Gestão por processos de negócios e redes cognitivas

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Já é consenso que estamos vivendo um momento de transição histórico e inédito, marcado pelo papel estratégico da informação na vida econômica e social das corporações, pelo posicionamento do conhecimento como principal fator de produção e pelo predomínio das organizações em rede.

Podemos considerar que são enormes os benefícios advindos do domínio das Tecnologias de Informação e de Comunicação, que aumentam nossas capacidades cognitivas, e da possibilidade de compartilhamento de conhecimento e idéias, que favorece o desenvolvimento de processos de criatividade e inteligência coletiva nas organizações.

Esse consciente coletivo, bem orquestrado e devidamente direcionado, é capaz de produzir resultados extraordinários. Averigue em qualquer instituição de estudo e pesquisa sobre os fatores críticos de sucesso da cadeia produtiva nas corporações contemporânea – dentre os elementos apontados certamente estarão esses três: informação, conhecimento e rede.

Quanto maior a sinergia e mais conectados estão os indivíduos, maiores são as chances de participação nas conquistas do grupo, instituição ou organização a que pertencem. Quanto a isso, parece não haver duvida. Mas como ocorre esse processo?

As redes técnicas e sociais existentes nas empresas, expressas através do fluxo das informações, de que forma potencializam o fluxo de conhecimento e conseqüentemente o seu compartilhamento? Qual o papel das interações locais e do ambiente nesse processo de ?aculturamento? organizacional coletivo? O simples acesso à rede institucional de computadores, através da intranet ou outras ferramentas, garante a disseminação de informações relevantes que estimulam à inovação? Como se constrói knowledge networks?

Como as redes agregam valores?

Está estimado, saindo publicado nos principais sites especializados, que o BPM (Business Process Management) deve ser um dos setores que mais irá crescer na área de software. A estimativa é que o segmento chegue a 6 bilhões de dólares em 2011, frente a 500 milhões de dólares registrados em 2006.

?Uma vez que muitas instalações de suítes foram feitas por implantação de processos isolados, nós esperamos que o crescimento seja gerado a partir da expansão das integrações existentes para outros processos de negócios e localidades, além de novos projetos de BPM?, explica Maureen Fleming, diretora da unidade de processos de negócios, integração e software da IDC.

Essa evidente projeção de expansão no uso de ferramentas específicas para o mapeamento de processos nos leva a outra questão. Somente a ampliação do uso da ferramenta poderá ocasionar os resultados esperados?

Daí surge um paradigma interessante, pois segundo recomendam as boas práticas, é necessário ter o processo definido antes de se pensar na ferramenta e esta é uma ferramenta para modelar, publicar, controlar e analisar processos.

Será que a implantação de processos isolados propiciou o grau de maturidade para atender as expectativas e principalmente propiciar o retorno do vultoso investimento?

O primeiro passo que necessitamos dar para irmos de encontro às respostas, referentes às questões até agora apresentadas, é entender que devemos buscar através de uma visão holística a prática do pensamento lateral e, com isso, ampliar nossos horizontes de percepção.

Nesse exercício, devemos distender nosso raciocínio para atingirmos maior abrangência, referente à aplicabilidade de mapear os processos de negócios existentes ? ou ainda em fase de projeto ? que são prioritários para alcançar os objetivos estratégicos definidos para as organizações.

Não estamos nos referindo em obter um conjunto de fluxos ou mapas, mas em montar uma estrutura de rede, objetivando identificar as atividades geradoras de valores ? tangíveis e intangíveis ? e seus encadeamentos atuais e potenciais. Oportunamente, também identificar quais eventos que disparam ou bloqueiam estas atividades, recursos, competências e informações disponíveis ou necessárias para estes conjuntos.

Assim sendo, é necessário primeiro pensar em Gestão por Processos de Negócios e vislumbrar uma rede de processos inter-relacionados, atentando para o fato que os processos correspondem à execução das estratégias estabelecidas. Com isso, prover o alinhamento dos processos de negócios com a estratégia, os objetivos e as cadeias de valores das organizações. A partir daí, utilizar as ferramentas disponíveis para mapeá-los.

Uma espiral de construção cooperativa

As redes são, na sua essência, um conjunto mutável de elementos (nós, atores) dinamicamente conectados mediante relações de troca e cooperação (canais, elos, links, conexões). Dependendo do contexto e tipo de elementos e de relações, os nós ou atores representam pessoas, grupos, instituições, instalações, equipamentos.

Assim como, os canais e conexões representam o intercâmbio de mensagens, comunicações, insumos, ações, transações, percepções, valores simbólicos entre os nós ou atores. Esse processo coletivo de circulação de conteúdos físicos ou lógicos entre grupos de atores e do encadeamento de transações e ações entre eles, resulta na criação de valor através da rede como um todo ou por suas partes.

É importante perceber que as redes podem combinar em redes maiores ou dividir-se em sub-redes autônomas ou interdependentes. Redes podem compartilhar atores e conexões com outras redes, constituindo uma interseção entre redes vizinhas. Contudo, certos atores podem participar em diferentes redes, assumindo diferentes papeis, significando que eles se ligam através de conexões de natureza diversa em cada rede, o que implica que desenvolvem diferentes tipos de relações com características distintas aos vários atores a que se ligam.

