Uma das grandes batalhas que as marcas travam ? dentre tantas ? é conseguir gerar interesse. Inúmeros são os esforços para atingir esse objetivo: desde a mais simples ação de divulgação, até a associação direta com grandes ídolos do nosso tempo. Patrocínios de shows, eventos e causas, das mais diversas, também estão na lista. Um verdadeiro arsenal, enfim. Pois bem: com o Google Trends dá para saber quem está vencendo. Nada científico, exato, mas identifica um movimento, serve como balizador. E é um claro sinal do que está por vir, em termos de inteligência competitiva.

O Trends é mais um produto Google ? a empresa onde as inovações surgem por brotamento espontâneo (!) ? e serve para comparação de termos, quaisquer que sejam, levando em consideração o número de vezes que eles foram pesquisados no Google. Em outras palavras, mede o interesse por trás de cada busca. É possível verificar sua freqüência por região, idioma e cidade. Com isso, dá pra saber quem é o mais popular na Europa, entre Ronaldinho e Beckham, por exemplo. Ou se os veículos mais lidos em São Paulo são os jornais ou as revistas.

Um exercício interessante, além de revelador, é acompanhar a oscilação de alguns temas, de acordo com o decorrer de acontecimentos como campeonatos ou eleições. Durante a Copa do Mundo, por exemplo, a Nike ganhava disparado da Adidas. A Puma vinha em terceiro, mas distante das líderes. È apenas um exemplo, envolvendo marcas. Numa situação mais cotidiana, já há casos de lojistas que verificam no Google Trends o comportamento das marcas que comercializam, antes de montarem suas vitrines ou de fazerem novas encomendas.

Resolvi verificar, enquanto escrevia esta linha, qual é o desempenho das quatro principais montadoras de automóveis do Brasil, desde 2004.

Na comparação entre Volkswagen, Fiat, GM e Ford, obtive o seguinte resultado: considerando o país inteiro, Fiat e Ford lideraram, nessa ordem, deixando muito para trás GM e Volkswagen. Na análise por cidades, São Paulo manteve as duas últimas colocações, mas inverteu a liderança: na capital financeira do país, é a Ford quem manda. Lembrando, sempre, que essa é a mostra de interesse dos internautas, obviamente. Ainda assim, é muito interessante.

Repeti a comparação, mas tomando como base o mundo inteiro. Resultado: na Alemanha, deu Volkswagen! Aliás, a Adidas também vence, por lá (e depois acusam o Rio Grande do Sul de ser bairrista…). Voltando ao Brasil, a Brastemp ?é uma Brastemp? também no quesito buscas na internet. Apesar disso, a GE venceu em algumas cidades.

Por outro lado, além de pesquisar as marcas e seus desempenhos, também poderíamos considerar as agências de publicidade ou os departamentos de criação de produtos, P&D, marketing, relacionamento com o cliente, etc., e fazer comparações por comportamentos, hábitos, preferências, ou perfis de consumidores. Vamos lá?

Pensei nas agências de turismo, e quis saber se os brasileiros preferem praia ou serra. O que você acha? Pois é… deu praia. Como todos nós já intuíamos essa resposta, deu pra constatar que o Google acerta! Agora uma mais difícil: dentre os produtos ?magros?, a incidência de buscas por light foi bem maior do que por diet.

Em outro exercício, na comparação entre Shopping, Cinema e Livraria, a ordem do resultado foi exatamente essa, exceto na cidade de Osasco, onde o segundo lugar foi Livraria, deixando Cinema em último. E para finalizar, duas curiosidades comportamentais: entre sexo e futebol, deu sexo, por larga vantagem. Fato esse que me leva a refletir se somos mesmo o país do futebol… E já que tocamos no assunto, a rivalidade local entre Grêmio e Inter ficou assim: o atual campeão do mundo venceu em todas as cidades.

Bem, creio que este exemplo do Google Trends tenha sido emblemático no que diz respeito à migração da informação para a internet. Dentro em breve será possível obter muito mais e a segmentação por sexo, idade, e todas as demais variáveis, estarão igualmente disponíveis.

Muito embora esse ponto ideal esteja apenas vislumbrado, a quantidade atual de dados dispersos já é suficiente para muitas constatações. A pesquisa em blogs é outro artifício da tecnologia que nos leva à informação rica e espontânea. Sobretudo, quando o assunto são marcas, empresas e organizações. Num ambiente como a internet, onde as pessoas pesquisam, buscam, comentam, compram e interagem, a informação é viva, pulsante e genuína. Basta capturá-la. [Webinsider]

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Ricardo Formighieri de Bem

Ricardo Formighieri de Bem (ricardo@divex.com.br) é sócio-diretor da Divex - Internet gerando valor, foi diretor da ABRADi RS - Associação Brasileira dos Agentes Digitais - RS durante dez anos e escreve regularmente sobre Internet. Mais no Google.