DTV fixa, DTV móvel e 1 seg

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Uma das vantagens óbvias da DTV é a boa qualidade do sinal recebido, mesmo em circunstâncias adversas. Porém, o sinal de TV digital tem uma peculiaridade interessante, neste particular: à medida que a relação sinal/ruído vai caindo, a imagem se mantém estável, até o ponto chamado de “digital cliff”, que produz o que se chama de “cliff effect” (“efeito de penhasco”), quando então o sinal some por completo.

O sinal analógico de TV, por outro lado, não “some” do ar, mas se deteriora a ponto de se tornar impossível de assistir, com o tradicional “fantasma” (duplicatas da imagem no background) e o “chuvisco” (ruído), que todo mundo conhece. O gráfico a seguir ilustra estes dois fenômenos:

digital cliff.jpg

Gráfico mostra a qualidade da imagem em função da intensidade do sinal. Note a queda abrupta (digital cliff) do sinal de DTV, comparado ao sinal analógico, que se deteriora, mas não desaparece totalmente.

O digital cliff ocorre por causa da perda de bits do sinal digital. Em condições normais de recepção, o erro proveniente da correção da informação digital dever ser próximo de zero. À medida que a força do sinal cai, chega um momento em que não é mais possível recuperar a perda de informação digital ou corrigi-la, e o sinal como um todo é “emudecido” (“muting”, no jargão de áudio).

Este efeito pode ser notado em reprodução de mídias digitais, como o CD, por exemplo, onde o excesso de erros de leitura torna a reprodução do conteúdo impossível. Este fenômeno também pode acontecer com a transmissão de dados por cabos a longa distância, seja em redes de computadores, seja em sistemas de áudio e vídeo:

digital cliff - cabos.jpg


Gráfico mostra o “digital cliff” em comprimentos de cabos de vídeo muito longos, de acordo com a complexidade do sinal. Note que em 1080p o sinal é cortado bem antes do sinal de 1080i.

O digital cliff, para ser evitado completamente, necessita de uma área boa ou razoável de recepção e de uma antena externa de qualidade. Para facilitar a instalação de antenas, a maioria dos set-top boxes já vem equipado com um medidor de intensidade de sinal e de qualidade de imagem, dois dos parâmetros mostrados no gráfico acima referido.

O usuário deve se guiar por esses medidores, para orientar a antena e evitar interrupção de recepção de sinal, ou, em última análise, para tirar a dúvida se a perda de imagem é resultado de uma má recepção do canal sintonizado.

A degradação do sinal digital pode confundir o espectador desavisado: ao encontrar múltiplos obstáculos antes de ser captado pela antena, o sinal de DTV pode se combinar com outros sinais e neste caso é possível que o sintonizador se confunda com a natureza do sinal e em conseqüência ele pára de transmitir a imagem para a tela da TV.

Mas para aproveitar os méritos técnicos do sinal digital, a imagem das emissoras pode ser transmitida para outros aparelhos que não necessariamente o da TV doméstica.

A DTV móvel, por exemplo, tem aplicações bem mais interessantes, quando comparada ao sinal de TV analógico que nós conhecemos.

E uma das suas aplicações colaterais é o formato 1seg: no sistema de HDTV japonês, cada canal de UHF ocupa 6 MHz da faixa de transmissão, os quais são divididos em 13 segmentos de 428 kHz cada. Entretanto, apenas 12 desses segmentos são usados para HDTV, o último deles pode e é usado para transmitir o sinal digital no formato 1seg (corruptela de “1 segmento”). O sinal do 1seg, mesmo no sistema japonês, é de vídeo H.264 e áudio AAC, encapsulados em transporte de sinal MPEG-2.

Note, porém, que um dos problemas críticos da transmissão digital em qualquer meio é o bitrate (velocidade de transmissão de bits por segundo). Bitrates baixos, no caso, impedem a boa recepção do sinal HDTV. Este problema é menor no 1seg, que usa bitrates em torno de 220 a 320 kbps (kilobits por seg), e com uma resolução de, no máximo, 320 x 240 pixels.