Essa sinergia tende a ocorrer de forma espontânea, mas quando necessário pode ser estimulada através das mais variadas formas. Por exemplo, conforme já comentamos no artigo anterior sobre o ?Jazz e a Tecnologia da Informação e Comunicação?, de acordo com a música que se executa, cada um dos integrantes ? nós ou atores ? tem sua oportunidade de criar e improvisar, sendo o destaque naquele momento. Essa é uma das características do jazz, e aumentam a motivação de cada um dos atores, estimulando à inovação e o desejo de aproveitar sua oportunidade, sempre vinculado à sinergia da música executada.

A necessidade de adaptabilidade

Conforme as exigências do mercado se alteram, as necessidades e estratégias se adaptam. Esta adaptação poderá ocorrer espontaneamente ou não, por vezes de forma parcial ou em um timing inadequado. Com isso, devemos estar sempre atentos para o salutar hábito de ?remapear? as estruturas da rede, os atores atuais ou potenciais, seus papeis nos processos existentes ou “ainda em projeto”.

É necessário atentar para a disposição que os atores têm para contribuir na criação, gestão e operação da rede, assim como, devem ser consideradas suas expertises ? conhecimentos e experiências ? também seus objetivos individuais e coletivos.

Cada processo considerado constitui um roteiro, ligando alguns pontos da rede distribuída. Ao seguirmos os fluxos através deste particular roteiro podemos enxergar melhor como recursos relacionados aos atores envolvidos vão se transformando em valores – tangíveis e intangíveis – por meio das interações e cooperações ? sinergia.

As necessidades de conhecimento mudam conforme o tempo passa, e, com isso, a dinâmica das conexões e intensidade de interação entre os diferentes atores. Saber quem conhece quem e como eles interagem. Levantar que papel cada ator atribui a si próprio e aos demais a quem conhece, é essencial.

Ao mapear a dinâmica das conexões de cooperação devemos saber que recursos, conhecimentos ou competências são ofertados, demandados, trocados ou compartilhados pelos atores, no contexto dos processos. É necessário identificar quais ações cooperadas são chaves para que os processos da rede atinjam seus objetivos ? de outcome e performance ? nos seus diversos níveis: estratégicos, táticos e operacionais.

O valor dos processos individuais críticos

É de relevante importância mapear e avaliar os valores gerados pelos processos individuais considerados críticos. Visando buscar a mensuração dos valores que são gerados pelo encadeamento de conexões e atores, para a realização dos conjuntos que compõem este processo. Avaliar como o valor gerado está alinhado ou não com os objetivos estratégicos da rede é indispensável. Assim como, atores, conhecimentos, competências e recursos podem ser recombinados para gerar mais valores – tangível ou intangível – para a rede e seu entorno.

Mintzberg & Quinn (2001) afirmam que uma abordagem como esta ?pressupõe um processo evolutivo de desenvolvimento da estratégia que combine a intencionalidade das estratégias deliberadas (a fome) com a espontaneidade das estratégias emergentes (com a oportunidade de comer)?.

Desta forma os passos e métodos propostos anteriormente de mapeamento de redes, orientados aos Processos de Negócios, passam a se realimentar continuamente em uma espiral de construção cooperativa, para a rede, seus processos, conhecimentos e realizações.

Faz-se necessário perceber os variados papéis que TIC assume na vida econômica e social das corporações. O quanto agrega de valor ? tangível ou intangível ? enquanto parte das knowledge networks das organizações. Às vezes como conexão, TIC deve assumir o papel intangível de propiciar os canais de conectividade e intensidade de interação necessária, buscando proporcionar maiores chances de participação dos indivíduos nas conquistas do grupo, instituição ou organização a que pertencem.

Como ator, assumir-se mediante a oportunidade histórica de criar e inovar, sendo o destaque naquele seu momento exato em que a jazz band executa a música ou o solista da orquestra a sinfonia. Isso, com certeza, somente será atingido se TIC, obviamente seus dirigentes e integrantes, ao invés de simplesmente executar seus papéis, os interpretem diligentemente neste momento de transição histórico e inédito. Com certeza, ao passar do tempo observaremos e discutiremos como muitos conseguiram. [Webinsider]

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Jorge Castro (jorge.castro@globo.com) é professor e coach em Governança de Tecnologia da Informação e Comunicação.

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13 respostas

  1. Não gostei dos argumentos apresentados, pois não formam um encadeamento de idías. São frases de efeito e soltas em um texto, sem a menor lógica. Quando falamos de processo, não devemos pensar no curto prazo ou apresentar , tão somente, meidas paliativas e pouco eficazes. Muito fraco o texto.

