Informação demais é anti-informação?

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Vivemos uma época de grande oferta de informação, visões diferenciadas de um mesmo tema e possibilidades de aprofundamento em qualquer assunto. Porém, ao mesmo tempo, percebe-se um desânimo diante de tanto conteúdo.

A informação, boa e quentinha, está em todo canto: bons blogs, sites de notícias, newsletters, rss, podcasts fresquinhos e saborosos. Diversos colaboradores, articulistas, jornalistas e blogueiros colaboram diariamente lotando a web de conteúdo, muitas vezes bom e relevante. Sem querer parecer redundante, nunca houve tamanho empenho em inserir conteúdo na web, por todos os cantos e meios possíveis e imagináveis. Basta querer e pronto: a informação estará ali, à sua disposição, muitas vezes disponível em diversos pontos-de-vista que enriquecem o conhecimento.

Porém, quando a oferta é demasiada, o santo desconfia (distorcendo o antigo ditado). Na economia capitalista, globalizada e neo-liberal, excesso de oferta significa desvalorização do produto oferecido, responsável por quedas e quebras nos casos mais extremos. Quando há muita oferta, a tendência é queda nos preços e aumento de promoções diferenciadas visando “escoar” o estoque (para quem ainda o tem) e “girar” o capital.

Em tese, ninguém discorda que a web, em seu formato atual, trouxe uma visão totalmente ampla, liberal e democrática do mundo, deixando-nos, realmente, a um clique de qualquer bom livro, de qualquer museu ou exposição, de qualquer boa biblioteca do mundo (ao menos daquelas que digitalizam seu acervo).

Assim, a passividade é uma opção, não mais uma imposição: só se mantém passivo quem quer ou não tem nenhuma opinião relevante a expressar.

Há no meio web um impulso natural de participação e interação, capaz de influenciar até mesmo a maneira como a mídia dita “tradicional” se relaciona com seu público, abrindo uma série de oportunidades de participação, desde os programas tipo “Você Decide”, enquetes nos sites das principais atrações da TV, passando por blogs de jornalistas nos portais de jornais e revistas.

A mídia tradicional também não quer “ficar de fora” (apesar de sua natureza original deixá-la “fora” e estigmatizada como modelo do que não deve ser seguido, por definição) da maneira atual e moderna de se fazer as coisas.

Se o acesso melhorou, por que as pessoas continuam tão desinformadas?

Mesmo que oferecidas às toneladas e por diversos meios, há pouco interesse em se manter informado, em se pesquisar e ampliar os horizontes. Ainda há quem diga, sem nenhum traço de vergonha, que é difícil se manter informado, mesmo tendo uma conexão de banda larga em casa, 24 horas conectada ao ambientes P2P, MSN e redes sociais. Bastariam alguns minutos para se informar sobre qualquer assunto do seu interesse.

Muitas vezes, a impressão que se tem é que o excesso desmotiva, desanima ou torna algo relevante em fútil, como se todo mundo soubesse do que se trata antes mesmo de ler. No final, temos um “círculo vicioso” de opiniões abalizadas baseadas no resumo do resumo do resumo, sugando, completamente, a essência e importância da informação original, jogando-a na vala comum das pequenas notas jornalísticas.

Nos tempos atuais, onde “ouvir falar” é mais importante que realmente saber, onde ter noções é mais do que conhecer a fundo; o excesso de oferta talvez assuste e desmotive a procura, trazendo uma sensação equivocada de “déjà vu” por antecipação, altamente letal para a cultura e para a sociedade, num momento seguinte, como conseqüência direta e sintoma mais pronunciado de uma glamurização da desinformação, ou algo que o valha. Você concorda? [Webinsider]

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Fabiano Pereira (bipereira@gmail.com) é designer gráfico (com especialização em UX design e interface design), front-end developer, wordpress developer, educador, escritor, músico, curioso de plantão.

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15 respostas

  1. Mas isso é mais ou menos o que acontece em bancas e livrarias. Há de tudo sobre tudo, mas o que vende é a Revista Caras. Não sei se seria um fenômeno exclusivo da net. Há muita informação disponível mas como acontece com a TV, cada vez mais a net é o espaço da diversão ou do entretenimentos – no caso da rede, as mídias sociais. Ninguém compra uma TV pensando em ver melhor e com mais definição o Jornal Nacional. Se há alguma informação disfonível entre um entretenimento e outro, aleluia!
    Creio que sobre a net já não é precisa mais de se falar tanto em oferta de informação para justificar sua existência. O que é preciso discutir é estratégia para que alguém invista em divulgação de informação de qualidade quando a tendência é se investir em informação-passatempo.
    Abraços.

  2. Resposta do Autor,

    Sinto-me muito gratificado pelo debate de alto nível que a publicação de meu artigo gerou.

    Sem dúvida, são opiniões diferentes, porém muito abalizadas e que contribuem para complementar o que está publicado com visões diferentes.

    Um grande abraço a todos!

  3. Fabiano, a frase-resumo do teu artigo, com a qual concordo plenamente, é: excesso de oferta significa desvalorização do produto oferecido.

    Não por acaso a onda do Free, defendida por Chris Anderson, está em voga.

    abs
    ALEC DUARTE

  4. Eu acho fantástico a variedade e quantidade de informações contidas na Internet sobre qualquer assunto que se queira pesquisar, porém o excesso se torna desinteressantes e desanimador, pq se aprofundar em certo assunto é preciso paciência para filtrar o que realmente vale a pena ser lido e descartar a quantidade absurda de inutilidade contida na Internet.

  5. Brunno,
    a confusão começa ae mesmo. O problema não é excesso de informação seja pela página impressa, rádio, televisão, internet ou outros meios. O grande problema é como isso atinge o nosso eu observador.

    É devido às mudanças que a era da informação causou na nossa maneira de viver e de trabalhar que muitos hoje sofrem de uma ou de outra forma de ?ansiedade causada pela informação?. Exatamente que ansiedade é essa? Como saber se ela está nos afetando?

    Excesso, saudável?

  6. Na verdade, acredito que o excesso pode ser saudável por permitir ter uma base sólida para criar uma opinião própria com base em diversos pontos de vista diferentes.

    É só vermos hoje o que acontece com alguns veículos de comunicação como a revista Veja ou a Rede Globo, por exemplo. Na maioria dos casos manipulam a verdade de forma assombrosa e sempre de acordo com seus interesses.

    Como poucos veículos conseguem atingir o mesmo nível de visibilidade, não existem outras opções. Isto sim dá margem à desinformação.

    Abraços a todos,
    Brunno Ferreira
    http://www.brunnoferreira.com

  7. Rodrigo van Kampen,
    dizer que o excesso de informação é bom, é ignorância!

    O excesso de informação não é nada bom! O excesso de informação causa desinformação, isso é provado cientificamente.

    Tem desorientado a muitos, é causa de algumas doenças conhecidas, como stress, depressão até mesmo esquizofrenia. Um exemplo: Qual é necessidade de acompanhar o caso Isabela?

    A informação é como uma companhia, ela influência você para bem ou para o mal. Nos dias de hoje, encontramos informações distorcidas e sem exatidão, o que é muito ruim.

    Como pode dizer que isso é bom?

    A partir do momento que tivermos conteúdos organizados, não teremos excesso de informação e sim relações e relacionamentos sobre cada tema em especifico, ai sim, talvez fique bom.

  8. Pode parecer um discurso ultrapassado, mas acho que quanto mais o tempo passa me certifico de que é verdadeiro. O que falta não é informação e nem pontes, pois hoje em dia tempos várias formas de chegar até ela. O que está faltando mesmo é a base, é a educação.

    É muito parecido ao discurso sobre como acabar com a exclusão digital simplesmente levando computadores a quem não pode tê-los, quando na verdade, o que deveria ser feito é educar primeiro para que possam fazer melhor uso da ferramenta.

    Resumindo, o problema não é excesso de informação (todas elas são bem-vindas!) e sim o despreparo para recebê-las e interpretá-las.

  9. Fabiano,

    Boa reflexão. Acredito ser o caminho natural o aumento dos conhecimentos gerais. Eu mesmo muitas vezes apenas leio o resumo de um feed sobre economia ou notícias gerais pra saber o que está acontecendo no mundo. Eu abro aqueles que realmente me interessam. Se me perguntarem sobre as bonecas do Ronaldo, vou responder: fiquei sabendo.

    Não vejo isso como algo ruim. Como disse o Robson Chagas, quanto mais informação melhor, desde que seja dada a devida atenção à fonte.

    Sobre as pessoas continuarem desinformadas, a Internet ainda é um bem da classe média. A maioria da população continua sendo alimentada, principalmente, pela televisão (sem entrar no mérito dos livros). Aos demais felizardos (nós), cabe o livre arbítrio de procurar e absorver o que convém.

    Grande abraço,
    Giovanni.

  10. Na verdade, o excesso de disponibilidade de informação é bom, e sempre será bom. A dificuldade contemporânea é organizar essa informação, filtrar o bom do ruim. Sem falar que o conceito de bom e ruim também já não se aplica, mas o bom para você. Por exemplo, para mim um bom post é aprofundado, para o meu irmão é rápido.

    Não existe informação demais na web. Só que cada um precisa encontrar um modo de se encontrar, de acompanhar o que lhe interessa da maneira que lhe interessa. O RSS facilitou bastante isso. As redes também.

    Muito bom o artigo!
    Abraços!

  11. Mas é claro que o excesso de informação serve a desinformação, não resta dúvidas, o povo em geral mal consegue discernir os engodos da propaganda, que dizer de um monte de informação não só meio digital, mas fora dele também.

    Já escrevi um artigo sobre o assunto, dê uma olhada, vale a pena, segue o link: http://www.boxcuritiba.com.br/robson/artigos3.html

    abrax
    Robson Chagas

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