Comunicação corporativa é frágil diante da internet

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Antigamente, talvez antes da revolução industrial, quando as empresas não eram estas enormes corporações que vemos hoje em dia, quando as empresas não produziam tanto, quando elas ainda vendiam mais para seus bairros, seus conhecidos e parceiros, quando as técnicas de marketing ainda estavam engatinhando, nesta época os próprios donos vendiam seus produtos e serviços, eles falavam com seus clientes, entendiam seus clientes. Ou pelo menos podiam fazê-lo.

Com o aumento massivo da produção, concorrências, necessidades de produtividades ao máximo, vieram as departamentalizações e as terceirizações. A comunicação foi terceirizada.

A era das agências de propaganda estava iniciada. As empresas passaram a ter departamentos de marketing focados em gerenciar as agências para que estas falassem da melhor forma de suas empresas. As agências passaram a falar por elas.

Nós sabemos que quem nos enche de publicidade são as agências, mas fingimos que são as marcas e as empresas. As empresas nunca falam conosco!

Não pelos meios de comunicação. Elas não se comunicam. Elas compram esta comunicação. As agências falam por elas. E nós aceitamos. É o que dá para ser.

Era. A internet e seu atual estágio “2.0”, ou, como queiram, a “internet colaborativa”, quebra tudo isto e volta às origens.

Nesta nova internet, as empresas passaram a ter a possibilidade e, mais que tudo, serem cobradas por isto, de se comunicar diretamente com seus públicos!

Puxa, que legal! Legal para nós, o público, pois para as empresas, e para as agências de publicidade, tem sido, apesar de uma enorme oportunidade para todos, um desafio e um estorvo (até então) enorme e quase avassalador.

Nem as empresas e nem as agências sabem fazer isto. Quem sabe? Como fazer? As agências estão aprendendo como fazer mídia, produzir conteúdo multimídia e entretenimento, na internet, mas não sabem e nem poderiam conseguir falar com cada usuário de seus clientes.

E as empresas não tem isto. Nem sabem falar. Debatem-se internamente: “Quem responde? O que precisamos falar? Como falamos?”

O usuário demanda muito!  Demanda tecnicidades a respeito dos produtos, detalhes dos serviços, serviços e informações financeiras, negociações e informações em geral. Os usuários demandam muita atenção e dedicação.

Esta tal web 2.0 demanda muito! As empresas precisam, agora, repensar seus departamentos. Talvez o Departamento de Marketing seja, agora, definitivamente, o Departamento de Comunicação e Marketing, onde o elemento Comunicação seja, sobre tudo, Comunicação Digital e tenha gente capacitada a falar ou delegar internamente toda e qualquer necessidade do público.

Ou talvez a empresa deva ter, em cada um de seus diversos departamentos, alguém responsável pela comunicação digital de sua área. Não sei o formato, mas o certo é que as empresas não podem mais contar 100% com as agências de publicidade falando por elas.

As empresas, agora, precisam “falar com as próprias pernas”.  [Webinsider]

.

João Ghinato Atual CIO e CTO da Flag (Cubocc), empresa do Interpublic Group (IPG).

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9 respostas

  1. Caro Alexandre Bigaiski, concordo plenamente que as agências não devem ser descartadas, nem é o que eu defendo no artigo.
    Pelo contrário, a necessidade de apoio das agências cresce.
    O que defendo é somente que as empresas não podem contar somente com as agências, tal como algumas empresas o fazem.
    Não dá mais para tapar o sol com a peneira e, penso, depender somente das agências, por melhor que elas falem em nome do cliente e por melhor que venham a falar, ainda assim será tapar o sol com a peneira pois as necessidades dos públicos, quando se tem canais digitais de comunicação, são muito pontuais, às vezes técnicas e trabalhosas. Neste tipo de necessidade dos públicos, quem deve falar são as empresas e se não falarem, a concorrência falará!
    Se correr o bixo pega e se ficar o bixo come.
    Na comunicação promocional e publicitária eu não tenho dúvidas que as agências permanecem e até aumentam sua atuação.

    Obrigado pelo comentário!

  2. Uma empresa que trabalha com informática, por exemplo, domina a área de informática, e não de comunicação. É aí que entram as agências de publicidade, para se comunicar com o público deles.

    Existem algumas empresas que possuem house agencies (agências de comunicação dentro da própria empresa), o que garante uma comunicação mais direta, por assim dizer, com o seu público.

