Comentários tornam os conteúdos tântricos

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Noutro dia, saltitando pelo Webinsider, entrei em estado de êxtase. Depois de degustar excelentes artigos, deparei-me com os não menos apetitosos comentários e suas derivações. Polêmicas suculentas, réplicas e tréplicas de dar água na boca. Um verdadeiro banquete de idéias. Uma suruba de opiniões.

O mais bacana (e o que me fez chegar à Lua) foi constatar que estamos no fim da era da relação de poder emissor-receptor na comunicação. Acabaram-se os ?é isso e pronto?. Porque agora não está mais pronto. Todo conteúdo é um conteúdo inacabado. Ou, ao menos, um conteúdo tântrico, que vai adiando o seu final até não poder mais. Os donos-da-verdade estão brochando e dizendo que isso nunca aconteceu com eles antes.

Nunca mesmo. Acredito que estamos vivendo uma revolução de costumes mais importante do que a dos anos 60. Talvez ainda elitista, pois a maioria vive em exclusão digital. Mas minha pele arrepia só de imaginar que já fazemos parte disso. E se chamamos ?isso? de Web 2.0, não importa. Se ?isso? já existia desde o começo da internet ou se Eva foi feita da costela de Adão, também não. O que importa é que estamos saindo da seca. Vai rolar pra todo mundo. É o fim da abstinência de participação.

Aí o espírito de porco vem e diz: ?Mas isso é perigoso, pois daremos brecha aos depravados, que se aproveitarão da mão dupla, para causar situações constrangedoras com suas mãos bobas, suas mentes doentias, seus egos monumentais?. Pois que venham as situações constrangedoras. É de constrangimento que se vive a vida. Tirar a roupa é constrangedor, pelo menos no começo. Deixemos a natureza agir através da sua auto-regulação. Um ecossistema também é feito de amebas, seres unicelulares, que nos causam diarréias de vez em quando.

Preocupo-me com o editor. Pois ele pode sofrer pressões e ser requisitado a dar no couro. Irá usar critérios de mediação? Mas isso não é uma espécie de censura? ?Não, não! Todo mundo nu!?, conclamam os usuários. ?Só não vale xingar a mãe?, diria Vicente.

O colunista web 2.0, ou seja lá como queiram chamá-lo, vai ter que se despir da vergonha e se especializar em streap teaser, pois cada palavra escrita é uma peça que se tira. E a qualquer momento ouviremos a voz do leitor plebeu: ?O colunista está nu!?. E rapidamente também se despirão e entrarão na festa. Aí o colunista vai ter que rebolar para dar conta do serviço.

Fico realmente excitada com essa promiscuidade de manifestações. Com essa internet galinha que não é de ninguém. É de todo mundo. Pois que venha ?isso?. Sim, companheiros, vamos nos despir em rede! Pensar alto, opinar, debater e colaborar! Todo mundo nu! [Webinsider]

<strong>Cristiana Soares</strong> é publicitária e escreve no <strong><a href="http://blogtalk-cristiana.blogspot.com/" rel="externo">Blog Talk</a></strong>.

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26 respostas

  1. Cristina,

    Belíssimo texto!

    A Vida é tântrica…

    Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

    Abraços, flores, estrelas…

  2. Ai, Cristiana, estou aficcionada pelos seus textos.. se você tinha um palpite, pode ter certeza: virei fã! Também fico maravilhada com essa falta de muros, de códigos secretos (vide os softwares livres) e de correntes que agora não temos mais, graças à web. Também fiquei grata por você ter lembrado dos milhões de seres que ainda não podem compartilhar dessa liberdade, os que não têm acesso à rede. Batia sempre nessa tecla na faculdade, pois tinha a impressão de que os professores acreditavam que o mundo fosse plugado na internet e que todos os públicos são da classe média/alta! Poxa, temos que lembrar que a minoria somos nós e que a web, por mais maravilhosa que seja, ainda serve a poucos.
    Beijo, e parabéns pelo texto.

  3. Esse artigo me fez visualizar que a expressão da informação através da mídia impressa que antes era uma superficie plana agora se torna um ambiente tridimenssional. Não somente um emissor e uma massa de receptores e sim um ativador e uma corrente de receptores pensantes que acrescentam idéias e geram novas alternativas sobre o tema.

  4. Eu achei tudo ligeiramente ingênuo.
    Não acredito muito nisso, a comunicação é uma arma muito forte para ser jogada assim à plebe. Alguém ainda vai interfirir, se já não estão interfirindo nos fazendo achar que isso é o máximo quando ainda é o mínimo. Meio Fox Mulder demais, eu sei, mas é o que eu acho…

  5. Cris querida,
    Sempre te admirei um mooonnnnnte, e ao ler este artigo seu passei a te admirar ainda mais……fiquei impressionada com sua LIBERDADE DE PENSAMENTO! Não é algo que encontramos em qualquer esquina…MARAVILHOSO!
    beijos

  6. Informação colaborativa, sim. Para isso no entanto é preciso ter algo a acrescentar além de dizer adorei. Se ficar nessa realmente perde 90% da graça, e não fugimos do discurso monótono estilo jornal ou televisão.

    Apesar disso, respeito todas as manifestações de opinião e acho que é um direito sagrado de todos manifestarem as suas.

  7. Concordando com a autora, eu utilizaria uma frase que diz que autor poria a cara a tapa.
    Ainda bem que a rede é um espaço democrático. Não consigo imaginar como as coisas são na China, onde há um governo tão opressor. Na era da informação a liberdade de expressão é uma característica intocável.

  8. Pô, Cris, muito bom seu artigo. Realmente quando o pensamento chega à rede ninguém segura as reações e interpretações. Isso é mesmo muito legal.
    beijos, Carina

  9. Huahuahuahuahuahua, belo uso das palavras. Eu teria que descordar com voce, no entanto, com relacao à importancia dos comentarios que, apesar de serem livre e estarem la para quem quiser ler, sao algumas vezes ignorados pelo leitor (admito, como eu) mais folgado. O artigo em si é e sera sempre a primeira vez, e como a gente bem sabe a primeira vez a gente nunca esquece.

  10. Artigo gostoso de ler. Mas acho, pra ser suruba de bom, devia cair mais na vertical. Horizontalizou-se em demasia. Ficou papai-e-mamãe.

  11. A linguagem do artigo é deliciosa, leve e moderna. Mas o raciocínio é profundo. O acesso a várias visões sobre algo, certamente influirá no modo como o percebemos. Falando por mim, espero ter o discernimento(?) e o tempo(?) e esquecer os preconceitos, as opiniões preconcebidas, para aproveitar tudo de útil que possa emergir do mar de idéias que é o artigo e seus comentários, uns mais, outros menos, opiniões de todos os tipos. E que os editores ou moderadores tenham a sabedoria de nada impedir ou modificar salvo matéria que seja radicalmente perturbadora ou escancaradamente ilegal, e fazer isso já encerra uma armadilha em si mesmo, em face da liberdade de expressão. Tarefa difícil, essa… E viva a pluralidade!

  12. Como jornalista sempre aprendi que devemos, sempre que possível, mostrar ao leitor todos os ângulos de um fato. Por mais que busquemos isso a cada matéria, é praticamente impossível conseguir captar tudo e repassar para o leitor. Com a internet, e principalmente com a interação que ela permite, fica muito mais fácil mostrar os vários ângulos de um determinado assunto (e de diferentes pontos de vista). Isso é ótimo, pois acrescenta e enriquece a informação!

    Muito legal o seu artigo!

  13. Agora o status quo vai ter que abandonar aquela mentalidade da Era Industrial e começar a pensar com a mentalidade da Era da Informação.

    Porque a informação será livre e colaborativa!

    Quem viver verá!

  14. Maravilhoso esse artigo. Já falei sobre isso nos meus comentários no Webinsider.

    Agora, a partir do momento que um colunista escrever um texto e der sua opinião pessoal terá que ouvir as opiniões pessoais dos seus leitores também.
    Vai ser difícil para muitos colunistas orgulhosos e envergonhados se despirem na frente dos seus leitores. Mas é isso, não tem volta.

    Parabéns, Cristiana!

  15. É só isso que falta para a coisa dar certo, as pessoas enxergarem que agora o conteúdo é colaborativo, que aqueles que querem informação mastigada não a obterão sem pesquisar e assim as coisas andarão.

    Falows!!

  16. Putz!!! Isso que é por a boca no mundo. Seu artigo é polêmico, abre a boca pra afirmar o que anda acontecendo por ai no mundo dos articulistas, onde opinam, ensinam, relatam etc, e acabam recebendo comentários que muitas das vezes agrada ou desagrada, mas os que mais aprecio, são os comentários de duplo sentido que ninguém sabe exatamente se é pra ferir ou curar.
    Ei parabéns pelo artigo q:)

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