Veja que é esta resolução mais baixa que permite um valor de bitrate igualmente mais baixo, sem perda da qualidade. Porém, uma imagem em número tão baixo de pixels só terá nitidez garantida em telas de pequeno tamanho, tipicamente de 3.5 polegadas, mas que é suficiente para receptores de TV portáteis (TV de bolso) e telefones celulares.

Embora a recepção de sinais 1seg seja menos crítica do que a da DTV convencional, ela é mais estável em locais fixos do que com o receptor em movimento, como é o caso da TV veicular (carros de passeio, ônibus, trens, etc.). Críticos das dificuldades de recepção da TV móvel apontam, atualmente, para a necessidade de aperfeiçoamento deste formato.

Na outra ponta da linha, o sistema brasileiro de HDTV usa os canais UHF 14 até 69, com uma reserva dos canais 60 a 69 para as chamadas TVs públicas (TV Senado, TV Câmara, etc.). A faixa de transmissão a ser usada fica entre 470 e 890 MHz. Vai depender de cada emissora credenciada transmitir ou não em HDTV.

Este tipo de transmissão é mais caro e exige equipamentos e técnicos especializados, que nem toda emissora ou rede pode se dar ao luxo de pagar, portanto a disponibilidade do serviço deverá se dar com base nas decisões de investimento a este respeito, por parte de cada provedor de sinal. [Webinsider]

.

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

5 respostas

  1. Oi,Sidnei,

    Obrigado pela leitura e pelo elogio.

    O conversor só é necessário para quem quer assistir as transmissões de DTV terrestres. Se você só usa sinal por cabo, e não pretende instalar antena para DTV, então nem vale a pena esquentar a cabeça com isso.

    Se, no futuro, você mudar de idéia e comprar um conversor, ele pode ser ligado por vídeo componente ou por HDMI, para se obter imagem em alta definição (1080i). A imagem HDTV do ar é melhor que a da TV a cabo, mas a programação é pouco variada, para os padrões da TV por assinatura.

  2. Paulo,
    teus artigos são sensacionais pela linguagem clara e direta. Parabéns, mesmo!
    Eu tenho uma dúvida: se eu só uso TV a Cabo, é necessário ter uma TV LCD com conversor DTV para ter uma boa imagem ou não é necessário esse recurso. Minha dúvida consiste nas diferenças médias de que as TVs com conversor custam cerca de R$ 1.000,00 a mais que as de sem conversor.
    Abraço!

  3. Apenas a titulo de informação, aqui no Rio de Janeiro,a RedeTV transmite DTV no canal 21, a GLOBO no canal 29 e a BAND que começou junto com as Olimpíadas na segunda-feira passada,transmite no canal 35. A BAND iniciou transmitindo a abertura dos jogos olimpicos e a imagem estava simplesmente de cair o queixo.

    Na minha particular opinião,talvez por ter sido gerada fora do Brasil, a imagem estava melhor mesmo do que muito disco de BlueRay que assisti na casa de amigos ou em demonstração pública.

    A RedeTV por sua vez transmitiu a tempos um desfile de lingerie no tal de SuperPop em que a trama dos tecidos envolvidos era nitida e até mesmo a etiqueta de um soutien usado por uma das modelos, legível. Pena que a programação das emissoras ainda não é lá estas coisas, mas tem dinamica e muita coisa boa acontecendo. Creio que a DTV vá se estabelecer em breve, ainda mais com a base de TVs LCD aumentando dia-a-dia. Quando a TV a cores começou e cujo crescimento foi acompanhado de perto por mim, a coisa foi muito lenta e 4 anos depois da primeira transmissão é que chegamos a 50% dos lares com um aparelho colorido. E olha que a cor em televisão era uma coisa altamente desejável pelo público…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *