O valor da paciência para projetos de design

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Recentemente eu li um livro que tratava sobre a paciência. Era um daqueles do tipo auto-ajuda com muitas dicas práticas e que se lê em um dia. Não gosto muito destas fórmulas mágicas, mas este me foi dado por uma pessoa muito especial. Não sei se resolveu para o que era indicado, mas dei àquelas dicas um outro destino.

Dos exercícios para sobreviver aos eventos diários que nos tiram do sério, apliquei perfeitamente várias sugestões à específica arte de fazer design. Creio que a autora não imaginava que ao falar sobre paciência numa fila de banco, poderia estar também falando sem querer de paciência para executar um projeto gráfico.

Na maior parte dos projetos, o nosso maior adversário é o tempo. É ele que costuma colocar o ponto final em cada trabalho. E para terminar o quanto antes, muitos profissionais apostam na pressa para que tudo fique perfeito e completo. Ledo engano.

Exemplo: criar uma marca para uma rede de farmácias em três semanas. Se para terminar em tempo o profissional desenhar formas aleatórias, sem pesquisa ou precisão, as chances deste trabalho ser reprovado são imensas. Pior que ser reprovado é ser aprovado e não funcionar. As três semanas podem transformar-se em meses ou anos de martírio e em muito prejuízo para os envolvidos.

Agora no mesmo exemplo, se o designer faz uma vasta pesquisa das redes de farmácia no mercado nacional e externo, analisa produtos de outros segmentos, vasculha soluções em livros e na internet, pesquisa o público alvo intensamente e troca muita informação com o cliente, o projeto muda. Cresce, enobrece e multiplica as chances de dar certo. Depois de dedicação e muita paciência, o designer tem um rico material para dar início aos primeiros traços.

Some-se a isso o fato de que o profissional paciente e organizado vai criar muitas pastas no computador. Uma para as pesquisas, outra para os estudos iniciais, outra para as imagens, outra para os textos, outra para as versões do projeto. Cada designer tem sua metodologia própria. O importante é que esteja muito lógico localizar cada arquivo, para ele ou para qualquer outro que precise fazê-lo. Investimento de minutos hoje para render muitos dias amanhã.

O designer gráfico paciente executa cada versão muito próximo da arte final. Este ato agiliza a finalização quando estiver aprovado. Este mesmo profissional revisa pacientemente todo o trabalho antes de enviar para verificação. Este outro gesto simples economiza idas e vindas desnecessárias de arquivos e economiza muitos dias de projeto. Um designer ainda mais paciente levanta uma série de dúvidas e observações nas suas revisões. Mais uma vez, salvaram-se dias entre vai e vem de e-mails.

O designer paciente tem as idéias mais organizadas na mente e costuma persistir mais tempo numa solução. Desistir de primeira não faz parte deste perfil. Assim, as boas idéias tem mais chances de sobreviver e serem pacientemente executadas até bem perto da perfeição desejada em cada caso. E principalmente, dentro do prazo. [Webinsider]

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Caroline Fülep é designer na FÜLEP design + arquitetura e autora do Fülepdesign.

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14 respostas

  1. Muito relevante e inspirador – recentemente tenho lido muito sobre filosofia, o que te rende várias reflexões sobre sua profissão também.

    Quando se trata de algo mais abstrato como filosofia, auto-ajuda e outros não dá para recomendar um único livro, mas um conjunto, ou melhor ainda, um passeio pela livraria p/ encontrar aquele que mais te chame a atenção.

    Grande abraço!

  2. Concordo com o que você disse. Correr pra terminar rápido é uma droga, e geralmente resulta em um job que você olha e diz: Poxa, poderia ter ficado melhor.
    Bom seria se todos os clientes lessem este texto, ou o livro.

  3. Um trabalho feito de forma meticulosa certamente tem mais probabilidade de ser bem sucedido. O problema é que, além dos clientes e chefes apressadinhos, os valores pagos por um projeto estão cada vez menores….

    E o designer para manter uma padrão de ganho aceitável, precisa pegar cada vez mais projetos… A conseqüencia é que o profissional tem cada vez menos tempo para se dedicar a um trabalho… E o resultado disso são os projetos de qualidade duvidosa que temos visto por ai.

    Estamos fritos!?

  4. Isso aí ser paciente é a chave para um bom projeto, mais não deveriamos levar em conta a fato de que designers, como eu por exemplo, tem que fazer o que um chefe teimoso manda e o que um patrão mais se preocupa é o tempo deixando a desejar na arte e na funcionalidade.

  5. Caroline, a área de desenvolvimento de aplicativos também sofre desse mal: pressa.

    Em alguns lugares onde trabalhei, costumávamos dizer que urgente é o que não foi pedido a tempo.

    Vejo que a paciência está mais ligada à organização do que a outra iniciativa.

    Sendo organizado, você terá não só a paciência, como também o tempo necessário para realizar a atividade. Seja ela qual for.

  6. Oi Caroline,
    Gostei do seu texto. Mas acho que faltou um toque de realidade nisso tudo. Na realidade o que temos é uma vasta diferença no nível de informaçao de clientes compradores de design, do mais ignorante possivel ao mais entendido do assunto, e em alguns casos isso não está ligado ao sucesso do cliente no seu negócio.

    Pego o seu exemplo Rede de farmácias. E coloquei algumas variaveis que podem ser consideradas:

    Tamanho / Amplitude de mercado do Cliente:
    Se estamos falando de uma rede de farmácias de 2 lojinhas numa cidade no meio do nada, sinceramente 3 semanas é até tempo demais, pesquisa em mercado internacional??? Pra que?. Do outro lado da moeda podemos ter uma mega rede global de farmácias nesse caso não consigo imaginar algo menor que um time multidisciplinar e uns bons 6 meses de trabalho.

    Nivel Social dos consumidores:
    Se for uma grande rede de farmácias de desconto regioes periféricas especializada em consumidores de baixa renda? Vale a pesquisa, mas não os cânones do design, a coisa tem que ter cara de coisa barata e sinceramente esse tipo de look and feel não é dos mais desafiadores em termos de design, 3 semanas é um bom tempo. Podemos tbém estar falando de uma farmácia butique pra elite com apenas uma loja, que precisa ter cara de coisa sofisticada e tem que convencer um publico muito bem informado ai sim 1 profissional e um bom tempo de pesquisa se aplicam.

    Concluindo
    1) Pra cada cliente existe um ideal de serviço.
    2) Design não integrado a estratégia do cliente é tiro no pé
    3) Marca vai muito além do design, temos muita marca com design meia boca e que são o máximo, o design é apenas uma das várias formas de transferir valor a marca. Entenda e se integre as outras.

  7. Bastante interessante o seu texto Caroline, é bem por aí mesmo que as coisas são, sou novo nessa área (3 anos) mas já tenho idéia da importância da paciência em realizar determinada tarefa, em todos os sentidos, com ela você consegue raciocinar de maneira objetiva.

  8. Muito BOM!!!
    Mas quem deiva ler isso tambem são nossos chefes, clientes e parceiros, sei que atualmente muitas coisas tem que ser criada da noite para o dia, mas quando envolve projetos e produtos duradouros tudo tem que ser feito como a Caroline comentou paciência.. paciência.. pesquisa… pesquisa…, projetos e metodos de trabalhos organizados conforme o tempo certo de cada execução.

  9. Isto serve não so para os webdesings em geral para para todo programador e analista é um assunto muito amplo e traz muitos beneficios na area de TI, plis escreva mais….

  10. Bem legal esse assunto, cabe muito bem para agências de propaganda onde tudo deve ser para ontem, sem pesquisas, apenas com chupação de idéias alheias. Muito bom, escreva mais. Se um dia puder, fale sobre semiótica. Té mais.

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