Surgirá uma rede social nos celulares brasileiros?

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O mercado de VAS (value added services ou serviços de valor agregado) em mobilidade no Brasil cresce a cada ano e isso não é novidade para ninguém. Ano após ano especialistas dizem que esse é o momento da mobilidade e que esse mercado promete muito para os próximos anos, mas na verdade mais de 90% das previsões acabam fracassando quando o assunto é mobilidade.

Há alguns anos o mercado cresce em número de acessos, ou linhas habilitadas pelas operadoras, com percentagens absurdamente altas. Hoje o Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial por possuir mais de 154 milhões de linhas com praticamente de 81% de penetração (fonte: Teleco, abril/09). Quando surgirá uma rede social nos celulares brasileiros?

Antes de responder essa pergunta, vamos pensar em outra questão: por que com tantas linhas o mercado de VAS não anda mais rápido? Outro ponto que já virou tabu nesse mercado é a eterna comparação do mercado brasileiro com um mercado bem mais maduro e avançado: o mercado japonês. Por que empresas provedoras de serviços não conseguem margens melhores para vender conteúdos, aplicativos, games, ringtones?

Primeiramente gostaria de lembrar o que o Marco Quatorze, diretor de VAS do grupo América Móvil (donos da Claro na América Latina e da Telcel no México) disse no último evento Tela Viva Móvil, em maio deste ano.

Segundo a análise dele, a carga tributária e os gastos com a cadeia de valor no mercado de celulares pré-pagos fazem com que a operadora tenha uma enorme dificuldade em praticar modelos de negócios onde a margem bruta dela seja menor que cerca de 40%. É por isso que muitas vezes provedores de serviços, conteúdos e aplicativos têm tanta dificuldade em crescer num mercado tão agressivo, com margens baixas.

Vale lembrar que no Japão, no modelo usado pela NTT DoCoMo para a plataforma do iMod, provedores de soluções e conteúdos chegam a ficar com 90% da receitam enquanto a operadora fica com menos de 10%. Isso possibilita que a maior rede social digital do país não use a internet como meio, e sim use o celular.

Trata-se do caso da Mobagetown, da empresa DeNA que hoje tem mais de 12 milhões de usuários e mais de 14 bilhões de pageviews por mês. Para vocês entenderem a comparação, o Twitter em março de 2009 tinha somente 6 milhões de usuários.

Entendendo o lado argumentado pelas operadoras podemos lançar a questão de como o mercado de VAS no Brasil e na América Latina vai evoluir? Será que podemos ter um fenômeno de uma rede social mobile no nosso país?

Para tentar responder a pergunta vale a análise de alguns dados:

  • o poder aquisitivo do japonês é bem maior que o brasileiro. O PIB per capta no Brasil é de US$ 9.700 enquanto no Japão é de US$ 33.800 (dados de 2008, indexmundi.com);
  • o Japão possui 106 milhões de celulares. O percentual de pré-pago é tão pequeno que a Vodaphone e a DoCoMo anunciaram que estão encerrando seus negócios com celulares pré-pagos. No Brasil, 81,6% são pré-pagos;
  • 9 em cada 10 usuários usam Mobile Web;
  • 4 de cada 5 usuários possuem planos 3G, ou seja, navegam em banda larga no celular;
  • o valor de uma mensagem de texto é quase de graça, com um preço irrisório na percepção do usuário;
  • 40% dos usuários de dados no Japão possuem um plano em que eles pagam uma quantia fixa e navegam ilimitadamente na web;
  • os celulares são mais avançados que os nossos. Enquanto aqui a maior parte do nosso parque de aparelhos possui somente o recursos de SMS e alguma coisa a mais, lá a maioria das pessoas usa constantemente celulares high-end com recursos de câmeras, GPS, Bluetooth, MMS, entre outras funcionalidades mais avançadas.

Enfim, para que uma rede social aconteça no celular aqui no Brasil, é fundamental que esses fatores sejam levados em consideração. O valor para o usuário interagir deve ser baixo, se possível gratuito e o aplicativo deve ser direcionado para aparelhos low-end, ou seja, mais simples, se possível com funcionalidades principais em SMS e alguns complementos na web.

Vocês sabiam que no mundo há mais de 4 bilhões de celulares e somente 1 bilhão de pessoas que acessam a internet? Imagine quanta gente no mundo nunca ouviu falar de Google, Facebook, Orkut, MySpace, Twitter e está louco para ser inserido digital e socialmente?

Vê-se algumas iniciativas de valor nessa linha. Na África, um estudante do MIT está usando pessoas pobres para fazer pequenas tarefas no celular pelo serviço txteagle.com. Aqui o objetivo é criar uma rede de colaboração para tarefas que possam ser feitas via SMS no celular.

No Brasil é possível destacar dois serviços interessantes:

.SMS

Em primeiro lugar um serviço chamado .SMS (é isso mesmo, tem um ponto antes). Nesse serviço você cria uma comunidade enviando um SMS gratuito para o número 49094. Por exemplo, você envia .PAQUERA para o número e recebe um torpedo de volta falando que sua comunidade está criada. Você divulga sua comunidade para seus amigos pedindo para eles enviarem .PAQUERA para 49094 e automaticamente eles entram na sua comunidade.

Para uma pessoa enviar SMS para a comunidade basta escrever .PAQUERA seguido da frase que deseja falar. O curioso e eficiente do serviço é que ninguém paga nada para criar comunidades e nem para enviar mensagens e paga somente R$ 0,10 para receber as mensagens. Ou seja, algo que está ao alcance do público pré-pago e com aparelhos simples.

Lembreto.com.br

Um serviço parecido é o lembreto.com.br onde um usuário cria seu canal de alertas e convida seus amigos a participar. Os amigos assinam esse canal e passam a receber torpedos sobre aquele assunto. Aqui cada torpedo recebido custa R$ 0,31 mais impostos e a interatividade é menor.

Em termos mundiais, uma rede social mobile curiosa que vem crescendo com sucesso é o iFISHu.com (analogia a frase “I fish you” que em português significa “Eu pesco você”).

Primeiramente o curioso é que ao entrar no site você tem a impressão que está em um aquário e não que está em uma rede social. A tela fica cheia de peixes e você deve escolher um deles para entrar no serviço.

Ao inserir o celular no campo de “Join” (entrar) o sistema te envia uma senha temporária no celular que você valida na web e logo em seguida ele pede para você registrar um apelido. Assim você já ganha o seu oceano e é convidado a pescar amigos no mundo real. É isso mesmo, o objetivo do jogo é pescar pessoas.

Quanto mais se pesca mais moedas ganha e mais chances tem de comprar novas espécies para seu peixe. Tudo é grátis dentro da rede social e eles dizem que muito mais novidades vão aparecer no site envolvendo o celular, que será a ferramenta exclusiva para inúmeras interações com o serviço.

Enfim, acredita-se que seja possível e que possamos fazer experiências para encontrar o caminho. O fato é que não será trivial fazer algo barato, bom e útil usando recursos básicos dos celulares. Na verdade temos que intensificar a tradicional busca por algo simples, objetivo e genial. [Webinsider]

.

<strong>Eduardo Lins</strong> (eduardo.henrique@comperantime.com) é gerente de inovação da <strong><a href="http://www.comperantime.com/" rel="externo">Compera nTime Yavox</strong></a> e apresenta treinamento junto ao <strong><a href="http://www.i-group.com.br" rel="externo">I-Group</strong></a>.

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7 respostas

  1. Pingback: Artigos sobre mobile | Freelancer
  2. Ótimo artigo! Pois é, o preço é o maior inimigo para o mercado deslanxar.

    O iFishU tem tudo pra dar certo, as mensagens são de graça.
    E pra melhorar, o serviço tem uma causa social bacana, você pode adotar uma tartaruga e monitora-la via GPS.

    Se quiserem se cadastrar, basta inserir seu celular na minha rede 🙂
    vamoss.ifishu.com

    Abraços!

  3. Olá, Dudu! Sinto-me orgulhoso!
    É muito bom vê-lo deslanchar nesta área tão complexa com toda a profundidade de conhecimentos que vc possui.
    O artigo está ótimo, de fácil entendimento para os leigos como eu.
    Parabéns e beijops com saudades!
    Tio Tavinho.

  4. Comparar o modelo da NTT DoCoMo com os de nossas operadoras fica até meio constrangedor.

    Se for pra começar é meio tirando impostos dos smartphones assim como foi feito com o PC popular. Sei que o 3G ainda é meio caro, mas esses smartphones tem conexão WI-FI e uma experiência de navegação e multimídia melhor para o usuário final. Aqui na capital sampa, conexões WI-FI são até meio comuns nas casas e apartamentos. O governo tem uma visão muito estreita (pequena mesmo) da tecnologia se reduzir o imposto, ele ganha muito mais na oportunidade de negócios gerados via mobilidae.

  5. O preço de telefonia móvel no país é indecente e os planos nada atrativos, sem falar no suporte ao usuário. O conceito de celular grátis atrelado a planos pós-pagos só surgiu no País há pouco tempo, quando no exterior isso ocorria há uma década atrás. Vergonhoso para um país com nossas dimensões e potencial de mercado.

    Creio que isso não deve limitar as perspectivas do mercado de softwares para o desenvolvimento de novas idéias que sejam revolucionárias, mas sim servir de catalizador para que alternativas viáveis sejam aprimoradas e oferecidas ao público.

    O cenário tende a mudar, em função da concorrência e certamente o mercado acompanhará. Num país onde há fila de espera para se comprar um iPhone a $1mil e tantos reais (antes aos Us$200 e caindo) – não se pode desprezar um nicho latente e lucrativo como a oferta de serviços.

  6. Olá,

    O problema é que R$0,10 por mensagem de sms ainda é caro, principalmente no contexto de uma rede social.

    10 mensagens por dia (que é uma interação baixa) pode custar R$30,00 no mês!

    É caro!

  7. Prezado Eduardo

    A resposta da Handcase a sua pergunta é sim.
    No dia 8 de junho anunciaremos as primeiras 70 redes sociais móveis, baseadas em nossos softwares.

    Atenciiosamente
    Silvia Strufaldi
    Diretora
    HANDCASE
    http://www.handycase.com

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