Cinemas de rua com 70 mm

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Na segunda parte do assunto “cinemas de rua”, abordado na coluna anterior, quero aproveitar para fazer uma menção super especial à presença do formato 70 mm, tendo como referência os cinemas que freqüentei, desde a minha adolescência.

A referência não é desprovida de razão: com os filmes em 70 mm, as salas exibidoras brasileiras atingiram o ápice do cinema de espetáculo, e que marcou uma época bastante significativa, até o derradeiro fechamento das salas de exibição. Neste artigo, eu pretendo contar como isso foi possível, quais os recursos necessários, e como o formato e os próprios cinemas entraram em declínio.

Antes do 70 mm se estabelecer no gosto popular

No final da década de 1920, a Fox fez um esforço para implementar o 70 mm como formato de produção, num sistema chamado de “Grandeur“. Rodou “Fox Grandeur News“, em 1929 e terminou com “The Big Trail”, em 1930. Os poucos cinemas americanos que utilizaram a novidade, o fizeram com projetores Super Simplex, adaptado para 70 mm. O formato “Grandeur” não fez sucesso e teve morte prematura.

Os estúdios continuaram a rodar filmes no formato da academia, planos e sem nenhuma inovação maior à vista, até que a presença da televisão começou a incomodar.

E logo nas primeiras tentativas de combater a influência da televisão no público que ia ao cinema, apareceu, em 1952, o formato Cinerama, de três películas, projetado em uma tela com uma enorme curvatura (146º). E, logo a seguir, foi a M-G-M quem introduziu o formato “Camera 65″, com o filme “Ben-Hur”. Este formato destinava-se no início para filmagem exclusivamente, e o negativo seria então reduzido para cópias em 35 mm, para exibição, que foi, aliás, a forma como Ben-Hur foi exibido mundialmente. E, no caso, o original 65 mm seria fotografado com relação de aspecto (2.75:1), próxima ao aspecto do CinemaScope (2.55:1) de então, e transferida para 35 mm, com uma pequena perda nas laterais.

Só que, daí para frente, o 70 mm ganhou impulso como formato de produção (estoque de filme em 65 mm) e de exibição (positivo em 70 mm), nos cinemas norte-americanos.

O Cinerama chega a São Paulo

O Cinerama de três películas chegou em São Paulo, em 1959. A história foi detalhadamente contada por Antonio Ricardo Soriano, Atílio Santarelli e colaboradores, e mostrada num blog. O cinema Comodoro foi o seu lançador, e fez um imediato sucesso com a exibição do original de “Isto é Cinerama”.

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O Cinerama de 3 películas no Brasil só iria acontecer em São Paulo, e mesmo assim, após o formato entrar em decadência, o Comodoro rapidamente substituiu e adaptou o sistema de projeção para 70 mm, mantendo, entretanto, a mesma curvatura de tela, e com o uso de cópias retificadas dos filmes para telas daquela curvatura. O mesmo processo iria, mais tarde, ser usado no cine Roxy, no Rio de Janeiro, mantendo o logotipo “Cinerama”, e anunciado com nomes do tipo “Cinerama 70” ou “Super Cinerama”.

Apesar do avanço para as telas super largas, a situação no Rio de Janeiro, é bastante diferente

O Rio de Janeiro não viu nem o formato “Grandeur” nem o Cinerama de 3 películas e nem o 70 mm da M-G-M ou de outros estúdios.

O exibidor dominante na praça do Rio era Luiz Severiano Ribeiro. A trajetória da sua empresa e a de sua família está muito bem relatada no livro “O Rei do Cinema”, escrito por Toninho Vaz, com a colaboração de pesquisa de Vinícius Chiapetta Braga. Severiano, para o braço exibidor da empresa, fizera várias associações e parcerias com os estúdios americanos. Uma dessas parcerias, com a Fox Filmes, traria o CinemaScope para o cinema Palácio, com a primeira exibição do gênero no país do filme “O manto sagrado”.

Em seguida, não só Severiano como a própria M-G-M (dona dos cines Metro) iria trazer, no formato CinemaScope, todas as produções rodadas em 70 mm, em cópias reduzidas para 35 mm.

O processo de redução é feito por equipamento chamado de “optical printer“, que basicamente consiste num projetor cuja lente (anamórfica ou plana) faz incidir a imagem do fotograma diretamente na janela de uma câmera, desenhada para este fim. O interessante é que o optical printer já havia sido usado para converter negativos em Technirama para Technirama 70 (ou Super Technirama), portanto ele trabalha dos dois modos: reduzindo ou ampliando. E este recurso de ampliação foi o que permitiu, anos depois, o aproveitamento de muitos filmes rodados em 35 mm para exibição em 70 mm!

Com a redução do original 65 mm para 35 mm CinemaScope, reduziu-se também o número de canais estereofônicos, de 6 para 4, todos em banda magnética (tarja magnética gravada na película, contendo cada canal de áudio). E com essas cópias, filmes que já haviam sido produzidos em formato 70 mm tiveram seu trajeto em 35 mm nas telas cariocas da época: Ben-Hur (Camera 65, nos Metro), A volta ao mundo em 80 dias (Todd-AO, no Vitória), A noviça rebelde (Todd-AO, no Palácio), ou Amor sublime amor (Super Panavision, no Madrid). Todos esses filmes reduzidos iriam ver a luz das telas novamente, mas já no seu formato original, anos mais tarde. E só aí as pessoas poderiam ver a enorme diferença!

O 70 mm chega aos cinemas do Rio

Foi em 1965. Na porta do cinema Vitória, um cartaz anuncia “Em 70 mm e 6 faixas de som estereofônico”. O filme, “My Fair Lady”, fotografado em Super Panavision® 70:

 

Quando a música começou a tocar, naquela hoje clássica abertura com as flores, e a cortina da tela se abrindo totalmente, a platéia começa a perceber que existe algo novo no ar: é o resultado da combinação de uma imagem mais larga e mais alta, com a ajuda de cinco canais de som estereofônico na tela.

O resultado, para a platéia local, é algo em torno do espetacular, pois ninguém havia visto e ouvido algo igual até aquele momento. E o cinema Vitória foi adaptado para o chamado 70 mm plano, e neste a imagem não sofre compressão nem distorção ótica de qualquer espécie, pois o filme é previsto para ser projetado numa tela que não tem a curvatura tão acentuada, exigida para o Cinerama.

Na época em que o Vitória abriu, Hollywood já havia se entregue à prática de ampliar filmes rodados em 35 mm, para apresentação em 70 mm. E não tardou que este tipo de cópia chegasse ao cinema. Foi o caso, por exemplo, de Oliver! ou Dr. Jivago. E com este último, o resultado foi além do que se poderia esperar: com o som de dois címbalos, em cada extremo da tela, na música de abertura de Maurice Jarre, o impacto auditivo (e posteriormente visual) era tão grande, que mesmo que fosse avisado às pessoas se tratar de um filme em 35 mm, ninguém iria acreditar nisso!

A projeção de 35 mm no formato de 70 mm traz consigo pelo menos duas grandes vantagens: a concentração de luz, produzida na lanterna do projetor, é maior na janela onde passa o fotograma, do que na projeção convencional, e o resultado imediato é uma imagem maior, mais clara e mais nítida; além disso, a dinâmica e a clareza do som gravado nas seis pistas de banda magnética, é significativamente superior àquele gravado nos quatro canais estereofônicos das cópias em 35 mm, isso sem falar que nem seria possível comparar o resultado final, com as cópias mono, na baixa fidelidade do som de banda ótica.

A entrada em cena do Super Cinerama®

Com o sucesso e posterior declínio do Cinerama de três películas, Hollywood se voltou para a exibição de produções em 70 mm em uma tela de grande curvatura, e bem próxima da curvatura original do Cinerama. A vantagem, segundo seus principais proponentes (Michael Todd, por exemplo) era de usar uma só película, porém com a mesma claridade e abrangência do campo de visão. Michael Todd havia participado da empreitada comercial do início do Cinerama. Uma vez abandonando o sistema com três películas, ele se associou a American Optical, e esta desenvolveu um formato com o nome de Todd-AO. As produções em Todd-AO começaram bem antes do Cinerama entrar em declínio. Como resultado desta parceria, a Philips desenvolveu e demonstrou pela primeira vez, em 1954, o seu lendário Philips DP-70, o único projetor reconhecido com um Oscar®, em 1962.

Existe, é bom que se diga, uma certa similaridade entre diversos formatos de cinematografia com o uso do negativo em 65 mm, e os nomes de Super Panavision, Super Panavision 70, Ultra Panavision, o próprio Todd-AO e mesmo o Super Technirama 70 (que originalmente é um filme em 35 mm), podem ser convertidos para o Cinerama de 70 mm, seja ele com o nome de fantasia de “Super Cinerama” ou “Cinerama 70”. O nome Cinerama® passou, por um período deste tempo, a ser usado como marca registrada de um processo ou da companhia que o criou, como nos mostra a captura dos créditos do filme M-G-M “Grand Prix“:


No Rio de Janeiro, o Cinerama em 70 mm começa e termina no cinema Roxy, em Copacabana, Rio de Janeiro, em 1966. Depois, foi adaptado no Comodoro, em São Paulo, quando o mesmo capitulou do Cinerama original.

Na projeção de filmes 70 mm no processo Cinerama® a cópia precisa ser retificada, para que se possa fazer ajustes de keystone, e ainda adaptar o fotograma para a curvatura e para a profundidade da tela. A relação de aspecto na projeção é de 2.70:1.

O Roxy abriu o Cinerama 70 com o filme “Uma batalha no inferno” (“Battle of the Bulge“), na realidade um filme fotografado em Ultra Panavision. Na época, dizia-se que a tela do Roxy era tão curva, que não era possível ser usada para projetar 35 mm. Verdade ou não, o fato é que, até esta tela ser retirada, o cinema exibia todo o seu material publicitário (trailers, curtas, etc.) em 70 mm.

O que, em última análise, permitiu que o Roxy instalasse o Cinerama 70 foi a maneira como a sala foi construída, mais larga do que comprida:

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No entanto, a instalação ideal (largura versus comprimento) para o Cinerama 70, teria sido realizada no cinema Madrid, na Tijuca. Os projetores chegaram a ser instalados e o primeiro filme, “Spartacus”, de Stanley Kubrick, com o trailer exibido e anunciado para a abertura do formato. Infelizmente, o cinema pegou fogo, justamente na área da tela, em plena madrugada, para nunca mais reabrir. Assim, ficaram no Roxy os grandes sucessos dos filmes em Cinerama 70 mm da época.

Um desses sucessos, talvez o de maior impacto, particularmente entre os estudantes, foi, sem dúvida, “2001, Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. Fotografado em Super Panavision, e com efeitos especiais de Douglas Trumbull, “2001” abre com a magnífica introdução de “Assim Falou Zarathustra”, da peça de Richard Strauss, tema esse que se tornou sinônimo do filme e da abertura do mesmo.

Um novo avanço: “Dimensão 150”?

As experimentações hollywoodianas com o 70 mm tiveram seguimento com a introdução do processo “Dimension 150″ ou “D-150″. Apenas dois filmes foram rodados com este processo: ?Patton? e ?A Bíblia?, além de um curta, com o título “Harmony, nature and man”, nunca exibido, aparentemente, por aqui. Mas, Patton também nunca foi exibido em Dimensão 150 no Brasil, e sim em 70 mm plano (cópia não retificada), no cinema Palácio, centro do Rio, algum tempo depois.

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Franklin J. Schaffner, dirigindo Patton, fotografado em Dimensão 150.

A presença do processo D-150 se deu quando o cine Metro-Boavista foi aberto no lugar do antigo Metro-Passeio. Na verdade, parece que foi o único cinema no Brasil com este tipo de projeção. A tela do D-150 é muito larga e muito profunda (120º de curvatura), mas não o suficiente para impedir a projeção de filmes em 35 mm. As cópias em D-150 são tambem retificadas para a curvatura da tela, e a projeção é feita como uma lente especial, chamada de Curvulon, mantendo uma relação de aspecto de 2.70:1, a mesma do Cinerama 70. O espectador é avisado do processo, no momento da projeção: um slide inserido previamente à exibição do filme, anuncia que se trata de “A presentation in Dimension 150, a new dimension in motion pictures.

E foi assim que o Metro-Boavista projetou uma quantidade enorme de filmes, no sistema D-150, sem jamais terem sido rodados no formato. E neste bolo se inclui cópias de filmes rodados em 35 mm, como Dr. Jivago. A projeção em Dimensão 150 tinha tudo que o Cinerama 70 tinha, porém sem tanta distorção geométrica. Ambos os sistemas, entretanto, eram bons o suficiente para entreter e chamar a atenção do público.

Espalhamento do filme 70 mm plano nos cinemas cariocas

Muitas capitais do Brasil tiveram provavelmente sua cota de cinemas 70 mm, como Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, infelizmente, eu não sou aquele capaz de historiar isso. Para compensar, eu freqüentei praticamente quase todas as salas com este formato, no Rio de Janeiro, e é sobre esses cinemas que eu pretendo falar:

Até o final da década de 1970, muitos cinemas foram convertidos para a projeção em 70 mm. Só no centro da cidade, na região conhecida pelo carioca como Cinelândia, foram 4: Vitória, Metro-Boavista, Palácio e Pathé. Na Tijuca, além do Madrid, que não chegou a funcionar porque pegou fogo, mais 4: Tijuca, Bruni-Tijuca, Tijuca-Palace e Rio, este último anunciado ao público como “projeção em Todd-AO”, só que não era bem assim. Na zona sul do Rio, além do Roxy, ainda teriam espaço os cinemas Leblon, Veneza, Pax (provavelmente com o Philips DP-70), Condor Largo do Machado, Ópera, Bruni-Flamengo e Super Bruni 70.

Os cinemas com 70 mm convencional (telas sem curvatura acentuada) não são equipados para projeção com lentes anamórficas, como o Cinerama 70 e o Dimensão 150. As cópias, portanto, não sofrem qualquer tipo de retificação, e seriam, melhor aproveitadas para exibição de filmes feitos em Super Panavision ou Todd-AO.

A farra do filme 35 mm, ampliado para 70 mm

A febre do 70 mm durou por aqui, do meio da década de 1960, até mais ou menos início da década de 1980. Para alimentar este mercado, fez-se de tudo. Filmes que anteriormente haviam sido produzidos em outros formatos, ganharam vida no filme 70 mm.

Aqui é preciso fazer uma pausa, para analisarmos bem esta situação: o negativo de 65 mm é aproveitável para vários tipos de relação de aspecto, mas tradicionalmente ele começa com 2.75:1, na versão anamórfica (Câmera 65, Ultra Panavision), indo até 2.20:1, na versão plana (Super Panavision, Todd-AO), nas últimas produções.

A ampliação de 35 mm CinemaScope para 70 mm implica em colocar 2.55:1 ou 2.35:1 no espaço de 2.20:1, aproximadamente. Haverá uma pequena perda nas laterais, mas esta perda passa transparente ao espectador desavisado.

Já nos casos de filmes compostos para 1.85:1 (mais alto do que largo), a perda é nas partes superior e inferior do fotograma. Métodos de filmagem com lente esférica e máscara, para recompor o fotograma diretamente para 2.35:1, como, por exemplo, Techniscope ou Super 35, o diretor de fotografia pode prever antecipadamente a eventual ampliação de 35 para 70 mm.

Entre 1965, aproximadamente, até início da década de 1980, o número de filmes 35 mm ampliados era notável. E a maioria deles (E.T., por exemplo) se beneficiou da projeção em 70 mm, e até mesmo da tela de Dimensão 150.

Do início da década de 1970 a produção de filmes em bitola 70 mm declinou rapidamente, devido ao custo e devido também à possibilidade de se obterem cópias ampliadas com excelente qualidade. Na década de 1980, pelo menos dois projetos usaram as duas bitolas: “Tron” (1982), usou 65 mm para os efeitos especiais em computação gráfica, e “Brainstorm” (1983) misturou tomadas de 65 mm (para simulação da experimentação científica) e 35 mm para o restante do filme. Apesar dos pesares, o formato de 70 mm continua em produção até hoje, embora em escala mínima. Em alguns projetos, ele foi substituído pelo Imax.

A ampliação de 35 para 70 mm foi, em geral, benéfica para a exibição nos cinemas. Entretanto, em alguns casos ela foi desajeitada e exagerada, como por exemplo, na exibição de “O vento levou”, fotografado em formato de academia (1.37:1), e com resultado de imagem bastante cortada e falso som estereofônico.

A gravação, mixagem e re-mixagem do áudio

Os filmes em 70 mm são apresentados em 6 canais de áudio analógico, gravados em tarjas magnéticas inseridas na película. Essas tarjas são chamadas de “banda magnética”. A gravação é feita da seguinte maneira: canais 1,2 na tarja da borda esquerda, canais 3 e 4 nas tarjas magnéticas ao lado do fotograma, e canais 5,6 na tarja da borda direita. Note-se que as tarjas laterais são bem mais largas do que aquelas usadas pelo CinemaScope. Abaixo se podem ver dois fotogramas planos, com as respectivas tarjas. A retificação é um processo ótico, ou seja, não afeta a estrutura magnética da película.

Super Panavision:

Dimensão 150:

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As mesmas tarjas foram depois usadas para o Dolby Stereo de 6 canais (aplicado com redução de ruído tipo Dolby A). Mais recentemente, a Dolby aplicou o Dolby Spectral Recording (Dolby SR®) THX, com resultados ainda melhores.

