Por que a pirataria desagrada uns e alegra outros?

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Quais os efeitos da distribuição de conteúdo e de entretenimento gratuitos hoje em dia? Em qual ferida se está mexendo quando lidamos com esse assunto e quais estruturas são abaladas com essa nova experiência que vivenciamos?

Passamos por um período pop bem no estilo capitalista de ser, onde os mais populares eram ditados por ranking da mídia, os chamados tops – Top 10, Top 40, top isso e aquilo. O importante era ser top de alguma coisa para ter credibilidade e sucesso. Os tops eram frutos do que a mídia queria vender naquele momento e os formadores de opinião simplesmente colocavam goela abaixo os interesses próprios. Os famosos hits.

Com a quebra da tirania dos hits, o efeito cauda longa e a web 2.0 ocorreram mudanças significativas no modelo do mercado atual. Ou melhor, as mudanças ocorrem a todo instante, em um rumo novo que re-adequa a estrutura de negócios em muitos aspectos. Uma delas é a questão da livre escolha de consumo, que reflete nas listas e curvas dos itens mais comprados.

Se antes tínhamos os tops, os hits, os hots e os mais-mais, agora esta influência perde o sentido, deixando os produtos menos pasteurizados e mais direcionados a nichos específicos. Isso é cauda longa.

Tá, mas o que isso tem a ver com pirataria?

Tudo, pois uma vez que os produtos não são mais vendidos e sim distribuídos gratuitamente ou vendidos a baixíssimo custo, o consumidor não precisa mais seguir a onda do modismo. Sempre que quiser algo, ele vai lá e busca, compra conforme seu gosto.

O modelo de best-selers torna-se cada vez mais capenga. Não ligamos mais para os campeões de audiência e a pasteurização segue em níveis muito baixos. Por que o Jornal Nacional perdeu audiência nos últimos 10 anos? Não foi a qualidade do jornalismo que caiu, foi?

Realmente não, o jornal pode estar até melhor. O fato é que o conteúdo que antes era quase que obrigatório por falta de opção agora é um pouco menos relevante, ou seja, a procura por assuntos mais relacionados ao usuário torna se uma realidade e desvia a audiência para conteúdos de nicho.

Antes um filme se tornava almejado porque foi indicado ao Oscar, hoje ele vai ao Oscar porque foi muito almejado.

Então a pergunta que não quer calar: independente das questões legais, por que a pirataria não agrada aqueles que vivem da pasteurização dos produtos e serviços consumidos?

Aqueles que controlam os índices de popularidade se veem agora com um abacaxi para descascar do tamanho do próprio negócio, que estava acomodado neste sistema antiquado. Ou seja, ou remodelamos o próprio negócio de forma a atender nichos e ganhamos no longo prazo com produtos específicos ou assistimos o percentual das vendas caindo dia a dia com a nova tendência do mercado. [Webinsider]

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Flavio Vidigal (flavio@cubo.cc) é diretor de criação digital, formado em design gráfico e pós-graduado em Estratégias de Comunicação. Atualmente atua como supervisor de criação na agência CuboCC em São Paulo.

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5 respostas

  1. Flávio,

    Teria elementos para escrever por horas e o assunto não se esgotaria, mas pra resumir:

    1 – Existe muito interesse econômico em jogo;
    2 – É mais barato tentar reprimir os downloads do que encontrar um novo modelo de negócio;
    3 – Memória curta, no caso do cinema, é uma escolha*;

    * Lembro que Hollywood foi criada por piratas, naquela época Thomas Edison tinha a patente do aparelho de cinema (cinematógrafo, se não me falha a memória) e, para fugir do pagamento de royalties os piratas da época fundaram Hollywood…

    Como é mais conveniente esquecer isso, os atuais diretores de estúdios investem no jurídico, porque é muito mais barato do que criar novas formas de ganhar dinheiro e compensar as perdas.

    Certamente quando um novo modelo de negócio surgir, a briga deixará de existir e é possível que os que hoje são chamados de piratas, sejam, no futuro, distribuidores – quem sabe até pagos – dos estúdios.

    Abraço!

    Rudinei R. Modezejewski
    http://www.e-marcas.com.br
    http://www.meadiciona.com/emarcas

    (11) 4063-9606 (19) 4062-8762 (21) 4063-6994
    (31) 4063-9828 (41) 4063-8707 (43) 4052-9373
    (44) 4052-9393 (48) 4052-9656 (51) 4063-8480
    (54) 4062-9121 (62) 4053-9933 (65) 4052-9193
    (71) 4062-9214 (81) 4062-9262 (85) 4062-9262

  2. Estamos falando então de modismo, qualidade da produção. Caímos no capitalismo.

    A massa sempre consome produtos e produções relacionadas com as classes dominantes, vivem a falsa ilusão de que podem levar uma vida que seu padrão econômico, social e cultural não podem sustentar.

    Mas quem é dominante aqui? é a maioria ou a minoria?

    Passaram então a ver os filmes, jornais, músicas, programas de tv não só pelo que os críticos dizem, mas pela qualidade. Embora isso esteja engatinhando ainda, estamos no bbb9.

    Estamos falando também em qualidade. Eu acredito que a pirataria é feita justamente por isso, a qualidade cultural do que é vendido legalmente é tão baixa quanto a do vendido ilegalmente. Levando em consideração que os produtos mais pirateados são aqueles feitos para transformar a população mais alienada com a globalização, modismo descartabilidade e superficialidade. O que é fato é que não estamos ainda na era da qualidade, para se alegrar tanto. A concorrência dá essa falsa impressão.

  3. Isso é muito bom. Os modelos de negócios antigos, onde o poder de decisão ficava nas mãos de poucos acabou!

    Mas será que isso é irreversível? Será que se os grandes conglomerados da comunicalão tomarem o controle da internet – como estão planejando fazer – não voltariamos ao modelo antigo?

  4. O modelo de download pago resolveria o problema de vender de acordo com o nicho. Mas as gravadoras demoraram a acordar para essa realidade.

    As gravadores queriam vender muito mais de um artista só. Agora vão ter que vender pouco de muitos artistas.

    Abçs.

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