Cuidados ao escolher nossas fontes de informação

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De acordo com o The New York Times, o governo da China bloqueou o Youtube. Há rumores de que teriam bloqueado também o Google News, entre outros sites de notícia. Segundo o jornal, o motivo para o bloqueio seriam vídeos que o governo considera subversivos, sobre os protestos separatistas do Tibete.

Não sabemos o que está acontecendo de fato

O Nobel da Paz Dalai Lama diz que ?As autoridades chinesas fazem uso unicamente da força para conseguir um simulacro de paz, uma paz alcançada através da força, usando para isso um regime de terror?. Pelo menos mil tibetanos exilados denunciaram no domingo passado em Dharamsala o ?genocídio no Tibete? e pisotearam bandeiras chinesas.

Embora haja rumores sobre centenas de mortos, e turistas em Lhasa – cidade na qual estão concentrados os protestos supostamente violentos – afirmem terem ouvido disparos durante toda a sexta-feira, o presidente da região do Tibete afirmou que o Exército Popular de Libertação não esteve envolvido e que não houve disparos das forças de segurança.

A China está impedindo a entrada em Lhasa de jornalistas estrangeiros e expulsou todos os turistas. Por isso é praticamente impossível saber exatamente o que está acontecendo de fato.

A internet é a mídia democrática, revolucionária e libertária que pensamos?

Como princípio, penso que deveria ser garantido a todas as pessoas (inclusive às que não têm dinheiro para pagar por isso) o direito de acessarem a internet livremente. No entanto, é preciso ter cautela ao consideramos a internet uma mídia totalmente democrática e revolucionária.

Numa guerra, ou num conflito internacional como este que está acontecendo hoje na China, as notícias são tão vitais e importantes quanto a própria integridade territorial e soberania nacional. Informações falsas tidas como verdadeiras pela comunidade internacional podem levar a uma guerra sem precedentes na história do mundo.

Sabemos que um vídeo pode ser feito de modo a retratar a realidade dos fatos ou simular um acontecimento que não é verdadeiro. Pode-se, por exemplo, fazer um vídeo chocante com três mortos e dizer-se que centenas de pessoas morreram, quando foram apenas três mortos mesmo. A manipulação da opinião pública através da informação é muito perigosa.

Os vídeos são verdadeiros?

Isso não justifica a atitude da China de bloquear o Youtube, mas é preciso tomar cuidado ao escolher nossas fontes de informação. O impedimento da entrada de jornalistas estrangeiros ao local dos protestos depõe contra a China, mas isso não significa necessariamente que qualquer informação relatada pelo lado separatista-tibetano seja verdadeira.

Assim, vemos que a internet é revolucionária por permitir a qualquer pessoa que publique informações. Mas é preciso tomar muito cuidado justamente pelo mesmo motivo: informações distorcidas ou falsas podem ser publicadas por pessoas sem escrúpulos ou com interesses duvidosos.

Quando se trata de jornais ou agências de notícias, tem-se uma instituição que a sociedade pode culpar e punir, além do responsável pela notícia. No entanto, um blog anônimo ou um vídeo de um usuário desconhecido é uma fonte de informação pouco confiável.

Eu me lembro da ocupação dos estudantes à reitoria da USP. Enquanto parte da mídia tratou os estudantes como depredadores do espaço público, eu estive lá e vi que a reitoria estava sendo carinhosamente muito bem cuidada. Nesta ocasião, os estudantes fizeram um vídeo mostrando o cuidado com o prédio. É um ótimo exemplo de como a internet pode ser usada para mostrar os fatos perante a mídia tradicional – que não teve acesso ao local.

A mídia independente tem seu lugar, claro

Não quero dizer com isso que os blogs não têm legitimidade jornalística. A mídia independente tem um lugar muito importante, principalmente em países onde toda a mídia tradicional é controlada por poucas empresas como no Brasil. Mas quando se trata de notícias muito sensíveis, como neste caso, é preciso haver muito cuidado e responsabilidade tanto para noticiar quanto para escolher em qual informação acreditar.

De qualquer maneira, a internet veio para ficar e ainda estamos aprendendo a lidar com sua velocidade, ferocidade e com a maneira como as pessoas podem se organizar de forma emergente através dela, gerando ambientes nunca antes imaginados. A informação publicada por agentes que não dependem dos interesses da grande mídia é fundamental para formar um conjunto verdadeiramente democrático de informações que sirvam de base para nossas opiniões a ações políticas no dia-a-dia. [Webinsider]

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Gilberto Jr (gilbertojr@gmail.com) tem experiência no mercado digital como designer de produtos, fundador de duas startups, gerente de projetos em agências digitais e gerente de produto no Scup. Agora procura um novo desafio. Veja mais no Linkedin.

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