E o Brasil avança, segundo a revista Economist

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

The Economist, a famosa revista semanal que se diz ?um jornal?, tem sua sede em Londres e sua origem remontando a 1843. Em 2009, registrou uma circulação de 1,4 milhão de exemplares pelo mundo todo, sendo que metade deles na América do Norte.

?A? Economist ? como falamos por aqui ? não quer ser uma publicação apenas sobre economia. Tem a ambição de promover a luta da ?inteligência?, progressista, contra a ?ignorância?, obscurantista. E a Economist toma, efetivamente, partido (como muitos veículos do mundo anglo-saxônico): defende o ?livre mercado? e a globalização, mas também a atuação do governo em áreas estratégicas como saúde e educação, bem como seu apoio a bancos e instituições financeiras (à beira da falência ou de causar prejuízos à sociedade).

É uma revista assumidamente escrita para a ?elite intelectual? do planeta, sendo a preferida de executivos de grandes empresas e mandatários de grandes nações ao redor do globo. Pertencente ao The Economist Group, a Economist é, hoje, metade do jornal Financial Times e metade de ?um grupo de acionistas independentes?. Quanto à sua redação, 75% de seus jornalistas se concentram em Londres.

Ao lado da New Yorker ? a semanal da década de 1920 ?, a Economist é uma das publicações mais influentes da nossa época. E, para a surpresa de muitos brasileiros (mas não de todos), revolveu dedicar uma capa inteira ao nosso País, fora um ?relatório? sobre o que chamou de ?a maior história de sucesso da América Latina?.

Com letras garrafais, declara: ?O Brasil decola? ? ilustrando essa frase com uma vista do Rio de Janeiro, em que o Cristo Redentor aparece ejetado de uma plataforma, fazendo as vezes de foguete (ou de ônibus espacial), espalhando luz e calor para todo lado. É o Brasil se ?descolando? da América Latina, para ingressar no chamado ?mundo desenvolvido??

Em seu editorial, a Economist relembra que, quando a denominação BRICs surgiu (2003), para designar as novas economias que iriam ?dominar? o mundo, o ?B?, de Brasil, destoava… Seis anos depois, nosso País não é a China, mas foi o último a entrar na crise de 2008 (e o primeiro a sair dela).

Sua economia volta a crescer a uma taxa de 5% ao ano e já existem previsões que colocam o Brasil como a ?quinta potência mundial?, em 2014 (ultrapassando França e Inglaterra). A Economist ainda elogia Lula, por haver diminuído a desigualdade em seu governo, enquanto associa esse ?futuro auspicioso? a uma Copa do Mundo (daqui a cinco anos) e uma Olimpíada (em 2016).

A Economist reconhece que o ?sucesso? recente do nosso País não é de hoje, remontando, na verdade, a medidas tomadas na década de 1990. Quando a inflação foi vencida, através do Plano Real (1994), e passos foram dados na direção de leis, como a de responsabilidade fiscal (2000), onde, em tese, não se gasta mais do que se arrecada em estados e municípios.

A Economist ainda aponta a autonomia do Banco Central e suas metas inflacionárias como essenciais, indicando que o sistema bancário brasileiro seguiu uma linha mais conservadora (o que surpreendentemente nos poupou da crise do subprime). A economia brasileira ainda se abriu para o comércio mundial, atraiu investidores externos e se fizeram as privatizações.

No rastro disso tudo, surgiram verdadeiras multinacionais: algumas estatais, como Petrobras, Vale e Embraer; outras ?empresas privadas?, como a Gerdau e o grupo JBS-Friboi. Mais investimentos, então, foram atraídos por um ?pujante mercado interno?, formado por uma ?ascendente classe média?. Para completar, o Brasil, diz a Economist, vem fortalecendo suas instituições políticas e consolidando uma ?imprensa livre?, que fiscaliza o poder (embora nem toda a corrupção seja, devidamente, punida…).

Nem tudo são rosas, mesmo para a Economist. O governo brasileiro ainda gasta mais do que a economia do País cresce ? sendo que investe muito pouco (assim como o setor privado), lançando dúvidas sobre as previsões mais otimistas de crescimento. Exemplo: a folha de pagamento do governo cresceu 13% desde setembro do ano passado, enquanto a contribuição previdenciária subiu apenas 7% no mesmo período (considerando-se que a população brasileira é relativamente ?jovem?).

E, apesar de avanços na áreas de educação e infraestrutura, o Brasil continua bastante atrás de China e Coréia do Sul (outro exemplo). Sem mencionar que a violência e a criminalidade não param de aumentar.

Economicamente falando, nossa moeda se valorizou muito, facilitando as importações ? mas tornando difícil a vida de nossos exportadores. Nossa legislação trabalhista é da década de 1940 e Dilma Rousseff, a candidata de Lula, ?não acha que as leis (arcaicas) do Brasil precisem ser reformadas?, diz a Economist. ?Sim, o Brasil merece respeito, e Lula, toda a adulação que ultimamente vem recebendo?, conclui a revista, mas seu governo teve lá a sua dose de sorte e o sucesso do País, nos próximos anos, depende mais de quem assumir na era ?pós-Lula? ? implementando as reformas que o nosso atual presidente, e seu governo, não conseguiram realizar.

As reações à matéria da Economist, dentro do País, foram variadas. Formadores de opinião como Paulo Henrique Amorim, ligados ao governo, bem como empresas estatais, a exemplo da Petrobras (em seu blog), saudaram a reportagem, como se não houvesse nela críticas ao Brasil e à era Lula.

Já articulistas como os de O Estado de S. Paulo ironizaram, por exemplo, o recente pedido de cautela do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles ? lembrando que, ?antes de o País dar certo?, precisa melhorar seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um dos piores do mundo, e as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) têm de seguir adiante, respeitando, inclusive, as exigências do Tribunal de Contas da União (TCU).

Outros perguntaram por onde anda o Fome Zero (entre os programas abandonados pelo governo), e outros, ainda, fizeram questão de evocar a má colocação do Brasil como um dos piores lugares para se abrir uma empresa, empreender, começar um negócio…

A grande verdade é que a Economist não vai nos salvar, nem qualquer outro ?selo de qualidade? vindo de fora. A diferença, agora, é que o nosso potencial começa a ser valorizado pelo resto do globo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, como a mesma reportagem afirma… [Webinsider]

.
Acompanhe o Webinsider no Twitter.
.

Julio Daio Borges é o editor do Digestivo Cultural.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

4 respostas

  1. Talvez a nossa retórica pessimista tenha sido o viés das opiniões formadas pelos brasileiros sobre seu país nos últimos 20 anos, desde a luta pelo controle e estabilização macroeconômica.
    Apesar da Economist ser deveras otimista e generosa em sua reportagem também é verdade que talvez não cumpramos a meta de superávit, de 2,5% do PIB. O que se a princípio não se desvela, num momento em que há consenso de que é necessário o Estado aumentar seus gastos públicos, também pode vir a ser um momento de tensão, num momento que se acumulam a fragilidade do mercado financeiro internacional, a instabilidade da economia americana, a sucessão presidencial e estadual de 2010.

  2. Acho muito legal que nosso país comece a ser reconhecido mundialmente, mas como afirma o belo final da materia, ainda há muito o que fazer.
    Acho que o principal, dentre muitos outros, seria uma revisão nas leis trabalhistas e outras, inclusive tributarias, que facilitem e apoiem mais o empreendedorismo no Brasil.

  3. !? Um artigo ufanista da economia do Brasil promovendo os politicos do governo do Brasil? O que tem isto a ver com Web? Isto não seria um artigo para o EconomyInsider (ou talvez GovernmentInsider) em vez de vir para o Web Insider?

  4. Ótima conclusão…

    A grande verdade é que a Economist não vai nos salvar, nem qualquer outro ?selo de qualidade? vindo de fora. A diferença, agora, é que o nosso potencial começa a ser valorizado pelo resto do globo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, como a mesma reportagem afirma?

    Realmente acredito que nossa situação esteja muito boa, estamos fortes por assim dizer. Porém, apesar de tudo isso penso que o Brasil seja mais um Corpo sem cabeça. Explico, uma economia forte, um consolidação do mercado e industria muito forte, porém com um governo e liderança relativamente fraco. O Brasil, e acredito que o Lula pecam muito por acreditar muito neste Oba, Oba no Brasil. É preciso ter cuidado, a situação que chegamos hoje e que o Lula tanto se vangloria foi obtida com o tempo, e com planos.

    Ele que trate de deixar este clima de lado, e colocar a mão na massa, e investindo mais em educação e aumentando a qualidade de vida da população. Com um mercado inteligente e empreendedor facilmente conseguiremos alcançar as primeiras posições.

    Me desculpem qualquer erro.
    Abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *