Eu só pedi uma laranja. Coisa tão simples…

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Imagine a cena: você resolve ir à feira comprar uma laranja. Chegando lá, o feirante pergunta: ?O que você deseja??, e você responde: ?Quero uma laranja?. Aí o moço assovia com os dedos e chama um caminhão enorme, que em 0,12 segundos estaciona na sua frente, abaixa a caçamba e despeja todos os tipos de laranja do mundo na sua cabeça. E você, debaixo daquela pilha gigante, grita abafado: ?Mas? eu só pedi uma laranja!?

Impossível de acontecer? Em uma feira, talvez. Mas quem já fez alguma busca na internet há de concordar que é isso que acontece quando utilizamos o serviço de qualquer buscador: você digita uma palavra e, em menos de 1 segundo, centenas de milhões de respostas aparecem na sua tela. Aí você precisa gastar alguns minutos selecionando qual dessas laranjas é exatamente a que você quer ? dando graças a Deus por, pelo menos, não estar procurando em uma pilha de abacaxis, morangos ou melões.

Isso não quer dizer, de forma nenhuma, que os buscadores são ruins. Muito pelo contrário: são, atualmente, um dos poucos serviços que funcionam direito na web. A questão é que, simplesmente por funcionarem, viraram os grandes destaques da mídia no mundo ? se você ainda duvida, pesquise no Google o valor das ações do próprio. Isso só prova que a internet, por mais que tenha evoluído nos últimos anos, ainda está bastante aquém do que poderá ser.

É como um restaurante ser eleito o melhor da cidade porque lá os garçons trazem a comida que você pede. Os serviços online, no meu modo de ver, ainda estão nesse estágio embrionário: consideramos excelentes aqueles que conseguem fazer corretamente o que a gente ordena ? principalmente no que diz respeito a bancos e qualquer outro serviço que mexa com nosso dinheiro. Pra muita gente, inclusive, eles nem precisam evoluir mais. Continuando assim, obedientes, já tá mais do que bom, pois são robôs criados para seguir nossas ordens ? e não duvido que muitos pensem o mesmo dos garçons.

Se isso fosse suficiente, o cargo de chefe de cozinha não estaria cada vez mais valorizado. Afinal, qualquer um consegue fazer um misto quente ? ou, pelo menos, deveria ?, mas só um profissional especializado em gastronomia sabe transformá-lo em um delicioso croque monsieur. E, graças a ele, os clientes não irão embora do restaurante pensando ?isso eu também poderia ter feito em casa?. Em outras palavras, com os recursos disponíveis hoje na internet, qualquer um pode criar um blog, montar um fotolog ou postar um vídeo. Mas só nós, profissionais especializados em comunicação, sabemos como temperar esses conteúdos para torná-los relevantes para os consumidores ? ou, pelo menos, deveríamos.

Cada vez que um cliente pede algo “mais feijão com arroz”, me ponho no lugar dos chefes de cozinha e imagino quantas pessoas devem entrar em um restaurante achando que estão em uma lanchonete. Afinal, muitos ainda não entenderam a diferença entre um chapeiro e um cozinheiro ? e, dessa forma, ficam felizes em receber qualquer gororoba pra comer. Nossa função é ir até à mesa dessas pessoas e fazer com que elas degustem novos pratos ? nem que para isso seja necessário usar o velho discurso: ?na Europa e nos EUA as pessoas já comem coisas assim, sabia??. Caso contrário, se dependermos apenas dos pedidos dos clientes, a qualidade dos nossos serviços nunca irá melhorar.

Sonho com o dia em que, ao acessar a home de um portal, a página que aparecerá na minha tela (repare: eu não escrevi “computador”) será diferente da que estará na tela ao meu lado ? de uma outra pessoa que acessou o mesmo portal ao mesmo tempo que eu. E que verei conteúdos (não publicidades) apenas dos produtos que me interessam. E que digitarei uma palavra em um buscador e ele só trará a resposta exata que eu preciso ? mesmo que isso leve mais do que 0,12 segundos.

