Desenvolver é alternar dialética e positivismo

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É o tipo de questão que não tira o sono de ninguém. Eu mesmo não consigo me imaginar pensado em filosofia enquanto planejo ou desenvolvo um website ou qualquer outra peça de Comunicação ou Design. Contudo, um conhecimento geral sobre as principais correntes de pensamento que permeiam a história da humanidade pode ajudar qualquer profissional de qualquer área a compreender melhor seu trabalho.

Não quero aqui fazer um tratado sobre filosofia aplicada à Comunicação ou ao Design, mas certamente poderemos iniciar uma discussão sobre dois conceitos importantes aplicados a diversas correntes filosóficas ao longo da história da humanidade e que agora podem dar um sabor especial à nossa atividade profissional: o positivismo e a dialética.

Há quem diga que estas duas correntes se contrapõem. Mas eu, particularmente, acredito que elas podem coexistir e podem funcionar como uma espécie de opção metodológica ou como um ?fio da meada? para cada projeto.

O positivismo é uma corrente que tem como principal referência o francês Augusto Comte e tende a proporcionar um pensamento mais conservador, baseado nas observações de tudo aquilo que existe e propondo contribuições complementares à realidade estabelecida. Um exemplo clássico de influência positivista foi o processo da instituição da República no Brasil. O lema ?Ordem e Progresso? pode ser entendido como um resumo de toda a ideologia positivista.

De outro lado, a dialética, que tem como principal referência história as idéias de Karl Marx, tende a proporcionar pensamentos mais revolucionários e questionadores da realidade estabelecida. O pensamento dialético é composto de três elementos: tese, antítese e síntese. Ou seja, parte-se de uma determinada tese, à qual é confrontada com uma tese antagônica, contrária (antítese) e, sem que uma ou outra prevaleça, os elementos de ambas são combinados em uma nova realidade: a síntese.

Resumindo, enquanto o modo positivista propõe idéias baseadas na realidade estabelecida de forma complementar, mantendo-se a ordem e buscando o progresso; o modo dialético propõe idéias revolucionárias e antagônicas, que questionam a realidade estabelecida, buscando a evolução por meio do confronto entre idéias contrárias.

Discussões filosóficas à parte, vamos ver como isso funciona na prática. Como isso tudo influencia o modo como planejamos ou desenvolvemos nossos projetos?

A Comunicação e o Design são atividades dialéticas por excelência, principalmente pela influência que recebem das atividades artísticas em geral. A proposta da arte é o confronto revolucionário com a realidade. Contudo, acredito que em alguns momentos o pensamento positivista tem seu espaço garantido nestas áreas.

Ao concebermos um novo projeto, precisamos tomar algumas decisões. Iremos partir de algo pré-existente ou vamos propor algo novo, diferente de tudo o que existe atualmente? Estamos desenvolvendo uma variação de uma solução que já existe e já é amplamente utilizada ou estamos criando algo inusitado, que implica em uma nova forma de pensar e agir?

Vivemos uma onda impulsionada pelas idéias 2.0 que nos levam a acreditar que nossa missão é criar recursos e soluções completamente diferente de tudo o que existe atualmente. Porém, todo projeto de Comunicação ou Design tem sempre que ser inovador, revolucionário? Todas as nossas ações precisam necessariamente ser diferentes de tudo aquilo que tem sido utilizado há tanto tempo e gerado bons resultados?

A revolução certamente chama mais a atenção do que o progresso. O impacto de soluções arrasadoras sem dúvidas é um prato cheio para o sucesso de ações de Comunicação e Design. Porém, há momentos em que o pensamento positivista conservador pode ser muito bem vindo. Muitas vezes o que nossos clientes querem não é revolucionar o mercado.

Soluções já consagradas podem muito bem ser empregadas em novos projetos e cumprirem integralmente nossos objetivos.

