dos brasileiros. Interessante é que a cobertura realizada pelos meios de comunicação, maiores interessados nessa decisão, não é incisiva. Entretanto, nos bastidores de Brasília, ocorre uma grande movimentação e lobby de poderosos grupos econômicos.

O que está por trás dessa decisão é o modelo econômico do meio de comunicação mais popular e lucrativo do país, a televisão. Os que acham que essa é uma decisão técnica de engenheiros e professores universitários estão redondamente enganados. O que está por baixo da cortina tecnicista da escolha de um padrão de TV Digital é quem irá conquistar a maior parte desse novo mercado, as redes de televisão ou as teles.

As redes de TV pressionam o governo pelo padrão japonês. Esse modelo privilegia a alta definição e permite que os celulares captem os sinais diretos das antenas de TV sem passar pelas operadoras de celulares. Isso garante que as redes de TV continuem com o monopólio de transmissão.

Já as teles preferem o modelo europeu, que permite uma maior oferta de canais, o que poderá aumentar o número de concorrentes. As teles já anunciaram que querem fazer parte desse bolo e começar a distribuir conteúdo. Através dos multicanais criados por esse padrão seria inclusive possível através da TV digital ter acesso à banda larga e outros serviços disponibilizados pela teles.

Apesar das teles possuírem uma força econômica muito maior – faturam cerca de 14 vezes mais que as redes de comunicação (cerca de R$ 7 bilhões em 2004) –, parece que a força política das redes vai ganhar essa queda de braço. Não podemos esquecer que esse é um ano eleitoral e a televisão ainda é o principal meio de conquistar votos. Não seria muito prudente para o presidente Lula bater de frente com as redes nesse momento. Inclusive o Ministro das Comunicações Hélio Costa já se posicionou favorável ao modelo japonês.

Enquanto isso, as agências de publicidade, outras grandes interessadas nessas mudanças, não expõem voz ativa nessa decisão. Em contrapartida, a comissão dos filmes de 30 segundos, o grande filão das agências, nunca esteve tão ameaçado com essas mudanças.

Os hábitos de consumo de mídia, independentemente do padrão que for adotado, estão em mudança. A informação está deixando de ser imposta pelas redes e escolhidas pelo usuário. É a era OnDemand, onde quem escolhe a grade de programação é o telespectador. Poderemos assistir a novela das 8 pela manhã, o Big Brother na hora do almoço e o Globo Esporte à noite.

A TV digital permitirá a interatividade. Poderemos interagir com o conteúdo da TV, participar de votações, jogos e mandar e–mails. Poderemos escolher com qual câmera queremos assistir aos jogos da seleção brasileira. Conseguiremos inclusive fazer compras pela TV. Já imaginou o sucesso de vendas das roupas usadas por atrizes da Globo sendo vendidas por controle remoto durante a novela?

A Globo.com já é um exemplo de como irá funcionar a TV digital. A NBA (liga profissional de basquete americano) só pode ser assistida pela internet. O assinante da Globo.com pode assistir a todos os jogos do campeonato sob demanda. No site do Big Brother você tem acesso a câmeras exclusivas 24 horas por dia. Pode votar nos emparedados, concorrer a promoções e ainda comprar alguns produtos usados pelos participantes da casa, como o famoso edredom.

Fica claro que a escolha do padrão de TV digital irá afetar toda a cadeia produtiva do setor de comunicações. Desde as redes de televisão, passando por agências, produtoras, fornecedores e anunciantes, todos sofrerão com as mudanças. O que mostra a importância desta decisão que será tomada nos próximos dias.

Entretanto, independente de qual padrão for escolhido, estamos em um caminho sem volta, em que agências e anunciantes terão que adaptar a propaganda e o marketing para novos hábitos de consumo. Teremos que apreender a vender produtos e serviços com interatividade e sob demanda. [Webinsider]

Rafael Andaku (rafael@e-brand.com.br) é consultor da inbate e diretor de criação da e-brand

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12 respostas

  1. Olá…,

    Gostaria de saber aonde encontro um filme com o
    nome: “Desde quando papai foi embora,em preto e
    branco. Ele está na “Guerra” e um Amigo da Família
    (da Marinha) ajuda aa essa família. A esposa rece-
    be um telegrama de que o esposo morreu,mas ela não
    acredita. Até que numa noite o “TELEFONE” toca e
    eh do “Exército” informando-lhe que o “Marido” está
    voltando para casa.