Quando esse dia chegar, a internet será muito mais qualitativa do que quantitativa. E acordarei com um feirante tocando a campainha da minha casa para me entregar aquela laranja-lima que eu adoro, mas nunca pedi. [Webinsider]

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Eco Moliterno é publicitário.

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13 respostas

  1. Muito bom seu artigo, realmente concordo que devemos mostrar o cardápio ao cliente, com muito mais opções do que ele tem em mente, afinal na maioria das vezes o cliente não conhece as tecnologias e possibilidades da internet.

  2. eu tive o privilégio de assistir no meu temo de criança e agora gostaria de compartilhar com minha filha obrigado

  3. Ao contrário do que foi dito pelo Falcão, creio q em alguns casos o cliente realmente só quer um formulário que chega no seu email e ponto.

    Alem de depender do nível do cliente, depende tb o quanto ele quer pagar. Convenhamos que um bom sistema, site ou o q for, para a web, não custa barato (não é feito em poucas horas).

    Abs

  4. a respeito do que o thiago valenti disse, eu acho q as pessoas adoram abrir sua vida pessoal, a prova disso eh o orkut.. q tá ae com milhões de usuários, q arreganham sua vida pessoal em troca de nada!

    Ótimo texto, adorei.

  5. Isso tb abrange o cliente que simplesmente quer uma laranja, mas se esquece que pelo mesmo preço (ou mixaria a mais) pode achar laranja melhor! nessa, o leigo não entende nada,(pois ele nao assume q nao sabe nada do assunto e nao pede sugestões) e acha q está sendo enrolado….

  6. Boa tarde

    Concordo com o que Alex Falcão comentou que a maiorias dos profissionais pelo menos nessa área de desenvolvimento, entrega apenas o que o cliente pega e olhe lá.

    Já os que tem esse pensamento de entregar algo mais aos clientes, não ficam apenas no primeiro trabalho e fidelizam o cliente.

    Isso acaba diferenciando quem é quem no mercado, seja em web ou qualquer outro.

  7. Rapaz, achei interessante esta matéria.
    Passei por isso hoje pois o cliente só queria ter um formulário no site dele e que ficasse no banco de dados.

    Ai orientei que ele teria que ter um mini sistema com login e senha onde ele pudesse ter o relatório.

    Como é um site de modelos.
    em cima do que vi no formulario ele poderia filtrar.
    uma modelo tipo acima de 25 anos
    sem piercign
    sem tatuagens
    que dança
    nao seja casada
    loira
    e que seja atriz;

    ele fazendo esta filtragem terá as possíveis candidatas que esta cadastrada no banco de dados.

    Acredito que se fosse um outro profissional teria passado apenas orçamento para criar o formulario em PHP da forma que ele mencionou no email.

  8. O problema é quando o cliente está convencido de que quer um arroz e feijão simples e o restaurante insiste em entregar algo super temperado (e ruim, diga-se de passagem). Cada vez mais vejo serviços que fazem isso: entregam mais e pior.

    Pior ainda é quando o cliente não sabe nem o que quer – ou quem ele é – e espera que você ensine e explique tudo o que está disponível no seu cardápio. Ao final, diz que não está com fome, vira as costas e vai embora com todas as receitas.

    Abraços Eco,
    Flavio RB (facundinho).

  9. Eco, eu só vejo um problema em relação à essa facilidade de informação e personalização do conteúdo: você vai ter que dar informações pessoais pra que isso aconteça.

    Ou seja, você vai ter que dizer pro Google (ou pra qualquer outro) o que você gosta, como você é, e etc, pra que ele te entregue um conteúdo personalizado. Agora, me diga, será que todo mundo é afim de abrir a sua vida pessoal em troca de informações mais personalizadas? Tem conspiração pra tudo.

    É uma solução ótima, mas o caminho é que vai ser meio tortuoso. Parabéns pelo artigo.

  10. Muito bom seu artigo, realmente concordo que devemos mostrar o cardápio ao cliente, com muito mais opções do que ele tem em mente, afinal na maioria das vezes o cliente não conhece as tecnologias e possibilidades da internet.

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