Áudio DTS: som de cinema para ouvir em casa

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No início do século XX, surgiram as primeiras pesquisas para a colocação de som nos filmes mudos. No final da década de 1920, veio o sistema Vitaphone, que consistia em reproduzir a trilha sonora de um filme (gravada em disco) em sincronismo com o projetor.

O Vitaphone foi usado pela Warner Brothers para lançar o filme The Jazz Singer, com o cantor Al Jolson. Foi o primeiro processo de “som no disco” para o cinema falado, logo depois substituído por outro processo: a gravação do áudio em banda ótica, que era um método de “som no filme”.

No final da década de 1930, a reprodução multicanal em projetor separado (o film-phonograph), com sincronismo eletrônico entre este e o projetor contendo o filme, foi desenvolvido para o filme Fantasia, de Walt Disney. (leia mais sobre Fantasia e Fantasound nas matérias ao lado)

E em 1993, o sistema Digital Theater Sound, que atende pela famosa sigla DTS, foi lançado no cinema com o filme Jurassic Park, de Steven Spielberg. Som digital multicanal, gravado em CD-ROM e posto em sincronismo com o projetor principal através de um timecode.

O timecode do DTS é uma informação ótica, com formato digital, impressa na borda lateral do fotograma 35 mm. Um leitor ótico é montado no topo do projetor e o sinal capturado por ele é enviado a um computador, dotado de três drives de leitura para CD-ROM que vão conter a trilha sonora.

O som DTS multicanal é comprimido com bitrate de 1509 kbps (kilobits por segundo), ou seja, quase dez vezes maior do que a média de bitrate que a gente escuta nas MP3s da vida, se você guarda suas músicas em 128 a 160 kbps. O DTS multicanal pode conter cinco canais de áudio digital e um canal LFE, para efeitos especiais de baixa freqüência, totalizando 5.1 canais.

Um único CD pode conter a trilha sonora de um filme com até duas horas de projeção, mas a mesma trilha pode ser dividida em dois discos- fica a critério do distribuidor. Com isso, os dois primeiros drives do sistema DTS são usados. E o terceiro drive fica de reserva para a alocação de trailers e de outros materiais de áudio, que nem sempre existem.

DTS para home theater

A primeira versão do sistema DTS para uso doméstico foi lançada no meio dos anos 90 e em laserdisc. Ou seja, a trilha DTS em 1509 kbps foi literalmente transcrita para o disco, substituindo a trilha PCM estéreo por completo. Com isso, o usuário só teria duas opções: ouvir o disco em DTS, se ele tivesse o decoder, ou em estéreo analógico.

Os primeiros decoders DTS domésticos propiciaram ainda a introdução do DTS em CD, mas com o advento do DVD, logo a seguir, o sinal de 1509 kbps do DTS perdeu o seu lado prático.

A explicação para isto é a seguinte: o DVD contém vídeo e áudio digitais, transmitidos no mesmo bitstream. Tipicamente, um DVD player transmite este sinal a no máximo 10.08 Mbps. Para se conseguir um sinal de vídeo de boa qualidade, é preciso usar entre 3 a 4 Mbps da faixa passante e cerca de 8 Mbps para a melhor imagem possível. Na ponta do lápis, sobram 2 Mbps para a transmissão do áudio no bitstream. Como o DTS exigiria 1.5 Mbps, a perda prevista na qualidade da imagem é em torno de 13%.

A solução encontrada foi aumentar a compressão, usando um bitrate de 754 kbps. Acontece que o atraso da implementação de um software para esta finalidade praticamente impediu que o DTS se tornasse um codec obrigatório no DVD. Apenas anos depois de lançado no mercado, é que o decoder DTS apropriado se tornou disponível para fabricantes e consumidores.

Evolução do DTS

O DTS trabalha com 5.1 canais, mas os cinemas se modernizaram para 6.1 com a adição do surround central (o “surround back”) no fundo das salas de exibição. O DTS-ES, criado para suprir esta deficiência, também já foi desenvolvido para uso doméstico. A sigla ES vem de Extended Surround.

O DTS-ES contém 6.1 canais nos formatos discreto (todos os canais totalmente separados) e matricial. Neste último, o surround back está contido nos canais surround esquerdo e direito e é derivado para ele com sinais de áudio em fase, presentes simultaneamente nesses dois canais. Para manter a compatibilidade, o DTS-ES matricial é gravado junto com o DTS-ES discreto. Isso permite o uso de DTS-ES em decoders 5.1 convencionais.

Com a chegada dos discos de alta definição (Blu-ray e HD-DVD), será possível implementar um novo codec baseado num sistema “lossless” (sem perda ou sem compressão) chamado de DTS-HD, de High Definition.

As altas taxas de transmissão deste novo codec demandam um espaço extra de memória nesses discos, algo que não será problema pelo menos no Blu-Ray. Decoders para DTS-HD também devem ficar disponíveis, mas a reprodução do codec HD pode ser feita com a decodificação dentro do player e disponibilizada por saída multicanal analógica.

A presença dos codecs DTS no ambiente doméstico gerou, anos a fio, discussões acaloradas entre entusiastas de home theater sobre o mérito desse padrão, mas isto é assunto para um outro artigo. Entretanto, a entrada de codecs de alta definição no ambiente doméstico tende a colocar uma pedra no túmulo da discussão. [Webinsider]

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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6 respostas

  1. Francisco,

    O DTS tradicionalmente é apenas no formato 5.1 e não tem saída analógica de dois canais prevista nos aparelhos em geral, como o Dolby tem, Isto se deve ao fato de que o Dolby prevê uma coisa chamada de downmixing, que é a conversão, pelo decodificador, de 5.1 canais para dois canais, e o DTS não tem este recurso. A saída analógica do DTS só é possível se o leitor tiver um decodificador interno e, mesmo assim, tem que ter também saída analógica 5.1.

    Na maioria dos leitores, para se poder ouvir trilhas em DTS é preciso conectar a saída digital (coaxial ou ótica) do leitor de DVD (ou Blu-Ray) a um decodificador externo (A/V receiver, por exemplo).

    A propósito, muita gente se confunde quando não vê o logotipo DTS em um determinado leitor de DVD e acha que ele não é capaz de reproduzir DTS. Na realidade, todos os chipsets usados em leitores são capazes de fazer isso, desde que o usuário ajuste a saída do decodificador para bitstream e não PCM (como às vezes vem de fábrica). Um leitor de DVD atual só não reproduzirá DTS se o aparelho estiver com problema, e neste caso o usuário tem direito de procurar o representante do fabricante, para resolver isso.

    Raul,

    A sua mensagem foi uma daquelas perdidas pelos problemas que o Webinsider andou tendo, e com isso eu não recebi a notificação da postagem da mesma.

    Eu aproveito para te dizer que eu venho fazendo um esforço no sentido de traduzir termos e conceitos deste hobby, e espero que você ainda tenha a chance de acompanhar estes textos.

    Por outro lado, estando à distância do leitor, fica difícil saber o nível de assimilação de cada um, situação essa que eu resolvia com menos problemas, dentro das minhas salas de aula, quando então a conversa tem o rumo que se adequa a cada um, percebe?

    De qualquer forma, eu agradeço o comentário, esperando minorar o problema com futuras colunas.

  2. Eu tenho um DVD no formato DTS e queria assiti-lo no Aparelho domentico,porem esta sem o audio,como devo fazer para ter o Audio.

  3. Paulo, sou leitor assíduo dos teus artigos. Aprecio muito a tua cultura e o teu domínio nessa área. No entanto, gostaria de ponderar o seguinte: como a maioria dos teus leitores – incluído eu – são leigos, além de sedentos por informações e dicas práticas para melhor montar seu sistema de Home Theater, deverias utilizar uma linguagem mais acessível, decodificada para não iniciados. Para dizer a verdade, sempre fico com um gostinho de quero mais quando faço a leitura dos teus textos, pois a compreensão que tenho – e olha que sou curioso no assunto – não deve superar a margem de 70%. Por isso, como leitor regular, arvoro-me no direito de reivindicar textos mais acessíveis, em linguagem menos técnica; caso contrário, serás compreendido apenas por uma casta de técnicos no assunto, deixando os pobres mortais, como eu, sequiosos de maiores informações. De qualquer sorte, obrigado pelos esclarecimentos sempre oportunos.

  4. Eliseu,

    As suas dúvidas são mais do que justas, e eu lhe peço um pouco de paciência, para aguardar um outro artigo, com os enfoques que você reivindica.

  5. Esse tipo de matéria faz falta. Mas preferia uma explicação detalhada do home teather doméstico, não da história até chegar nele.

    Exemplos: tenho um dvdplayer X. Preciso só comprar qualquer HT 5.1 e plugar nele que funciona? Pq os HT variam tanto de preço? A qualidade de som compensa os preços maiores? Os dvds de filmes que não são 5.1 como ficam o som deles? Agora estão surgindo um sistemas de 2 caixas surround alguma coisa, prometendo som como o do 5.1. Isso aí substitui o 5.1 ou é conversa?

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