A cultura de redes na mobilização popular

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

O surgimento da Rede Social de Relacionamentos pela internet denominada gabeira43.ning.com em torno da candidatura de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio não foi uma surpresa.

Esta rede, que utilizou como ferramenta a social network Ning.com – criada em 2004 por Marc Andreessen (autor também do navegador Netscape) e Gina Bianchini – é apenas uma, dentre as dezenas de ferramentas tecnológicas (plataformas de utilização via internet) que vem sendo utilizadas diariamente no ambiente da grande rede (a conhecida world wide web ou para os íntimos www) com o objetivo de conectar pessoas com interesses comuns.

Mas, afinal, nos dias de hoje, que diabo de expressão é esta? O que significa esta palavrinha que vem sendo lida e citada em toda parte nas mais variadas acepções? Trabalhar em rede, rede de relacionamentos, organizações em rede, gestão em rede, etc. Tudo agora é em rede?

Na sua definição mais básica e rasteira podemos dizer que qualquer artefato que permita uma comunicação mais ou menos permanente entre um determinado número de pessoas conforma uma rede. Nesse sentido, a malha telefônica de uma cidade, é a rede telefônica. Ou antigamente (muito antigamente) a de trens formava a rede ferroviária. Com o tempo, os usuários constantes de um determinado tipo de informação passam a ser chamados também de uma rede. Portanto, a Ordem dos Cavaleiros Templários configurava de certo modo uma rede, as lojas das Casas Pernambucanas eram uma rede, e assim por diante.

Invente aí os exemplos que você quiser, até chegar aos emblemáticos exemplos do segmento das comunicações como a Rede Globo, a Rede Record, as redes radiofônicas e as redes de jornais e revistas, etc.

Qual é a grande diferença entre elas e o que hoje estamos conhecendo como Redes Sociais? É que elas recebiam erradamente o nome de redes centralizadas, quando toda a informação era enviada apenas de um ponto, ou eram chamadas de redes descentralizadas, quando vários pontos intermediários emitiam também informações. Mas, no fundo, elas nunca desenharam realmente uma Rede.

O que configura verdadeiramente uma Rede (faça o desenho e você vai ver) é a possibilidade de TODOS os pontos (ou nós ou nodos) poderem se comunicar com TODOS os outros pontos (ou nós ou nodos), em todas as direções, livremente, ponto a ponto (P2P), naquilo que se conhece conceitualmente como Rede Distribuída (conforme desenhada por Paul Baran para a estrutura de um projeto que se tornaria mais tarde a internet).

imagem_redes.jpg

Topologia de rede desenvolvida por Paul Baran. Notem que os pontos são os mesmos

E este foi, sem dúvida, o fator fundamental na topologia da rede Gabeira43.ning.com: como participante conversei com todo mundo livremente, escrevi textos para o blog, criei fóruns de discussão, coloquei fotos e vídeos, recebi e enviei mensagens, convidei pessoas e fui convidado, formei amigos, etc. E acredito que todos, em maior ou menor grau (sim, há limitações técnicas), atuaram também com essa liberdade. Todas as opiniões, mesmo as mais delirantes, eram expressadas livremente. É lógico que havia uma direção, um foco mínimo para a comunicação, impedindo deste modo que o ruído (para usar um termo da teoria da comunicação), a estática, fosse muito alta. É lógico também que não existem redes sem pessoas e elas se agregam por uma CAUSA.

Então qual é a grande mudança? Me parece que ela está bastante clara: a possibilidade de todos os cidadãos ouvirem e serem ouvidos e poderem congregar em torno de suas vozes as mais variadas e múltiplas maneiras e formas de ação e atuação. Sem que ninguém tenha que falar por elas.

Há portanto (ao se universalizar o acesso a internet, uma questão estratégica, doravante), uma atenuação da necessidade da representação enquanto forma de levar a algum lugar algumas demandas. Estamos falando portanto (com todo o cuidado que isso requer) de uma diminuição da democracia representativa em direção a algumas formas de democracia participativa mais direta.

E ainda mais: Para além de todas as vantagens de se ter informacão, em grande volume, circulando livremente, a Rede Social permitirá que várias ações aconteçam, bastando para isso que haja interessados o suficiente naquela ação (e de novo, com todo o cuidado que isso requer). O surgimento do MPD ? Movimento pró-Democracia foi um exemplo disso.

Parece que uma nova forma de fazer política na cidade do Rio de Janeiro está se configurando (no bojo da disseminação da internet) quando se percebe que as pessoas se sentem melhor e mais entusiasmadas participando daquilo que lhes agrada, no âmbito de suas relações geográficas (ou não), em torno de suas questões, ou onde podem contribuir melhor com sua experiência.

Estamos falando portanto de que “pequenas causas” podem ter um poder de agregação tão forte quanto os grandes temas políticos. As Redes Sociais nos permitem perceber que há variadas formas possíveis de atuação e todas elas podem conviver. Se você não tem como contribuir nas questões do lixo urbano, pode pensar nas questões da dengue, mas se você tem contribuições em outras áreas, deve ter em mente que elas são importantes na mesma e igual medida, pois como disse Gabeira, todas as caras são bem-vindas pois “expressam uma incrível diversidade e apontam para uma unidade que não se destrói: a cara do ser humano”. [Webinsider]

http://br74.teste.website/~webins22/2017/04/21/a-educacao-como-agente-de-mudanca-de-voto/

Egeu Laus é designer, gestor cultural e Communities Manager.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

3 respostas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *