Quando padrões criam e desenvolvem mercados

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A criação ou utilização de padrões tem um potencial enorme no desenvolvimento de mercados e possibilidades inovadoras de negócios. Hoje, vivemos um momento em que grandes empresas (em alguns casos concorrentes) se envolvem e trabalham juntas desenvolvendo soluções para problemas que elas possuem em comum ou em busca de interoperabilidade.

Em uma pesquisa ampla sobre padrões atuais, principalmente na área de serviços web, podemos verificar algumas pontos a serem compatilhados. Então resolvi sistematizar este processo e identificar características comuns (padrões?) na criação de padrões bem sucedidos e processos que facilitam a adoção deles. Vamos lá:

  • Pesquise muito antes de escolher criar um padrão. Padrões devem ser elementos simplificadores e não apenas mais um. Relevância é ponto chave aqui – verifique iniciativas similares, concorrentes, proprietárias etc. Lembre-se sempre que o que caracteriza um padrão é sua adoção massiva por um grupo que necessita falar a mesma linguagem, reduzindo assim custos e tornando as coisas mais escaláveis.

    O World Wide Web Consortium (W3C) identificou uma necessidade e propôs em meados da década de 90 um formato que pudesse simplificar e melhorar a comunicação entre os diversos sistemas e bancos de dados. Um formato que fosse extensível e simples, separando forma de conteúdo. Surgiu assim o XML, um formato que hoje tem massa crítica de usuários.

  • Pense duas vezes antes de criar um padrão. Será que ele realmente é necessário e relevante? Passe novamente pelo item anterior! Alguém sabe porque afinal a Microsoft criou o .docx? Será que ele era realmente necessário? O Google Docs ainda não abre arquivos .docx, o OpenOffice também não, e ele sequer é retrocompatível para quem possui versões mais antigas do Office. Quantas pessoas no mundo podem ter tido problemas por causa disso?
  • Se já existe um padrão estabelecido e este possui problemas ou limitações, entre em contato com os responsáveis e tente achar um ponto de colaboração, a fim de evoluir o padrão e não no sentido de criar algo completamente novo. E se você descobrisse que o OpenID é quase ideal ao seu serviço web mas você gostaria que ele tivesse autenticação sem sair da página, como o Facebook connect? A comunidade está discutindo isso agora. Que tal você se manifestar e desenvolver a funcionalidade que precisa visando manter a compatibilidade, antes de sair por aí criando algo completamente novo e não compatível?
  • Crie um padrão aberto. É uma questão mais ideológica que prática; um padrão aberto tem um formato que é evolutivo e adaptativo por natureza. Exemplos como a abertura do padrão SWF pela Adobe mostram a tendência de empresas que criam padrões proprietários e depois os tornam abertos, a fim de conseguir uma comunidade maior e melhorar seu produto.
  • Negocie e converse com pessoas e empresas com o mesmo problema que você. Padrões são criados para resolver problemas comuns. Conversar com pessoas e empresas sobre as soluções já encontradas e uma possível adaptação, ou mesmo a adoção imediata, pode poupar muito em desenvolvimento e já dar uma base inicial de usuários maior ao padrão.

    Padrões só são padrões quando atingem massa de usuários e se provam eficazes em muitas situações diferentes. Negociar com outras empresas ou desenvolvedores e criar o padrão coletivamente pode ser uma alternativa bastante interessante e mais viável economicamente. O protocolo Oauth foi criado por duas pessoas, mas através de negociação com grandes parceiros (Google, Twitter etc) e outros padrões (OpenID) conseguiu se consolidar e atingir massa crítica de usuários. Hoje ele faz parte de um “Open Stack” [1] [2] para web.

  • Interoperabilidade é a chave do sucesso. Um padrão deve buscar sempre a compatibilidade com diversos sistemas, retrocompatibilidade, criando uma interface realmente significativa com quaisquer outras aplicações. Numa era de mashups e APIs abertas este é um ponto crucial.
  • Simplicidade de implantação e documentação rica. Um padrão deve resolver apenas um problema específico, nada mais. Para conseguir massa crítica trabalhe com uma documentação vasta, além de tutoriais, suporte, vídeos e toda a informação possível. Desenvolva uma comunidade dos interessados no seu padrão para que eles possam colaborar. Adoção de padrões também ajuda a encontrar e capacitar pessoal.
  • Novos padrões surgem em resposta a um padrão fechado. Não é regra, mas é bastante comum que novos padrões surjam para bater de frente com um modelo já estabelecido e proprietário. Veja o seu segmento, observe se ele é altamente dependente de um padrão fechado. Talvez seja hora de propor algo novo, aberto e assim reduzir custos de pesquisa e desenvolvimento para muita gente. O OpenSocial surgiu em resposta ao sistema fechado e monopolista da plataforma de aplicativos do Facebook.
  • O bom padrão quase sempre é invisível. As pessoas utilizam, trocam dados e nem sequer percebem. Quantos usuários finais sabem o que é um PDF, um XML, ou um OpenID? O importante é a função e não a forma. Ao criar um padrão foque em usabilidade e na facilidade de implementação. Se você quer adoção de um possível padrão, faça com que a vantagem que ele traz seja visível, não necessariamente o padrão em si. Perceba que em breve os usuários dos maiores players da web terão OpenID e sequer saberão disso. Vai ser comum você ouvir que a conta do Windows Live! ou do Gmail é ótima e abre todas as portas.
  • Adote padrões estabelecidos. você já sabe as vantagens. Está esperando o quê?

Quer ajudar a melhorar, aumentar ou mudar esta lista? Deixe sua opinião nos comentários. [Webinsider]

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Diego Gomes é fanático por blogs, marketing de conteúdo, lean startups, growth hacking e outras dezenas de buzzwords. Fale com ele pelo Twitter @dttg ou pelo site rockcontent.com.

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5 respostas

  1. O padrão criado pelo homem é a maior prova de sua ignorância diante do padrão da natureza. O padrão mata a essência da arte que cada ser humano deveria cultivar todos os dias, a padronização criou doenças como depressão e stress, o padrão existe e nunca funcionou.

  2. Robson, e que alternativa você propõe para organizar processos sistematicos por exemplo em uma fábrica de peças de automóveis?

  3. A adoção de padrões acontece naturalmente a tudo o que é comercial, basta olhar nossas casas, estradas, eletrodomésticos e etc…

    Os problemas acontecem no processo de surgimento e adoção dos padrões, nesses momentos é que os profissionais e empresas devem ficar atentos para não acabarem morrendo na troca de tiro dos interesses.

  4. pequena correção: sistematicamente a Microsoft altera seus padrões – o .docx é UM exemplo disso – para justamente tornar seus produtos/plataforma incompativeis com qualquer outro. Mesmo dentro da mesma plataforma, se formos avaliar que muitos PRECISAM migrar de um sistema mais antigo para um novo (e mais caro) para continuar usando a mesma funcionalidade, sem qualquer ganho adicional.

    Não é erro, é estratégia de negocios.

  5. Infelizmente, ainda não vemos padrões em muitas coisas essenciais para o desenvolvimento de uma Web mais harmoniosa.

    O OpenOffice, na sua última versão, já está abrindo documentos .docx que realmente não tem motivos óbvios para ser criado.

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