    Claro que as empresas devem se comunicar diretamente com o seu público, mas as agências de comunicação servem pra isso mesmo. Pelo menos, serviam até o momento.

    Acho que a agência não deve ser dispensada, e sim deve-se agregar a comunicação direta da empresa com o cliente com o trabalho da agência.

  3. Olá Geraldo. Infelizmente não sei muito sobre o blog da Petrobrás.
    Mas o fato é que ter uma presença digital pronta e direcionada para falar com os seus públicos, é definitivamente muito mais do que ter um blog.
    A Petrobrás deve ter por volta de uma centena de públicos distintos e para isto deveria ter uma estratégia de comunicação para cada um destes públicos.
    Ter um blog e achar que está falando com seus públicos é, no mínimo, ingenuidade.
    Eu diria que um blog corporativo é uma necessidade sim, mas é a ponta do icebergh.
    É preciso ter um estudo MUITO sério sobre cada necessidade de cada público. Falar corporativamente, daqui por diante, significa estar voltado para seus públicos. Significará ter uma estrutura que interaja naturalmente com o ambiente digital e com as inúmeras demandas de seus públicos.
    As empresas mais espertas logo se tocarão que é preciso ter incluído o ambiente digital e suas estratégias de mais alto nível.
    Como já disse Cesar Paz, aqui na Webinsider, em artigo que já data de 3 anos (http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/09/25/a-empresa-digital/), será necessário que as empresas considerem, de seu planejamento estratégico, o plano tático e operacional para o ambiente digital. E quando se fala em ambiente digital, falamos essencialmente de comunicação.
    Espero que a Petrobrás avance em sua iniciativa de comunicação e ponha muito mais a cara à tapa, pois é isto que todas as empresas deverão fazer daqui para a frente. E, é claro, para não levarem somente tapas e correrem riscos em suas marcas, sugiro (novamente), um FORTE planejamento digital.

    Abraço.

  4. É, João… Definitivamente o modelo mental dos empresários e executivos em geral (raras são as exceções) negligencia a comunicação em qualquer relação cliente-fornecedor, seja interna ou externa. Há que se provocar profundas mudanças nas cabeças… duro desafio…

  5. Ghinato

    É muito bom poder ter um profissional que consegue ter uma visão bem mais ampla do que envolvem os complexos sistemas de comunicação.
    Verque empresas, agências e profissionais devem se despir de pré conceitos e reformularem suas posições. Seu texto foi, ou melhor, é muito oportuno. Parabéns. Expressa muito do que pensava por muito tempo. Afinal, sou um publicitário que se aventura há 10 anos no meio virtual.
    abs
    Walcyr Mattoso

  6. Caro João,

    certamente, as empresas precisam a voltar a falar por si, mas não como está fazendo o blog da Petrobrás…

    Se à primeira vista parece impactante, o seu conteúdo é totalmente tresloucado da realidade da empresa.

    Afinal, qual é mesmo o produto da Petrobrás ao longo do governo Lula?

  7. Olá Flávio.
    Quem bom que gostou.
    Realmente esta já é uma realidade para uma parcela mínima das corporações.
    A maioria está batendo cabeça e, infelizmente, sequer considera a opção de falar diretamente. Escondem-se armário para ver se o cenário muda. Não mudará. Ou melhor, se acentuará neste sentido. Todos nós, profissionais de Internet, sabemos disto.
    Talvez não fosse tão difícil se aceitassem este desafio desde já.
    Isto vai ter custo ? Com certeza!
    É fácil ? Não!
    Precisam de apoio? Possivelmente!
    Mas tem de ser feito.

    Parabéns às que saem na frente, pois é delas o reino dos céus!
    Aleluia, Flávio !! 😉

  8. João, primeiramente parabéns pelo texto, muito bom seu artigo.

    O bom é que algumas empresas já se conscientizaram disso e, mesmo sem dispensar a agencia, fazem um trabalho paralelo mantendo uma comunicação direta com o cliente, ouvindo e respondendo o que ele tem a dizer. Claro que ferramentas da atualidade tem ajudado nesta função, tais como twitter, blogs corporativos, etc.

    Só resta agora as demais aderirem, mas muitas ainda tem medo de ouvir criticas. Bom, espero que logo isso mude!

    Grande abraço!
    F#Levi

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