Uma foto vale mais do que momentos vividos?

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Olhem esta foto.

obama_posse.jpg

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Ela foi tirada no Baile da Juventude com o Obama, na noite da posse do novo presidente americano.

Várias leituras podem ser feitas de uma imagem como essa:

Como fotógrafo amador, fico imaginando como está ficando dura a vida dos profissionais de fotorreportagens. Imagine um fotógrafo freelancer estilo Peter Parker* tentando vender uma foto para o Jonah Jameson*, que resmunga dizendo que não precisa mais de fotógrafos. Agora, numa pesquisa rápida no Flickr, arruma centenas de fotos do mesmo evento. Se eu penso em ganhar a vida fotografando é melhor pensar duas vezes. ;-).

Os apaixonados por hype vão dizer que trata-se de uma forma 2.0 de ver as coisas – é o User Generated Content em plena ação. Cada indivíduo neste baile é um potencial (e provável) gerador de conteúdo para seu blog, ou sua página no Facebook, ou Flickr, ou tudo isso junto. Esses caras são os repórteres do futuro. Espera aí, esses caras já são os repórteres do presente. Eles geram, emitem, consomem e reciclam conteúdo numa antropofagia de arrepiar Oswald de Andrade.

Outra interpretação, como o Gizmodo mesmo sugere (e de onde tirei a imagem), é que as pessoas estão tão preocupas em ficar documentando as coisas, via fotos, vídeos, SMS, Twitter e blogs que se esquecem de vivenciá-las ao máximo.

Hoje, em qualquer show, evento ou mesmo festinha de aniversário você vê pessoas fazendo exatamente a mesma coisa. Ao invés de curtir a música do seu artista preferido ou a conversa com os amigos, preferem filmar, tirar fotos e mandar comentários em tempo real para o Twitter ou via SMS. Espera aí! Depois você encontra fotos bem melhores do que as suas nos blogs de quem não viu o show ao vivo e sim através do LCD da câmera. Get a life!

Agora sem exagerar, o que é melhor? Ficar filmando o show só pra mostrar aos amigos que você estava lá, ou relaxar e curtir cada momento para lembrar-se da experiência única? Sei não. Quem sou eu pra reclamar? Afinal, eu uso Twitter, Flickr, Orkut, Blog, Facebook, BrightKite, Phanfare?

E você? [Webinsider]

…………………………………………………….

* Para quem não sabe, Peter Parker, quando não está fantasiado de Homem Aranha, é fotógrafo freelancer do jornal Clarim Diário. John Jonah Jameson (JJJ) é o editor chefe, ranzinza e muito pão duro.

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<strong>Leonardo Dias</strong> (leonardo@edgy.com.br) é diretor da <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Edgy</a></strong> e mantém o blog <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Over the Edgy</a></strong>

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17 respostas

  1. – Podemos ver que hoje em dia não existe mais reserva de mercado para algumas profissões e, principalmente na área da fotografia isso é muito relevante.. O acesso à compra de equipamentos fotográficos bons e baratos fazem despertar nas pessoas o lado profissional que antigamente só era possível àqueles que dispunham de muita informação, conhecimento e dinheiro para exercer algumas profissões. A internet é a grande responsável por isso tudo….
    – belo post / sucesso pra todos…..

  2. Eu sou mais o Get a Life!
    Fui no show da Alanis aqui em BH recentemente e senti bem isso!
    Eu me sinto muito melhor curtindo o show ao máximo, sem filmar/fotografar nada (até mesmo porque depois terão zilhões de fotos no Flickr e videos no Youtube). Até cheguei a fazer um video e achei um saco! Vc nao pode mexer a mão, nem cantar pq sai no audio. Enfin… cada um no seu quadrado. mas neste meu aqui, sou muuuito mais curtir o momento intensamente do que tirar fotos!

