Até onde muito conteúdo pode ser excessivo?

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Desde os tempos mais remotos, informação já era poder. Que o avanço tecnológico revolucionou o acesso ao conhecimento, estamos todos cansados de saber. Informação continua sendo poder, cada vez mais integrado ao cotidiano: seja para evitar o trânsito a poucos quilômetros ou para ler uma notícia que fará diferença na entrevista de emprego.

Entretanto, ter apenas ?acesso? à informação parece estar saindo de moda. A tendência, ilustrada por 50 milhões de blogs pelo mundo, é produzir e compartilhar informação, invertendo os caminhos naturais da criação e publicação de conteúdo. Seriam as mídias, agora, das massas? A tendência é assim, pelo menos para as mídias inseridas digitalmente. Uma corrente de pensamento já defende que a tal ?Era da Informação? acabou e que, agora, vivemos a Era da Participação.

Até pouco tempo atrás, a participação das massas estava restrita à criação de sites pessoais, à incursão em comunidades online (variando de games a bate-papo) e às votações em enquetes ? por sinal, estas bastante presentes em muitos portais. Hoje, contudo, chega-se a níveis de participação extraordinários, onde o espectador torna-se autor, pesquisador e produtor de conteúdo.

Utilizemos como exemplo a recente guerra no Líbano. Qualquer um provido de uma máquina digital não muito moderna pode gravar e publicar seus vídeos no YouTube, proporcionando a visitantes do site experiências que as mais poderosas agências de notícias não poderão oferecer. Um israelense, por exemplo, documenta em tempo real como o abrigo anti-bombas fica longe da casa dele, com a imagem trêmula e o som de sirenes ao fundo. Um libanês, por outro lado, usa o modo noturno de sua câmera para gravar som e imagens de mísseis caindo a poucos quilômetros de distância.

Para os que quiserem atualizações diárias de quem está no epicentro dos acontecimentos bélicos, basta assinar o BloggingBeirut.com. O autor de uma postagem revela, logo abaixo da foto que tirou, algo estranho no horizonte, depois identificado: ?Era um navio americano, indo buscar seus compatriotas em fuga?. Realmente, deve ser um tanto incomum acordar com um porta-aviões estacionado na frente de casa…

E se por acaso você, prezado leitor, não souber exatamente onde fica o Líbano? Basta digitar no Google ou, melhor ainda, explorar o termo na Wikipedia, uma ?enciclopédia comunitária?, feita por pessoas como você. Cada um contribui elaborando a definição de termos nas áreas em que domina, resultando ao final em um conjunto muito rico de informações (locais, pessoas, acontecimentos, fatos, curiosidades, expressões…), muitas das quais jamais estariam nas clássicas enciclopédias cujos volumes já devem estar juntando bastante poeira.

Obviamente, tamanha quantidade de informação publicada em massa, pelas massas, pode levantar desconfiança, relativa ao excesso de conteúdo e sua qualidade. Por um lado, sistemas de avaliação e rankeamento parecem ajudar a por um pouco de ordem no iminente caos público, ao mesmo tempo em que a indexação do conteúdo por palavras-chave garante a possibilidade de buscas sob demanda mais bem-sucedidas.

Por outro, alguém sempre poderá se perguntar se estamos caminhando para uma era sem sentido, em que a produção de informação superará o seu próprio consumo. Seria então a Era da Participação uma mania temporária, fadada ao fracasso? Ou estaria ela abrindo novas oportunidades de negócio antes não imaginadas? Na dúvida, participe. [Webinsider]

<strong>André Furtado</strong> (andrewilsonfurtado@yahoo.com.br) é doutorando em Ciência da Computação pela UFPE. Estudante embaixador da Microsoft, campeão nacional/mundial da competição Imagine Cup, consultor-sócio do projeto MyTV e líder do grupo de usuários Sharp Shooters.NET e mantém um <a href="http://thespoke.net/blogs/afurtado" rel="externo">blog</a>.

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8 respostas

  1. Nada mais colaborativo no mundo das notícias que o site digg.com.

    Um dia desses, ví uma entrevista acho que no canal GNT sobre estrutura física e de pessoas que trabalham no digg.com, muito interessante, e o dono do negócio é um rapaz de aparentemente 26 anos no máximo, que já tem um negócio mto bem avaliado.

    hehehe, informação compartilhada em formato de negócio.

    🙂

  2. André,

    Muito bom o artigo. Para alguns isso pode ser um chover no molhado, a internet mudou, a informação agora é gerada pelas massas, mas e daí? O artigo é uma boa introdução para discussão que pode ser feita nestes comentários e, crescer além deles.

    Como você mesmo expressou no seu comentário, estamos vendo a ponta do iceberg. Será que esta nova forma de geração de conteúdo já mudou a nossa vida da forma que ela pode mudar em todo seu potencial? Quem já deixou de ler as notícias do seu jornal preferido para acompanhar as mesmas pelo Google News? Quantos passaram a acompanhar as notícias do cenário musical alternativo no Brasil pelo blog de um jornalista fanático por isso?