Em tempos mais modernos, a película é facilmente adaptada ao som digital, seja com o uso de DTS, Dolby ou SDDS, com uma mínima adaptação nas leitoras dos projetores.

O 70 mm é apresentado no padrão Todd-AO: cinco canais na tela e um surround. Nos casos onde o negativo original é oriundo de processo com apenas 4 canais de áudio, como o CinemaScope, os canais esquerdo e direito são combinados ao canal central, derivando os dois canais intermediários.

Projetores

No Brasil, foram usados os principais tipos de projetores de 70 mm: o Philips DP-70 (dois casos documentados em salas de São Paulo), os notáveis Cinemeccanica Victoria X e VIII, o Zeiss-Ikon Favorit e o Prevost.

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Exemplo de instalação do Cinemeccanica V-X. O Victoria VIII foi usado para D-150, no cine Metro-Boavista, no Rio de Janeiro.

Mas, o projetor de maior presença nas salas exibidoras, não foi fabricado lá fora, e sim aqui mesmo no Brasil: o Incol 70/35. Ele foi resultado de um projeto e execução da Indústria Cinematográfica Orion Ltda, sob a orientação do engenheiro Orion Jardim de Faria.

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O Incol 70/35, usado na década de 1960.

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O Incol 70/35, em uma instalação atual.

Os Incol 70/35 tiveram passagem significativa no Rio de Janeiro, tendo sido escolhido pela cadeia de Luiz Severiano Ribeiro, e instalado em cinemas como Vitória, Roxy, Palácio, Tijuca, Leblon e outros. Ele primou pela robustez e durabilidade, sendo este o motivo pelo qual ele ainda sobrevive em algumas salas, apesar da ausência do 70 mm nos cinemas brasileiros.

Declínio, decadência e destruição das salas exibidoras

É triste, mas é a nossa realidade: as salas exibidoras que se prestavam às exibições em 70 mm foram eventualmente divididas, com as telas e/ou projetores para 70 mm removidos. A maioria delas foi desativada ou destruída, a partir do final da década de 1980. O cine Comodoro, pioneiro no Cinerama, pegou fogo e desapareceu em março de 1997. Os demais cinemas, como o Metro-Boavista, Palácio e Vitória estão fechados e seguem com futuro incerto. Tentar falar com alguém responsável ou receber alguma informação sobre eles é um verdadeiro exercício de futilidade!

O estado atual dos cines Vitória, Metro-Boavista e Palácio está mostrado abaixo:

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O estudo dessa história nos ajuda a entender e aprender o presente

Não é à toa que se escreve sobre a evolução das salas de exibição e sobre os formatos de filmes apresentados. O cinema é a base na qual o atual home theater é montado. A partir dele, da fotografia e do som, foram obtidos todos os parâmetros que no momento nos norteiam, para coisas como alta definição de imagem e áudio.

O cinema é ainda o ponto de partida para a elaboração das mídias que seriam usadas para que o home theater se tornasse uma realidade: o vídeo disco, o vídeo cassete, o DVD, o vídeo cassete digital e o Blu-Ray. Em todos esses momentos, a gravação do som evoluiu de acordo: mono, Dolby Stereo, os formatos digitais e agora o som “lossless” de estúdio.

Saber como o cinema foi historicamente apresentado nos ajuda compreender, montar e fazer opções nas instalações de home theater. Espero que o texto acima tenha colaborado de alguma maneira para conseguir isso.

Agradecimentos

Sem a colaboração de várias pessoas, este texto não poderia ter sido redigido. E por isso eu desejo externar o meu mais profundo agradecimento a:

Milton Leal, do planetário do Rio de Janeiro, pela ajuda na memória e na preservação dos trabalhos dos operadores de cinema aqui no Rio de Janeiro, trabalho esse heróico em muitos momentos.

Olegário de Faria, que com seu irmão Alysson, ajudaram a escrever a história da Orion, de propriedade de seu pai, que desenhou e fabricou os projetores Incol, citados no texto.

Thomas Hauerslev, do site in70mm.com, pelo apoio no estudo deste conteúdo. A versão deste artigo, para o site do Thomas, deverá estar saindo por esses dias.

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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35 respostas

  1. Olá! Estou faz anos tentando encontrar uma foto da antiga tela Cinerama do Cine Roxy Copacabana que foi usada entre os anos 1966 a 1974. Só consegui uma foto com a tela simplificada de 70 mm que foi instalada nos idos de 1975, antes dele ser dividido em 3 salas.Você,por gentileza, teria tal imagem mostrando a curvatura da tela cinerâmica carioca?

    1. Olá, Padma,

      Na época em que eu fiz esta pesquisa e em meses subsequentes a busca por fotos de cabines e demais instalações foi frustrante. Eu imaginava que o escritório do grupo Severiano Ribeiro tivesse arquivado fotos e documentação dos cinemas que eles operaram durante anos. Procurei inclusive pessoas ligadas ao ramo, antigos presidentes do sindicato dos operadores, etc.

      Mas, a busca foi infrutífera, infelizmente, e as poucas fotos de tela que eu consegui foram publicadas aqui e no site in70mm.

      Sinto muito, até gostaria mas não consigo te ajudar.

      Em tempo: essa tela que você menciona não é mais de 70 mm e sim de 35 mm, quando então o formato foi desativado. O Roxy manteve um Incol 70/35 na cabine para treinamento dos operadores, antes da reforma.

  2. Olá, Antonio Carlos,

    Desde que eu escrevi este texto muita coisa clareou nesta área, mas eu te agradeço muitíssimo por este esclarecimento a respeito do Pax.

    Veja você como estas coisas acontecem: nós tínhamos um funcionário no Fundão, de nome Cosme, que cuidava de todos os equipamentos de projeção usados nas salas de aula e mais um par de Bell & Howell 16 mm profissionais usados no auditório principal, onde tinha uma cabine.

    O Cosme trabalhava no Pax durante a noite, e foi ele quem me contou que o cinema havia instalado projetores de 70 mm, e falou que eram projetores Philips, sem dizer o modelo. Eu perdi o Cosme de vista há décadas, não sei se morreu ou se aposentou, então durante o meu levantamento de cabines, eu não pude confirmar esta informação.

    Aproveito para te informar que sairá na América no Natal o último filme do Quentin Tarantino rodado e apresentado em alguns cinemas em Ultra Panavision. As chances de isso acontecer aqui são, infelizmente, remotas.

    Um artigo sobre isso foi publicado esta semana no Webinsider, e eu deixei um texto meu no site in70mm (http://www.in70mm.com/news/2015/start/index.htm), a respeito das chances deste filme receber outro tratamento pelos exibidores brasileiros.

  3. Caro Paulo Roberto

    Os projetores do cine Pax eram Cinemeccanica eram estes montados pelo Gianni que era o tecnico e programador do cinema e que o Ivo o conhece.

  4. Prezado Umberto,

    Eu soube há um tempo atrás que existe uma pessoa (colecionador) que conseguiu guardar algumas cópias, mas esta informação ficou só na conversa. A ideia era tentar ver o que esta pessoa tinha e armar uma sessão, mas não deu em nada.

    De resto, eu só sei que nenhuma distribuidora teve interesse em importar cópias novas, porque os cinemas todos fecharam. Além disso, o custo com o aluguel de uma cópia 70 mm subiu além da capacidade dos exibidores de projetá-lo e conseguir uma rentabilidade na bilheteria compatível.

    Existem cabines que eu vi recentemente com projetores 70/35, mas com os debitadores para 70 removidos. O único local onde eu sei que projeta 70 mm é no Planetário (http://br74.teste.website/~webins22/2013/12/21/o-fim-de-carreira-dos-projetores-35-mm/), mas as cabeças magnéticas do projetor de lá também foram removidas.

    Está rolando agora um projeto comercial em andamento em algumas cadeias de cinemas do tipo multiplex (Cinemark, por exemplo), e que segue uma tendência já existente há algum tempo em outros países, e que consiste em aproveitar originais de filmes antigos que foram recentemente digitalizados em 2 ou 4K, e exibi-los nos cinemas. E neste lote de filmes alguns títulos originalmente em apresentação em 70 mm já foram exibidos, devidamente adaptados para DCP (projeção digital). Assim, meu caro, o jeito é torcer para que o mesmo aconteça por aqui.

  5. Prezado Colega Paulo.

    Você poderia me tirar uma grande dúvida,eu gostaria de saber,o que aconteceu com as películas de 70MM,exibidas nos cinemas
    brasileiros,nos anos 60,70,80 e 90.
    Por favor!
    Muito Obrigado.
    Um Abraço!
    Umberto.

  6. Caro Colega Paulo,
    Magina,não precisa me pedir desculpas,eu entendo as dificuldades por qual você passou,realmente as fontes de pesquisa para
    tudo relacionado ao formato 70MM no Brasil não
    existem,você foi um herói,parabéns e eu que te peço desculpas.

    Um abraço
    Umberto.

  7. Caro colega Umberto,

    Creia que o esquecimento não foi de propósito.

    Eu fiz o que foi possível, durante a fase de pesquisa deste assunto, para não omitir nenhuma informação importante, e se não fosse a ajuda de terceiros, o resultado teria sido bem aquém daquele que saiu publicado.

    Eu tenho certeza de que você irá entender todas essas dificuldades, diante da ausência quase absoluta de material de referência, documentações e fotos.

    Por isso, eu preferi me concentrar muito mais nos cinemas do Rio de Janeiro, porque foi onde eu vivi durante todos aqueles anos.

    Peço-lhe desculpa pela omissão, e agradeço a sua contribuição no seu comentário.

  8. O SR.esqueceu de falar dos Cines Metro 1 e Metrópole de São Paulu,ambos exibiam filmes de 70MM.

    Uma Abraço!
    Umberto.

  9. Oi, Marcus,

    A omissão nas salas de projeção da bitola 70 mm é incompreensível. Falta de equipamento não é, e na parte de áudio, o DTS supre perfeitamente qualquer cópia nova.

    Até mesmo por aqui os projetores de 70 mm ainda em uso podem ser facilmente convertidos. O que resta seria renovar a política de aluguel, e a divulgação dos benefícios do formato para aqueles que não o conhecem.

    Mesmo a melhor projeção digital não supera a projeção em película de 70 mm, e este não é senão o objetivo de vários cineastas ao insistir na adoção do formato na filmagem.

    Eu te confesso que já havia esquecido deste projeto do PTA. Fico feliz de saber que ele chegou ao fim, e espero que seja o primeiro de muitos outros!

  10. Prezado Paulo,

    o que acha disso ?

    http://blogs.indiewire.com/thompsononhollywood/early-review-paul-thomas-andersons-the-master-is-visually-dazzling-enigmatic-certain-to-polarize-gorgeous-in-70mm

    Um dos mais aguardados lançamentos do cinema americano para 2012/2013, “The Master”, do grande cineasta Paul Thomas Anderson, foi apresentado no formato 70mm, para encanto da platéia presente – numa sessão surpresa no Aero Theatre de Santa Monica. Ocorreu após a exibição de “O Iluminado” de Stanley u
    Kubrick, este sim o programa oficial da noite.

    E então ? Teremos isso no Brasil ?

    E tem mais: uma série de apresentações especiais em 70mm de diversos filmes ocorrerá no Alamos Drafthouse.

    Segue:

    http://blogs.indiewire.com/thompsononhollywood/alamo-drafthouse-announces-amazing-alamoscope-70mm-series-including-andersons-the-master

    Anderson’s ‘The Master’ Showcased in Alamo Drafthouse Amazing Alamoscope 70mm Series

    ‘The Master’
    Alamo Drafthouse’s new and ongoing programming series “Presented in Amazing Alamoscope: 70mm at the Ritz” will include Paul Thomas Anderson’s “The Master” (starting September 21), “West Side Story,” “Cleopatra,” “Ghostbusters,” “Indiana Jones,” “Baraka” and “Playtime.” Anderson says he is “thrilled that Tim [League] has helped us present the film in its intended way. This is a special format, and keeping it alive is important.”

    Alamo’s League adds, “Anderson has bucked the trend of digital conversion and shot his new American epic ‘The Master’ in glorious 70mm. As an homage to his bold ambition, we have made a long-term commitment to celebrate 70mm, both as a lead-up to the release of his new film and as an integral part of our programming for years to come.”

    Alamo waxes nostalgic on 70mm:

    “A gargantuan creation of the 1950s, [it] quickly became the permanent benchmark of quality, transforming every title released in the format into a mind-expanding epic. The depth, the sharpness, the beauty and the history make every 70mm screening an unforgettable event for any movie fan. While movie studios and theaters dump celluloid to replace with computer files and giant TVs, the Alamo is proud to instead leap into the tremendous, triumphant arena of 70mm.”

    Details on the lineup and a trailer for “Presented in AlamoScope: 70mm at the Ritz!” below.

  11. Prezados leitores,

    Infelizmente, muitas das minhas colunas passadas ficaram relegadas ao esquecimento, exceto no momento em que algum coloca uma mensagem ou comentário, e eu depois tomo conhecimento dela.

    Queria esclarecer ao leitor Antonio Carlos, cujo posting eu não tinha visto, de que as nossas informações sobre o Pax são conflitantes. No meu caso, havia um funcionário de nome Cosme (infelizmente já falecido há muitos anos) que era operador do Pax no turno da noite. E um belo dia, o Cosme, que sabia que eu tinha sido cineclubista na época de estudante da faculdade, me parou no corredor para me contar que o Pax havia instalado projetores de 70 mm da Philips. E, de fato, lá eu assisti filmes como “Voar é com os pássaros”, do Robert Altman, “Jesus Cristo Superstar” (acredite se quiser), na tela de 70 mm do Pax.

    Durante a minha pesquisa, à época deste coluna, eu pensei se tratar do Philips DP-70, mas o Ivo Raposo me falou que era outro modelo da Philips.

    Eu não sei se você irá voltar aqui para ler este comentário, mas se for possível eu lhe ficaria grato se você me informasse a fonte da sua informação sobre a presença de Cinemeccanica no Pax.

  12. Olá, Edson,

    Obrigado por suas palavras. Já que você tem um par de Incol 35 em casa, permita-me sugerir a leitura de alguns textos que fiz com o criador desses projetores, e cuja vida é um belíssimo exemplo para todos aqueles que se envolvem com cinema. Trata-se de Orion Jardim de Faria:

    http://webinsider.uol.com.br/2010/06/18/orion-jardim-de-faria/

    http://webinsider.uol.com.br/2010/09/09/o-cinema-independente-no-brasil/

    E nas versões para o in70mm:

    http://www.in70mm.com/news/2010/brazil/index.htm

    http://www.in70mm.com/news/2010/cinemusica/index.htm

  13. Sempre que me deparo, com noticias de cinema, projetores, salas etc, me interesso,porque eu fui criado em Cinema. e lamento muito a sua decadência e sua possivel extinção daqui alguns anos.! Sou apaixonado com Cinema, depois de muito sacrificio, consegui montar em minha casa uma Simples e modesta Salinha de Projeçao, e tenho uma cabine com Dois Projetores INCOL, 35mm
    super conservados, que é um HOby, nada comercial
    e pretendo manter isso enquanto viver.
    -Parabens pela força que tem dado ao cinema
    -A Dificuldade, é consseguir as peliculas ,mas estou satisfeito assim mesmo.!
    Abraços a todos.

  14. Paulo, grato pelas observações a respeito do digital. Gradativamente vamos ter que nos habituar com isso tudo.
    Quanto às matinês do Tom & Jerry, sou fã de carteirinha. Comecei a ver cinema no final da década de 50 e domingueiramente me deliciava com a dupla em “shorts” antes do filme principal.
    Abraço.

  15. Meu caro Daniel,

    Por favor, tenha em mente o seguinte:

    Tem coisas, mesmo dos cinemas de antigamente, que jamais serão superadas, como por exemplo, aquelas magníficas lanternas com arco voltaico, concordas?

    Assim, o digital vai a 1080 linhas, não supera nem o 35mm, quanto mais o 70mm, mas, em se tratando da percepção da imagem, ele cumpre o seu papel.

    O avanço da projeção digital não se dá apenas para economizar celulóide. Os estúdios norte-americanos têm verdadeiro pavor da pirataria e eu não os culpo. A distribuição digital tem também como um dos objetivos impedir a cópia dos originais, por mecanismos diversos.

    A imagem do cinema digital a gente pode ter hoje em casa com as novas LCDs de backlight de LED ou outras com 240 Hz de varredura. Se a gente forçar a barra nos ajustes, vai ter uma réplica exata do cinema. Na prática, isto significa que num futuro próximo é provável que a nossa cabeça não vá mais enxergar “filme”, mas “filme digital”.

    A propósito de cinema, deve estar saindo amanhã um artigo meu sobre as matinês Tom & Jerry, que eu espero que você goste.

  16. Olá Paulo, bom dia!

    Aproveitei sua sugestão e pesquisei sobre o IMAX digital e para surpresa minha constatei que a tecnologia involuiu, ou seja, com o digital temos 1.080 linhas de resolução quando a película apresentava 2.160, a tão apregoada imagem “cristal clear”. E o público liga para isso?
    Abraço.

  17. Oi, Celso,

    Não, não tenho. Aqui no Rio o Imax não deu certo, não sei porque. e assim fica difícil fazer qualquer tipo de avaliação a respeito. Mas, você pode ir ao site oficial deles e conseguir alguma informação, se desejar. O endereço é: http://www.imax.com/

  18. Olá Paulo,
    Volto hoje a esta coluna para um comentário sobre a sala IMAX localizada em S.Paulo.
    Na última segunda feira lá estive para ver o provável vencedor do Oscar 2010, AVATAR, de James Cameron. Sabíamos que esse cinema utilizava película 70mm. para suas exibições. Tínhamos conhecimento também de que cada fotograma desse sistema abrangia três do 70. E a surpresa: contatando o operador de cabine, fui informado que a sala não mais utiliza aquele formato “antigo”. De Avatar em diante a projeção é digital. É curioso observar que existem duas objetivas projetando os focos em direção à tela diferentemente das salas 3-D convencionais quando se nota apenas um foco.
    Você tem alguma informação a respeito disso?
    Abraço.

  19. Oi, Alexandre,

    Parabéns pela sua iniciativa. A única listagem parecida com a sua que eu consegui consultar foi a do livro da Alice Gonzaga, e assim mesmo porque eu achei uma cópia na Biblioteca da Funarte.

    Você pode acrescentar, se quiser, o cinema do meu tio João Miguel Elias, que ficava em Cajuru, interior de São Paulo, fechado quando ele faleceu. Chamava-se Cine Theatro Yara, e era equipado com projetores RCA 35 mm. A lotação devia ser de cerca de uns 700 a 800 lugares.

    Pelo interior de São Paulo existem, como este, muitos cinemas de família, fechados por motivos diversos. Segundo um pesquisador com quem troquei mensagens, conseguir dados sobre esses cinemas se mostrou uma tarefa quase inglória.

  20. Olá, Ricardo,

    O prazer e a honra são minhas. Citar seu trabalho não é só apenas a obrigação de declarar parte das referências do meu estudo, mas uma maneira também de mostrar o reconhecimento do trabalho feito por vocês. E aproveito para dar os meus parabéns pelo seu esforço.

    Alguns dias atrás, eu recebi a ligação de uma pessoa, que está hoje em São Paulo, e que foi muito ligada à história do 70 mm neste país. Ciente das dificuldades que enfrentei, esta pessoa, cujo nome prefiro não declinar agora, estará reunindo uma nova documentação, a partir da qual tenho esperança de postar um texto novo, aqui e no in70mm.

    Tenho certeza de que, desta vez, não vou precisar passar pelos constrangimentos que passei, tipo entrar numa biblioteca pública, conseguir achar um livro, não poder copiar nem uma página, e sair dali depois de duas horas anotando coisas a lápis.

    E por falar em livro, recebi por esses dias uma cópia de um manuscrito do pesquisador Inimá Simões, muito bem feito, mas que, por qualquer motivo que desconheço, fala muito pouco sobre o Comodoro. O que significa que o seu blog continua sendo a principal referência sobre o assunto.

    Abraço do
    Paulo Roberto Elias.

  21. Olá Paulo Roberto

    Que texto maravilhoso!

    Imagino as dificuldades que teve para redigí-lo.

    As pesquisas sobre salas de cinema são muito difíceis.

    Muito obrigado por incluir o link do blog em seu texto. É uma honra.

    Vou incluir os seus textos em minha coluna TEXTOS SOBRE EXIBIÇÃO CINEMATOGRÁFICA

    Um grande abraço.

  22. Oi, Honório,

    É sempre um prazer falar sobre cinema, projetores e exibições.

    Os originais de A Conquista do Oeste foram unidos fotograficamente, e depois exibidos em diversos formatos (35 e 70), e no caso do laserdisc, apesar de widescreen (4:3) a master tem o mesmo problema. Neste tipo de cópia, as separações entre as películas continua bastante visível. A solução atual, combina os fotogramas digitalmente, e é esta a versão contida no Blu-Ray. Na verdade, o processo smilebox (http://www.cineramaadventure.com/smilebox.htm) estava sendo tentado experimentalmente, e, ao que me consta, é a primeira vez que ele é integralmente usado em home video. O processo dá uma idéia bastante razoável tanto do Cinerama, quanto do 70mm retificado.

    A edição em Blu-Ray que citei mostra o filme sem distorção alguma, portanto plano, no disco 1, e em smilebox, com as simulações de curvatura, no disco 2. Em nenhum dos dois casos se perde nitidez (tomo como referência uma tela 1080p, 52), por conta da excelente transcrição do Blu-Ray.

  23. Olá, Paulo Elias. Quando projecionista, exibi A conquista do oeste em 35mm e cinemascope[claro que não o verdadeiro] e me lembro a curiosidade de que aparecia as separações das 3 películas[linhas verticais] que mostravam diferenças de luz[naquele tempo toda lanterna era a carvão e por isso dificilmente 3 projetores teriam luz igual]. Como era filme da CINERAMA, sempre tive curiosidade de saber como foi transferido para o 35mm[o por quê daquelas linhas verticais separando a imagem em 3 campos]. Outra pergunta: O smile que voce cita do blu-ray são aquelas separações? Nada contra. Se for, melhor para matar a saudade, desde que seja formato 16×9. E a plana, seria 3×4? Desculpe por tantas perguntas. Mas como descobri a sua fonte de informações, me aguente que vou estar sempre me abastecendo[estive por 40 anos sem beber, pois não sabia onde encontrar água] Obrigado!!!

  24. Sem dúvida alguma. Os vícios do letterbox 4:3 ainda estão por aí, depois de tantos anos passados da campanha contra este tipo de telecinagem. A qualidade da imagem de filme só começou a melhorar lá pelo fim da era laserdisc, que chegou a usar vídeo anamórfico. Este passou ao DVD, mas pouca gente tinha tela 16:9 e por isso só depois de muito tempo é que se percebeu a diferença de resolução conseguida. Aí, se fez uma campanha pela Internet, contra o letterbox 4:3.

    Você pode ter uma idéia como foi feita a campanha contra o letterbox nesta página:

    http://www.thecinemalaser.com/anamorphic-enhancement-support-page.htm

    Havia um logo animado, que você ainda vê na página, que foi a frase padrão desta campanha: clear today but not tomorrow. As pessoas viam letterbox em telas quadradas (4:3) e achavam ótimo, mas passando o mesmo material em 16:9 o resultado é desastroso!

    Isso, sem falar que ainda tem muito estúdio por aí que não respeita relação de aspecto ou som original, e vende DVD dessa maneira.

    No Blu-Ray, o 16:9 é compulsório, então as trapaças e/ou desleixos são principalmente na omissão das trilhas sonoras de alta definição ou então no abuso de redução de ruído ou edge enhancement, durante a telecinagem.

  25. Bom dia Paulo,
    Sempre temos o que comentar depois de um artigo como esse do 70mm.
    Contando com sua boa vontade, vamos lá:
    Falando em Patton, lembramos imediatamente do grande George C.Scott, não é?
    Dia destes zapeando pela tv encontrei esse filme em exibiçao. A imagem era 4:3, entretanto, era assistível,embora tenha sido feito em 150.
    É curioso comparar essa cópia da tv com outras, principalmente de westerns italianos, os Franco Neros da vida, quando a mutilação é criminosa, enquadamentos insuportáveis de ser ver.
    Como são feitas essas transferências do orginal para exibição na telinha? Umas com cuidado e outras deploráveis?
    Abraço.

  26. Para quem quiser ver uma outra versão deste artigo:

    http://www.in70mm.com/news/2009/brazil/index.htm

    Lá existe uma foto remanescente da invasão do Vitória. Quando eu fui ao Vitória recentemente, com a minha câmera, foi aquilo ali que eu vi, mas fui informado que as fotografias do local estão proibidas. O Vitória foi vendido e está tombado. Não sei o que vão fazer daquilo ali. Situação parecida está no Palácio, que pertence agora a um hotel, mas está tombado e ninguém sabe o que vai ser feito do antigo auditório.

  27. Caríssimo Dr. Blanco,

    Receber elogios dos amigos não vale!…

    Mas, você bem sabe a dificuldade que foi levar esta pesquisa a termo. Neste país, as dificuldades vão desde as bibliotecas públicas, que, aparentemente, não vão estar tão cedo na Internet, até a ausência quase completa de material de leitura de outras fontes. Quer dizer, terminar um trabalho desses acaba parecendo persistência ou teimosia!

    O que nos compensa é saber que é preciso resgatar memória, não importa se o conjunto do país negligenciou sistematicamente a mesma.

    O cinema de espetáculo morreu, e hoje as salas multiplex, embora bem equipadas e modernas, não refletem aquela coisa sacralizante que era o nosso hábito de ir ao cinema, sozinho, com os amigos, com a namorada ou com a esposa. Os multiplex são salas frias (em todos os sentidos) e muitas das vezes acaba compensando ficar em casa e ligar o home theater da gente, não é não?

  28. Caro Paulo

    Brilhante trabalho – e quanto trabalho, face as dificuldades da extensa pesquisa realizada.
    Além do mais abre a cortina para um mundo que sempre esteve oculto para os espectadores – o dos técnicos e operadores das fabulosas máquinas de projeção que voce tão bem retrata em seus artigos.
    É uma grande alegria que voce proporciona a todos nós que vivemos essa gloriosa época e que hoje tentamos preservá-la em nossas instalações caseiras, mas com a certeza de que nada se compara com a experiência de ir ao cinema.
    Parabéns

  29. Celso,

    Me sinto bem de ver que esses textos atingem o seu objetivo, com aquelas pessoas que vivenciaram isso tudo que foi escrito ali.

    Essa edição em Blu-Ray do filme A conquista do oeste é excelente. As três películas foram transferidas em 2K de resolução, com o melhor equilíbrio e fidelidade de cores que eu já vi das versões deste filme em home video. O disco 1 contém a versão plana e o disco 2 a versão em smilebox, que eu inclusive prefiro e que simula a tela de cinerama.

    Eu soube desse aproveitamento feito pela Play-Arte. Por aqui, o centro da cidade está numa situação complicada, não creio que a gente vá ter uma solução desse tipo, para salvaguardar o pouco que ficou em pé.

  30. Paulo,
    Uma vez mais, parabéns.Emocionei-me quase às lágrimas ao ver o logotipo lá em cima COMODORO CINERAMA. Quanta saudade! Lá vi vários filmes, inclusive por ocasião de meu casamento em outubro de 1969:Cinerama Holliday. Se a memória não me falha, eram três projetores. Você falou no PATTON que aqui no Brasil recebeu o sub-título REBELDE OU HEROI? Também vi lá e como vc afirmou já era no simples 70mm. Duas outras salas de São Paulo que projetavam o 70 era o Regina também na Av.São João. Estive lá vendo A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO com a estonteante Sophia Loren naquela tela momumental! Na Rua Augusta, esquina com Av.Paulista, erguia-se majestoso o Cine Majestic(sem trocadilho) quando vi por duas vêzes GRAND PRIX. Hoje felismente construiram no mesmo local 5 salas da Play-Arte.
    O tema é apaixonante mas, mudando um pouco de assunto, recebi uma oferta da DVD WORLD, no formato Blu-Ray do filme A CONQUISTA DO OESTE do John Ford e Henry Hataway, de 1962. Assisti na época no cinema aqui de minha cidade, em CinemaScope, entretanto creio que foi fotografado em 70mm. No blu-ray deve estar um primor de fotografia. Alardeiam que foi totalmente remasterizado. Estou tentado a adquirir.
    Um grande abraço.

  31. Oi, Eder,

    É sempre bom saber que nas horas mais difíceis a gente pode contar com o apoio dos amigos.

    Abraço do
    Paulo Roberto Elias.

  32. Parabéns Paulo!
    Finalmente esta concluido… Mesmo que com todas as dificuldades pela qual foi obrigado a passar, não é mesmo?!
    Um Abraço.

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