Sobre o design 2.0 e a função dos modismos

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Cantos arredondados, degradês, imagens espelhadas, cores vivas… qual é o nome daquele produto de limpeza? Ah! Ajax! Será que tudo isso atualiza o design para sua versão 2.0?

Estava aqui lendo os meus feeds quando deparo com um link para uma reclamação de designers insatisfeitos com a “estética web 2.0”. Isso me fez lembrar uma época longínqua quando os logos “tinham que ser dinâmicos”, com curvas e elipses para todos os lados – era até possível ouvir o swuuuuuuuuuush! quando passavam em nossa frente com formas aerodinâmicas. Tive a minha cota de curvas naquela época, afinal eu não era designer.

Mas os designers em polvorosa com a discussão acima trouxeram essa nostalgia de volta à minha realidade. Vou tentar explicar porque o design não é web 2.0.

Modismo e vendas

Ah, doce modismo e seu efeito avassalador! Alguém aqui se lembra da época em que muitas moças tinham uma pulserinha da Jade? Ou então tênis New Balance? Até eu tive um relógio Iron man! Confessa: ou você está lendo isso com um sorriso no rosto (denunciando a sua idade) ou está com um enorme ponto de exclamação na testa.

Não importa a sua situação etária; modismos vêm e vão, assim como as ondas do mar. O “design web 2.0” é um desses modismos. Ele não é mais original. Foi uma fórmula que teve seu momento de glória e agora está em todas as banquinhas e lojas do Promocenter.

Ele vende? Com certeza, mas ele deixou de ser a solução de um projeto. Afinal não temos que pensar mais – o cliente vem e nos diz: “Me vê um design 2.0 bem fresquinho aí!” – se ele já sabe a solução, por que precisaria de um designer?

Uma mudança social

O cerne da questão sobre o que se convencionou chamar de web 2.0 (o próprio termo se tornou datado) não é puramente tecnológico ou estético, mas sim uma quebra de diversos paradigmas sócio-culturais que estão tornando sites, marcas e empresas mais acessíveis – “próximas” de seus consumidores, tornando-se uma espécie de “meio de campo” para as tribos que alimentam suas marcas.

Quando um desenhador pensa 2.0 (se é que isso existe), na verdade ele põe em sua prancheta idéias e soluções que possibilitem a interação entre pessoas. O exemplo mais simples desse tipo de pensamento são as caixinhas de comentários.

Quando o Webinsider não possuía ainda um mecanismo de comentários, tínhamos ótimos textos que acabavam nos créditos do autor. Não havia maiores complementos ou troca de informação, a não ser que você enviasse um e-mail para o editor do site ou ao autor do artigo.

Hoje, ao permitir que alguém comente um artigo ou imagem (no caso dos fotologs e flickrs da vida), temos aí a quebra do paradigma: não existe mais um ponto final; surgem diversas vírgulas e cada indivíduo acrescenta conteúdo à obra original. Nunca na história da humanidade houve uma forma tão hábil e rica de se construir conhecimento (estou exagerando?)

Design is always design

Não será com a invenção dos holodecks que o design vai mudar. Design sempre será design; sempre será um ofício que visa melhorar a vida das pessoas (seja fisicamente ou emocionalmente). Web 1.0, 2.0, 3.0 ou 4.0 como o último Duro de Matar são apenas mais meios que o homo sapiens tem para se comunicar e dar vazão às idéias. E não importa a versão, o design sempre estará aí, pronto para fazer o seu trabalho; seja ele qual for.[Webinsider]

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Fábio Sousa (faso@marcamaria.com) é empresário, blogueiro e bonequeiro. Está a frente do .marcamaria, empresa de criação de personagens e brinquedos e mantém o blog/projeto social .mundesign.

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5 respostas

  1. Concordo também com o Fábio e o Andy, porém, temos de lembrar que o mundo é feito de regras. Infelizmente temos de nos acostumar a criar saídas, escapes, diferenças diferentes para estas regras, e é isso que faz a criação mais bela, fugir da regra sem sair dela.

    Abraços.

  2. Andy,

    Realmente concordo contigo, pois tudo o que fica massificado e vira regra é algo muito ruim – não há crescimento.

    O que me deixa aliviado é que tudo o que é novo, uma hora fica velho e novos paradigmas e novos limites surgirão para serem ultrapassados.

    Um grande abraço,

    .faso

  3. Olha, acredito que a tal onda Web 2.0 veio realmente pra mudar muita coisa na internet e pra melhor, mas o design que está acompanhando o pacote esta claramente repetitivo e desgastante, é claro que a tendência de inovação vem em fases assim como na moda, só que no caso da web os designers não estão usando a tendência apenas como referência e sim como regra e isso invalida todo o conceito de criação seja na área que for.
    Vejo que isso mudará com o tempo, só não sei quanto tempo será esse!

    AndyMontoya.com

  4. Oi Eder!

    Seu comentário me fez lembrar alguns pensamentos que tive há algum tempo, quando comecei a entender todo o poderio da Social Media.

    Realmente nós, o povo, agora temos o poder de criação de conteúdo em nossas mãos, a um custo relativamente baixo e fácil de ser mantido.

    Fiquei imaginando como hoje qualquer pessoa pode publicar textos, fazer podcasts, videocasts… literalmente criar uma mini produtora de conteúdo em seus lares, tendo em suas mãos o meio de criar, plublicar, distribuir e atingir o seu público sem precisar sair muito do lugar.

    Já está mais do que na hora de empresas de design, comunicação, marketing, publicidade, jornais, editoras, rádio e TV repensarem seus negócios. Hoje, seus concorrentes não estão em outro canal – ele está ali bem na sua frente, espalhado por toda a Cauda Longa.

    Um grande abraço e obrigado pelo comentário!,

    .faso

  5. O que eu tenho a dizer desse texto? hehehehe… Perfeito.

    Web 2.0 não são logos http://www.flickr.com/photos/9119028@N05/591163479/sizes/o/ e sim o serviço que tais empresas prestam, sejam eles redes de compartilhamento, blogs, sociais, espirituais, enfim…

    E concordo com você quando diz que Nunca na história da humanidade houve uma forma tão hábil e rica de se construir conhecimento, e ainda mais, nunca se viu tantas pessoas formadores de opiniões.

    Muito bom o texto!

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