  2. Prezado Jorge.
    Seu brilhante texto me remeteu a um livro que li recentemente chamado ?A Teia da Vida? que foi escrito por Fritjof Capra, que aliás recomendo a todos os profissionais que trabalham com processos de negócios, pela variedade de conceitos que podem, muito facilmente, ser transpostos para a gestão empresarial. Conceitos que abordam a visão sistêmica e em rede, a cognição, o caos e a auto-organização.
    Minha preocupação sempre foi a fase de implantação. A implantação é o fator crítico de sucesso mais relevante de um projeto.
    Lidar com processo pressupõe compreender a mudança do comportamento e da atitude como característica da vida.
    Estamos lidando com isso em todas as esferas da nossa existência.
    É tema do âmbito da humanidade.
    Na natureza as coisas funcionam seguindo leis naturais que já poderiam ser melhor conhecidas e aplicadas por nossos empresários e gestores.
    Capra estuda a origem da vida e as estruturas sistêmicas em rede. A vida se formou a partir de uma lei de auto-organização de elementos no caos. Alguns elementos têm essa propriedade que pode bem ser aplicada ao comportamento social, a da auto-organização. Na empresa, isso representa um risco significativo para quem idealizou um método de funcionamento que tenha determinado comportamento frente a situações diversas, mas não considerou um universo razoável de possibilidades.
    Se a coisa não for muito bem implantada com as circunstâncias previstas e os comportamentos entendidos, aquelas pessoas vão se auto-organizar da maneira delas e os resultados podem ser quaisquer.
    Acho primordial que os projetos levem em consideração os perfis e os comportamentos individuais e em equipe.
    Aliás o planejamento estratégico deveria ser desenvolvido com metade do foco para o mercado e a outra metade para as equipes que o executarão.
    Percebo que as empresas planejam suas atividades no mercado como se a equipe interna fosse reagir de forma previsível.
    Pensar isso é um grande engano.
    O grande desafio do RH nesse limiar do novo século é entender talentos e objetivos individuais, e apoiar o ajuste daquele recurso na rede produtiva de geração de valor.
    Quanto à TIC, acho que o papel que o amigo tão bem descreveu no encerramento do texto, fica por conta do pessoal do escritório de processos, que chega com a leveza e a espontaneidade do solista de jazz, enquanto o técnico da TI tem é que seguir uma partitura bem definida do músico de orquestra sob pena da sinfonia perder suas características.
    Parabéns pelo belo texto.
    Fernando Botafogo

  3. Jorge,
    Parabéns pelo texto. O seu texto tem tudo a ver com a palestra que apresentei na Sucesu em 24 de julho sobre Automação de processos de Governança de TI, pois as ferramentas para automatizar processos são apenas consequência da musica que se executa, como o Jazz, onde todos também devem dançar de forma sincronizada e cada um sabe o seu papel, também sabendo o papel de todos e se passando por eles. Somente desta forma os processos fluem junto com as inovações, as melhorias de processos e o foco nos clientes com produtos competitivos (alta qualidade a preço justo para clientes com baixo risco e alta lucratividade para o negócio).

    Abs.
    Omar Mussi.

  4. A gestão de processos e negocios, a imformação tecnologica é a comunicação assumem um papel, de estrema relevancia, pois estes apesar de tornarese intangiveis, são itens que agregam a impresa como um dos papeis principais dos produtos, pessoas e mercados no mundo atual.

  5. NOSSA É UM TEXTO MAGNÍFICO COM UMA ADMINISTRAÇÃO ABERTA E IMPECAVEL, MEU CARO TEACHER.
    OBS.: O compromisso de trabalho inclui o dever de associar-se a criatura ao esfoço de equipe na obra a realizar. Jesilane Silva

  6. Este texto nos ajuda muito bem como nos auxilia em nossas atividades, no nosso trabalho onde é muito bom no sentido de esclarecimentos e tirando algumas dúvidas dentro de nosso trabalho.

  7. Muito bom! Particularmente, o que mais me chamou a atenção em toda a abordagem foi o foco constante nas pessoas. Os processos em si são frutos de demandas de grupos ou de pessoas isoladas que buscam aprimorar e aumentar a sua capacidade de gestão da informação através da tecnologia.
    Parabéns pelo artigo.

  8. Parabéns pelo excelente texto!

    Recebi o feed hoje de manhã e o título logo me chamou a atenção por se tratar do mesmo assunto que pesquiso e pesquisei no meu mestrado.

    Sou comunicólogo especializado em cibercultura, professor universitário e a disciplina que mais gosto é a que trata sobre as Tecnologias da Informação Aplicadas à comunicação.

    Raríssimas vezes encontrei um texto tão bem escrito, com TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE, tão bem formuladas e argumentadas. O mais importante é o transparecer da ciência do autor com relação aos conceitos, isto foi o que mais me encantou.

    Hoje em dia não encontramos mais textos informativos que se preocupem com a questão conceitual, nem tanto pela questão técnica, mas sem dúvida pela ignorância sobre os assuntos tratados.

    Mais uma vez parabéns tanto ao site quanto ao autor, indicarei o texto para que meus alunos possam se deleitar também.

    Caso queiram manter contato comigo:

    MSN: marcobonito@marcobonito.com.br

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