Privacidade agora só nos livros de ficção científica

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Há mais de 67 anos, Isaac Asimov posicionou a Fundação, sua principal obra, em um futuro longínquo ao ponto de as personagens não se lembrarem mais da existência da Terra. Talvez porque parecesse impensável, para o próprio autor, a ideia de uma ciência ligada à matemática capaz de prever o futuro.

Asimov construiu toda a Trilogia da Fundação sob a previsão terrível de que o Império Galático seria aniquilado, feita por Hari Seldon, criador fictício da psico-história, uma espécie de ciência estatística extremamente apurada, que analisa as ações no presente e estabelece, com elevado grau de certeza, acontecimentos futuros.

Mas muita coisa mudou de 1942 para cá. E o que parecia uma ideia absurda e infundada já começa ao menos a fazer sentido.

Se pararmos para pensar, por alguns minutos, para a quantidade avassaladora de registros sobre atividades humanas armazenados em bancos de dados, ou seja, nossos rastros digitais, começamos a enxergar o que seria a fonte de informação primária de Hari Seldon.

Hoje fazemos compras online, que ficam devidamente registradas; utilizamos nossos cartões de crédito, que também registram com precisão o que, quando e onde compramos.

Usamos aparelhos de GPS e estas informações também podem ficar registradas; fazemos viagens aéreas, alugamos carros, nos registramos em hotéis, fazemos reservas em restaurantes, compramos ingressos para shows pela Internet.

Trocamos e armazenamos e-mails; navegamos na web, onde registramos nossos dados pessoais, damos nossa opinião e agora, com as redes sociais, fazemos isso em tempo real.

À primeira vista, tudo é muito assustador. De certa forma até é, mas o fato é que isso já acontece.  Existe uma “energia informacional” que jogamos diariamente na rede e que agora, com ferramentas como o Twitter e com a busca em tempo real, começa a ser percebida.

Hoje, empresas realmente preocupadas em atender aos desejos de seus clientes investem parte do tempo de seus executivos e dos recursos de seus orçamentos para criar ferramentas que utilizam esta energia.

Antever os desejos do consumidor pode parecer prepotente e arrogante, mas aqui também, se analisarmos a forma como pensamos comunicação durante todo o século XX, vemos que é exatamente o contrário.

Por todo século passado tentamos criar mecanismos para que marcas e corporações definissem o que seria e o que não seria consumido. Era o poder na mão de poucos. Hoje acontece exatamente o contrário. É a vitória da maioria que já fala alto o suficiente para ser ouvida e, principalmente, para ser atendida.

Viva Hari Seldon. [Webinsider]
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<strong>Gustavo Camargo</strong> (gustavo.camargo@accenda.com.br) é Head of Innovation do <strong><a href="http://www.accenda.com.br" rel="externo">Grupo Accenda</strong></a>

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7 respostas

  1. Outros escritores de FC, como William Gibson, foram mais longe na questão da personalidade digital. Sugiro a todos que leiam Idoru, um clássico disponivel em portugues. (Mesmo quem não gosta de FC, vai adorar o livro!). Outra boa leitura é Pequeno Irmão (Little Brother) de Cory Doctorow. Livro premiado e de leitura fácil, trata do invasão de privacidade e se passa nos dias de hoje, com a tecnologia atual.
    http://www.capacitorfantastico.blogspot.com/search?q=little+brother

  2. Realmente o caminho ,parece ser o de uma ditadura digital e não o da liberdade total,como alguns presupoem.Mas enfim esse é um caminho sem volta,e temos que nos adaptar a ele !.A MINHA OPINIÃO É a DE QUE deve-se implantar uma democracia digital,e que possamos optar com liberdade o uso da internet e outros recursos tecnológicos,sob pena de corrermos o riscos de sermos totalmente controlados !O que não pode ser legal,e deve ser evitado a todo custo ! Eta mundão ! Ou seria mundinho com aspecto de Mundão !.Falei !

  3. Outro, entre tantos autores-profetas, é Orwell, com o insólito 1984. E é interessante como é previsto nestes romances futuristas quase sempre um Estado forte e onipresente, detentor das informações sobre os cidadãos e seus destinos.
    Hoje o que se vê é o contrário. Quem nos vigia é o vizinho, os amigos, são as empresas. Qualquer um pode fazer uma consulta ao Google sobre o nome de qualquer pessoa e descobrir algumas coisas sobre o que ela andou fazendo, como comentou a Nayara.
    A legislação atual não cobre adequadamente o direito ao anonimato dos cidadãos. Coisas simples, como entrar numa loja, comprar uma camiseta com dinheiro vivo e sair sem se identificar são impossíveis, para o cidadão de bem, no cyberspace.

  4. Asimov era o cara! E hoje temos o Google para fazer perguntas e não o Multivac como em um dos livros dele… só não lembro qual livro.

  5. Joguei meu nome no google e me deparei uma incomoda lista onde eu relembro minha reprovação no vestibular da PUC, em 2006.

    Já superei a isso a muito tempo. Mas continua me incomodando o fato de que qualquer pessoa possa saber algo sobre o meu passado, ainda mais algo que eu queria esquecer.

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