Que gosto tem o bolo publicitário?

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Em todo evento ou artigo no Brasil que fala de publicidade na internet existe um enorme chororô em função da irrelevância dos 3,2% do bolo publicitário brasileiro (fonte: Inter-Meios) que são investidos na web frente a um universo de até 59 milhões de usuários de internet no país (fonte: Datafolha).

O choro se torna compulsivo quando se qualificam esses usuários. Quase todos pertencentes à parte belga da nossa Belíndia. Enfim, consumidores com informação e acesso a bens de consumo.

O que mais me deixa desconfortável é que essa métrica não tem muito sentido para todos que há mais de dez anos militam na comunicação digital. Aliás, como já dizia um antigo político gaúcho, a estatística é a arte de espremer os números até que eles confessem. Concordo.

Esses números não representam os investimentos em publicidade na internet ? representam os investimentos em mídia, através de formatos padrão e ainda por cima em grandes veículos. Isso, numa publicidade de cauda longa, já exclui das estatísticas muita coisa, mas mesmo que considerássemos apenas a comunicação de grandes marcas (ok, anunciantes), também estaríamos potencializando um vício.

Vamos pegar o exemplo de uma empresa ?normal? que tem um produto ?qualquer? e deseja fazer uma campanha promocional de seis meses para esse produto. Por definição estratégica e capacidade de investimento, definiu que investirá R$ 5.000.000 (putz, cinco milhões!!!) na campanha e criou uma regrinha básica: 20% deverão ser investidos na internet. Oba!

Se tiver uma boa agência com intimidade no mundo digital, essa agência fará, hipotética e genericamente, o seguinte, com a verba (gorducha para os dias atuais) de R$ 1.000.000,00:

  • R$ 250.000 no desenvolvimento do ambiente principal (hot site da promoção) e conteúdos diversos, com inovação, alta interação e orientado ao usuário (ex.: games, videos para web, animações, podcasts, coteúdo colaborativo);
  • R$ 150.000 em ferramentas que garantem diversas funcionalidades definidas no projeto (ex.: um e-commerce simples, um gerenciador de vídeos, webcasting, gerenciamento e relacionamento com os usuários que interagirem com a campanha, etc.);
  • R$ 100.000 para um hosting profissional para garantir performance e disponibilidade durante os vários meses de campanha;
  • R$ 100.000 para gerenciar o desenvolvimento e a campanha propriamente dita;
  • R$ 150.000 para campanhas de e-mail marketing, redes sociais, blogosfera e search engine marketing;
  • R$ 50.000 para um excepcional controle das métricas não só da mídia (ad servers), mas de também de todas as ações;
  • R$ 200.000 de mídia online propriamente dita.

Na análise dos números da publicidade veremos que de todo investimento feito, apenas R$ 200 mil, aproximadamente 5% do investimento total de mídia nessa campanha, foram para a mídia na internet.

Ora, o fato é que além da mídia, propriamente dita, mais quatro vezes esse investimento também foram para a internet, totalizando o sonhado R$ 1.000.000. Só que dessa vez representado em notas de prestação de serviço e não de compra de mídia.

Como a gente vê, na internet, o bolo publicitário pode ter o gosto que a gente quiser.

Nesse caso, com o pragmatismo que o mercado exige, prefiro brigar pelos ?novos 20%? e não pelos antigos! [Webinsider]

.

Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

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3 respostas

  1. Concordo com o Tony,

    Cesar, não é um privilégio da Web ter custos com produção… pelo contrário no mundo off-line há um custo maior ainda com a produção, você é publicitário e sabe que o bolo publicitário da TV também não está contando a produção do filme, atores e etc… se tuddo isso e a web tbm, mesmo assim ficaria essa proporção tal como é hoje.

  2. Olha, eu discordo… rs
    Mas o que seria da vida se todo mundo concordasse né?

    Seu argumento em relação ao fato de que só uma pequena parte do investimento em internet é contabilizado vale também para a publicidade tradicional, que não considera todas as suas fontes de ações na métrica. Isso significa que a web, infelizmente ainda está bem abaixo do que deveria, e sim, com xororo…

    Outro fato relevante é que essa distribuição de verba da empresa fictícia, quem fez foi você, por isso é perfeitamente natural que ela represente exatamente o que você pensa, e não exatamente o que o mercado está fazendo.

    Por outro lado, concordo totalmente com você quando você diz que os números divulgados não significam absolutamente nada de concreto, no entanto qualquer análise estatística é feita com uma amostra que é bem abaixo do volume real, e nos dá uma idéia da disparidade entre as mídias (on-line vs tradicionais).

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