A opção pelo conservador ou o revolucionário, pelo positivismo ou a dialética, é uma das primeiras decisões tomadas em nosso planejamento e muitas vezes acontece de forma natural, sem nos darmos conta de todo este processo filosófico e ideológico. Contudo, conhecer o terreno em que estamos pisando é fundamental para termos a real dimensão de até onde podemos ou precisamos chegar. [Webinsider]

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<strong>Sérgio Mari Jr</strong> (sergio@infonauta.com.br) é diretor de planejamento da <strong><a href="http://www.cedilha.com.br" rel="externo">Cedilha Comunicação e Design</a></strong> e professor do curso de Comunicação Social da Faculdade Pitágoras campus Londrina-PR.

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9 respostas

  1. BOA TARDE SERGIO!
    GOSTARIA MUITO QUE VC M RELATASSE MELHOR O QUE É POSITIVISMO, SE POSSÍVEL COM EXEMPLOS.
    ESTOU COM DIFICULDADE DE ENTENDER O SEU SIGNIFICADO.
    UM FORTE ABRAÇO

  2. oi eu achei mt bom
    deu pra me entender o conseito do possitivismo e do design e como colocar isso em nossa vida
    mt legal
    abraço

  3. Caro Sérgio, não consigo conceber a idéia de design e comunicação serem duas coisas separadas, aliás, a comunicação é parte do design.

    Sempre que se faz um projeto se pensa em design, mesmo que de forma inconciente.

    Sendo assim não podemos falar de um projeto de design ou de comunicação até porque não se faz projeto de design, se faz projeto de alguma coisa usando design.

    Abraço

  4. Ótimo assunto, principalmente em se tratando de design para sites de empresas.

    Nem sempre o inovador ou achar que esta se criando algo revolucionário na hora de planejar uma solúção para o cliente é o melhor caminho.

    Imagina aquele cliente pequeno que quer ter um site e estar na internet e alguem tem a brilhante idéia de fazer algo que ele acha inusitado…

    Sinceramente para o cliente ter um site, o pouco já é muito.

    Se você conseguir elaborar um site que represente a empresa do cliente, que não depõe contra imagem da empresa, bem elaborado, utilizando técnicas atuais (web standards), já tem 100% do projeto ou seja não precisa fazer um site para ganhar prêmio, só faça certo.

    Utilizar os recursos nos seus devidos lugares, por exemplo galeria de fotos com um thumb em flash e ao clicar abre uma janela html…Então pra que esse thumb em flash (as vezes nem efeito tem). É como usar excel pra fazer cartas, em vez do word.

    Deixe as inovações, experiências, para seus projetos pessoais, em vez de fazer experiências com seus clientes.

  5. Caro Sérgio Mari Jr,

    Compreendo a dimensão em que se insere ao tentar opor dialética e positivismo como correntes filosóficas antagônicas às quais se utilizariam de acordo com a situação. Permita-me discordar de você a respeito de uma consideração feita: a dicotomia positivismo-conservador e a dialética-revolucionária. A dialética em si não se conforma apenas em propor o revolucionário e seu caráter histórico é justamente aquilo que lhe dá uma grande dimensão de realidade. Longe de utopias e revoluções, são processos históricos bem cientes dessa contingência. Nesse sentido não se pode falar de dialética nesse sentido, à qual ela surge como algo utópico mesmo, em contraposição ao positivismo pé-no-chão. A questão é que o pensamento dialético lhe permite construir análises muito realistas quanto a configuração do presente, mas dispondo do elemento revolucionário como real perspectiva de ação. Sei que a questão não era esta, mas sinto que talvez não tenha compreendido realmente a dimensão da dialética.

    Abraço

  6. eu frito nisso 24 horas por dia!
    muito bom ler algo que eu penso que não foi escrito ou dito por mim =D
    as pessoas a minha volta acham q sou louco!
    eheheheh..

  7. Ótimo artigo, até mesmo pra desenvolvimento pessoal. Hoje em dia, com a novidade a todo instante como carro chefe, a gente tende a acreditar que estamos criando algo novo quando estamos apenas aprimorando o que já existe. Aí vem a angústia da superação, da criação do zero, quando na verdade é desnecessário. Saber aplicar essa energia produtivamente é muito interessante.

    Gostei!

    [s]

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