Antes da estratégia, uma inovação à brasileira

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É um requisito crucial para a economia e para as empresas. E não se trata de uma miragem. Começa por investir na qualidade de pensar que lhe é necessária, sem a qual será elevado o desperdício de oportunidades.

Essa óptica, que terá de passar por um menos tímido avanço social e dele beneficiar-se política e economicamente, vai exigir uma consistente “ideologia da e para a inovação”.

Um sistema ideológico – paradigmas, valores, crenças e descrenças – que liberte de seus “ídolos” o conceito inovar.

Não é uma fórmula. É uma nova “maneira de pensar” para conceituar e gerir inovação. Não despreza as inovações existentes, mas já não fica limitado a elas. Repensa em função de seus próprios desafios. Em vez de se deixar seduzir pelos resultados que os outros estão buscando, seleciona os que merecem o seu esforço. E não economiza raciocínio ao diagnosticar o seu caminho para alcançar o resultado.

Não faltarão os que hão de invocar a recuperação alemã depois da segunda guerra. A maioria lembrará o salto japonês e, mais recentemente, a disciplina coreana. Mas nenhum caminho que tenha sido bom para outra cultura nos levará ao resultado estratégico. Nossa cultura é muito outra e nosso momento oferece outros obstáculos, cujas brechas havemos de descobrir.

Outra maneira de dispersar o esforço com miragens seria continuarmos a investir em tecnologias “já prontas”. O salto ou ultrapassagem será retardado se “adorarmos” essas tecnologias. Teremos que encontrar as nossas.

Algumas preliminares

Cultura é a chave. Um passo preliminar, na construção da nossa “ideologia inovadora”, será clarificar o que é necessário transformar na cultura.

Mas pode-se profetizar que algumas empresas — torçamos para que sejam muitas — irão montar equipes de tecnologia. A formação e a experiência dos especialistas já constituem um bom critério, mas falta algo. Isto mesmo, a gestão.

Outra vez cabe lembrar os hábitos e paradigmas instalados. Predominarão as que vão nomear “alguém de confiança” para gerir o dispositivo. O critério não está errado, mas urge advertir que essa não é uma gestão como qualquer outra.

Gestão da inovação

Mesmo naquela vanguarda de empresas que já contam com dispositivos de inovação, poucas se ocupam com a gestão da inteligência. O que se costuma chamar de gestão do conhecimento sequer cogita da gestão da inteligência.

Gerir inovação tecnológica não pode cuidar apenas de tecnologia. Nem só de matérias-primas. Nem de máquinas e equipamentos. Nem de custos. Nem do mercado. Abrange tudo isso, mas antes vem o pensar. Por isso, a gestão da inteligência é o primeiro “ingrediente”.

Todo conhecimento é passado. Para ocorrer a inovação precisa ser fecundado por processos e atitudes do pensar.

Conhecimento é necessário. Mas é preciso ampliá-lo, atualizá-lo, torná-lo uma “arma para surpresas”. Muitos terão que comprar saberes, mas o que justifica o investimento é também desenvolver novos. Se não criar seus próprios saberes, não haverá inovação. Imitar ou espiar a concorrência também já não é suficiente. Agora, é preciso criar diferenças.

Mesmo empilhar o maior estoque de conhecimentos não significa que se chegou lá. É preciso ter dentro da empresa a qualidade de pensar — habilidades e atitudes formando um sistema ideológico na cultura da organização — que transforma aqueles conhecimentos em surpresas, produtos, serviços e astúcias.

Ecologia para a inovação

A gestão do dispositivo precisará estar capacitada a criar, manter e desenvolver a ecologia — específica para a empresa — que propiciará a inovação.

Essa ecologia estará alerta para a “ideologia do dengo” e para a vassalagem ao sucesso passado. Exige dispor de um pensar que não se ilude com o que já sabe, já adquiriu ou já desenvolveu.

Um aprendizado permanente se dedicará a desenvolver inteligências perceptivas para o que está acontecendo e, principalmente, para antecipar-se.

E tal ecologia procurará espalhar-se por outros setores da empresa. Um dispositivo de inovação torna-se míope quando se encastela em si mesmo.

Estratégia de agitação cultural

Cultura é a chave, repetimos. No mapeamento prévio à estratégia, será necessário coletar traços da cultura que possam ser capitalizados no projeto. Nessa coleta, por exigir atitudes de antropólogo, não deverão trabalhar os que olham a realidade cultural com os valores de uma galáxia que não existe. Terá de mandar passear todas as verdades de dedo-em-riste.

Sempre que um país se propõe desenvolver uma estratégia intrafronteiras, os processos e atitudes não são os da “estratégia do conflito”. Predomina a abertura à realidade. É mais importante aprender do que ensinar. É preferível ajudar a encontrar caminhos do que liderar. No caso de uma estratégia para desenvolvimento da inovação, ocorre-nos a analogia com o maestro que conhece os recursos da orquestra e anima-os a alcançar um desempenho sempre inesperado. [Webinsider]

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<strong>José Leão de Carvalho</strong> (ilace@ilace.org.br) é presidente e diretor metodológico do <strong><a href="http://www.ilace.org.br/" rel="externo">Ilace</a></strong> ? Instituto Latino-Americano de Ciências Cognitivas e Estratégia.

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4 respostas

  1. o que pode nos levar a inovação? o criativo está sempre percebendo a possibilidade de inovar o que está fasendo mas como ja foi dito nem sempre ele tem os meios .
    mas vale a pena inssistir porque quando se consegue inovar o resultado é muito gratificante. parabens pelo trabalho!

  2. A conclusão que chego é que para se ter inovação é preciso pensar, reciclar as idéias, e isso leva tempo. Hoje não há tempo nem para vc fazer seu trabalho porcamente, os prazos são curtos demais. Assim, um colaborador que perder tempo pensando, tentando inovar somente vai receber feedback negativo e levar a culpa pelo atrasodo projeto. Ninguém que saber se houve inovação ou não, só quer saber se funciona ou não.

  3. O problema é que a inovação não nasce da noite para o dia e os gerentes ou diretores não sabem lidar com isso.

    A verdadeira inovação está longe de acontecer nas empresas brasileiras com a cultura atual.

  4. A conclusão que chego é que para se ter inovação é preciso pensar, reciclar as idéias, e isso leva tempo. Hoje não há tempo nem para vc fazer seu trabalho porcamente, os prazos são curtos demais. Assim, um colaborador que perder tempo pensando, tentando inovar somente vai receber feedback negativo e levar a culpa pelo atrasodo projeto. Ninguém que saber se houve inovação ou não, só quer saber se funciona ou não.

    Nenhuma empresa brasileira está preparada para a inovação, é por isso que nós sempre ficamos para trás.

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