    E os modelos de negócios, como são afetados com isso tudo? Será que o Orkut sobreviveria sem o Google por trás dele? Teria uma forma de bancar seus gastos com um modelo de negócios viável nesta nova realidade? Vai vender publicidade na internet, isso funciona? Até que montante de valor?

    Mas também temos que nos perguntar o quanto são confiáveis estas informações. Não faltam exemplos de absurdos escritos na Wikipedia, principalmente em perfis de pessoas famosas, que outros alteram para denegrir a imagem destas. A sociedade não pode só ficar deslumbrada com as maravilhas de ter o poder de gerar e expor suas próprias opiniões, ela tem que ter consciência do que isso realmente representa, senão acabasse sendo pego numa brincadeira de 1o de abril e acreditando que existe computador refrigerado a água (que pode ser que exista, eu admito que desconheço, mas que vi uma brincadeira de 1o de abril muito bem bolada, com fotos e vídeos, isso eu vi :)).

    Artigos como esses são feitos para nos fazer pensar, pois dúvido que alguém já tenha as respostas para todas as perguntas.

    Abraços, Ivo

  3. A web e sua facilidade de comunicacao e troca de informacoes vem quebrando paradigmas ha algum tempo, modificando a maneira como as pessoas se relacionam e como adquirem e consumem produtos e informacao como muito bem descrito no artigo. Hoje em dia a industria da musica enfrenta serios problemas com a nova maneira de compartilhamento de arquivos de audio pela web, onde a grande maioria prefere obter apenas os arquivos que realmente interessam e com comodidade, geralmente em alguns cliques e assim por diante.
    Com todas estas mudancas e este volume de autores pela rede eu vejo a liberdade de expressao em seu estado da arte, mas junto com isto vem tambem os abusos e desperdicios de recursos, o que pode fazer com que este novo estilo de vida caia em decadencia por culpa dos seus proprios usuarios e isto e preocupante!
    Mas pensando de maneira positiva, os grandes talentos antes adormecidos ou com dificuldade de encontrar e enxergar oportunidades sao favorecidos com o novo modelo e muita inovacao e competencia promete invadir nossos lares nos proximos tempos.

  4. O conteúdo, ou melhor, a forma como é publicado, exibido, compartilhado algo na internet sofreu certa mudança sim… Mas isso é normal. Qualquer mídia sofre uma certa mutação conforme o tempo. É sempre necessário uma adequação ao meio.
    A cada tempo vem surgindo mais e mais ferramentas produtivas na net, que oferecem muita facilidade de gerenciamento e interatividade.
    Hoje em dia existe os Feeds, que mudou a forma de receber matérias… mas e a 5 anos atrás… existia? sei la… se existia, ninguem conhecia!

    O nosso papel como leitor e/ou editor é de tirar o maior proveito possível das ferramentas disponíveis para o acesso à informação.

  5. Pessoalmente, creio que ainda estamos vendo apenas uma ponta do iceberg. Por mais que afirmemos que a web mudou, já sabemos, ainda é pouco o impacto em nossas vidas dessa tendência em que as mídias são das massas. Minha aposta é que ainda falta um catalisador para proporcionar as verdadeiras mudanças nos hábitos sociais e modelos de negócio realmente inovadores.

    []s
    — AFurtado

  6. André, este tema foi muito abordado no I Seminário sobre Informação na Internet (http://si.ibict.br). Sim, a tendência hoje é a contrução de páginas com conteúdo colaborativo, dentre outros exemplos além de blogs temos também a construção de espaços de notícias onde os usuários do site é que enviam as notícias e dão notas para as notícias enviadas. O Wiki é um caso que tem dado muito certo. E esta é uma linha que o Yahoo! tem seguido bem de perto. Aliás, vale ressaltar que não estamos saindo da era da informação apenas porque o conteúdo produzido segue a tendência de ser colaborativo. Digo isso porque a informação só circula, ou até melhor, só gera conhecimento se for compartilhada, agregada de outras informações, de valor, dentre outras formas. O termo era da informação se refere ao consumo e produção exageradas e não à forma como é produzida.
    Mas o que agora nos chama a atenção é a forma de gestão que precisamos/poderemos adotar para não perder esta enorme quantidade de informação que pode gerar conhecimentos futuros sobre milhares de coisas. Seria interessante analisar como o Wiki (ou outro site colaborativo) funciona, milhares de pessoas cadastrando informações sem o tão pavoroso caos.
    Abs.

  7. Realmente a matéria é boa, porem estou achando um pouco de enxesao de linguiça com esta velha estória da web 2.0 , realmente todos ja estão carecas de saber de como ela funciona e de todos outros veículos de informação online

  8. Por favor, uma crítica construtiva: não me levem a mal, mas eu já cansei destes artigos do WebInsider falando disso. Web 2 pra lá, conteúdo comunitário pra cá. Já chega, já sabemos que o mundo mudou.

    VAmos mudar de assunto?

    //Por favor não me interpretem mal.

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