Vamos combinar: internauta nunca mais, está bem?

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Pegando carona nos temas já abordados aqui no Webinsider pelo Vicente Tardin e pelo Luigui Moterani (veja ao lado), proponho a abolição de alguns termos ingratos bastante comuns (só) no Brasil com o objetivo de tornar nossa web menos vaga. Palavra do dia: ?internauta?.

É o fim da picada alguém se referir ao usuário da rede como ?internauta?. E faço questão de usar as aspas, pois para quem enxerga a web com olhos profissionais, este termo é tão fantasioso ? e, porque não, falacioso ? quanto a mais imaginativa e ultrajante das ficções.

Para começo de conversa: O que é ? ou quem seria ? o ?internauta?? Seria ele um novo tipo de astronauta ? o astronauta do ciberespaço? Francamente, não precisamos mais de metáforas deslumbradas como esta para explicarmos ou nos referirmos aos usuários da rede. Na verdade, nunca precisamos.

Além dos brasileiros, alguns poucos espanhóis usam o termo, possivelmente criado a partir do navegador, ou browser. Mas por esta palavra seria melhor do que ?usuário??

Já ouvi diversas explicações para isso. A mais ultrajante foi a seguinte:

?Usamos o termo ?internauta? pois quando falamos ?usuário? cria-se um tom pejorativo, como se nos referíssemos aos usuários de drogas?.

Sem comentários… Se pararmos para pensar, quando você tira o seu telefone do gancho e faz uma ligação para alguém, o que você está fazendo? Usando o sistema de telefonia, certo? Dessa forma, podemos chamá-lo de usuário desse sistema, certo? Ou seria telefonauta?

Outro exemplo. Quando você pega um ônibus para se deslocar de um ponto a outro e paga alguns trocados por este serviço, você está usando o sistema de transporte coletivo de sua cidade, correto? Então, não seria pecado chamá-lo de usuário do sistema de transporte coletivo, não é?

Por que com a web e a internet isso é diferente? Não seria a web um sistema de informações em hipertexto? E a internet não é a rede de redes? E o que você faz com um sistema e com uma rede? Você as usa, não usa? Dessa forma, não é ofensa ou xingamento chamar de usuário quem usa a rede.

Do contrário, deveríamos chamar as pessoas que usam telefone de ?telefonautas? e os que usam o transporte coletivo de ?ônibusnautas?.

Usar o termo ?internauta? não é nada profissional. Afinal, do que estão falando aqueles que usam este substantivo? Não há explicação que convença. Todas as vezes que alguém tentou se justificar, acabou por explicar o termo de forma que o tal ?internauta? pudesse ser tudo, menos o que ele realmente é: um usuário.

É difícil, portanto, enxergar profissionalismo ou seriedade em alguém ? ou alguma proposta comercial ? que se confunde ao tentar falar o óbvio; que usa metáforas para se referir a quem usa a web. Não precisamos disso para vender nossos produtos ou serviços eletronicamente na rede. Muito menos para nomear quem usa a rede. Sejamos claros, diretos, simples e objetivos.

Quem usa a rede é usuário. Ou o público. ?Internauta? não existe.

Por isso que eu torço o nariz quando ouço ? ou leio ? a tal palavrinha. Ela sim dá um tom pejorativo à coisa. Transforma uma atividade conhecida ? o uso de um sistema ? em algo mirabolante e distante de nossa realidade. E nós todos usamos bancos, fazemos compras, lemos notícias, trocamos mensagens, declaramos imposto de renda para o governo.

Vamos tirar o ?internauta? de cena em prol da profissionalização da internet no Brasil. [Webinsider]

<strong>Caio Cesar</strong> (caiocgo@caiocesar.cc) é professor, pesquisador e consultor em marketing, comunicação, usabilidade e tecnologia.

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7 respostas

  1. Internauta – Dos termos inter = entre, + nauta = navegante. A palavra existia na antiguidade para designar um marinheiro que navegava entre outros marinheiros, pois alguns trechos dos mares: Ageu, jônico, Tirreno e mesmo do mediterrâneo e do Adriático tinham intensa navegação. Com o advento da internet a palavra ganhou nova vida e um outro sentido.

  2. Ta no Aurélio!

    in.ter.nau.ta

    Substantivo de dois gêneros. Inform.
    Usuário da Internet, rede mundial de computadores.

    Eu também não gostava da denominação internauta, mas assim como nosso amiga de BH disse, ouvinte, leitor, telespectador ou até mesmo maconheiro, cheirador, que são usuários de drogas, por quê generalizar o pobre internauta, chamando ô de usuário?

    Que saber… na internet exitem usuários hackers, crackers, phakers e porque não, internautas? Pelo menos assim, pode-se separar usuários avançados de simples… internautas.

  3. Interessante… mas quem disse que a internet quer ser profissional? Acho que substituir termos e expressões estrangeiras por outros aportuguesados é uma tendência para o futuro. A internet não é só para os escolhidos, hoje também está sendo colocada à disposição dos excluídos que não entendem inglês, em sua maioria. Verborragias pseudo-politicamente corretas, para mim são OUT(rsrsrs). Isso me lembra uma piada, de uma pessoa que entrou em uma confeitaria e pediu uma torta Nêga-maluca. O atendente respondeu: Não pode mais falar torta nêga-maluca: agora tem que pedir torta afro-descendente com transtornos mentais. Pode???!!! A tendência em aportuguesar termos e expressões é muito válida, hoje a informática está se deselitizando p/ se tornar mais popular, não é apenas usada para negócios e trabalhos profissinais. Webinsider…muito legal, mas, para nós brasileiros um estrageirismo desnecessário. Tem tantas palavras…vai traduzir p/ uma pessoa de conhecimentos e intelectualidade limitados(rsrsrsrs): membro de uma rede! Melhor, apesar de feio e antiestético ou profissional. Em Portugal, mouse é rato. Que feio, mas é assim! Acho que eles estão certos, nós aqui no Brasil é que temos a mania Tupiniquim de ser mais reais que a realeza, muito chiques e nos deixar ser colonizados por camisetas do Mickey, boné da Nike, etc, como se fosse um must cultural. No tempo da minha avó era o francês; era sumiê, glamour, chic, blasè, gourmet,chauffeur… Talvez tenhamos que ensinar chinês aos nossos filhos, ou japonês, brasileiro adora um dominador. É o que penso…

  4. Muito interessante a sua argumentação, mas acho você deveria lançar um olhar mais leve sobre estas questões.
    Vamos contextualizar: o Detran resolve fazer uma campanha para prevenção de acidentes de trânsito.
    Enquanto pedestres caminham pelos calçamentos, motoristas trafegam em seus carros pelas estradas.
    Não seria, segundo o seu ponto de vista, nem um pouco funcional substituir motoristas e pedestres por usuários do sistema viário.
    Se fôssemos esquecer todas as alcunhas que criamos, perderíamos parte da nossa capacidade de comunicação.
    Um jogador de futebol, numa visão mais radical, poderia ser um usuário de uma bola, ou usuário de esporte, ou até mais direto: usuário de futebol, no entanto, chamamo-nos de jogador, palavra que admite mais uma série de conotações.
    Um abraço!

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