    ***”Seria possível vc me ajudar?”***
    Thanks…,
    (“Rosemary!”)

  2. O jornalismo televisivo, sempre foi uma publicidade disfarçada, transformando suas notícias em espetáculos. Com a chegada da TV digital, o jornalismo voltará a reinar nas mídias impressas fazendo com que recupere novamente o seu valor. Pois, quando o telespectador tiver o poder de assistir o que der na telha, com certeza não assistirá jornais, e sim filmes e seriados com seus anunciantes. Publicidade e cinema, desde quando surgiu à televisão lá nos anos 50, foram persuasivos perante o seu público, e o jornalismo mesmo sabendo não estar correto, também os acompanhou. A TV digital irá certamente ser o queijo e a faca da propaganda.

  3. Eu que não assisto muito tv, com a chegada da tv gidital poderei eu, eu mesmo manipula,quando e hora,os programas da tv. isso é legal.Adorei.

  4. Larissa,
    Acho um pouco equivocada sua afirmação de que a TV Digital não vai pegar no Brasil, ou apenas para a as classes abastadas.
    Como sabemos em 15 anos o sinal analógico no país acabará, ou seja, em 15 anos 100% da população usará TV Didital.
    Outra questão é que diferente da Internet, que necessita de custos mensais ao assinante, o único custo da Tv digital será a compra de um adaptador, ou a comprar de uma nova tv que já venha com um adaptador embutido. Os fabricantes de TV acreditam que dentro de 5 anos não haverá TVs sendo vendidas no mercado sem o adaptador.
    Não sentiremos mudanças importantes do novo padrão digital no mercado de propaganda, na semana que vem, mas pode aguardar as novidades que encontratemos nos próximos anos.

  5. A TV digital não vai pegar aqui no Brasil, ou melhor, vai pegar sim e será apenas acessível às classes nobres…quanto a publicidade não terá problema nenhum, apenas será uma excelente oportunidade para um boom de criatividade e reinvenção do modelo tradicional da propaganda televisiva. E que venha o novo!!!

  6. Não vejo a hora de ver o povo interagir. Quebra-se as correntes chega de passividade! Não somos coisas manipuláveis, Chega de bombardeio queremos bombardear. A muito nos revoltamos, temos palavras em nós buscando canal são roucas e duras, irritadas, enérgicas, comprimidas há tanto tempo, perderam o sentido, apenas querem explodir… Que venha a TV da interatividade e viva Drummond!

  7. As duas coias que eu mais odeio no mundo juntam-se novamente… a publicidade e a tecnologia!

    Eu espero sinceramente que com a interatividade que a TV Digital ira nos disponibilizar, eu possa finalmente me desvenciliar dessa maldita corja de publicitarios sedentos pelo meu dinheiro suado de um trabalhador real…

    Que seja bem-vinda a INTERATIVIDADE!!!

  8. Um conforto ameaçante ou uma ameaça confortável?
    Que ela trará grande comodidade aos telespectadores, isto está mais do que claro. Uma vez que os telespectadores passam a ser muito mais que meros seguidores da mídia, para tornarem-se diretores (já que poderão controlar a cena sem contar o que entra ou não entra na sua programação), compradores virtuais e administradores.
    É como se chegasse a hora da revanche:
    ?Os controlados pelos controles, controlam agora o controle remoto, descontrolando os publicitários?
    Acreditamos que a tv digital é um desafio, sim.
    Mas o que é da publicidade se não um mundo de soluções.
    Um choque para quem pensa pequeno. Chegou a hora de mudarmos o jeito de propagar. Fazer com que um individuo tenha prazer em assistir nossos comerciais, e que com o passar dos tempos não precisemos mais destes para propagar, APENAS SUSTENTAREMOS.
    Só nos questionamos a respeito de acessibilidade dessa tecnologia em nossa país. Que acreditamos será lenta. Uma vez que as previsões de custo assustam um pouco.

  9. Acho que com essa implantação o publicitário terá mais oportunidade de mostrar o seu trabalho, adaptando-se a nova tendencia de mercado onde as compras serão feitas com mais simplicidade.

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