Os formulários online e os testes de paciência

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Quantas vezes você já entrou em um site, clicou em um botão e recebeu como resposta uma mensagem mais ou menos assim: “Você precisa ser cadastrado e estar logado para realizar esta ação. Faça seu login (com link para os campos) ou cadastre-se (com link para o formulário)”?

Certamente não foi uma, nem foram duas as vezes em que uma situação assim já aconteceu, não é?

Se você quiser muito chegar até onde aquele botão te levaria (mas só te levaria se você fosse cadastrado e estivesse logado, claro), como durante uma compra online ou para baixar algum conteúdo e até mesmo para participar de alguma promoção (casos em que a obrigatoriedade de um cadastro é completamente justificada), é válido ir até a página de cadastro, realizar todo o processo, receber um e-mail de autenticação, autenticar seu cadastro e, então, poder se logar e (ufa!) ir até lá clicar no bendito botão novamente.

Mas, nem sempre é assim. Há sites que “fingem” entregar um super presente e, na verdade, sua única intenção é conseguir o máximo de cadastros possível, como se possuir uma base cheia de e-mails significasse sucesso. Ser obrigado a preencher um cadastro imenso só para, por exemplo, recomendar um produto, votar em alguém ou comentar sobre algum conteúdo (achei que os usuários deveriam ser incentivados a fazer isso e não enfrentarem dificuldades só por quererem participar) é brincar com a paciência do usuário.

Nessas horas, é mais fácil fechar a janela do browser e seguir em frente.

O problema é quando precisamos, de verdade, preencher algum formulário na internet. A partir do momento em que é unânime a opinião de que preencher campos em branco é muito chato, por que não tornar esse momento um pouquinho mais agradável?

E escrevo isso partindo do princípio de que os formulários estejam funcionando perfeitamente. Porque antes de ser legal, os cadastros precisam funcionar e, pasmem, muitos deles estão cheios de bugs e simplesmente não permitem que o pobre usuário termine sua árdua tarefa em paz!

Mas, vamos imaginar que o cadastro esteja em perfeito funcionamento. A partir daí, é preciso pensar se a maneira que os campos são apresentados e se a organização da informação estão primando pela qualidade, pela satisfação do usuário e pelo preenchimento das informações com menos “sujeira” possível, formando uma base limpa e minimizandos os erros/dúvidas. Para isso, as métricas são fundamentais.

E é dever do arquiteto de informação, sempre alinhado com a equipe de tecnologia e de design, estudar o público-alvo, o objetivo do cliente/site, as boas práticas e realizar testes sempre que necessário. Não podemos esquecer também da acessibilidade, porque é inadmissível existirem tantos sites de e-commerce (só para citar um exemplo) que não permitem que todos os tipos de usuários cadastrem-se e comprem online.

Um caso clássico são as captchas, aquelas imagens que apresentam vários números/letras distorcidos para o usuário repetir em um campo ao lado ou abaixo. Um leitor de telas, como sabemos, não consegue ler imagem. Como um usuário deficiente visual poderá, então, completar um cadastro que faça uso desse tipo de verificação?

No site A list Apart (em inglês), são realizadas comparações muito ricas entre sites que prestam o mesmo tipo de serviço ou que possuem as mesmas funcionalidades. A diferença entre as maneiras em que os formulários são apresentadas é gritante e pode fazer toda a diferença no momento de decidir se devemos ou não fazer mais um cadastro em mais um site para ter acesso a mais uma funcionalidade na internet. O primeiro exemplo apresentado é de 2007 e compara o Google Vídeo com o Jumpcut.

O primeiro site apresenta um longo cadastro assim que você clica no botão para fazer o upload de um vídeo. Já o segundo realiza o upload, apresenta as opções de edição e, só depois que você já está familiarizado, está por dentro do que o site oferece e já sente o gostinho do seu vídeo no ar é que o formulário de cadastro, simples e objetivo, deve ser preenchido.

Em um artigo da Smashing Magazine (em inglês), estudos muito esclarecedores são apresentados sobre diversos aspectos dos formulários: o nome mais comum utilizado para a área de registro/cadastro do site, os locais em que esses links são comumente posicionados, o alinhamento dos campos, a obrigatoriedade, o design, entre outros. No site do livro Designing Interfaces também há vários insights sobre a maneira de organizar e projetar formulários.

Outro fator muito importante é o alinhamento e a posição dos botões de ação, como o enviar, voltar, cancelar, desfazer. Sobre isso, Rogério Pereira publicou um post bem interessante.

E para quem quer se aprofundar no assunto e fazer a diferença no momento de planejar e de projetar formulários (os usuários agradecem!), vale a pena conferir a apresentação Melhores Práticas para Formulários Web (em inglês), elaborada por Luke Wroblewski. [Webinsider]

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<strong>Carla Martins</strong> é jornalista e arquiteta de informação, atualmente na <a href="http://www.rederecord.com.br/" rel="externo">Rede Record</a></strong>. Mantém um <strong><a href="http://www.carlamartins.com/blog/" rel="externo">blog sobre internet</a></strong> e outro <a href="http://www.leituramaisqueobrigatoria.blogspot.com/" rel="externo">sobre literatura</a></strong>.

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6 respostas

  1. Muito bacana o post.

    Acredito que cadastros são válidos, quando existe uma estratégia de relacionamento por trás do que se está oferecendo, ou se é para algo relacionado a uma compra que você está fazendo.

    O que acontece é que muitos sites, utilizam desta barreira para simplesmente jogar os dados do usuário numa base de dados que sabe Deus pra onde vai.

    Com relação a posição dos botões e ordem de leitura, eu particularmente me atento muito na hora de propor uma solução que envolva esse tipo de ação, pois algo simples, fácil e objetivo causa uma boa impressão ao usuário, que com certeza voltará ao site e indicará para outras pessoas.

    Um abraço e parabéns pela matéria.
    Renan

  2. Concordo com você Carla. Os formulários de cadastro, assim como o fluxo que leva o usuário ao mesmo, precisam ser cuidadosamente estudados para não transformar a experiência do usuário negativa. Caso isso ocorra, o resultado será a desistência de uma compra ou a de uma participação, por exemplo. Garanto que ninguém espera por isso.
    Muitas vezes, pensando no usuário, temos que abrir mão de informações importantes para a empresa e pensar em uma nova estratégia. Como conseguir essa informação do cadastrado posteriormente de forma mais agradável? Com auxilio das equipes é possível encontrar uma solução.
    O site de Diva, por exemplo, possuí um cadastro imenso dividido por 4 passos. É desanimador só de olhar.

    Bjs

  3. Olá Carla, agora é minha vez de elogiar você!

    Obrigada pelas dicas sugeridas no seu post. Serão muito úteis.

    Aproveito para fazer aqui um pedido de mobilização para o TI das empresas: conversem mais com os Arquitetos da Informação e o pessoal de CRM que vocês trabalham e pensem juntos uma maneira de evoluir o banco de dados para que possam ser implementados novos métodos de cadastro mais práticos, acessíveis e rápidos.

    Beijos.

  4. Já deixei de comentar centenas de vezes algum conteudo na internet, tudo por causa do cadastro que muitos sites pedem. Acho uma tremenda burrice pedirem cadastro para realizar um simples comentário.

  5. Carla,

    Parabéns pela escolha do assunto e pela maneira como ele foi exposto, achei muito legal mesmo.

    Estou indicando a sua opinião e a matéria da Smash no nosso site que será lançado em breve – ele está em alfa no endereço que preenchi no formulário bem feitinho acima 🙂

    Um abraço e mais uma vez parabéns!

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