  3. Concordo em parte. Realmente tem gente que exagera. Em grandes eventos, como formaturas, casamentos, batizados, etc, acho certíssimo contratar profissionais. Mas com a chegada das camaras digitais, tanta tecnologia ao nosso alcance, tudo tão facil! Pagar fotógrafo p/ registrar festinha de aniversário? Rs! Ahh neemm… Tenho uma netinha. Adoro fotografar tudo que acontece com ela. Ontem mesmo ela resolveu querer comer som as proprias mãos. Corri, peguei a camara e registrei a lambuzeira! Rs! Das duas uma. Ou vamos rir juntas no futuro, ou ela ficará brava comigo. É esperar p/ ver!

  4. Tudo na vida deve ser balanceado para não cair no excesso. Eu uma vez assisti ao espetáculo do De La Guarda e o gravei ao mesmo tempo. Eu dava play e colocava a câmera de lado para poder assistir sem ser interrompido. Deu pra curtir a apresentação numa boa, foi excelente, postei no videolog claro, mas confesso que se estivesse sem a câmera teria sido melhor pois mesmo atento ao espetáculo em vários rápidos instantes minha atenção se voltava para a câmera para confirmar o foco. Ou seja, sem ela eu teria dado total atenção ao espetáulo. Mas vocês sabem, a ânsia de registrar os momentos e fazer algo legal depois com eles faz a gente se desdobrar.

  5. Renata,

    concordo em número gênero e grau. Perdoe a sacadinha fraca, mas You got the picture!

    Por isso é bom postar textos aqui no Webinsider. Eles acabam sendo sempre enriquecidos.

    abs e bom fds a todos!

  6. excelente!

    imagine a cena: festinha de fim de ano da escola do filho. os filhos dançando e, quando olham pra platéia, em vez de verem seus pais, enxergam um monte de câmeras alvoroçadas apontadas pra eles.
    que bela lembrança terão!

    steven johnson fala sobre isso em algum momento do livro surpreendente. estou sem ele aqui agora, pra transcrever o trecho, mas vale a pena ler.

    tudo bem, vamos eternizar os momentos – como disseram já aí em cima – mas quando vc olhar pra foto daqui uns anos, vai lembrar de quê?

    acredito que a fotografia sirva como um marcador, uma metonímia, uma parte pra acessar o todo. uma simples e única fotografia é capaz de contar muito mais do que dezenas de fotos de um evento que não foi vivido.

    when I look back on my ordinary life, I see so much magic, though I missed it at the time…
    > se quiserem ler (e ouvir) o resto – e digo que também vale a pena, rs – procurem por photograph, do jamie cullum.

    abraços!

  7. Gostaria de ter tido uma câmera em certos momentos da vida que passaram para poder registrá-los (lugares, amigos, situações).
    Estão na memória, mas também estariam no micro e no papel.

    Difícil dosar o quanto documentar e o quanto aproveitar.

  8. O que eu vejo nessa foto é uma ânsia de registrar o acontecimento para depois dizer ta vendo eu estive la rsrs
    Mas a melhor lembrança que temos são aquelas que vivenciamos, então acredito que não devemos exagerar na hora de se documentar o fato e passarmos a vivenciar mais o fato.

  9. Luciano Ayres, é UGC. Você trocou a ordem. Seria interessante se nós pudéssemos fazer os dois ao mesmo tempo. Só que eu acho que não dá. Eu prefeiro deixar para outras pessoas fazerem o trabalho. Vai estar na web no dia ou na hora seguinte mesmo.

  10. Quem sou eu pra reclamar? Afinal, eu uso Twitter, Flickr, Orkut, Blog, Facebook, BrightKite, Phanfare?

    Espero que não seja no expediente de trabalho, certo Leonardo? Sem dispersar.

  11. Não acredito que fotografia profissional e jornalismo vão deixar de existir, pelo contrário, a banalização valoriza os bons profissionais.

    Vide o webdesigner meia boca que tem aos montes no mercado. Só valoriza o bom trabalho que realmente se sobressaem no meio de tanta porcaria.

    Mas o caso aqui é produção em massa…

    Acho que temos de balancear os dois, documentar sua própria vida é muito interessante, fico me imaginando no futuro olhando por horas as milhões de fotos que fiz durante a vida mantendo acessa todas as lembranças.

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