Ponto de ruptura para o profissional de comunicação

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O debate sobre a indústria da informação não deve ser feito apenas sob o ponto de vista dos meios de comunicação e ser auto-referente.

É necessário ampliar a visão, do contrário pode-se perder oportunidades significativas.

A Apple, por exemplo, modificou a venda de música com o iPod e a loja virtual iTunes, mesmo sem ter experiência no setor. A loja virtual Amazon quer fazer o mesmo com o mundo editorial. Lançou o Kindle, seu leitor de livros em formato digital.

Enquanto a mudança demora para alguns, outros já investem no novo meio, criando grande capital social mesmo sem possuir experiência anterior com a indústria da informação. O Move That Jukebox, por exemplo, é um dos blogs de música mais conceituados do Brasil. Quando foi criado, muitos dos seus integrantes eram menores de idade.

No livro Criatividade e Grupos Criativos, o sociólogo Domenico de Masi defende que a criatividade talvez não seja a menor distância entre dois pontos, mas é a mais produtiva. Esse desvio torna possível, inclusive, transformar e recriar o que foi desenvolvido para um fim, mas que encontra outra utilização prática.

As mudanças trazidas pela internet são amplas. Nem sempre traz algo novo, mas potencializa tendências e demandas reprimidas do mundo offline, criando caminhos e soluções inesperadas.

O primeiro setor a ser afetado significativamente pela internet foi o entretenimento, com mais evidência a indústria fonográfica. Agora é a vez da comunicação. Provavelmente, não serão as únicas. Na verdade, a grande rede simboliza diversas mudanças tecnológicas atuais, que devem resultar em alterações significativas na sociedade.

Muitas vezes, fala-se que o passado ensina, com ele aprendemos lições importantes. Provavelmente as alterações resultantes da sociedade conectada sejam tão grandes que mirar o passado não seja o parâmetro ideal do que está acontecendo.

Se eu tivesse perguntado a um consumidor o que ele precisava, ele me teria pedido um cavalo mais veloz, afirmou Henry Ford, empresário que revolucionou a indústria automobilística.

Podemos estar em outro momento de ruptura. Essa transição faz com que muitos fiquem ansiosos, temerosos pelo que pode vir ou mesmo tornem-se críticos mordazes das novidades propostas. O repórter norte-americano Dan Rather chegou a definir os blogueiros como “jornalistas de pijamas”. Hoje, grande parte das empresas de comunicação mantém blogs.

Sempre considerei falha a dicotomia entre velha e nova mídia, assim como a distinção entre on e offline. Um meio de comunicação antigo pode ser revisitado, reinventado até. Por outro lado, uma nova tendência de comunicação pode não vingar, ser abandonada sem que haja uma ampla utilização dela. Ademais, hoje os meios apontam para uma simbiose entre eles. Cada vez mais a convergência se mostra verdadeira.

Qual será a fonte mais utilizada para conseguir informação, num mundo em que cada vez mais se cria conteúdo online (via blogs, redes sociais etc.)? Para além da disputa – boba – entre blogueiros e jornalistas, não acredito numa separação tão definida. Há espaço para a mídia consolidada, novas propostas de divulgação e a simbiose entre os diversos meios de comunicação. O que vale, no final das contas, é a credibilidade do veículo.

O clima é favorável à criação, ao lançamento de novas propostas. Quem trabalha com comunicação deve perceber justamente isso: sua área é a informação, que não precisa estar atrelada a um suporte físico ou um estilo específico de atuação. [Webinsider]

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Esse texto faz parte do livro digital Comunicação em Rede, que pode ser acessado gratuitamente. A obra versa sobre a informação na era digital: jornalismo online, mídia social, jornalismo cidadão etc. Não é necessário fazer download: você tem acesso ao conteúdo da obra através do mapa da página. Em cada capítulo, há subdivisões.
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<strong>Charles Cadé</strong> (contato@charlescade.com) é jornalista, assessor de comunicação, consultor de projetos online e mantém o site <strong><a href="http://www.charlescade.com.br" rel="externo">Charles Cadé</a></strong>.

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7 respostas

  1. Isso mesmo Charles. O que venho aprendendo e apreendendo das palestras que assisto e das conversas que tenho, é que nada é substituído, mas que é tudo um somatório de experiências. Uma plataforma não elimina a outra, elas se complementam. A relevância está em como os comunicadores vão se adaptar às particularidades de cada uma delas. No contexto jornalístico então, o jornalista se torna irrelevante, mas o jornalismo fundamental. A relevância é a linguagem e o conteúdo (o bom conteúdo) torna-se rei! Ele virou o grande capital. Abraços

  2. Nós sempre temos que estar em constante mudança, para nos adaptarmos aos meios de comunicação. De que adianta fazer algo pelo qual as pessoas não se interessam ou que seja incompatível com a mídia na qual está sendo veiculado?

  3. O final é a tradução do que penso a respeito das profissões que envolvem comunicação. Tudo pode ser ferramenta para se comunicar, a informação pode ganhar o formato que precisar, sem amarras, o que falta , e isso é o que percebo ao meu redor, é entender os objetivos de cada informação e a melhor forma dela chegar ao seu destino, e não essa linha dura de trabalhar com um forma que dá certo, arriscar mais, mas não só por arriscar, experimentar em cima do que já se sabe e criar novas percepções.

  4. acho que se o autor do texto acreditasse piamente no que diz ou em seus augumentos, não veria a necessidade em escrever o texto.
    contrapõe o que não é contraditório, para indicar que a contradição que aponta não é indicada.
    oxe!

  5. Ótima colocação e bem argumentada.
    A matéria prima essencial dos profissionais de comunicação é a informação. O canal usado para levá-la ao receptor é muito importante, contudo a forma não deve ser mais relevante que o conteúdo. Assim, os veículos devem ser encarados como ferramentas! Parabéns!

  6. Charles,

    Parabens pelo texto.

    Um dos mais conscientes sobre as mudanças na comunicação (ou informação), que já li nos últimos tempos.

    Textos como os seus ajudam a reorganizar o caos dentro da cabeça de pessoas como eu, ainda estudantes de comunicação.

    Não conhecia o livro. Já está devidamente favoritado.

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