Quando a largura de banda for infinita, como será?

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Em seu livro ?Telecosmo: A Era Pós Computador, Como a Largura de Banda Infinita Revolucionará o Mundo?, George Gilder levanta algumas questões muito pertinentes. Você já pensou como será quando os dispositivos acessarem a rede com uma banda sem limite? Ou seja, quando o seu celular, ou TV, por exemplo, navegarem pela internet de forma instantânea, sem tempo de download. Clicou, abriu.

Cenário bacana, mas confundir a mudança de velocidade com a mudança em si é olhar apenas para a árvore. Aparentemente simples, esta progressão no aumento da velocidade vai quebrar o paradigma da computação de hoje, sobre o qual se sustenta economia da informação em que vivemos.

Vejamos o modelo atual: o computador em que você acessa a internet tem um processador potente, um disco rígido de dezenas, ou mesmo centenas de Gigabytes, mais alguns milhares de Megabytes de RAM, uma placa de vídeo com maior poder de processamento do que todo o seu computador de cinco anos atrás e mais uma série de ?pindurucalhos?. Pois bem, no dia em que a largura de banda for absolutamente confiável, abundante e barata, não vamos mais precisar de nada disso. Essa é a mudança.

Quando seus comandos, de voz, teclado, ou gestuais forem transferidos para a rede na velocidade da luz e um servidor do outro lado responder rápido assim, não precisaremos de dispositivos que façam o processamento, ou mesmo que armazenem dados localmente. Afinal, será como se estivéssemos acessando o nosso HD. O que precisaremos será apenas um dispositivo de entrada e saída de dados. Uma tela ?wireless? sensível ao toque com fones de ouvido e microfone já serviria.

Na realidade, os dados que transitarão na rede serão apenas o que você vê na tela, o que ouve e os dados que você digita/clica. Isso sendo instantâneo e transparente, será como acessar um PC hoje. Visualize um iPhone (ele de novo), com o dobro da tela e um quarto da espessura, mas com o poder de processamento de um data center. Isso já seria uma referência.

Sem incluir processadores que consomem enormes quantias de energia, ou mesmo discos rígidos volumosos e todo o aparato que acompanha nossos PCs de hoje, os dispositivos se tornarão mais leves e baratos. Como todo o investimento em processamento e armazenamento será feito em servidores remotos, não precisaremos nos preocupar em fazer upgrade de máquinas para aumentar o disco, ou a velocidade do processador.

Estas ?telas? que usaremos poderiam nos acompanhar sempre, pois serão facilmente portáveis. Ou não, já que a partir de qualquer um destes dispositivos conectados à rede, com identificação apropriada, óbvio, teremos acesso ao nosso ?desktop? particular, ou corporativo.

Imagine telas disponíveis em assentos de metrô, táxis, mesas de cafés, salas de espera, enfim, qualquer lugar. Você poderá visitar um amigo e, ao invés de levar um DVD, ou melhor ainda, um disco Blu-Ray, para assistirem juntos, você acessa o seu ?desktop? da casa dele e assistem um streaming direto da sua coleção. As possibilidades são infinitas.

É o retorno aos terminais burros, embasados na máxima da Sun Microsystems de que ?The Network is the computer?. Nós já vivemos isso hoje com os serviços online. Vide o Google Apps, que oferece gratuitamente aplicativos online que atendem a 90% das necessidades de quem usa um Microsoft Word, ou Excel. No Google Apps, tudo o que você digita, não fica armazenado na sua máquina – fica nos servidores do Google. Ou seja, o processamento e o armazenamento ficam na rede. Seu PC faz apenas o ?input? e o ?output?.

Tudo caminha nesta direção. Veja a batalha, agora terminada, entre HD DVD e Blu-Ray. O próprio Bill Gates afirmou que testemunhávamos a última guerra de padrões de mídia física. Não haverá próxima, pois, em breve, todo o conteúdo estará online. Você não adquirirá o produto físico, o disco com o filme. Apenas pagará pelo direito de assisti-lo e poderá fazê-lo de qualquer lugar. São produtos tornando-se serviços.

O que vemos é um retorno aos serviços e esse é um caminho comum na história. Conceitos que surgiram como serviços, tornaram-se produtos e hoje, ou amanhã, voltarão a ser serviços. Alguns exemplos são clássicos:

  • Antigamente, contratava-se uma secretária para atender o telefone e anotar recados, nos anos 70 e 80 as substituímos pelas secretárias eletrônicas, mais recentemente, correio de voz passou a ser um serviço embutido na rede.
  • Bibliotecas (que eram e são um serviço) viraram as ?Delta-Larousse? ou ?Barsas? (produtos que minha geração exigia que os pais comprassem e que hoje, muito provavelmente, acumulam poeira) atualmente foram substituídas pelo Google e a Wikipedia (serviços uma vez mais).

A lista de exemplos não teria fim.

Esse cenário será a apoteose das redes, mas, do ponto de vista prático, é importante vislumbramos os impactos do incremento exponencial da largura de banda em nossas vidas tanto quanto em nossas empresas. Pense que tipo de mudanças sua indústria sofrerá quando o custo da largura de banda tender a zero. Antecipe-se e não pense que as mudanças tardarão. Há pouco mais de dez anos, eu conectava a BBSs a 9.600bps. Hoje, é comum em países como o Japão o acesso residencial à internet a 100Mbps. Ou seja, em pouco mais de uma década a velocidade cresceu aproximadamente 11.000 vezes. Imagine como será em dez anos…

De forma darwiniana, todos terão de adaptar-se a abundância de largura de banda. Por esse prisma a posição da Microsoft não é nada confortável. Com um negócio de 58 bilhões de dólares embasado fortemente na venda de aplicativos como o Office, como você reagiria se, de repente aparecesse um Google e oferecesse esses aplicativos como serviços gratuitos?

No livro, Gilder não elenca receitas de bolo, apenas delineia um cenário que se aproxima cada vez mais rápido. Cabe a nós, que estamos construindo a economia das próximas décadas, nos prepararmos ou não. A Microsoft está correndo atrás do prejuízo tentando comprar o Yahoo!. E você, como sua empresa reagirá às mudanças que a largura de banda infinita causará a sua indústria? [Webinsider]

.

<strong>Leonardo Dias</strong> (leonardo@edgy.com.br) é diretor da <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Edgy</a></strong> e mantém o blog <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Over the Edgy</a></strong>

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11 respostas

  1. Ocorre que quando puder transmitir HD TV na banda larga, as pessoas vão começar a querer interatividade. Por exemplo transmitir vários angulos de uma corrida ou jogo de futebol ao mesmo tempo via Internet. Cada camera uma transmissão com qualidade HD.

    Sempre haverá necessidade de mais banda.

    Afinal, veja o exemplo de Thomas Watson da IBM ao mencionar que o mundo não tinha espaço para mais de cinco computadores. Ou do Bill Gates ao afirmar que ninguém precisaria de mais do que 640Kb de memória. 🙂

    Uai… E você tá incorrendo no mesmo erro ao dizer que a partir de uma determinada largura de banda ninguem nunca mais vai precisar de mais banda.

    Sempre vai precisar de mais banda, assim como sempre se vai precisar de mais memória que 640Kb ou o que quer que venha aparecer.

    Obs 1: Mesmo que no lado cliente a necessidade de memória diminua, repito que no servidor ela só continua crescendo exponencialmente.

    Obs 2: na verdade Bill Gates nunca disse essa frase. É boato.

  2. Esse texto é maior viagem, me lembra um conto do Isaac Asimov(mais viajante ainda), onde um computador se tornava onipresente. Em todos os lugares era só um cara perguntar que o computador respondia. Depois de bilhões de anos qd o universo acabava o computador dizia Que se faça a luz. Meio que virava Deus…
    Acho que pra lá de uns milhões de anos vai ser por aí mesmo, ou quase. Agora na nossa geração e na dos nossos filhos ainda vai demorar um pouco, as pessoas precisam de objetos fisicamente falando, não confiaríamos nossos dados todos para um servidor de uma empresa com objetivos próprios…

  3. O bom é, quando isso acontecer, como não teremos processamento, nem memoria potentes no computador, tudo que voce quiser fazer vai ser processado no servidor e ele retorna um video com o que voce esta querendo!!!! Imagina no lugar de jogar um game 3D, vc receber um video!!! vai ser da hora!!!!

  4. Olá Leonardo.
    Parabéns pelo artigo, muito esclarecedor. Acredito que chegara um ponto em que o servidor e o cliente criaram uma simbiose além dessa dependencia que vemos atualmente. Largura de Banda é a chave para isso.Jerônimo Strehl obrigado pelo comentario servio como um texto adicional ao artigo.

  5. Ops, esqueci de comentar, que a largura debanda deve ser vista não somente como o tráfego via web, mas também entre os componentes de cada sistema, como o computador. Processador, placa-mãe, memória, HD, placas de vídeo e periféricos todos se comunicam com uma determinada largura de banda, geralmente diferentes entre si. HD geralmente é peça mais lenta (um enorme gargalo) enquanto que a placa de vídeo é a mais rápida (muitas vezes). Quando todos estes periféricos puderem ter uma dimensão adequada (pra que um gabinete gigante?) e um consumo coerente (um computador que precisa de fonte de 500w à 1000w é um crime), sem gargalos, e principalmente com uma Interface eficiente, teremos um sistema coeso – que abrirá as portas para esta descentralização e real interação para uma Sociedade da Informação madura.

  6. Olá Leonardo,

    Desde o limiar da 60/70 que os governos resolveram acordar para a importância da Informação/tecnologia da informação/telemática. Neste momento ocorreu a primeira quebra de paradigma – definiu-se Informação como um recurso capital comparável aos da energia e matérias primas.

    O que você citou é o que os estudiosos chamam de Sociedade da Informação. É um caminho que estamos galgando a milhares de anos (desde o surgimento de nossa sociedade), conforme a largura de banda disponível em cada época, e que culminará em certo ponto no que você escreveu.

    – Devemos ter em mente que a transmissão oral tinhamos uma largura de banda limitada – era imaterial, temporal, de curto alcance e distribuição – como resultado, tinhamos comunidades;
    – Com a transmissão escrita tinhamos uma largura de banda um pouco maior – já era material e atemporal, de alcance mediano mas distribuição limitada – resultado, tinhamos reinos;
    – Com a transmissão escrita impressa, tinhamos uma largura de banda bem maior – ainda material e atemporal, ainda de alcance mediano mas de grande distribuição – resultado, tinhamos nações;
    – Com a transmissão por ondas, tinhamos uma largura de banda muito maior – audio visual (ora imaterial e temporal, ora material e atemporal)de enorme alcance e de grande distribuição – resultado, tinhamos nações, continentes e blocos econômicos/culturais;
    – Com a transmissão por microondas, temos uma largura de banda enorme e em constante expansão – audiovisual, interativo e predominantemente digital (imaterial e atemporal, podendo ser material e temporal) de alcance e distribuição ilimitado – resultado, temos noção do planeta como unidade.

    Esse futuro que citastes esta cada vez mais próximo. E sim ele vai quebrar ainda com muitos paradigmas que temos – poderemos chegar num dia em nos percebamos mais como Terráqueos do que brasileiro ou estado-unidense, europeu ou asiático. Também a desmaterialisação que ele proporciona diminui a dependência dos recursos naturais para manufatura de produtos.

    Atenciosamente,

    Jerônimo

  7. Não vamos esquecer que conforme a demanda da aplicação, vamos adicionando mais servidores. O Yahoo! usa mais de 50.000 servidores em cluster.

    Processamento é fácil, problema é banda mesmo, e o investimento em banda está abaixo do crescimento atual da rede.

    Abs

    Fabio

  8. Aí é que está, apesar do título do livro e do artigo mencionar o termo ?largura de banda infinita?, nós não precisamos de tanta banda não. Só precisaremos de largura de banda suficiente para transmitir em tempo real um stream de vídeo HD e áudio de boa qualidade no sentido do servidor para sua tela e transmitir o que você tecla e os movimentos do mouse com os comandos para o servidor. No fundo é só isso. É o suficiente para o usuário ?perceber? os dados como locais e não remotos.
    Não interessa onde o processamento e o armazenamento ocorram. Se a entrada e a saída dos dados forem transparentes ao usuário o servidor poderá estar do outro lado do mundo. As pessoas não querem, nem precisam, andar com um Blu-Ray de 50Gb em embaixo do braço. Querem sim poder pressionar play e assisti-lo, ou anexá-lo a um email e enviar a um amigo (tudo estando online, não há sequer necessidade de upload, ou mesmo download).
    E o que vai permitir isso tudo não é o poder de processamento e armazenamento tendendo a zero, é a abundância de banda mesmo (embora os dois primeiros ajudem muito). As tecnologias de multiplexação tem permitido que os mesmos cabos de fibra ótica que estão instalados há vários anos, possam ter triplicada sua largura de banda a cada 6 meses. Simplesmente alterando os equipamentos nas pontas dos cabos. Aproveitando os mesmos cabos com um custo marginal. Pense bem, são 10 trilhões de bits por segundo, num único cabo. São quase 2.000 CDs, ou 150 milhões de ligações telefônicas, a cada segundo. Imagine isso triplicando a cada 6 meses!
    Dê uma olhada em http://www.youtube.com/watch?v=pMcfrLYDm2U
    Com um crescimento exponencial assim é questão de pouco tempo para que tenhamos a percepção de banda sem limite. E percepção é o que importa, veja o caso do armazenamento, no início o Hotmail oferecia 2Mb de espaço, veio o Gmail com 1Gb (hoje tenho mais de 6Gb no Gmail, o que para mim é quase sem limite) e há pouco tempo o Yahoo! ofereceu contas de emails sem limite de espaço. É óbvio que existe limite físico para todo o armazenamento que o Yahoo! Pode oferecer, mas para todos os fins práticos, não existe não (ahhhh e todos são serviços grátis).
    Por isso tudo eu tomo muito cuidado em usar a palavra nunca. Afinal, veja o exemplo de Thomas Watson da IBM ao mencionar que o mundo não tinha espaço para mais de cinco computadores. Ou do Bill Gates ao afirmar que ninguém precisaria de mais do que 640Kb de memória. 🙂

  9. Banda infinita???

    O que está acontecendo hoje é que a lei de moore para HDs e memória no lado cliente deu uma freada.

    Mas ela continua exponencial nos servidores de Internet e na largura de banda.

    E continuará até que surja algum novo paradigma que quebre a atual hegemonia da INternet com WEb 2.0.

    A largura de banda vai crescendo, mas obviamente as aplicações via Web também, exigindo cada vez mais banda. Tal qual os HDs iam crescendo mas as instalações vinham em cada vez mais disquetes ou CDs no passado, exigindo cada vez mais HD.

    O cara do texto tá encarando como se essas aplicações via WEb não fossem crescer junto com a banda.

    Cito por exemplo o Second Life. Os jogos certamente tendem a ser como o Second Life, com cada vez mais recursos vindos via rede.

    O Second Life não se limita a coordenadas de jogadores, ele transmite tudo, texturas, sons, vídeos, polígonos 3D, posições de avatares, skins de avatares, animações. TUDO no SL vem via rede.

    E isso só vai piorar pois obviamente os usuários vão querer cada vez mais.

    Tal qual a Web, que no início (1995) era apenas texto com ícones. Depois passou a ter fotos. Depois fotos e sons MID. Depois fotos, sons MP3 e animações flash. E agora, fotos, textos, animações e vídeos.

    A banda sempre cresce, mas a exigencia de mais banda também.

    Então acho que o autor do texto está confundindo as bolas.

    Não é porque a exigencia de HD e memória diminuiu temporáriamente que a lei de moore tenha chegado ao fim.

    E como não chegou, vamos continuar precisando crescer os clientes, mais ainda os servidores, e a banda continuará sempre necessitando aumentar, necessitando aumentar, necessitando aumentar.

    Nunca haverá uma banda infinita. Nem mesmo a mera sensação de banda infinita.

  10. Olá Highlander,
    Para que esse cenário se torne possível, os servidores não terão de ser mais potentes, apenas a largura de banda sim. Os computadores que atuam como servidores hoje tem capacidade de processamento bem superior a demandada por aplicações locais, mesmo games. Claro que os ?Data Centers? de hoje não poderiam assumir essa carga adicional de uma hora para outra. O que precisaria ocorrer seria apenas a transferência gradual de poder de processamento local para remoto. Com a vantagem de um melhor aproveitamento dos recursos, já que quando seu PC está fora de uso os ciclos do processador são jogados, literalmente, fora. Quando você navega, ou edita um texto (se não tiver fazendo nada além disso, aprox. 90% dos ciclos de processamento são desperdiçados) Ou seja, o mesmo processador, se usado remotamente poderia atender mais pessoas simultaneamente. O importante é não pensar num processador isolado, mas sim em ?Cloud Computing?.
    Empresas como a Amazon já oferecem soluções de ?Cloud Computing? hoje. Onde você pode alugar 1.000 horas de um processador para uma determinada aplicação, ou rodar uma mega aplicação em 1 hora em 1.000 processadores. Procure por Amazon e EC3 (Amazon Elastic Computing Cloud) e aproveite e conheça o mesmo conceito aplicado a armazenamento, com o Amazon S3 (Amazon Simple Storage Service).
    Obviamente que a segurança será uma questão muito importante e crítica, provavelmente mais do que hoje. Mas uma indústria inteira se desenvolverá para atender estas demandas. Naturalmente que a segurança terá de evoluir para cobrir os buracos abertos.

  11. Não sei se a mudança será tão radical assim nos equipamentos que temos.

    Imagina a capacidade que esses servidores precisariam ter para rodar aplicações (às vezes de maneira simultânea) de milhares de clientes.

    Editores de textos podem ser leves, mas editores de imagens, Aplicativos CAD e outros, são bem pesados.

    Sem contar os jogos mas, neste caso, imagino que o futoro sejam os consoles mesmo.

    Outra questão vai ser Backup e Segurança. Até que ponto você confiará seus arquivos pessoais nas mãos de terceiros?

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