A escassez de profissionais qualificados para TI

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Resolvi escrever esse insight após assistir a entrevista intitulada: “Por que profissionais qualificados não conseguem empregos?”, exibida no programa Espaço Aberto da Globo News.

O programa contou com a participação de Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral, e Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ). Apesar de não ter sido citado na entrevista, sem dúvida, o setor de Tecnologia da Informação está relacionado à abrangência da questão.

Enquanto preparava o material e buscava ideias para escrever, resolvi utilizar os vários profissionais do setor de TI, RH, gestores e dirigentes de empresas que fazem parte de nossa network, que atualmente ultrapassa seis mil profissionais. Sinceramente me surpreendi com a diversidade de opiniões.

Obtive um ótimo resultado e agradeço a todos que participaram da enquete. Com isso, busco fomentar o assunto para – no mínimo – incentivar à reflexão. O tema em questão possui relevância, pois não se refere somente à falta de mão de obra e a profissionais buscando empregos, mas ao desenvolvimento nacional.

“Segundo o último ranking do Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009-2010, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou na colocação de número 61 em desenvolvimento nesta área, queda de três posições em relação à classificação divulgada ano passado. Estamos atrás de países como Uruguai, Panamá e Colômbia.

É um retrocesso no crescimento do setor no país e isso se deve basicamente à falta de profissionais especializados para atender a demanda”.

André Assef, consultor em recrutamento de profissionais de TI.

Se existem demandas e fartura de mão de obra, onde estão as divergências? Será que estas discrepâncias evidenciam algum tipo de mediocridade existente no mercado?

Segundo o dicionário Aurélio, mediocridade é aquilo que está entre o grande e o pequeno, o bom e o mau, ou aquilo que (ainda) não tem grande valor intelectual. Por isso precisa ser pensado e discutido com maior profundidade.

Necessidade de realização e de profissionais

Ao analisar o aspecto da educação e formação de mão de obra, pode-se utilizar uma citação que vem sendo muito utilizada: “Nunca na história desse país se investiu tanto em educação”. Isso é uma realidade e vem tentando ampliar os índices de inclusão e ascensão social, mas o foco ainda não é a qualidade.

Quando se fala em qualidade de educação não se pode restringir o pensamento somente à generalização do termo; é necessário refletir sobre educação na amplitude e completude de sua essência.

Em busca de evidenciar mais os fatos, pode-se utilizar um trecho da matéria “Rascunhos do futuro“ que foi publicada no jornal O Globo Digital:

“Numa escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma menina de 9 anos pergunta como se escreve astronauta e arranca gargalhadas dos colegas. A reação da turma a faz mudar de ideia ao colocar no caderno o que quer ser quando crescer: vendedora de roupas… a escola e a universidade dão o ensino, mas cada um tem uma coisa que é só sua: o sonho”.

Somente através de políticas públicas diligentes oriundas de um plano de desenvolvimento da nação, a educação permitirá que sonhos se tornem realidade, não somente para profissionais da área de informática, mas para toda a sociedade. Seria isso ir um pouco além de inclusão e ascensão social?

A título de curiosidade, sugiro que se faça uma pesquisa no Google sobre o termo “AscenÇão social”. Vejam que interessante os sites que hospedam o termo.

Tecnologia da Informatização como commodity

Nicholas Carr, no artigo publicado em maio de 2003 pela Harvard Business Review e posteriormente em seu livro “IT Doesn’t Matter”, instiga a mudança na maneira de pensar sobre a aplicação da tecnologia da informação nas estratégias de negócios.

Fundamentado em ricos exemplos históricos e contemporâneos, ele fornece conselhos práticos sobre como as empresas podem aproveitar a comoditização de TI.

Em 2007, escrevi alguns artigos a respeito da importância de TI e as possíveis alternativas para o processo de comoditização do setor.

Entre eles, um artigo publicado aqui no Webinsider intitulado: O que a TI pode fazer pela marca de uma empresa, onde busquei apontar para o solução da inovação.

Nesta mesma época, Luciano Coutinho presidente do BNDES, afirmou em entrevista que setores intensivos em mão de obra, que sofrem com a concorrência internacional em função da apreciação do câmbio, deveriam optar pelo “caminho inteligente”, ou seja, o da inovação para o desenvolvimento de produtos diferenciados que possam escapar da competição em custos e preços.

Obviamente esse foi um recado abrangente, mas de forma alguma exclui o setor de Tecnologia da Informação das organizações.

Para tanto, as atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) vêm recebendo notável ênfase e concentrando grande parte dos esforços das empresas para a redefinição de suas posições estratégicas.

As organizações começam a perceber que o grande diferencial para ampliação de seu arranjo competitivo e estratégico está ligado à sua capacidade de agregar o valor do conhecimento aos seus produtos, processos e serviços, através de mão de obra especializada.

Cabe às empresas brasileiras, através da utilização de todo o potencial que a TI oferece, assimilar e desenvolver continuamente novas tecnologias e produtos, visando à redução de custos, manutenção e ampliação do mercado, com vista a competir em preço e qualidade em condições de igualdade, tanto com países de elevado nível de desenvolvimento tecnológico, quanto de países onde os custos de novas tecnologias e produtos estão num patamar bem mais baixo, principalmente devido ao menor valor de mão de obra.

O termo da língua inglesa commodity se refere a qualquer tipo de mercadoria primária não manufaturada, ou parcialmente manufaturada, como produtos agropecuários e recursos naturais, passível de ser negociada em Bolsas de Mercadorias.

Torna-se oportuno ressaltar que aqui no Brasil, geralmente utiliza-se bóias frias – mão de obra sem necessidade de qualificação e de baixo custo – para trabalhar com mercadorias caracterizadas como commodities, objetivando reduzir custos e obter maior competitividade no mercado.

Seria esse um “caminho inteligente” para a utilização dos recursos de TI?

Recursos humanos e o mercado

A pesquisa divulgada no V Encontro Empresarial promovido pela Assespro, executora do Bureau de Inteligência do Arranjo Produtivo Local (APL) de Software do Governo do Estado de Minas Gerais, constata que: “… a área de informática é sempre vista como promissora e, apesar de quem trabalha nela tender a ter uma boa condição financeira, a realidade não é bem esta… o levantamento apontou que cerca de 48% dos profissionais possuem uma renda familiar de até R$ 1.875,00 mensais, insuficiente para investir em formação…”.

Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, relata na entrevista citada acima, que ainda há um caminho a ser trilhado na qualificação dos profissionais de RH, principalmente àqueles que cuidam de recrutamento e seleção. Isso se tornou evidente nas respostas da enquete realizada com a nossa network.

Recebi inúmeros relatos de profissionais seniores, mestres e até mesmo doutores, que participaram de processos seletivos conduzidos por profissionais evidentemente neófitos. Orientados a se preocuparem com algumas certificações específicas e principalmente com aspectos que diziam respeito a baixos valores salariais e benefícios.

Tantos outros colegas de ofício dizem estar extremamente insatisfeitos e frustrados com seus trabalhos, desmotivados com a falta de oportunidades de melhorias, desafios inovadores e realizações profissionais. Apesar de todo o discurso das reais necessidades de inovações nas organizações.

O fato é que estamos perdendo excelentes e experientes profissionais para o exterior, mesmo com o mercado mundial ainda passando pela crise. A boa notícia é que algumas empresas já estão atentas para essa situação, recrutando e buscando motivar adequadamente seus valiosos recursos.

Nos últimos tempos, muitos questionam como efetuar as transformações necessárias. O vídeo a seguir possibilita o vislumbre de novos horizontes.

Polêmica ou realidade?

“Por isso mesmo, o Brasil sempre foi, ainda é, um moinho de gastar gentes. Construímo-nos queimando milhões de índios. Depois, queimamos milhões de negros. Atualmente, estamos queimando, desgastando milhões de brasileiros, na produção não do que eles consomem, mas que dá lucro às classes empresariais”.

Darcy Ribeiro, educador e antropólogo.

Sei que alguns irão torcer o nariz para essa declaração do homem público Darcy Ribeiro, outros irão aplaudir de pé, mas isso não importa. Independente de preferências políticas, o que realmente importa é que nós, sociedade, talvez sejamos coparticipantes das mudanças que se fazem necessárias.

José Saramago, já saudoso, ainda polêmico, amado por alguns e odiado por tantos outros, também havia pensado e opinado a respeito. Assista ao vídeo a seguir e tire suas próprias conclusões.

Termino mais esse insight com a certeza de não ter esgotado o assunto, mas visando continuar a troca de informações para, pretensiosamente, fomentar o amadurecer do questionamento coletivo. Quem sabe? Até mesmo, obtermos dos representantes de nossa classe profissional, assim como àqueles que ajudamos a eleger, propostas e soluções para um quadro que se evidencia mais a cada dia.

Em tempo: prestando uma última e singela homenagem a Saramago, transcrevo um de seus momentos de extremo delírio ou simples lucidez, como queiram.

“Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar …”

José Saramago – 1922/2010.

[Webinsider]

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Jorge Castro (jorge.castro@globo.com) é professor e coach em Governança de Tecnologia da Informação e Comunicação.

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17 respostas

  1. Há 10 anos ministramos cursos para profissionais de RH que atuam em empresas de TI ou que trabalham vagas na área, justamente por consideramos que a forma como o recrutamento é feito, como o Selecionador não entende o que está procurando exatamente e como deve usar a sua criatividade e conhecimento para atração e retenção dos profissionais de Tecnologia, fazem toda a diferença para captar a atenção daquele que não procura emprego, mas que volta sua atenção para ótimas oportunidades de desenvolvimento de conhecimentos e habilidades.
    http://www.rhtec.com.br

  2. É muito interessante ver que pessoas realmente experientes traçaram outro rumo e alcançaram horizontes diferentes daqueles oferecidos aqui no Brasil.
    Muito se exige do profissional, mas este não ganha nem o necessário para arcar com os custos de futuros estudos e especializações. É muito caro para uma empresa investir na formação de um profissional, reconheço. Por vezes vemos técnicos (que passaram por algum curso em instituições duvidosas) trabalhando em empresas de médio e grande porte, atuando em funções do tipo “faz tudo”. O que falta, meus amigos, é uma lei rígida que regulamente toda a área relacionada à tecnologia, assim como existe na Medicina. Quem sabe dessa forma nossos salários parem de ser desviados para agentes terceirizados.
    Precisamos de um novo padrão de hierarquia, dividido por classes de especialização, onde as certificações exigidas serão atribuídas àqueles que delas realmente se utilizarem. Se não for dessa maneira, daqui uns 5 anos um analista de sistemas não vai conseguir mais do que um salário mínimo em alguma loja ‘sanguessuga’ de suporte e manutenção.

    Obrigado,
    Rodrigo Z.

  3. Quem destruiu o mercado de TI no Brasil foram essas malditas consultorias. Cansei e cansei de ver vagas exigindo certificações MCSE ou CCNA, ITIL, e oferecendo 1,500 reais de salário! A maldita consultoria cobra da empresa 7000 e te repassa
    1,500……

    Quem destruiu o mercado de TI no Brasil foram essas malditas escolas de cursos e certificações que infestam os sites da internet com suas propagandas milagrosas e suas pesquisas pagas para atraírem as ovelhas para seu rebanho. Entram nessas “escolas” achando que vão fazer um curso e ganhar aquele salário lindo que aparece na tal pesquisa de tal revista…. Tudo matéria paga.

    Na minha humilde opinião, o mercado de TI no Brasil não tem mais salvação.

  4. Estava buscando informações sobre a área e, confesso, ter ficado um pouco desanimada. Sou graduada em letras, atuando na educação pública. Busco alternativas para enriquecer a minha área. Pensei em TI, sem saber realmente o que fazer. Alguma sugestão?

  5. é fácil falar as pessoas que tem seu empregos falo isso porque sou formada em GESTÃO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO mais não consigo trabalho nem mesmo conseguir fazer um estágio , as vezes chego a pensar que joguei meu dinheiro fora , falo isso dessa forma porque trabalhava em uma empresa na área de produção e não me deram valor , pedir um estágio e a empresa não me deu , mais passado um tempo ela contratou uma pessoa de fora para dar esse estágio ,é isso que não me conformo porque as empresa prefere contratar pessoas de fora do utilizar seus próprios funcionários , mostra que a pessoa não tem valor nenhum para empresa somente e mais um numero

  6. Essa matéria e os comentários são fabulosos, extamente o que passo agora na consultoria (parte interna) que trabalho.

    Estou sendo questionado sobre o meu trabalho e meu salário sendo Arquiteto de Informação, Designer de Interface e Usabilidade e blá blá blá. Tenho mais de 10 anos de experiência, cursos, Superior e finalizando um MBA em TI e acabo de ser comparado a um entry-level de e-commerce do qual fiz parte há vários anos atrás e consequentemente ganhava e ainda ganha menos!

    Mas é a pesquisa de mercado da empresa que fez isso, a dificuldade de fechar projetos (o pessoal do comercial ganha BEM MELHOR do que eu) e só conseguem tapar buracos de clientes terceirizando a mão-de-obra, via migalhas.

    O mais engraçado é que estou com a proposta deles mesmos para voltar para esse entry-level no cliente e ganhar e fazer coisas que fazia anos atrás e ver toda a minha especialização, caminhada e subida até aqui, inclusive o meu salário despencarem. Me sinto aceitando esmola!

    Triste demais, um dia abdiquei de publicidade, de design enfeita pavão de agência porque já vivia a rotatividade e vi que era furada para me especializar em sites e sistemas inteligentes com entendimento server-side e principalmente o que sei, client-side achando que a área de TI era MUITO e sempre seria mais promissora.

    Anos depois vejo que tenho a proposta de regredir (não é a primeira vez) a um salário que qualquer pessoa desqualificada e que sabe fazer alguma ou qualquer coisa no mínimo razoável ganha.

    Agora igual como nosso amigo da injeção penso em fazer algo ( mesmo que sem $ no momento ) completamente diferente.

    Ps.: Meu nome e atividade não foram revelados, justamente pelo medo de descobrirem essa matéria e “talvez” nem a esmola mais vir a ganhar!!!

  7. Srs,

    poucas matérias e comentários me chamaram tanto a atenção como este. Concordo com quase todas as coisas que aqui foram apresentadas (principalmente com o Sr. Rockfeller Parulla no quesito injeção eletrônica… rs). Por diversas vezes me peguei pensando se realmente vale à pena continuar nessa área, pois, o trabalho é stressante e sem horário, necessidade de atualização constante porém baixa remuneração, dentre outros pontos.

    Realmente a fraca qualidade no processo de triagem traduz o que estamos passando hoje pois o primeiro filtro de classificação é “verifique as certificações, se não tiver ITIL, CoBIT, Virtualização, Cloud-computing já desclassifica”, sendo que muitas vezes a empresa nem processo definido tem para se utilizar disso. Fica a pergunta, para quê exigir tudo isso se não vai ser posto em pratica? Tudo bem, muitos podem pensar: Mais com Menos… simples não? Mas no meu ponto de vista, essa simples formula é que está direcionando nossa área para onde ela está agora, e desculpem o pessimismo, mas não vejo volta para esse caminho.

    Não é raro encontrar vaga para Analista Junior exigindo inúmeras coisas como por exemplo: Analista de Segurança Junior – conhecimentos X, Y, Z e certificações CISSP, CISA, CISM, Security+ — PARA JUNIOR?? Não culpo somente as empresas de seleção ou os psicólogos, mas sim os gestores que definem esse tipo de perfil; gestor esse que supostamente sabe o que está falando, mas que na pratica podemos perceber que não.

    Sou um apaixonado pela área de Tecnologia, mas sinceramente a tendência tem mais me desmotivado a continuar do que seguir em frente pois o custo x beneficio de se manter nessa área deixou de ser bom a muito tempo. Em relação a contratação PJ particularmente não vejo problema nisso, mas sim problema em a empresa querer pagar um valor condizente a mão-de-obra que está contratando a final de contas, quando ela recebe uma proposta de R$10.000,00 para um analista Pleno para Senior, é um valor expressivo porém em uma conversão simples, seria um funcionário CTL por R$6.000,00(mais ou menos). Qual chama mais a atenção?

  8. Nossa, nunca me senti tão em casa. Finalmente um lugar que expressa claramente o que penso e me deixa revoltado há anos.

  9. Concordo plenamente com o o sr. Marcio Castro.

    Creio que o problema maior está na “prostituição” do mercado de TI com tamanho números de “gigôlos” chamadas CONSULTORIAS DE TI.

    Basta ter um bom contato dentro de uma empresa (ou empresas), ter um site bonito, atraente e… pronto!…

    Atuo em uma empresa de grande porte e por várias vezes me ofereceram profissionais sem a mínima qualidade técnica para executar em tarefas que exigem especialistas.

    E claro que não aceitei.

    Mas o problema está nos departamentos que “compram” as horas destas empresas empresas a preço de profissionais qualificados e oferecem salários que estes profissionais qualificados não aceitam, dai tem quem aceita….

    Fiquemos de olho, pois, nestas consultorias….

  10. os vários comentários aqui deixam claro uma coisa: NÃO EXISTE falta de bons profissionais, existem vários fatores que IMPEDEM o acesso dêsses bons profissionais às vagas:

    entry-level com salários ridículos, exigências de certificações que nada acrescentam, discriminação pela idade (o meu caso) e PJ que visa burlar o govêrno e o funcioário (vc não tem QUALQUER beneficio, nem mesmo um salário decente).

    Mas – o que tenha visto – o grande e real obstáculo são as psicologas/recrutadoras péssimamente preparadas e que, quanto menos qualificadas mais arrogantes, buscando (para salvar as próprias costas):

    a) certificação Microsoft, quando vc vai trabalhar com Unix (meu caso), ou ITIL quando vc NÃO É gerente da área ou gestor, é um reles (qualquercoisa ou coisaalguma).

    b) não importa se vc é supervisor ativo, atuante e com referências, querem fazer vc passar por aquelas ridículas “dinâmicas de grupo” que não acrescentam nada, exceto o stress que já está alto. Eu me recuso, acho inqualificável desrespeito.

  11. De tudo o que se foi dito a verdade é que as empresas e as pessoas que trabalham na maioria das empresas são despreparados para lidar com esse profissional. Sempre fui pé atrás com recrutadores (RH), esse pessoal sabe menos do que aparenta saber. A verdade como dita pelos companheiros acima é essa mesma, exige-se demais do profissional, acham que o profissional deve passar por testes e pagam mal.
    Eu sei sobre todas as novas
    Tecnologias, estudo o tempo todo sobre TI e nunca chego a lugar algum. Ja tó interessado em até me especializar em Injeção eletronica de veiculos ou outra trabalho muito mais rentavel e menos exigente.

  12. Concordo com o Anderson, vejo muitas empresas querendo um profissional que faz tudo, quer que o cara seja, programador, animador, design entre outros, tenha no mínimo 3 anos de experiência…

    Caindo no conto do PATO, o pato sabe andar, nadar e voar… mas nenhum dos 3 faz com especialidade.

    E somos obrigados a ouvir que não existe mão de obra qualificada, será que não existe mesmo ou será que devido as empresas não incentivar o especialista em cada área faz com que os profissionais ao invés de se especializar em algo tenha que aprender outras áreas.

    Fica minha opinião e se não existe muitos especialistas hoje é porque a maioria das empresas não valorizam os mesmos e preferem o faz tudo.

  13. O problema real não é a escassez de profissionais ou a terceirização, e sim como tudo isso é tratado. Muitas empresas querem que o profissional de TI tenha 1001 conhecimento imprescindivel de sua área e de áreas correlatas além de saber lidar com problemas até da cafeteira.
    Quando todos derem a atenção devida à TI verá que os profissionais devem ser como os médicos, ter sim o conhecimento, porém cada um atuar no seu devido lugar.
    Enquanto todos parecem está fazendo tudo, ninguém terá feito absolutamente nada no final, pois só haverá desordem.

  14. Sr Castro,

    Concordo em grande parte com suas colocações. Gostaria de oferecer alguns comentários e aproveitar também para compartilhar um pouco da minha experiência pessoal.

    Eu tenho 43 anos e atuo no mercado de TI desde 1986, trabalhei treze anos na Microsoft, sendo os últimos três em Dublin, Irlanda, de onde regressei no final do ano passado (presentindo a crise dos PIIGS e apostando no B dos BRIC). Sou formado em engeharia eletrônica pela UFRJ e tenho uma pós-graduação (MBA) em Gerência de Projetos pela FGV (EPGE-RJ) e curso um mestrado na Universidade de Wales.

    Mediocridade X Maturidade

    O termo mediocre tem uma conotação negativa, por isto prefiriria dizer que o mercado de TI no Brasil é imaturo, na verdade as relações entre capital e empregados assmi o são em diversas áreas, em grande parte pela intervenção do Estado – arbitrando e intervindo sem deixar que as parte evoluam. Um outro fator aqui são os encargos que incidem sobre o emprego formal para sustentar os benefícios sociais.

    Sobre a “comoditização” de TI
    Este é argumento já meio antigo, pois levou as primeiras ondas de outsourcing do meio para o fim dos anos 90. Eu creio que na verdade a TI tanto pode ser estratégica como pode ser uma utlidade – o mesmo poderia se dizer das telecomunicações. Os pontos de inflexão, na minha opinião são a natureza da empresa e suas estratégias.

    Sobre a carência de recursos

    Esta dita carências de recursos é muito propalada, em especial no mercado de TI, já há vários anos. Porém na minha visão isto tem sido explorado por empresas que oferecem treinamenos visando a formação de profissionais. Outro ponto que pouco se divuga é que a maioria das vagas é de entry-level e portanto com remuneração baixa, mas nas matérias dos jornais e revistas as vagas mostradas são sempre as do topo da cadeia ou de áreas privilegiados do mercado, onde ainda não há massa crítica de pessoas.

    Os recursos especializados existem, porém são profissionais experientes e por conseguinte com mais idade, e com isto muitas vezes não se sujeitando a demandas exageradas por parte das empresas.

    Olhando diversos anúncios de empregos se vê que muitas vezes as exigências/qualificações pedidas são absurdas. Por exemplo, pedem-se múltiplas certificações para posições júnior, fluência em idiomas que nunca será utlizada, além de remunurações e benefícios incompatíveis com o que se pede mostrando um modelo claramente distorcido, de mais por menos, além das discriminações por idade e aos ditos super-qualificados.

    Eu creio que um dos principais fatores é a terceirização do recrutamento. Existe uma visão míope da contratação de profissionais qualificados == maior custo. Em muitos casos este profissionais barrados decidem migrar para cargos no serviço público, através de concursos (revertendo uma tendência da decada passada), o que acaba por “tirar” da iniciativa privada ainda mais recursos. Porém nem isto leva as empresas a repensar seus modelos. Imagino que as empresas ainda creem que o mercado as favorece e por isto tem o “mau hábito” de sequer agradecer/responder àqueles que enviam CVs para as vagas anunciadas. Esta atitude “arrogante” pesa muito contra as empresas/consultorias de RH.

    Ainda outro fator é a contratação como PJ – uma distorção absurda que visa apenas não pagar impostos ou oferecer benefícios para os contratados. É incrível a quantidade de anúncios que “definem o modelo de contratação como PJ” mas ao mesmo tempo requerem dedicação excluisva e não definem escopo de trabalho.

    Abraços

    Jorge Leitão, PMP

  15. É fácil explicar a falta de qualificação na área de TI. Trata-se da consequência da má implantação de terceirização, onde se considera mais barato contratar uma empresa “especializada” em TI que deve ter “profissionais” com conhecimento nas mais novas tecnologias, do que promover o desenvolvimento de TI interno. E essa má implantação é decorrente da falta de entendimento do que é tecnologia de informação, que NÃO é, a priori, usar computadores, redes, dispositivos eletrônicos.
    Tanto é assim que coisas como governança de TI, que deveriam ser partes naturais do processo de TI são agora nomeadas como “especializações” ou “aprimoramentos” ou “melhores práticas”. É preciso primeiro definir o que é qualificação em TI – é alguém que conhece novos sistemas de informação? é alguém que consegue colocar a tecnologia para otimizar processos? é alguém que consegue dar suporte satisfatório aos usuários? é alguém que desenvolve sistemas em qualquer plataforma? etc, etc, etc – antes de falar que o mercado está com escassez de profissionais qualificados para TI.

  16. Investi caro na minha formação, entre gaduação e pós, foram 70 mil reais, 8 anos de estudo superior. Dinheiro que me faz falta hoje, que poderia ter virado uma bela entrada em uma casa ou um apartamento. No entanto todo esse investimento não trouxe retorno, e hoje convivo com profissionais que sequer passaram pela faculdade. Um mesmo balaio, rotulados, a cada geração de formandos os salarios caem. Alguma clases de programadores já ganham 800 reais por mês. Hoje é tentador fazer as malas e ir para outro país. Eu culpo em parte as terceirização por prostituir a profissão e pela profusão de cursos e certificações que nada valem. Hoje o unico que lembra que sou um engenheiro é o CREA que todo ano me manda os boletos e diz que não é da competencia dela regular isso. Um belo nariz de palhaço à aqueles que acreditaram que estudo daria um bom futuro. Devia eu ter id fazer medicina, ou direito.

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