Políticos nas mídias sociais: sem atos secretos

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A Câmara dos Deputados aprovou recentemente texto básico da proposta de reforma na lei eleitoral. Entre as ratificações do texto está o veto ao uso de imagens e voz de adversários na propaganda política para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual nas eleições 2010.

Mais do que isso, fica liberada a propaganda nos sites de relacionamento como Twitter e Orkut, além do uso de e-mails. Como era esperado, o texto veda a propaganda em qualquer portal de empresa ou da administração direta ou indireta da União, Estados e municípios. O projeto ainda será encaminhado à apreciação do Senado. Se aprovado e promulgado até o inicio de outubro de 2009, as novas regras eleitorais valerão para as eleições do ano que vem.

Vamos à discussão: será que os políticos que cometem os mais diversos ?atos secretos? poderão se aventurar nas mídias sociais? No geral, quando pensamos em política no Brasil, particularmente, as coisas não cheiram muito bem.  Será que os candidatos às eleições de 2010 terão coragem de enfrentar os eleitores no Twitter e em comunidades no Orkut? Imagine o Sarney: como ele poderia fazer uma campanha de reeleição pela web ao Senado com tanta gente falando mal de sua gestão anterior como presidente do Senado?

A maioria dos candidatos eleitos prova a cada dia que não podemos confiar nosso voto ao primeiro que aparece prometendo alguma coisa. Por isso, o lado bom da possibilidade de campanha de candidatos por meio de mídias sociais está na chance de troca, de interatividade, de podermos ?despir? e conhecer mais de perto quem quer nossa confiança. Quem tem telhado de vidro, com certeza vai optar por ficar de fora dessas mídias.

Quando falamos de campanha 2.0, como já se prevê, os candidatos terão que rever seus conceitos sobre o que é uma relação ?corpo a corpo? em mídias sociais:

Candidato do mundo real

  • Apresenta uma campanha planejada, com localização e horário determinados;
  • O discurso é produzido, editado e distribuído;
  • A experiência do contato com o eleitor é previsível;
  • O público é um consumidor passivo.

Candidato das mídias sociais

  • Terá que estar aberto ao diálogo com qualquer um, de qualquer lugar (no planeta), a qualquer momento;
  • O seu discurso deverá ser autogerado e distribuído gratuitamente;
  • Suas experiências como candidato deverão ser colaborativas, baseadas nos interesses e nos relacionamentos dos eleitores e não em suas promessas;
  • O candidato terá que ter como lei que o eleitor é agente ativo em sua campanha online e não vai aceitar respostas frias.

Quem se aventurar em uma campanha usando mídias sociais não poderá esquecer também:

O caráter exponencial e coletivo: a resposta que o Serra der a um eleitor poderá ser lida por milhares – e contestada publicamente;

A paixão: estar junto com outros por determinada causa é fruto de uma relação baseada na verdade do candidato – inquestionável. Se ele não for leal, pior para ele.

O valor: os candidatos verão que o valor do voto não reside no tamanho de uma comunidade, mas sim na quantidade de pessoas que interagem dentro dela.

Perfil: Não vai ser fácil engolir que um senador com ?atos secretos? e perfil conservador está se aventurando pelo Twitter. Os candidatos deverão ser seletivos quanto às mídias para não cair no ridículo ou passar um ar de falso perfil. Já o internauta deverá ficar atento para saber se ele fala realmente com o candidato ou com um assessor de imprensa.  Ou seja, você perceberá que cabe mais ao Sarney ter um blog do que um perfil no Orkut ou Twitter.

Cabo eleitoral: para as mídias que talvez não caibam ao perfil, os candidatos terão que lançar mão de “cabos eleitorais online”, responsável por identificar e influenciar “alfas” em seus redutos. Cabe ao eleitor ficar atento a esse tipo de relacionamento e aceitar ou não a abordagem.

Aprendizado: mais do que ganhar votos, se o candidato realmente for verdadeiro e fiel aos seus eleitores, terá a chance de escutá-los e aprender com eles, encorajando-os em relação à sua campanha.

Relacionamento: eleito, o candidato que souber usar as novas mídias terá que provar que realmente é merecedor da atenção daqueles que o elegeram. Prometeu, terá que cumprir e dialogar com seus eleitores via mídias sociais no pós-eleição. Do contrário, adeus reputação nas próximas votações.

Resumindo, se você vai sair candidato, fique alerta: o eleitor presente nas mídias sociais tem um perfil diferente do mundo offline. Ou ele odeia ou ele ama uma causa. Já você, eleitor, fique atento às promessas e saiba cobrar coletivamente seus direitos. [Webinsider]

.

Hélio Basso (heliobasso@ideiasa.com) é diretor de atendimento da Ideia s/a Agência de Mídias Sociais e mantém o Twitter @midias_sociais

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7 respostas

  1. Político 2.0?

    Os políticos deveriam usar as redes sociais para saber as opinões dos seus eleitores, sobre assuntos como esse do Sarney, e não depender somente da opinião dos partidos…

    eles tem q aprender q antes de tudo, é o povo q os elegem e não os seus partidos…eles são antes de tudo, representantes do povo e não dos seus partidos…

    CADÊ O POLÍTICO 2.0? Na verdade são Políticos 1.0 querendo se fazer de Políticos 2.0

    DETALHE…perder um FOLLOWER talvez seja o mesmo q perder um ELEITOR…vide Mercadante

  2. Oi Camilla,

    Seu comentário sobre o ficar de fora é certo. Concordo com ele. Como escrevi, nossos políticos terão que repensar sua forma de fazer política e, assim como acontece com as empresas, terão que ter a coragem de responder às perguntas dos eleitores – e não fazer como alguns que estão se lixando para a opinião pública.

    Por conta desse comportamento, quem tem telhado de vidro pode em um primeiro momento ficar com medo de ficar frente a frente com o eleitor no Twitter por exemplo. Eu, sinceramente, espero que possamos trocar e cobrar diretamente de nossos candidatos eleitos. Que eles tenham a capacidade de dialogar, sem se esconder em discursos vagos, defesas sem fundamento e comissões de ética.

  3. Caro Hélio, texto interessante. Mas discordo quando você fala que o Sarney não deveria usar twitter ou outras redes sociais. Você esquece que da mesma forma que ele é rejeitado por milhões de brasileiros, há uma GRANDE parcela da população do Maranhão e do Amapá – onde o mesmo tem base eleitoral – que gostaria de ter mais informações sobre a atuação parlamentar do senador.

    Eu talvez seguisse o perfil do senador, afinal é sempre bom conhecer a opinião direta da fonte (vide o caso do blog e twitter da Petrobrás). Mas claro… provavelmente ele não fará isso, por se tratar de um político conservador e preso aos esquemas usuais de toda eleição.

    Paulo Fava,
    Lula teve milhões de votos nas mais diversas classes sociais em todas as regiões do país; as pessoas votaram nele pelos mais diversos motivos – inclusive pelo Fome Zero e outras políticas sociais do governo, mas também devido ao desenvolvimento do país, pela diminuição do desemprego, etc. etc. etc.

    Seu raciocínio, portanto, é equivocado. Essa postura de atribuir o voto a Lula aos desinformados & lisos é por demais elitista.

  4. Post muito interessante, mas é uma pena que a maioria dos eleitores ainda não esteja conectado nas midias sociais.

    O Lula tem mais de 55 milhões de eleitores, graças ao Fome Zero, e não corre o risco de perder uma eleição tão fácil assim. Outros políticos estão na mesma situação.

    Aproveito para indicar a leitura das notícias publicadas no site da Transparência Brasil http://www.transparencia.org.br/index.html

    Abraços!

  5. Excelente!! Faz tempo que não podemos ignorar o poder da mídias sociais. Essa próxima eleição vai ser um novo marco em nossa democracia. Onde os eleitores estarão mais engajados pela possibilidade de conversar diretamente com os candidatos. Cabe aos nossos postulantes se prepararem pra essa nova realidade.

  6. Achei bem interessante o texto, espero que muitos aprendam com as dicas que você colocou aí. Só não concordo com a idéia de ficar de fora, na minha opinião isso é algo impossível, porque se ele não vai lá falar, vai deixar que todos os outros falem o que quiserem sem nem no mínimo se fazer presente. As redes sociais não são mais uma brincadeira virtual, se constituem num mundo bem concreto de opiniões e poderes. Fazer política e não estar nelas não é coerente.

  7. É por essas coisas que nessas eleções só vou dar atenção a politicos que colocarem a cara a tapa na internet, um exemplo claro, eu seguia o senador Mercadante no twitter, mas depois do rodizio de pizza que arquivou os processos do Sarney vi que ele não compriu com a palavra e unfollow nele.

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