Sociedade 2.0 e o software livre como framework

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Sou desenvolvedor de softwares, e apoio abertamente a utilização de software livre. Muitas pessoas, de diferentes perfis, me perguntam porque utilizar software livre. Aqui vai a minha resposta.

A sociedade de hoje vive em meio a uma transformação digital. Esta mudança se deve à quantidade de informações que elas podem obter num curto período de tempo, ou seja, a facilidade de acesso à informação, um reflexo do ?boom? da computação dos últimos 10 anos.

Muita coisa mudou desde a época dos mainframes, principalmente, a dinâmica de desenvolvimento de programas. Segundo a consultoria Forrester, estamos caminhando para a ?Sociedade 2.0?, que seria o emaranhado entre sociedade e tecnologia. É, na verdade, a sociedade criando demandas e dependendo cada dia mais da tecnologia.

Ao longo deste período, as empresas e principalmente os desenvolvedores de software começaram a perceber que certas rotinas eram simplesmente copiadas de um projeto para outro, pois continham muita coisa em comum. Com isso, habituou-se a criar ambientes que hoje são chamados de frameworks.

Frameworks

Framework em inglês quer dizer estrutura. E na linguagem técnica de computação também! 🙂 Hoje, as pessoas não ficam ?reinventando a roda?, e sim, adaptam-na para suas necessidades. E é exatamente neste aspecto que o software livre se encaixa como uma luva. Com a detenção do código fonte, hoje os softwares viraram muito mais do que simples utilitários, e sim grandes frameworks de desenvolvimento.

As empresas que ganham dinheiro com software livre, não apenas desenvolvem o utilitário, mas sim expandem-no para melhor se adaptar as suas necessidades. O mais importante disso tudo é que elas não perdem tempo com processos comuns, e no jargão do mundo business, ?tempo é dinheiro?.

Tomo como exemplo a empresa onde trabalho. Lá, utilizamos um CMS muito popular chamado Tiki/CMS Groupware. Porém, em cima do esqueleto de um sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS), conseguimos ?plugar? uma série de produtos de diferentes naturezas, utilizando toda a base que está por trás do Tiki, sem nos preocuparmos com coisas básicas como autenticação de usuários, gerenciamento de grupos e etc. Já fizemos portais de imobiliárias, portais de editoras, CRMs, softwares de gerenciamento de documentação e hoje o foco da empresa está na venda de ferramentas para construção de comunidades.

O que mais me deixou impressionado nesses anos de trabalho é a velocidade e facilidade com que conseguimos desenvolver os produtos e a independência que isso nos dá. Além de existirem inúmeras pessoas trabalhando em cima do software com outras perspectivas, com a criação de uma comunidade sabemos exatamente ?onde? procurar ajuda, seja ela técnica, funcional ou operacional.

Isso é chamado de ?agregar valor?, ou seja, você incorpora o valor já existente de uma ferramenta ao seu produto e, pela mesma via, você transfere à ferramenta todo o valor do seu produto. Com a comunidade, a empresa vê um nicho de cérebros que podem trabalhar a seu favor e uma fonte de suporte para problemas inusitados.

Não basta ter uma grande idéia; é preciso também ser ágil no desenvolvimento e levar a inovação para o dia-a-dia. O sucesso do navegador Mozilla Firefox, por exemplo, não está apenas nas idéias, e sim na constante inovação que oferece. O Firefox trouxe muitos avanços e hoje um navegador é muito mais do que um simples visualizador de páginas. Nele, conseguimos ?plugar? outras funcionalidades que o tornam mais poderoso, deixando o software do nosso jeito.

A grande arma do Firefox não foi a introdução do conceito de ?abas? de navegação, mas a flexibilidade que ele dispõe devido ao ótimo framework que está por trás.

Portanto, a grande lição que tiro desta ?invasão? do open source em nossas vidas é a de que devemos unir esforços para minimizar o custo de trabalho e aumentar a qualidade, para podermos ser livres para criar e tomar a direção certa, mesmo que esta seja aquela oposta à que escolhemos uma vez. [Webinsider]

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<strong>Fabio Rampazzo Mathias</strong> (fmathias@gmail.com) é desenvolvedor de software livre e consultor de soluções web.

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6 respostas

  1. E no caso Firefox, o Framework por trás é o Mozilla Codebase que serve de base de código para inumeros projetos como: Firefox, Flock, Thunderbird e serviu para o Netscape.

  2. Juro que quenado li a manchete achei que fosse falar mais de frameworks de desenvolvimento…
    Mas mesmo assim concordo com vc que o software open-source veio para acelerar o crescimento tecnologico.

    abraços

  3. Fábio, o software livre está mudando a forma como nós programadores trabalhamos, ao mesmo tempo em que cria uma infinidade de novas possibilidades para nossos clientes. Com comunidades sólidas e sérias, temos competência e software de qualidade que nos permitem diminuir custos e difundir a tecnologia até para quem tem o orçamento apertado. Estou escrevendo um artigo sobre as ferramentas que utilizamos atualmente, não só como framework básico de programação, mas também como produtos de uso interno massivo (o que inclui sistemas para intranet, calendários, controle de projetos e muito mais). Parabéns pelo artigo; atual e muito bem escrito!

  4. Para o Elton:

    O Opera já contava com navegação em abas em 1998, na sua versão 5.0. A inclusão de abas foi um dos primeiros recursos embutidos pelo Mozilla Project, tanto no Mozillão (atual SeaMonkey) quanto no Firefox. Antes dele, apenas alguns poucos projetos tinham a navegação em abas.

  5. Boa Matéria, agilidade no mundo da Web e primordial para o sucesso, os framework deram uma nova visão aos programadores tornando nosso trabalho muito mais fácil e rápido, e com o auxílio das comunidades podemos descobrir novas alternativas para problemas comuns

  6. O texto está ótimo, inclusive vou passar para uma colega de trabalho da área jurídica que me perguntava justamente sobre software livre agora pela manhã.
    Apenas uma pequena observação: não tenho a data, mas parece que a introdução de navegação por abas se deu com do navegador Opera.

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