Campus Party: foi bom pra você?

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Daqueles que foram e acamparam, uns voltaram maravilhados. Um ou outro voltou sem a carteira. Outros que passavam por lá diariamente gostaram, porém outros acharam uma perda de tempo. Alguns acompanharam toda a movimentação online e lamentaram não ter ido. Outros mal sabiam o que estava acontecendo!

O fato é que muita gente estava lá, de cientista maluco até o inventor da web, de famosos blogueiros a índios, coelhinhas, cachorro louco; de gamers ao próprio Tux.

O que toda essa gente reunida tirou de proveito da Campus Party (além de gigabytes de arquivos) e sobre o que se pode reclamar de fato (desconsiderando a falta de cerveja)?

Positivo: interação e colaboração

A Campus Party é um evento único, que deu às pessoas a possibilidade de aplicar no mundo real o que mais se estima hoje na web: a interação e a colaboração. O que acontece é muito mais pelos participantes do que pelos organizadores e há um pouco do Do it yourself do movimento Punk.

Apesar de muita gente ter se queixado sobre um certo “baixo nível” das palestras e oficinas (análises muitas vezes injustas), a proximidade entre os palestrantes das diversas áreas e as pessoas que acompanhavam tudo de seus pufes deixava as portas abertas para essa interação e colaboração, para o questionamento e a criação de uma discussão muito maior e produtiva.

Essa era a ideia e de fato ocorreu em algumas palestras realmente produtivas. Mas talvez a vida real seja 2.0 demais para algumas pessoas que ficavam fisicamente em silêncio, se limitando às tuitadas!

O espaço do BarCamp possibilitou a reunião de diversos profissionais, entusiastas e curiosos, que reencontraram amigos, conheceram pessoas com quem mantinham contato apenas pela internet, discutindo em desconferências sobre tendências, projetos ou papos mais descontraídos.

Mas talvez a sede da maioria em ficar na frente do computador usufruindo da suposta internet de 10Gb para tuitar, postar fotos no Flickr e ser indexado, ou baixar todas as temporadas do Lost e coisas do gênero, fez com que esse espaço não fosse aproveitado como deveria. Até o fumódromo improvisado no portão 2 do Centro de Exposições Imigrantes se tornou um espaço de interação (crianças, fumar faz mal a saúde).

Um dos grandes méritos do evento (se não o maior deles) foi a troca de experiências entre diversos profissionais, de diversas áreas de tecnologia e comunicação. Houve fácil acesso aos palestrantes (e as conversas esticadas para além da palestra) e proximidade entre os participantes, entre eles diversas empresas e agências que se mudaram de mala e cuia para o evento durante aquela semana.

Além do espaço do CP Labs, que possibilitou que muitos jovens empreendedores pudessem mostrar sua cara, suas ideias e seus projetos, para uma bancada de profissionais de peso.

Outra iniciativa de grande valor foi a área de Inclusão Digital na Expo e Lazer, área do evento que era aberta ao público. A área de Inclusão contou com oficinas temáticas, com a abertura de debates que contaram com a participação de diversos coletivos como o Metareciclagem e o GT de Cultura Digital dos Pontos de Cultura, além do batismo digital de diversas pessoas que nunca haviam usado o computador. O cantor e ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil inaugurou as atividades da área de Inclusão Digital, com uma “palestra-musical”.

Também não poderia deixar de falar sobre a presença carismática de Sir Tim Berners-Lee, o inventor do World Wide Web e diretor do World Wide Web Consortium, que participou da abertura do evento, e fez na terça-feira do dia 20 sua rápida palestra sobre Web Semântica, deixando no final o recado para os campuseiros: ?É muito importante que a Internet permaneça aberta. O futuro está nas mãos de vocês. Se o browser que você usa não tem padrões abertos, não use esse browser. Vocês fazem a escolha. Vocês estão no controle?.

Negativo: falhas na organização e na estrutura

Como era de se esperar em um evento desse porte, falhas aconteceram. Algumas aceitáveis e outras imperdoáveis, que se não chegaram a comprometer o evento como um todo, porém estragaram a festa de muita gente.

A comida poderia ser melhor na opinião de muitos campuseiros (“péssima e cara”), que reclamaram do bandeijão servido pela organização para aqueles que pagaram o pacote de alimentação.

A bagunça auditiva gerada pela proximidade e acústica inadequada das áreas fez com que por várias vezes o som das palestras se confundisse, assim como os anúncios e momentos de patrocinadores no palco principal atrapalhavam todas as atividades.

Também uma aparente falta de integração entre a organização das diferentes áreas fez com que temas se repetissem, como por exemplo o acontecimento de oficinas de HTML e CSS tanto na área de Design como na CampusBlog.

Também foi grande o número de atividades em uma determinada área que poderiam interessar a participantes de outras áreas.

Um exemplo disso foram algumas atividades na área de Software Livre, como as palestras sobre a linguagem de programação Python, que poderiam interessar os participantes da área de Desenvolvimento.

Ou a palestra sobre edição de vídeos com o software LiVES, que poderia interessar os participantes da área de Vídeo, ou ainda a palestra Compartilhar e copiar em legítima defesa, que acabou interessando muitos participantes da área de Música, boa parte deles artistas independentes. Uma possível solução para isso poderia ser o tagueamento das atividades, ao invés da simples divisão em categorias (áreas). Dessa forma os Campuseiros poderiam escolher os temas de seu interesse, independente de onde eles estivessem acontecendo, ao invés de se focar em uma determinada área.

Problemas com o despreparo da equipe de apoio e da equipe de segurança também prejudicaram a boa harmonia do evento. Equipamentos e carteiras foram roubados. Além das passadas de mão na bunda e desavenças com rappers, já exaustivamente comentadas por aí.

E aí, foi bom pra você?

Todas as falhas que o evento teve devem ser reclamadas, pois só assim esses erros poderão ser corrigidos, para que tenhamos um evento melhor no ano que vem. Mas também é importante que todos que passaram por lá façam uma auto-avaliação.

Devemos lembrar sempre que esses eventos, assim como a internet, são feito pelas pessoas que participam e que a tecnologia deve sempre ter como meta principal a melhoria da qualidade de vida para todos.

Valores como interação, colaboração e liberdade, que são tão difundidos na internet, devem ser aplicados mais efetivamente na vida real. [Webinsider]

.

Agni (@eduagni ou Eduardo Santos) é designer. Trabalha com projetos de interface, web standards e criação e ministra palestras e oficinas relacionadas a comunicação, publicidade online, web standards, mídias sociais e design.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *