Equilíbrio é conciliar trabalho e vida pessoal

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Ao se fazer o planejamento de uma empresa, a primeira coisa que se projeta é quando será atingido o ponto de equilíbrio. Mas por que não se fala em ponto de equilíbrio do ser humano?

Nesses tempos de crise, em que a cobrança por resultados aumenta ainda mais, trabalhar virou um vício. Em muitas organizações, passou a ser uma crença, um valor, como se ficar à disposição da empresa mais horas fosse garantia de se manter empregado.

Na vida, tudo depende de equilíbrio. Nada – seja trabalho, prazer, amor – deve ser colocado como fim, como único e mais forte objetivo. Tudo isso são meios para se alcançar a qualidade de vida desejada. A própria crise que o mundo enfrenta hoje foi gerada por um desequilíbrio provocado por uma quantidade enorme de pessoas que transformou a riqueza e o dinheiro em um fim, sem se importar com as consequências.

Durante minha longa carreira de consultor, tive inúmeros exemplos de profissionais que focaram o trabalho como meta principal e, apesar do sucesso na carreira, tiveram problemas na vida pessoal. Uns não viram os filhos crescer, outros não deram a atenção devida aos cônjuges, outros tantos se afastaram dos amigos e parentes, sem falar naqueles que não cuidaram da própria saúde, acreditando que o vigor dos primeiros anos iria se conservar durante toda a carreira.

Performance versus mais horas

A partir dos anos 1990, com o avanço da tecnologia e o advento do telefone celular e principalmente da internet, que facilitou a comunicação de longa distância, implantou-se uma nova cultura no mundo corporativo: a dos resultados.

Com ela, expressões como “comprometimento”, “renda variável” e outros passaram a ter novos significados que podem ser resumidos em um único conceito: quanto mais se trabalha, mais se ganha.

Mas “trabalhar mais” não deve significar trabalhar mais horas, mas sim trabalhar melhor durante as horas destinadas ao trabalho. Não é um problema de quantidade, mas de qualidade. Comprometimento é trabalhar com paixão, com emoção, com mais intensidade, mas as pessoas perderam a noção do equilíbrio e estão fazendo escolhas equivocadas.

Pode-se vestir a camisa da empresa trabalhando oito horas por dia e trazendo resultados. De que adianta ser um abnegado que trabalha 14 horas, abdica da vida pessoal, mas não traz resultados? Esse sim tem grandes possibilidades de, apesar de todo o esforço, ficar fora do mercado.

Usando uma metáfora futebolística, tem time que chuta 50 bolas ao gol e não marca. Tem time que chuta três e faz dois. A preocupação das empresas tem de ser com performance (alta ou baixa) e não são as horas trabalhadas que determinam isso. Performance é determinada por talento, inteligência, aptidão para o negócio, inovação, visão estratégica. E essa avaliação não é só numérica: o time é inovador? Traz ideias novas? Resolve os problemas?

Para o presidente da empresa e o conselho, o que importa é ter um time de alta performance, que traz resultados, e não as horas trabalhadas. Volto a dizer, porque isso é muito importante: comprometimento é trabalhar com paixão, com emoção, com mais intensidade no período destinado à atividade profissional, mas as pessoas perderam a noção do equilíbrio e estão fazendo escolhas equivocadas.

E como atingir esse equilíbrio tão necessário? Com disciplina ? para não se deixar levar pelo exagero patológico em qualquer um dos lados dessa balança – e com o entendimento de que a vida tem muitos caminhos e que posso estar trilhando apenas um ou dois.

Se eu recebo 300 e-mails por dia, será que preciso responder a todos no mesmo dia? Não posso deixar alguns para amanhã? Se eu esqueço o celular em casa, preciso voltar para buscar?

As pessoas não conseguem trabalhar em “Frequência Modulada”. Esse entendimento só se atinge com a maturidade, com a evolução espiritual, depois de ter apanhado muito na vida, ter visto que fez escolhas erradas lá atrás, ter enxergado, refletido, meditado que alguns caminhos que percorreu não foram os melhores.

Só depois disso seremos capazes de fazer um movimento para mudar, para melhorar, para equilibrar as coisas. [Webinsider]

.

Ruy Philip é consultor sênior e sócio diretor da Transearch Brasil.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

11 respostas

  1. Muitas vezes senti-me descontrolada com meus afazeres em casa e no trabalho, antes eu cuidava da minha casa e de mim principalmente, só que depois de ser promovida para trabalhar em uma empresa com função de secretária fiquei sem equilíbrip, eu trabalhava além das 8 horas proporcionais e acabava ficando estressada e com a saúde bem abaixo do grau saudaável.
    Mas, aí apareceu a faculdade de ADM, com os professores de Psicologia nos ensinando como ter equilíbrioem uma empresa eu conseguir e venho progredindo mais no meu trabalho e na minha vida partilar.
    Agora tenho pensamento centralizado e escolho as coisas certas nas horas certas é muito bom e gratificante………………….
    Eu sou a Marcia da Faculdade de Administração – facite.

  2. Ruy, parabéns pelo artigo!

    É interessante abordar esse tema porque chegamos ao ponto de avaliarmos a que ponto o progresso nos levou e qual é o seu custo. Muitos de nós são obrigados a viver o ritmo histérico que o mercado e as empresas impõem para mantermos nossas contas em dia e deixamos de lado pessoas e momentos que talvez não possamos mais viver como o crescimento dos filhos ou a companhia da pessoa que escolhemos para estar ao nosso lado.

    Será que trabalhando 14 horas por dia estamos mesmo garantindo felicidade para nós e para quem amamos? Precisamos rever o que é mais valioso, o que vai tornar a vida válida em todos os sentidos. E somente o equilíbrio vai permitir que a vida seja realmente vivida.

  3. O artigo ficou ótimo, parabéns.

    Acredito que as empresas caíram em um ciclo vicioso onde os resultados imediatos são mais importantes que qualquer outra coisa. Infelizmente, o tal ciclo se torna ruim para os dois lados, pois os profissionais se tornam robôs e as empresas perdem em qualidade e criatividade (o que obviamente também quer dizer faturamento).

    É fácil chegar à conclusão de que o cenário não sofrerá grandes mudanças tão cedo, mas vale à pena torcer e ? principalmente ? fazer alguma coisa em pro dessas mudanças.

  4. Muito bom o artigo, gostei dos outros comentários, fácil não é. Você estuda, paga faculdade cara e precisa se dedicar pra arrumar emprego, a concorrência é alta, o salário é baixo e eu ainda trabalho em uma empresa que preciso bater cartão… as vezes abusava com a moto no trânsito pra evitar perder a hora de bater o ponto (já desisti e ainda estou vivo, SORTE). O mundo mudou, só as empresas que ainda não acordaram.

    Atualmente to frustrado demais com a vida, o trabalho, os horários, o preço das coisas (comparadas com o salário). Se trabalhasse das 10 as 16 produziria umas 3x mais, teria tempo pra mim, pra família e pra resolver os problemas cotidianos.

    Um dia eu abro um negócio bem planejado!

  5. No ponto. Muitos dos workaholics contribuem enormemente para a exaustao dos recursos naturais da Terra, mas a crise mundial chegou também para mostrar alternativas, que cedo ou tarde vão ser implementadas. Toda uma nova filosofia de trabalho pode estar vindo por aí.

  6. Parabéns pelo artigo!

    Certamente esse é o segredo do sucesso!

    Se não houver equilíbrio, haverá consequências ruins há médio ou longo prazos.

    Está na hora dos profissionais e mesmo dos contratantes enxergarem essa necessidade e mudarem seus perfis. Só assim, teremos um mercado mais justo!

  7. É Alysson, somos dois cara, tb tô passando por isso. É nessa hora que a gente pára e olha, planejar é tudo, embora não seja muito fácil disciplinarmo-nos quando temos uma rotina já adoptada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *