Eu não sou o Fábio Fernandes publicitário

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Não gosto muito de falar de mim ? e tampouco os espaços onde escrevo na web e fora dela têm esse objetivo autopromocional ? mas hoje me sinto no direito (e na obrigação) de abrir uma exceção.

O motivo? A quantidade mais que razoável de e-mails que tenho recebido nos últimos meses me confundindo com o Fábio Fernandes, publicitário premiado da F/Nazca. É uma confusão que me lisonjeia, mas é uma confusão mesmo assim. No final do texto segue um breve currículo deste que vos digita (desculpem, mas é para os buscadores, ou melhor, para aqueles que fazem buscas e tiram conclusões apressadas).

Claro que nem todos os leitores conheciam meu currículo, e portanto não tinham obrigação de me identificar de saída. Entretanto, toda colaboração minha para o Webinsider vem acompanhada de um micro (ou nano) currículo. O que o meu diz, entre outras coisas, é que sou jornalista, e não publicitário.

Apesar disso, dois contatos feitos recentemente comigo me motivaram a escrever urgentemente este texto ? contatos que deixam clara a falta de uma pesquisa mínima na web.

O primeiro foi no final do ano passado: uma universidade (não direi qual) entrou em contato comigo via e-mail para me convidar para a palestra de encerramento de um simpósio de comunicação. Isso me deixou muito feliz, pois, com um histórico de vinte e dois anos de jornalismo (sete deles quase exclusivamente na web), eu me sentia lisonjeado e ao mesmo tempo justificado em minha alegria. Não sou famoso fora do métier, mas era bom saber que o meio acadêmico conhecia meu trabalho e o considerava bom o bastante para que eu pudesse encerrar um simpósio dando uma palestra para a nova geração de jornalistas que está se formando agora.

Infelizmente, tudo não passou de um equívoco. No começo deste ano, a responsável pela organização do evento me ligou e disse que os coordenadores do simpósio gostavam muito do meu trabalho e tinham ficado particularmente fascinados por uma palestra que eu teria dado sobre publicidade há algum tempo. Palestra essa que foi proferida por meu xará Fábio Fernandes, conhecido e premiadíssimo publicitário, criador de campanhas vitoriosas como a da Skol, entre muitas outras.

Quando expliquei a confusão, a moça, visivelmente (ou audivelmente, pois a conversa era telefônica) constrangida, se desculpou e disse que certamente isso não invalidaria o convite, e que ela ia conversar com os coordenadores para que eu pudesse dar uma palestra para os jornalistas (porque a do meu xará seria, claro, para os jovens formandos da habilitação de Publicidade). Agradeci, mas desliguei sem esperar retorno ? que, evidentemente, não houve.

O segundo contato constrangedor aconteceu na semana passada. Minha caixa postal recebeu um e-mail com o subject de me responda por favor!!! Achei que poderia ser um spam ou scam, mas a curiosidade falou mais alto: passei um antivírus no e-mail e depois o abri. Não era spam nem scam, mas um pedido ?desesperado? de um calouro de um curso universitário de publicidade (também não vou citar nomes para não constranger ninguém): ele não conseguia encontrar nenhum dado biográfico meu na web e precisava com urgência de dados meus, inclusive fotos das minhas peças publicitárias.

Não bastasse o pedido ser absurdo, não era mesmo para a minha pessoa. Educadamente respondi ao calouro dizendo que eu não era a pessoa que ele procurava e desejando sorte na sua busca ? sorte que provavelmente ele não terá, pois dificilmente um profissional ocupado pode dispor de seu tempo para passar para um aluno de universidade os dados de uma pesquisa que quem tem de fazer é o próprio aluno; evidentemente que se o aluno solicitasse uma entrevista com o profissional, a história seria outra. (Fica aqui, portanto, o puxão de orelha nesse aluno desavisado ? professores, orientem melhor esse rapaz!)

Essas duas situações constrangedoras para todas as partes poderiam ter sido claramente evitadas com uma pesquisa bem-feita no Google. Ora, a busca pelo meu nome traz dezenas de homônimos, entre os quais um DJ canadense (isso mesmo!) e um rapaz tetraplégico que luta pelos direitos dos deficientes. Como foi que eu descobri isso? Pela página do Google: nem foi preciso entrar nos sites para ver a diferença entre cada Fábio Fernandes (um dia ainda vou escrever um livro sobre isso). Não seria complicado, portanto, fazer uma pesquisa mais profunda, digamos, de meia hora de navegação, e perceber que o Fábio Fernandes que escreve para o Webinsider não é o mesmo que cria campanhas publicitárias.

A ironia é que eu nem conheço este meu xará. Se o conhecesse, poderia até entrar em contato com ele e encaminhar alguns desses e-mails. Mas não é o caso. Tenho a maior admiração e respeito por ele, mas eu não sou ele, caros leitores e leitoras. Uma pesquisa no Google realmente teria revelado a informação aos mais apressados sem causar problemas ? até porque o mais prejudicado nessa situação não sou eu, mas a pessoa que procura o profissional, com pressa e quase sempre uma necessidade legítima de falar com ele ? e que provavelmente acaba não conseguindo, porque perdeu seu tempo tentando falar com a pessoa errada. Mais atenção e melhor sorte da próxima vez.

Segue o currículo (deste Fábio aqui, não o publicitário):

FÁBIO FERNANDES é jornalista, dramaturgo e tradutor. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, é professor do Departamento de Ciências da Computação pela PUC-SP e do Departamento de Design da Universidade Anhembi Morumbi. Trabalhou nos jornais O Pasquim, O Globo, Tribuna da Imprensa e Valor Econômico. Autor da coletânea de contos Interface com o Vampiro (Writers, 2000) e do ensaio A Construção do Imaginário Cyber (Editora Anhembi Morumbi), traduziu cerca de 70 livros, entre os quais a nova edição de Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick e Reconhecimento de Padrões, de William Gibson. Sua peça Vestidos Brancos, encenada nos palcos cariocas em 1998, com direção de Luiz Armando Queiroz, ganhou o Prêmio Goulart de Andrade de Dramaturgia da Universidade Federal de Alagoas. É colunista do site Webinsider desde 2000 e tem um blog literário, O Viajante Imóvel, no site colaborativo Overmundo, desde 2006. Atualmente finaliza seu primeiro romance.

[Webinsider]

Fábio Fernandes é jornalista, tradutor e escritor. Na PUC-SP, é responsável pelo grupo de pesquisa Observatório do Futuro, que estuda narrativas de ficção científica e a forma como elas interpretam e são interpretadas pelo campo do real.

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12 respostas

  1. Fábio, estou tentando falar com você. Não, não é com o Fábio publicitário, é com o Fábio escritor (estre outras coisas). Entre em contato comigo, please.

  2. Ainda bem que nao tenho problemas como esse!
    rs

    Cheguei aqui através de uma outra pesquisa: Marketing de relacionamento. Parabens pelo texto, tão explicativo e simples, parabens pelo curriculo tambem. Semiótica é um outro assunto que me fascina!
    Voltarei…

  3. Te homônimos bons é muito bom.
    Ruim é ter conta negativada no Banco porque o saque da poupança foi feito por outra com o mesmo nome, por negligência da funcionária.
    Não vou citar todas, apenas mais uma: ao tentar pagar com cheque, o aviso de que meu nome constava na ficha da loja, como devedora; ainda bem que depois consultaram o Serasa ou SPC, não me lembro.

  4. Eu sou o Fernando SouZa e já fui confundido com o Fernando SouSa e o pior, temos a mesma profissão.

    Web Designer.

    Sempre recebo e-mails trocados.

  5. Não na mesma proporção mas sei como é. Tenho um colega na empresa que tem o nome quase igual, ele é Rodriguez!

    Recebi diversos emails trocados, e além de ele trabalhar em outro país já recebi ateh email da namorada dele (aqlo nao precisava ter acontecido…rsrsr)

  6. Imaginem a minha situação… Ter o mesmo nome do corredor de StockCar e ainda por cima morar na mesma cidade que ele, Ribeirão Preto… em todo lugar que ligo e me identifico é a mesma história: Você é o corredor?

    É uma experiência terrível ser homônimo de uma pessoa famosa!

  7. Pelo menos nunca me deparei com nenhum Banionis que não fosse primo ou tio meu.
    Com excessão de certa vez que descobri que Donatas Banionis foi ator na versão original do filme Solaris (aquele que refilmaram há alguns anos com o George Clooney) e que mesmo assim ele se encontra na Russia (se ainda estiver vivo).
    Portanto, sem margens pra erros.

  8. E eu não sou o Fabio Zero (diretor de clipes) e nem o Fabio Soares (outro diretor de clipes). Pois é, além de ter um nome comum – aliás vários, Fabio Soares de Araujo Neves, só faltava ter um Silva aí – acabei escolhendo um pseudônimo que dá margem a confusões. Juro que foi sem querer. 🙂

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