Dirigir filmes online é igual a offline?

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Em meados de 2003, enquanto eu rodava a direção de um filme, chega na produtora um roteiro novo. Lembro como se fosse ontem. O atendimento diz: “temos um filme de internet pra rodar, você topa?”.

Em menos tempo do que levaria para fazer o download do filme na internet, me vieram inúmeras perguntas à cabeça. Em 2003, nossa banda larga ainda nem existia – e até hoje continua nos deixando na mão, aliás.

As dúvidas eram diversas. Será que uso o mesmo equipamento para rodar online, como faço hoje offline? Será que para a internet terei verba suficiente para esse roteiro? Aliás, será um roteiro tão bacana quanto os filmes offline? Como as linguagens vão conversar? A pergunta crucial era: aceito ou não esse desafio?

Intuição ou falta de tempo para decidir melhor, não sei. Aceitei e ficamos de nos falar depois. Acabei rodando o roteiro, que, para minha surpresa, além de criativo, era surpreendentemente interativo e feito por uma grande agência de publicidade.

Algumas daquelas perguntas ainda não encontrei as respostas hoje em dia, mas fui surpreendido pela notícia bombástica: o anúncio interativo do Renault Clio (o que tinha o filme rodado por mim e criado pela Ogilvy Interactive) havia ganho o único Leão de Ouro em Cannes, na categoria Cyber.

Não preciso nem falar sobre a felicidade de participar de um momento importante da publicidade brasileira e mais: de ter aberto minha cabeça para uma tendência mundial, que é o uso de vídeos nas criações para internet.

Já se passaram quatro anos. Pouca coisa para uma carreira, mas muito tempo para a tecnologia. Agências online se multiplicam, as tradicionais se adequam, criativos se tornaram especialistas em formatos para internet e a área de produção continua meio que patinando para entender que filmes para web não podem ser feitos ? e muito menos orçados – como filmes tradicionais.

Por falar em dinheiro, é ele que nos permite viabilizar coisas interessantes. Claro que alguém saiu na frente no que se refere às verbas destinadas para internet ? os Estados Unidos ? e montantes bacanas oferecem mil possibilidades. É o caso da campanha feita para a BMW, com filmes estrelados por grandes nomes de Hollywood e veiculados apenas na web. E, mais recentemente, a campanha da Pirelli, que tem filmes de alta produção, com Uma Thurman e John Malcovich no casting. E que só estão na internet.

Aqui no Brasil, isso só vai se tornar realidade quando os clientes finalmente perceberem a importância da internet para o seu negócio e para a comunicação da sua marca. Enquanto isso, para quem gosta de fazer coisas diferentes e de vanguarda, mesmo em situações adversas, a solução é encontrar verdadeiros parceiros e suprir a necessidade do mercado de forma criativa.

Neste ano, voltei a ser aquele cara que espera com maior prazer os roteiros de internet. Mais que isso: vou atrás das agências que demonstram real interesse pelo assunto, que sabem da realidade (pouco dinheiro) mas que, assim como eu, acreditam que os filmes para internet são um grande negócio para o nosso mercado.

Felizmente, há agências com esse perfil e que estão em busca de produtoras e profissionais interessados, parceiros, pessoas criativas que procuram soluções para resolver o roteiro, de forma a adequar a criação à verba destinada.

Os filmes de internet já são uma realidade no mercado mundial e estão começando a ser aqui no Brasil. É um recurso que veio para ficar, que se adequa perfeitamente ao meio porque são diretos, eficientes, dão liberdade ao internauta de interagir com eles. Quem não gosta de liberdade?

É um exercício fascinante de buscar alternativas de produção e não perder qualidade nos itens principais, como: fotografia, casting, figurino, locação e finalização. Um exercício de ter os pés no chão sem tirar as mãos das nuvens.

Respondendo às dúvidas de 2003, no começo do texto: os roteiros são muito criativos; o equipamento usado hoje, na maioria, são câmeras digitais; as linguagens conversam, mas as partes (programação e finalização) precisam de muita conversa para se afinarem. [Webinsider]

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<strong>César Netto</strong> (cesarnetto@gmail.com) é diretor de filmes on e offline.

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Uma resposta

  1. Ótimo artigo! Gosto muito de saber que a internet conquista não só a confiança do usuário mas das grandes empresas, que investem em propaganda exclusiva na Internet.

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