Humildade dentro das empresas não é pecado

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Alberto Roberto, personagem interpretado por Chico Anísio, nunca iria admitir ser humilde dentro de uma empresa. Seu bordão na TV era: eu sou apenas o máximo, o resto é figuração.

Qualquer semelhança com pessoas ao seu lado ou que trabalham com você não é mera coincidência.

No mundo corporativo é comum encontrarmos pessoas vaidosas que se julgam o centro do universo. Em torno delas, imaginam gravitar os míseros mortais na condição de simples coadjuvantes.

Trata-se de uma disfunção comportamental envolvendo diferentes perfis, dentre os quais encontramos:

  • EGÓLATRA – como aquela pessoa que resolveu escrever um livro ao qual lhe deu o seguinte título: “As dez pessoas mais humildes do mundo e como eu fiz para encontrar as outras nove“. Costuma também racionalizar a respeito de suas falhas dizendo “falem mal, mas falem de mim”.
  • ENSIMESMADO – típico de alguém que, após falar duas horas a respeito de si mesmo, vira-se para seu pobre interlocutor e diz: “cansei de falar de mim. Fala você um pouco agora. O que você acha de mim?
  • NARCISISTA – característico de pessoas que necessitam confirmar sua suposta superioridade frente a seus “concorrentes”, como se estivessem perguntando a todo instante: “espelho, espelho meu, há alguém mais belo (forte, inteligente, etc.) do que eu?”. Esclareça-se que, nesta metáfora, as consultas ao espelho refletem a insegurança típica de um quadro de alucinação persecutória.
  • BULLY – termo atribuído a pessoas que pretendem intimidar seus circunstantes através do uso da força física, agressividade, atos de violência ou provocação, todos enquadrados como manifestações de assédio moral e/ou sexual.
  • DOGMÁTICO – pretenso dono da verdade, caracterizado por um rei da mitologia grega, chamado Procrusteu, que mandou construir uma cama com a exata dimensão de seu corpo. A cada dia ele ordenava que um de seus súditos deitasse nela. Se o tamanho da pessoa fosse maior que sua cama, ele mandava cortar a cabeça. Se fosse menor, ele mandava esticar o seu corpo para que, em qualquer caso, ficassem de seu tamanho. E assim, por se julgar o gabarito do certo e do errado, invariavelmente, matava um súdito por dia.
  • MANIPULADOR – pessoa que se utiliza de chantagens visando a incutir medo, culpa ou suborno a fim de obter em troca, tempo, afeto, bens materiais ou informação. Ao fazê-lo, reduz seus interlocutores a meros objetos de sua vontade utilitarista e pragmática.
  • AUTOCRÁTICO – por sua sede de poder busca sobrepujar os outros numa relação de dominação/passividade. Exemplificando, poderíamos imaginar um chefe que, num arroubo de despotismo, dissesse a seus subordinados: “a partir de amanhã quero que todos vocês estacionem seus cérebros e corações lá fora, antes de entrar para o serviço, pois aqui só eu sou pago para pensar e vocês, na condição de mão-de-obra, são pagos para obedecer”.
  • RÍGIDO – que adota julgamentos dicotômicos do tipo certo ou errado, preto ou branco, além de valorações maniqueístas como bom ou mau, bonito ou feio. Em decorrência de sua falta de flexibilidade, tenta impor às demais pessoas sua visão reducionista do mundo, esquecendo-se de que existem muitas nuanças como possíveis alternativas entre os extremos de um continuum.

Todos esses comportamentos provocam desequilíbrios disfuncionais nos relacionamentos interpessoais. Como não há dois seres humanos iguais na face da terra, cada pessoa merece consideração por sua singularidade, não havendo motivos que justifiquem sentimentos de superioridade ou inferioridade entre seres humanos.

A riqueza nos relacionamentos decorre exatamente da heterogeneidade de opiniões e da diversidade de pontos de vista.

Vale lembrar que até um relógio parado, duas vezes por dia, está certo. Ou seja, dificilmente, em situações de conflito, alguém possui 100% de razão. Qualquer tentativa de intimidação, ou demonstração de pretensa superioridade, deve ser recusada através de posturas assertivas por parte de quem se sente desrespeitado.

Humildade tem a ver com humus, termo que deu origem à palavra fertilizante. Neste contexto, uma pessoa humilde é aquela que sabe apoiar as demais para que evoluam, assim como a terra fértil contribui para que uma semente germine.

Uma banda de jazz é um exemplo de relacionamento sinérgico e equilibrado.

Nela, não existe o maestro e todos os seus integrantes são polivalentes, pois dominam mais de um instrumento.

Dada uma linha melódica, sabem fazer improvisações jazzísticas, alternando-se em momentos de solo e retaguarda, de modo que, a seu tempo, todos brilhem e não haja limitação de bem-sucedidos. [Webinsider]

…………………………

Conheça os serviços de conteúdo da Rock Content..

Américo Marques Ferreira é consultor sênior do Instituto MVC.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

9 respostas

  1. Na verdade separar esses comportamentos para serem melhor observados é um acerto, porém pensar que cada pessoa adota somente um desses comportamentos é um erro. Todos nós experimentamos ser um pouco de todos durante uma semana de trabalho, e é ai que deve aparecer a humildade, não a que é confundida com uma modéstia apática, mas a de reconhecer com bom senso como realmente como somos, nossas braquesas e virtudes.

    Projetar como somos, como queremos ser e como nunca vamos ser com grande percentual de acerto é algo quase impossível.

  2. Gostaria de acrescentar alguns perfis:

    O Rei – Todos são seus súditos; e, se por acaso for concedido que falem algo, que esse algo seja o que “O Rei” deseja ouvir (sem ser contrariado); caso contrário: VOCÊ ESTÁ DEMITIDO! RUA!

    O Onisciente – Ele sabe de tudo! Só ele! NINGUÉM MAIS! E ponto final

  3. É um assunto muito sério e bem colocado. A humildade está cada vez mais escassa. Sempre escuto ou leio algo a respeito de abuso de poder. Muitas pessoas não estão preparadas para liderar, tão pouco para serem lideradas, por falta de humildade. Pessoas humildes são capazes de proporcionar o sucesso de alguém, sem levar em conta somente o valor monetário; elas sentem prazer no que fazem e no resultado (que é a satisfação das pessoas). Acredito que as empresas deveriam selecionar pessoas que possuam esse critério: HUMILDADE.

  4. Olá!!

    Concordo com a Pollyne! Todo mundo tem um pouco desses comportamentos. E humildade, na minha opinião, é coisa rara, só que vc exemplificou estas disfunções comportamentais mas não escreveu o qual seria o comportamento ideal para cada uma delas.

    Vc escreveu “uma pessoa humilde é aquela que sabe apoiar as demais para que evoluam…” isso é bonito em poesia e não no mundo corporativo.

    Geralmente a pessoa que apoia para que o outro “evolua” quer sempre algo em troca, que é ao contrário da humildade que vc escreveu.

    E o engraçado, é que sempre tem um, que vai dar pra alguém ler (chefe, colega, etc) e não se olha no espelho pra ver os seus próprios defeitos… tsc tsc tsc me poupe!

  5. Muito bom esse artigo. Vejo que o que falta hoje em muitos candidatos são as chamadas “competências sociais”. Coisas que não se aprende na faculdade.
    Já vi muitos profissionais com diplomas e capacidades ótimas se darem mal na carreira por não saberem reagir a uma provocação ou terem uma má organização pessoal.

    São pessoas que montam um banco de dados com um pé nas costas e que não conseguem manter o mínimo de organização pessoal em suas mesas ou agendas. Perdem telefones, esquecem compromissos e anotam suas tarefas em “post-it” que se perdem pela mesa.

    A relação nas empresas brasileiras é muito complicada, dado o ponto de vista patriarcal da sociedade. Têm sempre um dono que manda em tudo, com todo o poder centralizado, e se ele esta viajando por exemplo a empresa para, prejudicando o trabalho de clientes e fornecedores.

    Ninguem sabe o significado da palavra “assetividade” por exemplo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *