O Android vai repetir o início do Windows

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Sabe aquela mulher que tem o nariz perfeito, a boca perfeita, o queixo perfeito, os cabelos lisos e compridos e mesmo assim não encanta? Em compensação tem aquela com a boca grande, o nariz meio tortinho, cabelos cacheados e é de tirar o fôlego?

Para mim o iPhone é isso, tem defeitos, mas no conjunto é muito melhor do que os outros.

Quando a primeira versão foi lançada, vários saíram em ataque apontando defeitos: não tem conexão 3G, não grava vídeo, a câmera é ruim, não dá para copiar e colar e por aí vai. Mas nada substitui a experiência sensorial de utilizar um iPhone. Ele é sexy, bonito, ergonômico, desejado. Navega na internet como nenhum outro e o mais importante: é simples e fácil de usar. Só tem dois botões e após poucos minutos de uso já é possível entender sua lógica.

A ascensão meteórica do iPhone – que em apenas dois anos conquistou cerca de 18% do mercado de smartphones no mundo todo – alterou os padrões da indústria de celulares.

As características de inovação com que o iPhone e os produtos da Apple são feitos mostram que é possível vencer as barreiras burocráticas presentes na maioria das empresas, que se limitam a copiar produtos ou a desenvolver novos produtos sem empenho em viabilizar as melhores ideias por entraves internos.

Qualquer empresa grande que desenvolve novos produtos deve ter uma filosofia de inovação compartilhada por todos os colaboradores, como a Google, por exemplo.

Acredito que grande parte da inovação da Apple deve-se ao Steve Jobs – que aumenta o grau de exigência em relação a novos produtos, praticamente obrigando os engenheiros a se superarem. O fato é que funciona.

O Steve Jobs insistiu que usar aquela canetinha (Stylus) em smartphones era ridículo – se você tem dedos, por que não usá-los? Quando o iPhone foi lançado, meus amigos que trabalham na indústria de celular disseram que ele não funcionaria direito.

O principal argumento era que fazer telefone é muito mais complexo do que fazer iPod. A bateria precisa ser muito mais potente para suportar a emissão do sinal de voz (e dados) para a antena de celular e aguentar horas de conversação. A própria tecnologia de transmissão de voz é complexa e levou anos para ser depurada desde os primeiros celulares tijolões. Em suma: não funcionaria. Usar o dedo então, tosco?

O fato é que o iPhone funciona muito bem e a indústria foi obrigada a se mexer. E o que será que eles estão fazendo em resposta ao iPhone?

O BlackBerry virou touch screen – e usando o dedo (o modelo Storm). As resenhas apontam que o teclado touch screen não funciona bem e que o telefone ainda tem muitos bugs.

O iPhone nunca concorreu tão diretamente com o BlackBerry. A versão 3G do iPhone trouxe push mail e outras features essenciais para uso corporativo, mas em maio deste ano o BlackBerry voltou a superar as vendas do iPhone nos Estados Unidos. Realmente é um saco navegar no BlackBerry somente com aquele botão. Uma resposta antecipada a uma possível ameaça do iPhone – mas que ainda não emplacou. O carro-chefe da BlackBerry continua sendo o uso corporativo.

A Nokia lançou o N97. Tem teclado físico que desliza por baixo do aparelho e a home é “widgetizável”. Tem mapas, vídeos e você pode baixar aplicações em uma loja chamada Ovi Store. Acho que eles estão um pouco atrasados, você não acha? A Apple comemorou (há poucos meses) a marca de 1 bilhão de downloads de aplicativos na App Store. E o aparelho da Nokia me parece um pouco complexo de utilizar. Será que cai no gosto do consumidor?

A Sony Ericsson anunciou o Satio. Parece um pouco com o iPhone, mas tem uma câmera fotográfica poderosa de 12,1 megapixels e flash de Xenon. Toca músicas também. A maior inovação beneficiará os gamemaníacos, já que os aparelhos da Sony Ericsson terão integração com o Play Station. Os aparelhos Aino e Yari também foram anunciados e chegarão ao mercado no segundo semestre.

A Motorola escreveu no site: “Se você já segue tendências, siga a Motorola no Twitter”. Hummm? Um dia a Motorola fez os melhores celulares. Depois a Nokia, depois a Sony Ericsson. Hoje é a Apple.

Vamos relembrar a história de sucesso da Microsoft. A IBM contratou o Bill Gates (pela segunda vez) para fazer um sistema operacional que tornaria seu produto diferenciado: o OS2.

Isso mesmo, a IBM achou que um sistema operacional inovador tornaria seu computador pessoal diferente do produto da concorrência – que por sua vez tinha copiado o DOS (também desenvolvido – ou melhor, foi comprado de um terceiro – pela Microsoft).

Paralelamente ao desenvolvimento do OS2 a Microsoft construiu outro sistema operacional, o Windows, que seria compatível com o OS2 da IBM, mas que poderia ser vendido para todos os concorrentes deles. O Bill Gates logo percebeu que seria muito mais rico se vendesse para todos do que somente para uma fatia do mercado.

Assim como o diferencial da IBM caiu por água abaixo quando a Microsoft lançou o Windows no mercado (e passou a equipar os computadores da concorrência), o principal candidato a desbancar o iPhone não é um fabricante de hardware. E sim de software: o Google.

O sistema operacional Android possui código aberto. Conforme ficar cada vez mais poderoso (pois contará com a inteligência colaborativa de programadores do mundo todo), irá equipar cada vez mais aparelhos, e talvez desbancar o iPhone.

O Android representará para o iPhone OS o que o Windows representa para o Mac OS. A Apple continuará sendo uma heroína da resistência mantendo seus sistemas operacionais proprietários, enquanto o restante do mercado se reunirá em torno de outros poucos sistemas operacionais.

A chave do sucesso da Apple é o casamento hardware + software. O Mac é um sucesso, o iPhone, o iPod. O iPhone só será desbancado quando houver um concorrente à altura para desenvolver um aparelho e um sistema operacional que o superem (o que está longe de acontecer) – ou quando o Android ficar tão bom que não valerá mais a pena usar iPhone.

Enquanto isso as vendas de iPhone só tendem a aumentar.  [Webinsider]

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<strong>Rodolpho Ramirez</strong> (rodolpho arroba pixel . com . br) é diretor da <strong><a href="http://www.pixel.com.br/" rel="externo">Pixel</a></strong> Comunicação Digital e mantém o blog <strong><a href="http://www.ramirez.com.br/" rel="externo">Techomunicabilidade</a></strong>.

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4 respostas

  1. Excelente artigo, concordo com tudo!
    Na minha opnião, o Google está no caminho certo. O HTC Hero que será lançado em breve com Android já se aproxima MUITO do iPhone. Em dois anos o Android dominará o mercado de smartphones, porém acredito que o iPhone continuará existindo para atender aos consumidores fãs da Apple.

  2. Só não se esqueça que quando o iPhone foi apresentado em janeiro de 2007, estava anos luz à frente da concorrência que só agora começaram a ligar sua copiadoras e copiarem além do iPhone o modelo de negócio, pois o iPhone não é só mais um aparelho, ele traz consigo o ecossistema AppStore e iTunes Store.
    Mas até a indústria conseguir a excelêcia que a Apple embarcou no iPhone, ela já terá algo mais novo e inovador no forno e a novamente a indústria vai ligar suas copiadoras e o círculo vicioso terá início novamente…

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