Na indústria, a forma não salva o conteúdo

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Ao dizer que a qualidade dos equipamentos ou serviços atuais não é tão boa quanto antigamente, corre-se o risco de cair na armadilha da memória seletiva, que filtra apenas determinados aspectos a serem lembrados. E também torna quem as profere uns trinta anos mais velhos.

Quando você vê seu novíssimo celular com tocador de mp3, câmera de 5 megapixels e tantos outros recursos que você nem consegue lembrar de todos, cair da mesa e as peças componentes seguirem cada uma um caminho diferente pela casa, o que lhe vem a mente?

Em meio ao turbilhão de palavrões criados pela reação de indignação, há grandes chances de você conseguir distinguir uma imagem. A do “tijolão”. Aquele celular que talvez você já tenha tido, que tinha um design meio tosco, uma tecla com display em preto e branco, mas que apesar de tudo, podia cair do segundo andar do prédio que ao chegar lá embaixo você conseguiria religar sem precisar correr em alguma assistência técnica.

A esta altura do artigo com certeza alguns de vocês já devem ter lembrado de algum equipamento que tenha evoluído no design, mas enfraquecido na estrutura. Pois é, a máquina de lavar nova, não consegue torcer a roupa direito, como fazia a antiga… Só não vale falar dos carros, pois apesar da estrutura mais frágil, são muito mais seguros do que o chevetão do pai.

Dentre as possíveis causas deste enfraquecimento da estrutura das coisas podemos dizer que é para economizar matéria-prima. Seguindo este raciocínio, ao economizar em material, as empresas têm um custo de produção menor e melhoram a margem de lucro, que já não é das maiores devido à concorrência.

Mas com toda a tecnologia desenvolvida em todos os segmentos, o ganho em produtividade não bastaria para neutralizar os déficits na arrecadação? Pois é, uma pergunta com diversas possíveis respostas. E apesar de nenhuma ser conclusiva, serve como forma de questionamento sobre a ética da indústria ao priorizar o lucro entregando um produto de qualidade inferior empacotado em um formato atraente.

Podemos ponderar que com a escassez de recursos naturais, utilizar menos material tem o seu valor. Em contra partida, podemos interrogar o porquê da reciclagem de componentes eletrônicos ser tão pífia.

E todas estas indagações servem pra que? Para termos consciência que o deslumbramento criado pelo design, muitas vezes é apenas para encobrir a fraqueza do interior. [Webinsider]

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<strong>Maicon Sobczak</strong> (maicon@guiaerechim.com.br) é técnico em informática, designer gráfico e webdesigner. Mantém um <strong><a href="http://www.maiconweb.com/blog" rel="externo">blog</a></strong> e um <strong><a href="http://twitter.com/maiconweb" rel="externo">perfil no Twitter</a></strong>.

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2 respostas

  1. Olá Maicon,

    Em muitos pontos concordo com o que escreveste.
    Porém sua explanação relaciona Design somente à forma do produto.

    Um erro. Design é projeto, por isso diz respeito de toda a constituição do produto, do que é e não é feito por designers.

    E mesmo o trabalho do designer de produto não pode fixar-se na estética e tornar o objeto mais atraente. Ele tem que ser melhor, otimizado funcionalmente. Tem que corresponder às exigências do público-alvo e do mercado (gerando lucro).

    O profissional da área de Design que não trabalha sob esta perspectiva está agindo de modo anti-ético.

    O mesmo vale para o empresário. Porém é de responsabilidade do profissional técnico (designer, engenheiro, desenvolvedor) manter a qualidade em níveis aceitáveis e a segurança do que é projeto.

    Abraços.

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